Questões de Concurso Público SEED-PR 2022 para Área de Conhecimento: Língua Portuguesa

Foram encontradas 30 questões

Ano: 2022 Banca: Instituto Consulplan Órgão: SEED-PR Provas: Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Ambiente e Saúde | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Controle e Processos Industriais | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Formação de Docentes | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Informação e Comunicação | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Gestão e Negócios | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Geografia | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Produção Cultural e Design | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Infraestrutura | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Produção Alimentícia | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Turismo, Hospitalidade e Lazer | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Produção Industrial | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Biologia | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Ciências | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Educação Física | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Filosofia | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Física | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: História | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: LEM – Espanhol | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: LEM – Inglês | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Sociologia | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Língua Portuguesa | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Professor para Séries Iniciais | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Programação | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Arte | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Professor Pedagogo | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Matemática | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Química |
Q2112064 Português
Apesar de tudo, a educação avançou


        O desafio de uma evolução nacional passa necessariamente pela articulação federativa. No Brasil o ensino fundamental é primordialmente de responsabilidade dos municípios; o médio, dos Estados; e o superior, da União. O governo federal não atua diretamente sobre os resultados da educação básica, mas pode aprimorá-los por meio da coordenação, financiamento e avaliação.
        Em 2009, o Sistema Nacional de Educação foi inserido na Constituição para articular a cooperação federativa com vistas ao alcance das metas do Plano Nacional de Educação. Mas as atuais comissões intergovernamentais ou têm caráter protocolar, como a que discute os parâmetros do Fundo Nacional da Educação Básica (Fundeb), ou não contam com a participação de Estados e municípios, como o Conselho Deliberativo do FNDE. Falta uma instância única com legitimidade para congregar não só os gestores da Educação, mas os da Fazenda e Planejamento nos três níveis de governo.
          Como resume o Ipea, uma boa articulação federal entre coordenação, financiamento e avaliação pode estabelecer bases curriculares flexíveis, adaptáveis às inovações pedagógicas e demandas do mercado de trabalho; diminuir iniquidades salariais dos professores por meio de uma complementação mais equitativa via Fundeb; construir processos formativos direcionados às lacunas de aprendizado e aptos a mensurar as competências desenvolvidas pelos estudantes; e, estimular trocas das melhores práticas entre municípios e Estados. As conquistas da última geração, sobretudo no acesso e fluxo escolares, mostram que os preceitos constitucionais sobre educação estão no caminho certo. Mas a geração presente precisará de muito esforço para capitalizar esses ganhos e materializar esses preceitos não só em uma educação aberta a todos, mas de excelência para cada um.

(Estadão, 28 de dezembro de 2021. Fragmento. Adaptado.)
Dentre os trechos a seguir, é possível reconhecer o posicionamento do articulador do texto – uma das principais características do gênero textual apresentado – em:
Alternativas
Ano: 2022 Banca: Instituto Consulplan Órgão: SEED-PR Provas: Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Ambiente e Saúde | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Controle e Processos Industriais | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Formação de Docentes | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Informação e Comunicação | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Gestão e Negócios | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Geografia | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Produção Cultural e Design | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Infraestrutura | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Produção Alimentícia | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Turismo, Hospitalidade e Lazer | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Eixo Tecnológico: Produção Industrial | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Biologia | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Ciências | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Educação Física | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Filosofia | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Física | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: História | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: LEM – Espanhol | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: LEM – Inglês | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Sociologia | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Língua Portuguesa | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Professor para Séries Iniciais | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Programação | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Arte | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Professor Pedagogo | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Matemática | Instituto Consulplan - 2022 - SEED-PR - Área de Conhecimento: Química |
Q2112065 Português
Apesar de tudo, a educação avançou


        O desafio de uma evolução nacional passa necessariamente pela articulação federativa. No Brasil o ensino fundamental é primordialmente de responsabilidade dos municípios; o médio, dos Estados; e o superior, da União. O governo federal não atua diretamente sobre os resultados da educação básica, mas pode aprimorá-los por meio da coordenação, financiamento e avaliação.
        Em 2009, o Sistema Nacional de Educação foi inserido na Constituição para articular a cooperação federativa com vistas ao alcance das metas do Plano Nacional de Educação. Mas as atuais comissões intergovernamentais ou têm caráter protocolar, como a que discute os parâmetros do Fundo Nacional da Educação Básica (Fundeb), ou não contam com a participação de Estados e municípios, como o Conselho Deliberativo do FNDE. Falta uma instância única com legitimidade para congregar não só os gestores da Educação, mas os da Fazenda e Planejamento nos três níveis de governo.
          Como resume o Ipea, uma boa articulação federal entre coordenação, financiamento e avaliação pode estabelecer bases curriculares flexíveis, adaptáveis às inovações pedagógicas e demandas do mercado de trabalho; diminuir iniquidades salariais dos professores por meio de uma complementação mais equitativa via Fundeb; construir processos formativos direcionados às lacunas de aprendizado e aptos a mensurar as competências desenvolvidas pelos estudantes; e, estimular trocas das melhores práticas entre municípios e Estados. As conquistas da última geração, sobretudo no acesso e fluxo escolares, mostram que os preceitos constitucionais sobre educação estão no caminho certo. Mas a geração presente precisará de muito esforço para capitalizar esses ganhos e materializar esses preceitos não só em uma educação aberta a todos, mas de excelência para cada um.

(Estadão, 28 de dezembro de 2021. Fragmento. Adaptado.)
O título do texto apresentado utiliza, em sua estrutura linguística, uma locução prepositiva. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela em que todas as sugestões são produtoras de sentido equivalente à da locução referida. 
Alternativas
Q2115268 Português

A saúde mental dos jovens no retorno letivo presencial


    “Que tristeza seria estar enclausurado em casa nessa fase da vida!”. Durante os períodos mais críticos da pandemia, esse pensamento surgiu com frequência em conversas entre amigos de diferentes idades, que puderam viver o início de suas juventudes sem a obrigação do distanciamento social. Aos seus 15, 16 anos, muitos de nós até preferiam ficar sossegados em casa quando podíamos. Mas essa era uma preferência, uma escolha, tinha algo de eventual – não era uma obrigação prolongada durante meses.

     Não há dúvidas que o período de afastamento – necessário epidemiologicamente – dos jovens brasileiros de suas rotinas presenciais nas escolas e nos círculos de amizade produziu severos danos ao desenvolvimento corporal, cognitivo e emocional. Questões emocionais e de saúde mental não são novidade na educação brasileira, mas foram aprofundadas no contexto de carência relacional vivida por milhões de jovens na pandemia. Os números que temos são estarrecedores: 70% dos estudantes da rede estadual de São Paulo relataram sintomas de depressão e ansiedade no retorno letivo presencial. O caso de crise de ansiedade coletiva em uma escola estadual de Pernambuco também é ilustrativo do momento que vivemos.

     Relacionada a esse desafiador quadro de saúde mental, outra estatística chama a atenção: no início de 2022, em relação a 2019, houve um aumento de 48% nos casos de agressão física nas escolas estaduais de São Paulo. No noticiário de todo o país, explodiu a ocorrência de casos de discriminação e bullying, bem como as cenas de violência e brigas entre os alunos – popularizadas e incentivadas nas redes sociais. Como aponta o relatório da Unicef de 2021 sobre o impacto da Covid-19 na saúde mental, a ruptura com as rotinas produziu medo, irritação e insegurança, elementos que catalisam comportamentos violentos em um contexto em que jovens sofrem uma pressão adicional por se provar coletivamente.

    Há pelo menos dois tipos de violência entre jovens que precisamos observar no contexto do retorno letivo presencial. Primeiro, o bullying e a dificuldade de respeitar e conviver com as diferenças. Segundo, uma violência relacionada à dimensão do teste de força e poder no território da escola. Cada tipo de violência demanda respostas diversas em termos de políticas públicas, que vêm sendo estudadas por instituições e pesquisadores especialistas em psicologia juvenil, com propostas sólidas sendo experimentadas em diversos cantos do país – como evidenciou o vasto levantamento produzido pela consultoria Vozes da Educação.

    Um dos caminhos a ser trilhados é um trabalho, no miúdo de cada escola, para canalizar a energia dos jovens não para a agressão ou a violência, mas para criarem e brilharem. Precisamos organizar oportunidades de torná-los protagonistas de feitos transformadores, usando o potencial das redes sociais para ondas de disseminação de exemplos que valorizem positivamente a imagem dos jovens. Vale dizer, nessa linha, que a questão imagética é preponderante: segundo pesquisa organizada pela Fundação SM, a característica que mais identifica os jovens atualmente – segundo eles mesmos – é a de serem “preocupados demais com sua imagem”.

   Certamente há um papel central dos educadores e das educadoras nessa ressignificação das identidades dos jovens, por vezes inseridos em contextos de violência doméstica, que é replicada nas demais relações interpessoais. Isso aparece no filme “Coach Carter”, blockbuster de 2005. Também está presente na série espanhola “Merlí”, que apresenta a força de novas formas de expressão para mudar estereótipos juvenis. E é narrada no documentário brasileiro “Nunca me Sonharam”, que aborda a experiência de um diretor que mudou sua escola a partir de novas oportunidades para os jovens que antes eram tidos como “alunos-problema”. Ainda, vemos essa experiência de ressignificação a partir do trabalho dos educadores na realidade das escolas municipais de São Paulo (SP), onde há uma ação institucionalizada para que os alunos direcionem suas energias para criar soluções em favor das suas comunidades – criações científicas, culturais e nas diversas linguagens que os próprios adolescentes inventam.

    As palavras-chave, sobretudo no contexto do retorno às rotinas escolares presenciais, são acolhimento e oportunidade, ao invés de criminalização e fechamento de portas, transformando situações psicológicas desafiadoras em um salto de pertencimento coletivo. Em Mogi das Cruzes (SP), por exemplo, a rede municipal de ensino criou plantões de acolhimento emocional para seus estudantes desde os primeiros anos do Ensino Fundamental, a partir do trabalho de escuta sensível por parte de uma equipe de psicólogas escolares. Famílias e mesmo profissionais da educação que nunca tiveram acesso a apoio psicológico passaram a ter essa oportunidade, quebrando barreiras de preconceito sobre a importância da saúde mental desde a infância. Por sua vez, a rede municipal de Londrina (PR) tem promovido formações de professores e círculos de diálogos com os alunos para o exercício da cooperação, da tolerância, da aceitação e respeito ao outro, da noção de limites, do conhecimento de si, do convívio e participação social. São iniciativas que saíram da teoria e foram para a prática, reconhecendo a importância da saúde mental e emocional no contexto da retomada das atividades letivas presenciais.

     Construir respostas de políticas públicas nesse contexto pode ganhar muitos graus de efetividade se bebermos da fonte mais preciosa, acolhendo as ideias de quem vive na pele os danos do distanciamento social. Precisamos chamar os jovens para a solução, de tal maneira que exercitem a criatividade de como melhorar seu próprio bem-estar. Como promover respeito à diversidade entre os jovens senão na linguagem deles? Como transformar a escola em um ambiente agregador e emocionalmente saudável senão pela construção de uma identidade coletiva dos próprios jovens?


(CALLEGARI, Caio; FERNANDES, Malu. A saúde mental dos jovens no retorno

letivo presencial. Nexo Jornal, 2022. Disponível em: https://www.nexojornal.

com.br/ensaio/2022/A-sa%C3%BAde-mental-dos-jovens-no-retorno-letivopresencial. Acesso em: 20/06/2022. Adaptado.)


Considerando as características linguístico-textuais, estruturais e discursivas presentes no texto, pode-se afirmar que a tipologia textual predominante é a: 
Alternativas
Q2115269 Português

A saúde mental dos jovens no retorno letivo presencial


    “Que tristeza seria estar enclausurado em casa nessa fase da vida!”. Durante os períodos mais críticos da pandemia, esse pensamento surgiu com frequência em conversas entre amigos de diferentes idades, que puderam viver o início de suas juventudes sem a obrigação do distanciamento social. Aos seus 15, 16 anos, muitos de nós até preferiam ficar sossegados em casa quando podíamos. Mas essa era uma preferência, uma escolha, tinha algo de eventual – não era uma obrigação prolongada durante meses.

     Não há dúvidas que o período de afastamento – necessário epidemiologicamente – dos jovens brasileiros de suas rotinas presenciais nas escolas e nos círculos de amizade produziu severos danos ao desenvolvimento corporal, cognitivo e emocional. Questões emocionais e de saúde mental não são novidade na educação brasileira, mas foram aprofundadas no contexto de carência relacional vivida por milhões de jovens na pandemia. Os números que temos são estarrecedores: 70% dos estudantes da rede estadual de São Paulo relataram sintomas de depressão e ansiedade no retorno letivo presencial. O caso de crise de ansiedade coletiva em uma escola estadual de Pernambuco também é ilustrativo do momento que vivemos.

     Relacionada a esse desafiador quadro de saúde mental, outra estatística chama a atenção: no início de 2022, em relação a 2019, houve um aumento de 48% nos casos de agressão física nas escolas estaduais de São Paulo. No noticiário de todo o país, explodiu a ocorrência de casos de discriminação e bullying, bem como as cenas de violência e brigas entre os alunos – popularizadas e incentivadas nas redes sociais. Como aponta o relatório da Unicef de 2021 sobre o impacto da Covid-19 na saúde mental, a ruptura com as rotinas produziu medo, irritação e insegurança, elementos que catalisam comportamentos violentos em um contexto em que jovens sofrem uma pressão adicional por se provar coletivamente.

    Há pelo menos dois tipos de violência entre jovens que precisamos observar no contexto do retorno letivo presencial. Primeiro, o bullying e a dificuldade de respeitar e conviver com as diferenças. Segundo, uma violência relacionada à dimensão do teste de força e poder no território da escola. Cada tipo de violência demanda respostas diversas em termos de políticas públicas, que vêm sendo estudadas por instituições e pesquisadores especialistas em psicologia juvenil, com propostas sólidas sendo experimentadas em diversos cantos do país – como evidenciou o vasto levantamento produzido pela consultoria Vozes da Educação.

    Um dos caminhos a ser trilhados é um trabalho, no miúdo de cada escola, para canalizar a energia dos jovens não para a agressão ou a violência, mas para criarem e brilharem. Precisamos organizar oportunidades de torná-los protagonistas de feitos transformadores, usando o potencial das redes sociais para ondas de disseminação de exemplos que valorizem positivamente a imagem dos jovens. Vale dizer, nessa linha, que a questão imagética é preponderante: segundo pesquisa organizada pela Fundação SM, a característica que mais identifica os jovens atualmente – segundo eles mesmos – é a de serem “preocupados demais com sua imagem”.

   Certamente há um papel central dos educadores e das educadoras nessa ressignificação das identidades dos jovens, por vezes inseridos em contextos de violência doméstica, que é replicada nas demais relações interpessoais. Isso aparece no filme “Coach Carter”, blockbuster de 2005. Também está presente na série espanhola “Merlí”, que apresenta a força de novas formas de expressão para mudar estereótipos juvenis. E é narrada no documentário brasileiro “Nunca me Sonharam”, que aborda a experiência de um diretor que mudou sua escola a partir de novas oportunidades para os jovens que antes eram tidos como “alunos-problema”. Ainda, vemos essa experiência de ressignificação a partir do trabalho dos educadores na realidade das escolas municipais de São Paulo (SP), onde há uma ação institucionalizada para que os alunos direcionem suas energias para criar soluções em favor das suas comunidades – criações científicas, culturais e nas diversas linguagens que os próprios adolescentes inventam.

    As palavras-chave, sobretudo no contexto do retorno às rotinas escolares presenciais, são acolhimento e oportunidade, ao invés de criminalização e fechamento de portas, transformando situações psicológicas desafiadoras em um salto de pertencimento coletivo. Em Mogi das Cruzes (SP), por exemplo, a rede municipal de ensino criou plantões de acolhimento emocional para seus estudantes desde os primeiros anos do Ensino Fundamental, a partir do trabalho de escuta sensível por parte de uma equipe de psicólogas escolares. Famílias e mesmo profissionais da educação que nunca tiveram acesso a apoio psicológico passaram a ter essa oportunidade, quebrando barreiras de preconceito sobre a importância da saúde mental desde a infância. Por sua vez, a rede municipal de Londrina (PR) tem promovido formações de professores e círculos de diálogos com os alunos para o exercício da cooperação, da tolerância, da aceitação e respeito ao outro, da noção de limites, do conhecimento de si, do convívio e participação social. São iniciativas que saíram da teoria e foram para a prática, reconhecendo a importância da saúde mental e emocional no contexto da retomada das atividades letivas presenciais.

     Construir respostas de políticas públicas nesse contexto pode ganhar muitos graus de efetividade se bebermos da fonte mais preciosa, acolhendo as ideias de quem vive na pele os danos do distanciamento social. Precisamos chamar os jovens para a solução, de tal maneira que exercitem a criatividade de como melhorar seu próprio bem-estar. Como promover respeito à diversidade entre os jovens senão na linguagem deles? Como transformar a escola em um ambiente agregador e emocionalmente saudável senão pela construção de uma identidade coletiva dos próprios jovens?


(CALLEGARI, Caio; FERNANDES, Malu. A saúde mental dos jovens no retorno

letivo presencial. Nexo Jornal, 2022. Disponível em: https://www.nexojornal.

com.br/ensaio/2022/A-sa%C3%BAde-mental-dos-jovens-no-retorno-letivopresencial. Acesso em: 20/06/2022. Adaptado.)


Selecione o trecho em que a mudança na ordem dos termos do enunciado I, quando reescrito em II, NÃO provoca alteração de sentido.
Alternativas
Q2115270 Português

A saúde mental dos jovens no retorno letivo presencial


    “Que tristeza seria estar enclausurado em casa nessa fase da vida!”. Durante os períodos mais críticos da pandemia, esse pensamento surgiu com frequência em conversas entre amigos de diferentes idades, que puderam viver o início de suas juventudes sem a obrigação do distanciamento social. Aos seus 15, 16 anos, muitos de nós até preferiam ficar sossegados em casa quando podíamos. Mas essa era uma preferência, uma escolha, tinha algo de eventual – não era uma obrigação prolongada durante meses.

     Não há dúvidas que o período de afastamento – necessário epidemiologicamente – dos jovens brasileiros de suas rotinas presenciais nas escolas e nos círculos de amizade produziu severos danos ao desenvolvimento corporal, cognitivo e emocional. Questões emocionais e de saúde mental não são novidade na educação brasileira, mas foram aprofundadas no contexto de carência relacional vivida por milhões de jovens na pandemia. Os números que temos são estarrecedores: 70% dos estudantes da rede estadual de São Paulo relataram sintomas de depressão e ansiedade no retorno letivo presencial. O caso de crise de ansiedade coletiva em uma escola estadual de Pernambuco também é ilustrativo do momento que vivemos.

     Relacionada a esse desafiador quadro de saúde mental, outra estatística chama a atenção: no início de 2022, em relação a 2019, houve um aumento de 48% nos casos de agressão física nas escolas estaduais de São Paulo. No noticiário de todo o país, explodiu a ocorrência de casos de discriminação e bullying, bem como as cenas de violência e brigas entre os alunos – popularizadas e incentivadas nas redes sociais. Como aponta o relatório da Unicef de 2021 sobre o impacto da Covid-19 na saúde mental, a ruptura com as rotinas produziu medo, irritação e insegurança, elementos que catalisam comportamentos violentos em um contexto em que jovens sofrem uma pressão adicional por se provar coletivamente.

    Há pelo menos dois tipos de violência entre jovens que precisamos observar no contexto do retorno letivo presencial. Primeiro, o bullying e a dificuldade de respeitar e conviver com as diferenças. Segundo, uma violência relacionada à dimensão do teste de força e poder no território da escola. Cada tipo de violência demanda respostas diversas em termos de políticas públicas, que vêm sendo estudadas por instituições e pesquisadores especialistas em psicologia juvenil, com propostas sólidas sendo experimentadas em diversos cantos do país – como evidenciou o vasto levantamento produzido pela consultoria Vozes da Educação.

    Um dos caminhos a ser trilhados é um trabalho, no miúdo de cada escola, para canalizar a energia dos jovens não para a agressão ou a violência, mas para criarem e brilharem. Precisamos organizar oportunidades de torná-los protagonistas de feitos transformadores, usando o potencial das redes sociais para ondas de disseminação de exemplos que valorizem positivamente a imagem dos jovens. Vale dizer, nessa linha, que a questão imagética é preponderante: segundo pesquisa organizada pela Fundação SM, a característica que mais identifica os jovens atualmente – segundo eles mesmos – é a de serem “preocupados demais com sua imagem”.

   Certamente há um papel central dos educadores e das educadoras nessa ressignificação das identidades dos jovens, por vezes inseridos em contextos de violência doméstica, que é replicada nas demais relações interpessoais. Isso aparece no filme “Coach Carter”, blockbuster de 2005. Também está presente na série espanhola “Merlí”, que apresenta a força de novas formas de expressão para mudar estereótipos juvenis. E é narrada no documentário brasileiro “Nunca me Sonharam”, que aborda a experiência de um diretor que mudou sua escola a partir de novas oportunidades para os jovens que antes eram tidos como “alunos-problema”. Ainda, vemos essa experiência de ressignificação a partir do trabalho dos educadores na realidade das escolas municipais de São Paulo (SP), onde há uma ação institucionalizada para que os alunos direcionem suas energias para criar soluções em favor das suas comunidades – criações científicas, culturais e nas diversas linguagens que os próprios adolescentes inventam.

    As palavras-chave, sobretudo no contexto do retorno às rotinas escolares presenciais, são acolhimento e oportunidade, ao invés de criminalização e fechamento de portas, transformando situações psicológicas desafiadoras em um salto de pertencimento coletivo. Em Mogi das Cruzes (SP), por exemplo, a rede municipal de ensino criou plantões de acolhimento emocional para seus estudantes desde os primeiros anos do Ensino Fundamental, a partir do trabalho de escuta sensível por parte de uma equipe de psicólogas escolares. Famílias e mesmo profissionais da educação que nunca tiveram acesso a apoio psicológico passaram a ter essa oportunidade, quebrando barreiras de preconceito sobre a importância da saúde mental desde a infância. Por sua vez, a rede municipal de Londrina (PR) tem promovido formações de professores e círculos de diálogos com os alunos para o exercício da cooperação, da tolerância, da aceitação e respeito ao outro, da noção de limites, do conhecimento de si, do convívio e participação social. São iniciativas que saíram da teoria e foram para a prática, reconhecendo a importância da saúde mental e emocional no contexto da retomada das atividades letivas presenciais.

     Construir respostas de políticas públicas nesse contexto pode ganhar muitos graus de efetividade se bebermos da fonte mais preciosa, acolhendo as ideias de quem vive na pele os danos do distanciamento social. Precisamos chamar os jovens para a solução, de tal maneira que exercitem a criatividade de como melhorar seu próprio bem-estar. Como promover respeito à diversidade entre os jovens senão na linguagem deles? Como transformar a escola em um ambiente agregador e emocionalmente saudável senão pela construção de uma identidade coletiva dos próprios jovens?


(CALLEGARI, Caio; FERNANDES, Malu. A saúde mental dos jovens no retorno

letivo presencial. Nexo Jornal, 2022. Disponível em: https://www.nexojornal.

com.br/ensaio/2022/A-sa%C3%BAde-mental-dos-jovens-no-retorno-letivopresencial. Acesso em: 20/06/2022. Adaptado.)


Só NÃO constitui proposta de intervenção para enfrentar o problema tratado no texto: 
Alternativas
Respostas
1: A
2: C
3: D
4: B
5: A