Questões de Concurso Sobre denotação e conotação em português

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Q1219570 Português

TEXTO 

Eloquência Singular


Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:

— Senhor Presidente: eu não sou daqueles que...

O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o plural. No entanto, podia perfeitamente ser o singular:

— Não sou daqueles que...

Não sou daqueles que recusam... No plural soava melhor. Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas da linguagem — que recusa?

— ele que tão facilmente caia nelas, e era logo massacrado com um aparte. Não sou daqueles que... Resolveu ganhar tempo:

— ...embora perfeitamente cônscio das minhas altas responsabilidades como representante do povo nesta Casa, não sou...

Daqueles que recusa, evidentemente. Como é que podia ter pensado em plural? Era um desses casos que os gramáticos registram nas suas questiúnculas de português: ia para o singular, não tinha dúvida. Idiotismo de linguagem, devia ser.

— ...daqueles que, em momentos de extrema gravidade, como este que o Brasil atravessa...

Safara-se porque nem se lembrava do verbo que pretendia usar:

— Não sou daqueles que...

Daqueles que o quê? Qualquer coisa, contanto que atravessasse de uma vez essa traiçoeira pinguela gramatical em que sua oratória lamentavelmente se havia metido de saída. Mas a concordância? Qualquer verbo servia, desde que conjugado corretamente, no singular. Ou no plural:

— Não sou daqueles que, dizia eu — e é bom que se repita sempre, senhor Presidente, para que possamos ser dignos da confiança em nós depositada...

Intercalava orações e mais orações, voltando sempre ao ponto de partida, incapaz de se definir por esta ou aquela concordância. Ambas com aparência castiça. Ambas legítimas. Ambas gramaticalmente lídimas, segundo o vernáculo:

— Neste momento tão grave para os destinos da nossa nacionalidade.

Ambas legítimas? Não, não podia ser. Sabia bem que a expressão "daqueles que" era coisa já estudada e decidida por tudo quanto é gramaticoide por aí, qualquer um sabia que levava sempre o verbo ao plural:

— ...não sou daqueles que, conforme afirmava...

Ou ao singular? Há exceções, e aquela bem podia ser uma delas. Daqueles que. Não sou UM daqueles que. Um que recusa, daqueles que recusam. Ah! o verbo era recusar:

— Senhor Presidente. Meus nobres colegas.

A concordância que fosse para o diabo. Intercalou mais uma oração e foi em frente com bravura, disposto a tudo, afirmando não ser daqueles que...

— Como?

Acolheu a interrupção com um suspiro de alívio:

— Não ouvi bem o aparte do nobre deputado.

Silêncio. Ninguém dera aparte nenhum.

— Vossa Excelência, por obséquio, queira falar mais alto, que não ouvi bem — e apontava, agoniado, um dos deputados mais próximos.

— Eu? Mas eu não disse nada...

— Terei o maior prazer em responder ao aparte do nobre colega. Qualquer aparte.

O silêncio continuava. Interessados, os demais deputados se agrupavam em torno do orador, aguardando o desfecho daquela agonia, que agora já era, como no verso de Bilac, a agonia do herói e a agonia da tarde.

— Que é que você acha? — cochichou um.

— Acho que vai para o singular.

— Pois eu não: para o plural, é lógico.

O orador seguia na sua luta:

— Como afirmava no começo de meu discurso, senhor Presidente...

Tirou o lenço do bolso e enxugou o suor da testa. Vontade de aproveitar-se do gesto e pedir ajuda ao próprio Presidente da mesa: por favor, apura aí pra mim, como é que é, me tira desta...

— Quero comunicar ao nobre orador que o seu tempo se acha esgotado.

— Apenas algumas palavras, senhor Presidente, para terminar o meu discurso: e antes de terminar, quero deixar bem claro que, a esta altura de minha existência, depois de mais de vinte anos de vida pública...

E entrava por novos desvios:

— Muito embora... sabendo perfeitamente... os imperativos de minha consciência cívica... senhor Presidente... e o declaro peremptoriamente... não sou daqueles que...

O Presidente voltou a adverti-lo que seu tempo se esgotara. Não havia mais por que fugir:

— Senhor Presidente, meus nobres colegas!

Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito de desfechou:

— Em suma: não sou daqueles. Tenho dito.

Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palmas romperam. Muito bem! Muito bem! O orador foi vivamente cumprimentado.

Fernando Sabino

Ao analisar a crônica de Sabino, percebe-se que ela foi construída, predominantemente, a partir a função de linguagem:
Alternativas
Q1219132 Português

Todo Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro

O Rappa


Tudo começou quando a gente conversava

Naquela esquina ali

De frente àquela praça

Veio os homens

E nos pararam

Documento por favor

Então a gente apresentou

Mas eles não paravam

Qual é negão? qual é negão?

O que que tá pegando?

Qual é negão? qual é negão?

É mole de ver

Que em qualquer dura

O tempo passa mais lento pro negão

Quem segurava com força a chibata

Agora usa farda

Engatilha a macaca

Escolhe sempre o primeiro

Negro pra passar na revista

Pra passar na revista

Todo camburão tem um pouco de navio negreiro

Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (...)

Extraído de: https://www.letras.mus.br/o-rappa/Acesso em 16/10/2019.

Em relação à musica, assinale a alternativa correta:
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Q1218822 Português

Francisco J. C. Dantas. Coivara da memória.

São Paulo: Estação Liberdade, 1991, p. 174.

Com relação às propriedades linguísticas do texto apresentado, julgue o item que se segue.


A palavra “magia” (l.10) está empregada no texto com sentido denotativo.

Alternativas
Q1218778 Português

Considerando as propriedades linguísticas e os sentidos do poema precedente, julgue o próximo item.


Haja vista as situações apresentadas no poema, a expressão “catar feijão” tem tanto sentido denotativo quanto conotativo.

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Q1218742 Português
Instrução: A questão refere-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados na questão.

O treinamento mental serve para combater o declínio intelectual relacionado à idade?


Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/12/13/actualidad/1544694043_361581.html
(Texto adaptado para esta prova)

Analise os seguintes trechos do texto e assinale C, se houver linguagem conotativa, ou D, se conter somente linguagem denotativa.
( ) Como quase sempre ocorre, o marketing corre na frente da ciência, quando não a pisoteia diretamente. ( ) Um estudo publicado recentemente na revista médica British Medical Journal acrescenta outra razão de peso para ser cético em relação ao treinamento cerebral. ( ) Se aqueles que são mais inteligentes tendem a ser mais ativos mentalmente (o qual seria lógico) ou vice-versa, se são mais inteligentes precisamente porque são mais ativos mentalmente. ( ) Para isso, avaliaram a atividade mental dos voluntários com o passar do tempo, e também seu rendimento cognitivo.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
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Ano: 2009 Banca: CONSULPLAN Órgão: Prefeitura de Guarapari - ES
Q1212798 Português
TEXTO I: Abalo global
Não existe brasileiro de bom senso que não deseje, como o presidente, que esta crise dos países ricos não contamine o Brasil. Mas como ter esta esperança se temos uma política monetária invertida, que tem as maiores taxas de juros do planeta, sufoca os empresários e a produção, explode a dívida pública, favorecendo somente aos bancos, que nada produzem.
Desgraçadamente, temos ainda o descontrole total dos gastos públicos, comandado por gestores dos três poderes, irresponsáveis e ávidos por enriquecimento a qualquer custo. Pagam esta conta com tributos inflados e escorchantes. Recursos para financiar e desenvolver serviços públicos essenciais, nem pensar. 
(Cartas dos Leitores, O Globo, 18/01/09)
Assinale a alternativa INCORRETA quanto à estrutura do texto “Abalo global”:
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Ano: 2018 Banca: COMPERVE - UFRN Órgão: SESAP-RN
Q1211970 Português
Enfarte: genética versus hábitos Riad Younes
Desde o fim da década de 1930, a comunidade médica detectou com clareza maior concentração de casos de enfarte em algumas famílias, levando à teoria da predisposição genética para a ocorrência de doenças cardiovasculares. Parentes de pacientes que foram diagnosticados com enfarte ou derrame tinham maiores chances de eles mesmos apresentarem o quadro durante sua vida. Nas décadas subsequentes, vários estudos correlacionaram os hábitos dos pacientes como fatores de risco para doenças cardiovasculares. Sedentarismo, tabagismo, obesidade, entre outros, aumentam drasticamente as chances de enfarte. Depois, vários cientistas passaram a estudar a correlação dos riscos genéticos com os comportamentais, na tentativa de avaliar o peso que cada risco tinha na determinação do destino do coração dos indivíduos. Dúvidas como se filhos de pacientes com enfarte, com genética comprometida, teriam algum benefício em modificar seus hábitos pessoais e controlar os outros fatores de risco, ou seriam predestinados ao desastre independentemente de qualquer manobra. Pesquisadores da Universidade de Harvard, em Boston, liderados pelo doutor Amit Khera, concluíram recentemente um estudo extenso que envolveu mais de 55 mil pessoas em vários países e que avaliou a relação entre fatores genéticos e hábitos na determinação do risco de enfarte durante dez anos de seguimento. O estudo foi publicado esta semana na prestigiosa revista médica New England Journal of Medicine. Os especialistas analisaram o perfil genético e os hábitos pessoais dos voluntários e classificaram seus achados em categorias de baixo risco ou favorável, risco intermediário ou elevado, ou desfavorável. Dos fatores de risco relacionados ao estilo de vida, os indivíduos foram separados de acordo com a ausência de um ou mais dos seguintes fatores: tabagismo, obesidade, sedentarismo e dieta de risco. Quem não tinha três ou mais desses fatores era considerado de baixo risco para enfarte. Pacientes com três ou mais desses fatores foram classificados de risco elevado para doença cardiovascular. Os outros teriam risco intermediário. Os resultados do estudo deixaram evidente a relação direta entre aumento do número de fatores de risco ligados ao estilo de vida com a elevação do risco de enfarte em dez anos. Também ficou clara a correlação entre alterações genéticas detectadas no Projeto Genoma e as chances de enfarte. O mais interessante, nesse estudo, foi a total independência dos riscos genéticos daqueles relativos ao estilo de vida. Em outras palavras, mesmo as pessoas com alto risco genético e familiar podem beneficiar-se do controle eficiente da obesidade, do tabagismo, do sedentarismo e do consumo regular de dieta nociva. As pessoas consideradas de alto risco genético, que praticam hábitos saudáveis, tiveram suas chances de enfarte reduzidas pela metade, independentemente de medicamentos ou outras manobras químicas para controle do colesterol. O gráfico mostra o impacto de cada fator sobre cada grupo de risco genético. Os cientistas recomendam para todas as pessoas, principalmente para aquelas com carga genética desfavorável, a aderência intensiva a programas de controle dos hábitos deletérios. A orientação médica é fundamental para evitar enfartes e derrames de forma significativa. Vale a pena insistir. Disponível em: <www.cartacapital.com.br>. Acesso em: 14 dez. 2017. [Adaptado]
Depois, vários cientistas passaram a estudar a correlação dos riscos genéticos com os comportamentais, na tentativa de avaliar o peso[1] que[2] cada risco tinha na determinação do destino do coração dos indivíduos.
O elemento linguístico [1] foi usado em sentido
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Ano: 2015 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Instituto Rio Branco
Q1208264 Português
1 Distingo, no português histórico, dois períodos principais: o português antigo, que se escreveu até os primeiros anos do século XVI, e o português moderno. Robustecida e 4 enriquecida de expressões novas, a linguagem usada nas crônicas desse segundo período, que relatam os descobrimentos em África e Ásia e os feitos das armas 7 lusitanas no Oriente, culmina no apuro e no gosto do português moderno d’Os Lusíadas (1572). É o século da Renascença literária, e tudo quanto ao depois se escreve é a continuação da 10 linguagem desse período. E como não ficou estacionário o português moderno, denominou-se quinhentista, seiscentista, setecentista a linguagem própria a cada era. Reservo a 13 denominação de português hodierno para as mudanças características do falar atual criadas ou fixadas recentemente, ou recebidas do século XIX, ou que por ventura remontam ao 16 século XVIII.  Limites entre os diversos períodos não podem ser traçados com rigor. Ignoram-se a data ou o momento exato do 19 aparecimento de qualquer alteração linguística. Neste ponto, nunca será a linguagem escrita, dada a sua tendência conservadora, espelho fiel do que se passa na linguagem 22 falada. Surge a inovação, formulada acaso por um ou poucos indivíduos; se tem a dita de agradar, não tarda a generalizar-se o seu uso no falar do povo. A gente culta e de fina casta 25 repele-a, a princípio, mas, com o tempo, sucumbe ao contágio. Imita o vulgo, se não escrevendo com meditação, em todo o caso no trato familiar e falando espontaneamente. Decorrem 28 muitos anos, até que por fim a linguagem literária, não vendo razão para enjeitar o que todo o mundo diz, se decide a aceitar a mudança também. Tal é, a meu ver, a explicação não 31 somente de fatos isolados, mas ainda do aparecimento de todo o português moderno.  Não é de crer que poucos anos depois de 1500, quase 34 que bruscamente e sem influxo de idioma estranho, cessassem em Portugal inveterados hábitos de falar e se trocasse o português antigo em português moderno. Nem podemos 37 atribuir a escritores, por muito engenho artístico que tivessem, aptidões e autoridade para reformarem, a seu sabor, o idioma pátrio e sua gramática. Consistiria a sua obra antes em elevar 40 à categoria de linguagem literária o falar comum, principalmente o das pessoas educadas, tornando-o mais elegante e desterrando locuções que lhe dessem aspecto menos 43 nobre. Mas os escritores antigos evitavam afastar-se da prática recebida de seus avós e, posto que muitas concessões tivessem de fazer ao uso para serem entendidos, propendiam mais a 46 utilizar-se de recursos artificiais que dessem ao estilo certo ar de gravidade e acima do vulgar.  O século XVI, descerradas as cortinas que encobriam 49 o espetáculo de novos mundos, e dada a facilidade de pôr a leitura das obras literárias ao alcance de todos, graças ao desenvolvimento da imprensa, devia fazer cessar a superstição 52 do passado, mostrar o caminho do futuro e ditar a necessidade de se exprimirem os escritores em linguagem que todos entendessem. Resolveram-se a fazê-lo. Serviram-se da 55 linguagem viva de fato, como o demonstram os diálogos das comédias de então, que reproduzem o falar tradicional da gente do povo. Trariam estes diálogos os característicos gramaticais 58 do português antigo, se fosse este ainda o idioma corrente. 
M. Said Ali. Prólogo da Lexeologia do português histórico, 1.ª ed. 1921. In: Gramática histórica da língua portuguesa. 8.ª ed. rev. e atual. por Mário Eduardo Viaro. São Paulo: Companhia Melhoramentos; Brasília, DF: Editora Universidade de Brasília, 2001, p. 17-8 (com adaptações)
Julgue (C ou E) o item a seguir, a respeito de elementos coesivos e do vocabulário do texto de M. Said Ali.
As formas verbais “sucumbe” (linha 25) e “desterrando” (linha 42), que poderiam ser corretamente substituídas, respectivamente, por não resiste e livrando-se de, foram assim empregadas no texto: a primeira, em sentido denotativo, e a segunda, em sentido conotativo.
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Ano: 2017 Banca: ADVISE Órgão: Prefeitura de Brejão - PE
Q1207845 Português
Acerca da conotação e denotação, assinale a alternativa que representa uma frase conotativa. 
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Ano: 2015 Banca: FAU Órgão: Prefeitura de Foz do Iguaçu - PR
Q1207488 Português
Assinale a alternativa em que o sentido da palavra sublinhada é o adequado e expressa se está em sentido conotativo ou denotativo: “Todo Nerd é um crânio.” 

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Ano: 2015 Banca: CEPUERJ Órgão: UERJ
Q1205873 Português
Continho
Era uma vez um menino triste, magro e barrigudinho, do sert ão de Pernambuco. Na soalheira danada de meio-dia, ele estava sentado na poeira do caminho, imaginando bobagem, quando passou um gordo vigário a cavalo:
— Você aí, menino, para onde vai esta estrada?
— Ela não vai não: nós é que vamos nela.
— Engraçadinho duma figa! Como você se chama?
— Eu não me chamo não, os outros é que me chama de Zé.
Paulo Campos Mendes
O tom humorístico predominante no texto é construído com base no(a):
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Ano: 2012 Banca: CETRO Órgão: SESI-DF
Q1205141 Português
Em sala de aula, uma professora pergunta aos seus alunos do 1º ano do Ensino Médio: o que caracteriza a linguagem literária e o que caracteriza a linguagem não literária?          A professora fez esse questionamento com o intuito de introduzir a aula, revisar o que já aprenderam e avançar em relação aos conhecimentos.          Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta a única resposta incorreta dada pelos alunos. 
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Ano: 2015 Banca: FAU Órgão: Prefeitura de Campo Mourão - PR
Q1200489 Português
A palavra “musculação” na frase: “É uma espécie de musculação mental”, está no sentido ________, porque ___________________: 
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Ano: 2012 Banca: FUNCAB Órgão: SEAD-PB
Q1194996 Português
O espelho
Falar mal da TV virou moda. É “in” repudiar a baixaria, desancar o onipresente eletrodoméstico. E, num país em que os domicílios sem televisão são cada vez mais raros, o que não falta é especialista no assunto. [...] Mas quando os “especialistas” criticam a TV, estão olhando para o próprio umbigo. Feita à nossa imagem e semelhança, ela é resultado do que somos enquanto rebanho globalizado. Macaqueia e realimenta nossos conceitos e preconceitos quando ensina, diariamente, o bê-á-bá a milhões de crianças. Reclamamos que, na programação, só vemos sexo, violência e consumismo. Ora, isso é o que vemos também ao sair à rua. E, se fitarmos o espelho do banheiro com um pouco mais de atenção, levaremos um susto com a reprise em cartaz. Talvez por isso a TV nos choque, por nos mostrar, sem rodeios, a quantas anda o inconsciente coletivo. E não adianta dourar a pílula; já tentaram, mas não deu ibope. Aqui e ali, alguns vão argumentar que cultivam pensamentos mais nobres e que não se sentem representados no vídeo. Mas a fração que lhes cabe está lá, escondidinha como é próprio às minorias. Está nos bons documentários, nas belas imagens dos eventos esportivos, na dramaturgia sensível, no humorismo que surpreende, nos desenhos e nas séries inteligentes, no entrevistador que sabe ouvir o entrevistado, nas campanhas altruístas. Reclama-se muito que, nas novelas, os negros fazem, quase sempre, papéis de subalternos. Mas é essa a condição que a sociedade reserva à maioria deles, e também à maior parte dos nordestinos, na vida real. O que a televisão fornece é um retrato da desigualdade no país. [...] A televisão mostra muita violência o dia inteiro, gritam os pacifistas na sala de estar. Como se não houvesse milhões de Stallones, Gibsons, Bronsons, Van Dammes e Schwarzeneggers armados até os dentes no Afeganistão, Golfo Pérsico, Colúmbia, Mianmar, favelas brasileiras ou trincheiras angolanas. É natural que uma parte de nós se revolte, o que parece tão compreensível quanto inócuo. Campanhas contra a baixaria televisiva lembram a piada do marido traído que encontra a mulher com o amante no sofá da sala e, no dia seguinte, vende o móvel para solucionar o problema. Garrotear a TV é tapar o sol com a peneira. Enquanto a discussão ganha adeptos, continuamos devorando nosso tubo de imagem de estimação. Depois, de barriga cheia, saímos à rua para ratificar, legitimar com pensamentos, palavras e atitudes, que as coisas são mesmo assim e que, pelo jeito, a reprise continuará. Aquele repórter sensacionalista que repete à exaustão a cena de linchamento, o apresentador que tripudia sobre o drama do desvalido, a loura que vê na criança um consumidor a mais, o jovem que tem num “reality show” desumano a alternativa para sua falta de horizonte, a menina precocemente erotizada, no fundo, somos todos nós. (MIGLIACCIO, Marcelo. .19/10/2003) Folha de S.Paulo
Assinale a opção em que há correspondência entre o trecho e o conteúdo dos parênteses.
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Ano: 2014 Banca: Quadrix Órgão: DATAPREV
Q1188446 Português
Você ainda vai usar uma moeda virtual Quando a Apple lançou sua nova geração de iPhones, há algumas semanas, muita gente ficou desapontada. A empresa que era líder isolada em inovação dessa vez pareceu estar a reboque. A grande novidade em hardware foi o tamanho dos aparelhos, que cresceram. Mesmo isso foi "cópia" do que os concorrentes já vinham fazendo. Mas quem olhar com cuidado vai ver que verdadeira novidade estava no software, com o lançamento do Apple Pay, uma entrada de cabeça da empresa no mercado de pagamentos virtuais. O Apple Pay foi lido como um passo da empresa para se aproximar dos bancos e das empresas de cartão de crédito para resolver um problema que ambos não foram capazes de resolver sozinhos: massificar os celulares como meio de pagamento, transformando-o no novo "cartão de crédito" do futuro. No entanto, a leitura mais interessante não apareceu em muitos lugares. O Apple Pay é também uma porta de entrada para as chamadas "moedas virtuais", especialmente para o Bitcoin. Para quem ainda não está familiarizado, o Bitcoin é uma moeda cujo banco central é a própria internet. Ela é gerada por um complexo conjunto de regras definidas por software e está se tornando hoje um ativo cada vez mais importante. Apesar de a Apple não declarar nada oficialmente sobre a relação entre Bitcoin e ApplePay, uma série de pistas indica que a empresa está de olho nesse campo. Uma dessas é que a companhia eliminou, em junho último, sua proibição para aplicativos que envolvessem unidades monetárias virtuais, que eram banidos até então. Outra é que o Apple Pay vai ser aberto para o desenvolvimento por terceiros. Em outras palavras, aplicativos que estão experimentando com o uso do Bitcoin (como o Stripe e o PayPal) poderão ser integrados ao sistema Apple Pay. O elemento mais importante, no entanto, é que, graças ao poder econômico e simbólico da Apple, o lançamento do Apple Pay fará com que a infraestrutura necessária para aceitar pagamentos por meio do celular se espalhe pelo mundo. Cada vez mais lojas vão aceitar o "smartphone" como meio de pagamento. Uma vez que isso aconteça, Inês é morta. Não importará se você tem no bolso dólares, reais, bitcoins, ou dirhams marroquinos. Qualquer moeda do planeta pode ser usada para qualquer transação. Nesse momento, o rei do pedaço vira o Bitcoin, moeda "nativa" da internet e que se adapta melhor a ela do que qualquer dinheiro emitido em papel. [...] Isso parece ficção científica, mas anote essas palavras: você ainda vai usar uma moeda virtual.
No primeiro parágrafo do texto, a expressão “estar a reboque”:
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Ano: 2009 Banca: FAFIPA Órgão: Prefeitura de Londrina - PR
Q1188345 Português
Pecados capitais Arruda reúne todos os vícios possíveis. E prova que o Brasil já não é imoral, mas apenas amoral
Que cidade, que não Brasília, poderia oferecer ao mundo um escândalo tão completo? E que reunisse, de uma só vez, todos os pecados capitais? No vídeo do governador José Roberto Arruda, logo aparecem a preguiça e a gula. Primeiro, ele estira o corpo na poltrona, como se repousasse sob a sombra de uma palmeira. Mas, quando o ex-secretário Durval Barbosa exibe um maço de R$ 50 mil, o predador Arruda saliva e salta em direção ao dinheiro como se fosse a mais rara das iguarias. Na cena seguinte, Marcelo Carvalho, operador do vice Paulo Octávio, recolhe a mala para o chefe. Um dos homens mais ricos de Brasília e talvez tão avarento como o Harpagon, de Molière. Soberbo, por sua vez, foi o deputado Leonardo (Im) Prudente, aquele que escondeu nas meias sua propina. Ira e inveja motivaram Durval e seus patrocinadores, que, durante anos, filmaram cada cena do espetáculo. E a luxúria esteve presente em tudo, pois o escândalo Arruda já nem pode ser definido como “batom na cueca”. Foi sexo explícito, à luz do dia.
Brasília, que nasceu do sonho faraônico de Juscelino Kubitschek, não é apenas uma cidade singular, terra de lobistas e grileiros, onde tantas fortunas sem pedigree foram criadas nos últimos 50 anos. É também uma capital surreal e quase psicodélica. Em que outro lugar do mundo o corregedor da Câmara, Júnior Brunelli, ergueria as mãos para os céus depois de roubar? Na oração, ele diz: “Senhor, eu sou vulnerável, mas preciso de instrumentos... Somos gratos pela vida do Durval, que é uma bênção em nossas vidas... Precisamos de cobertura, Senhor. Precisamos de uma cidade diferente.” Foi como se tentasse explicar ao Todo-Poderoso que, na política, os fins justificam os meios. Imoral? Não, apenas amoral. Digno de uma gente que talvez nunca tenha sabido diferenciar o certo do errado. E que se esqueceu apenas de acrescentar algumas frases à prece, como “afastai-nos da Polícia Federal”, “apagai as imagens” e “emudecei os grampos”.
Quando conseguiu se eleger governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda ganhou uma segunda chance. Ele, que renunciou para não ser cassado, depois de flagrado por ISTOÉ no escândalo da violação do painel do Senado, foi perdoado pela população de Brasília. Só que agora, por mais elevadas que sejam as rezas, não haverá saída. Redenção, só existe uma. E, ao tentar justificar seu crime dizendo que usou o dinheiro para comprar panetones, o governador apenas acrescentou ao mais fantástico escândalo já visto no Brasil a também mais esfarrapada das desculpas. Tudo é tão inacreditável que até a rima final será perfeita. “Arruda na Papuda”, é o que já diz o povo nas ruas. E a Papuda, para quem não a conhece, é o maior presídio de Brasília.
Disponível em <http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/coluna/20738_PECADOS+CAPITAIS>.  Acesso em 20 dez 2009.
Assinale a alternativa cuja expressão foi empregada em sentido conotativo.
Alternativas
Ano: 2019 Banca: IDHTEC Órgão: Prefeitura de Macaparana - PE
Q1185134 Português
“Quando se diz, por exemplo, “Só ela esteve aqui.”, como se poderia classificar a palavrinha Só? Seria um advérbio? Uma preposição? Talvez um adjetivo, equivalente a sozinho? Não, não há como classificá-la dentro do rigor das dez classes gramaticais. Por isso, a gramática normativa teve de buscar uma solução fora do seu próprio rigor e apelou à Semântica. Só, no exemplo dado, é meramente uma palavrinha denotativa de exclusão.
Pode ser palavra ou expressão denotativa no contexto apresentado:
Alternativas
Q1181335 Português
Assinale a alternativa que corresponde a uma frase no sentido denotativo. 
Alternativas
Q1180677 Português

O texto I refere-se à questão.


Texto 1

                                                        A Realidade e a Imagem                                                                                    

O arranha-céu sobe no ar puro lavado pela chuva                

 E desce refletido na poça de lama do pátio.                           

Entre a realidade e a imagem, no chão seco que as separa,

 Quatro pombas passeiam.                                                      

BANDEIRA, Manuel. Poesia e verso. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1954. Coleção Cadernos de Cultura.

Os textos possuem um conjunto de marcas que os identificam.
As opções a seguir apresentam marcas caracterizadoras de textualidade, à exceção de uma. Assinale-a.
Alternativas
Q1180279 Português
Assinale a alternativa CORRETA referente a linguagem conotativa ou denotativa da frase abaixo: “ Julia é uma pessoa amarga. ”
Alternativas
Respostas
881: E
882: A
883: E
884: C
885: B
886: C
887: D
888: C
889: E
890: E
891: C
892: C
893: D
894: A
895: C
896: A
897: B
898: C
899: B
900: C