Questões de Concurso
Sobre sintaxe em português
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Analisando-se a regência de verbos, assinalar a alternativa CORRETA:
Observando-se as normas de concordância nominal, assinalar a alternativa em que a lacuna só poderia ser completada com apenas UM dos elementos entre parênteses:
Considerando-se as normas de concordância verbal, marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
( ) Dois mil reais são nada perto do que Paulo ganhou.
( ) Angústia e ansiedade prejudicava o aluno na prova.
( ) No relógio da Catedral soaram quinze badaladas.
Responda às questões 1 a 5 com base no seguinte texto:
Esta imensa campina, que se dilata por horizontes infindos, é o sertão de minha terra natal. Aí campeia o destemido vaqueiro cearense, que à unha de cavalo acossa o touro indômito no cerrado mais espesso, e o derriba pela cauda com admirável destreza. Aí, ao morrer do dia, reboa entre os mugidos das reses, a voz saudosa e plangente do rapaz que abóia o gado para o recolher aos currais no tempo da ferra. Quando te tomarei a ver, sertão da minha terra, que atravessei há muitos anos na aurora serena e feliz da minha infância? Quando tornarei a respirar tuas auras impregnadas de perfumes agrestes, nas quais o homem comunga a seiva dessa natureza possante? De dia em dia aquelas remotas regiões vão perdendo a primitiva rudeza, que tamanho encanto lhes infundia. A civilização que penetra pelo interior corta os campos de estradas, e semeia pelo vastíssimo deserto as casas e mais tarde as povoações. Não era assim no fim do século passado, quando apenas se encontravam de longe em longe extensas fazendas, as quais ocupavam todo o espaço entre as raras freguesias espalhadas pelo interior da província.
Autor: José de Alencar. Trecho extraído da obra O Sertanejo.
Observe o seguinte trecho: que à unha de cavalo acossa o touro indômito no cerrado mais espesso. Pode-se afirmar que os termos sublinhados — o touro indômito — configuram qual termo da oração?
O texto seguinte servirá de base para responder às questões de 41 a 47.
A escuta nas práticas de leitura
Mesmo antes do surgimento da escrita, o homem lia o mundo com o seu olhar, com suas experiências sensoriais. Utilizando-se da linguagem oral e das imagens, trocava ideias, refletindo sobre tudo o que o cercava. E, mesmo depois da invenção da escrita, continua utilizando-se da palavra oral e das imagens para fazer observações, construir conhecimentos, partilhar suas impressões sobre a vida e discutir as questões que ocorrem a sua volta.
A produção de sentidos a partir da leitura, seja pela criança, pelo leitor jovem ou adulto, está relacionada a vários elementos, entre os quais podemos destacar: o ambiente de leitura; a formação histórico-cultural do leitor; sua disposição pessoal para a leitura; as leituras anteriores feitas pelo leitor; a forma como a leitura é mediada etc.
Na escola, especificamente, as apropriações feitas pelo aluno são múltiplas, com diversas interpretações, valorizações que estão ligadas aos elementos mencionados, como também ao trabalho desenvolvido em sala de aula, na biblioteca, na totalidade da escola ou fora dela. A leitura com envolvimento proporciona uma simbiose entre o leitor e o livro, mas quando esta não é acompanhada e orientada pode não atingir os seus objetivos. Um sujeito que tem uma história de mediação afetivamente positiva com relação a essas práticas de leitura desenvolverá a capacidade de "ouvir" nas entrelinhas dos textos.
O livro Ouvir nas entrelinhas: o valor da escuta nas práticas de leitura, da pesquisadora argentina Cecilia Bajour, trata justamente dessas discussões sobre o papel do mediador e a qualidade de suas intervenções, tendo como propósito principal refletir sobre a escuta como vínculo pedagógico entre docentes e alunos em diversas práticas de leitura literária [...].
Para Bajour, a tarefa do professor é "escutar e se nutrir de leituras e saberes", a fim de descobrir como ocorre a construção de mundos com palavras e imagens. O mediador deve esboçar perguntas que instiguem a discussão, o pensamento sobre o lido. Para isso, entra a necessidade primeira de se conhecerem a fundo os textos que serão escolhidos. Somente assim tem-se uma escuta apurada no momento da conversa.
No primeiro capítulo do livro, a autora [...] discorre sobre a importância da escuta para o sucesso no trabalho com a leitura e enfatiza o papel do mediador como sujeito ativo na interlocução entre o texto e o leitor. Destaca, ainda, o potencial da conversação literária como possibilidade de mudança nos métodos tradicionais de leitura adotados na escola e aponta a seleção de textos como sendo um dos pilares no trabalho de formação de leitores [...].
No segundo capítulo, o texto debruça-se sobre a conversa literária como uma situação de ensino. A partir da análise de falas dos professores que participaram do curso de especialização em Literatura Infantil e Juvenil, a autora ressalta que diversas experiências relatadas mostraram a necessidade de um posicionamento crítico por parte dos professores a respeito da relação entre seleção de textos e teoria. Quanto mais esses mediadores conhecerem a respeito dos textos e das maneiras de lê-los, menos ficarão presos a receitas, esquemas, critérios fixos etc. no momento de fazer escolhas. Esses pontos de partida muitas vezes desprezam a importância do estético e propõem classificações e tipologias que deixam o literário e o artístico em segundo plano [...].
O título que introduz o terceiro capítulo traz uma indagação provocativa: "O que a promoção da leitura tem a ver com a escola?". Inicialmente, a autora tece críticas sobre algumas versões que são dadas ao conceito de "promoção", associando-o à ideia de "animação", "espetáculo", "show", que acabam deixando o livro e a leitura em segundo plano ou, em casos mais graves, nos quais eles quase não aparecem. Por outro lado, ela mostra-se a favor de muitas práticas artísticas ligadas ao campo da "promoção" que colocam a leitura e os livros como o centro das propostas. Artes como o teatro, a narração oral, o cinema e as canções podem oferecer novas possibilidades sempre que valorizam esteticamente os textos e os colocam em destaque.
Entretanto, Bajour não defende a desescolarização da leitura. De acordo com a autora, "não há motivo para que a responsabilidade da escola de propiciar aos alunos experiências culturais ricas e variadas seja concebida de forma apartada da responsabilidade de ensinar".
No quarto e último capítulo, a autora, no intuito de ampliar as discussões sobre as escolhas, trata da questão do cânone referente à literatura infantil. Ela propõe uma forma possível de mudar essa ideia de cânone, concebido como algo totalitário, sagrado, surdo e autorreferencial, que consagra os textos e define sua circulação. Bajour aponta que se deve pensar em um cânone que escute, que se ofereça ao diálogo, que se abra para a cultura que corre fora das instituições e que não se reduza a seus ditames.
A partir da leitura da obra, pode-se concluir que a literatura na escola deve se pautar em textos que possibilitem o desenvolvimento do senso crítico. Os alunos devem ser percebidos como leitores plurais e as mediações necessitam de critérios e ações capazes de levar o leitor iniciante a valorizar a leitura e a reconhecê-la como um processo de escuta que conduz a novos horizontes.
Retirado e adaptado de: Revista Presença Pedagógica. A escuta nas práticas de leitura. Editora Pulo do Gato. Disponível em: http://www.editorapulodogato.com.br/pagina.php?id=102 Acesso em: 05 nov., 2023.
Fonte: Revista Presença Pedagógica.
Assinale a alternativa que apresenta a regência correta, segundo a norma culta da língua portuguesa:
Texto CG1A1
Uma pesquisa feita na Universidade Federal Fluminense (UFF) gerou um método para detecção de notícias falsas, as chamadas fake news, nas redes sociais, com o uso de inteligência artificial (IA). A técnica é fruto de um estudo do engenheiro de telecomunicações Nicollas Rodrigues, em sua dissertação de mestrado pela universidade.
O estudante e seu orientador, Diogo Mattos, professor do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Redes de Nova Geração da UFF, desenvolveram uma ferramenta de IA capaz de diferenciar fatos de notícias falsas, a partir da análise de palavras e estruturas textuais, com precisão de 94%.
Isso significa que, a cada 100 notícias analisadas, a ferramenta conseguiu acertar se era fato ou boato em 94 situações. No total, foram analisadas mais de 30mil mensagens publicadas em uma rede social na Internet.
“Testamos três metodologias e duas tiveram sucesso maior. A gente indica, no final dos resultados, a possibilidade de utilizar ambas em conjunto, de forma complementar”, explica Rodrigues.
A primeira metodologia consistiu em abastecer um algoritmo com notícias verdadeiras e depois treinar o algoritmo para reconhecer essas notícias. Aquelas que não se encaixavam no perfil aprendido eram classificadas como fake news.
A outra abordagem é semelhante à primeira no que se refere a análise textual, mas, no lugar do algoritmo, foi utilizada metodologia estatística que analisa a frequência com que determinadas palavras e combinações de palavras aparecem nas fake news.
Os resultados do trabalho podem-se transformar em ferramentas uteis para o usuário da Internet identificar noticias que apresentam indícios de fake news e, assim, ter cautela maior com aquela informação.
“Pode-se transformar a ferramenta em um plugin [ferramenta que apresenta recursos adicionais ao programa principal] compatível com algumas redes sociais. E, a partir do momento em que você usa a rede social, o plugin vai poder indicar não que a notícia ¢ falsa, de maneira assertiva, mas que ela pode ser falsa, de acordo com alguns parâmetros, como erros de português. Também existe a possibilidade de fazer uma aplicação na própria Web, onde você cola o texto da notícia e essa aplicação vai te dizer se aquilo se assemelha ou não a uma notícia falsa”, explica Rodrigues.
Internet: <wwwcartacapital.combr> (com adaptações)
No quinto parágrafo do texto CG1A1, a oração “para reconhecer essas notícias” expressa circunstância de
Atenção: Leia atentamente o texto a seguir e responda as questões de 01 a 05:
SAMU registra mais de 10 mil ligações falsas no primeiro trimestre deste ano
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) da capital registrou mais de 10 mil ligações falsas no primeiro trimestre deste ano. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (1º) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).
De acordo com a pasta, são quase cinco trotes por hora, com pedidos de ajuda para emergências falsas que atrapalham o funcionamento do serviço.
No ano passado, a central de atendimento recebeu 673 mil ligações. Destas, quase 40 mil foram identificadas como trotes. O número representa 5% de todos os chamados para o 192.
O coordenador geral do SAMU, coronel Luciano Sarmento, afirma que é realizado um trabalho de conscientização das pessoas de que os trotes não são brincadeira.
"Então a gente reforça esse apelo, para que as pessoas evitem de passar o trote. Isso não é uma brincadeira sadia. Você está ocupando uma ligação, você pode estar solicitando o envio de um recurso para algo que não vai acontecer, ao invés dessa ambulância estar atendendo alguém que realmente precise de um salvamento. Nós estamos sempre fazendo programas, junto às escolas municipais, programas de conscientização para que não realizem o trote, para que a gente consiga minimizar e conscientizar as pessoas de que isso não é uma brincadeira sadia."
Fonte: https://www.band.uol.com.br/bandnews-fm/rio-de-janeiro/noticias/samu-registra-mais-de-10-mil-ligacoes-falsas-no-primeiro-trimestre-deste-ano-16678429 (adaptado).
Na oração "a central de atendimento recebeu 673 mil ligações", a palavra "central" é classificada, gramaticalmente, como um _____________, e, sintaticamente, faz parte do _____________ da oração.
Qual alternativa preenche, CORRETA e respectivamente, as lacunas acima?
Não é justo só chamar de viúvo ou viúva o atual parceiro no momento da partida
Por Fabrício Carpinejar
- A morte atin...e toda uma vida.
- Se morre quem foi sua ex-esposa ou ex-marido, você será também viúvo ou viúva, mesmo
- que não estivessem juntos há muito tempo.
- A nomenclatura tradicional é só chamar de viúvo ou viúva o atual parceiro no momento
- da partida, o que não é justo.
- O fim abole o corpo da cronolo...ia, resgata o espírito das lembranças.
- A viuvez não é exclusiva ao estado civil de uma fase da existência, mas envolve as fases
- e idades pregre...as.
- Não morre unicamente a versão final da pessoa, acontece a despedida de suas diferentes
- versões, do passado por completo.
- Se _______ cinco casamentos, haverá cinco viúvos ou viúvas. E nenhum é mais ou menos
- legítimo do que o outro. Nenhum é mais ou menos valioso do que o outro. As lágrimas não
- _______ hierarquia.
- Não importam a separação, as brigas, as desavenças, o papel do divórcio diante do bem
- inviolável da cumplicidade.
- É um choque receber a notícia de adeus de um antigo amor.
- Você desmoronará em segundos. Arcará com uma tremedeira das mãos, um baque, um
- desconforto, um desespero, como se tivesse dormido ao lado daquela companhia no dia. Como
- se tivesse tomado o café da manhã com ela. Como se tivesse recém tocado em seu rosto ausente.
- Perderá o ar, o chão, as palavras.
- Maior do que a intimidade da paixão que já existiu na convivência é a intimidade da dor
- que agora bate a sua porta. Para a dor, não existe ontem.
- Demorará para a notícia soar convincente. Você não achará possível, acreditará que é uma
- mentira.
- Vai doer o futuro abreviado, o que o ente querido não teve chance de viver.
- Este é o mais decisivo ponto de virada emocional: você deixa de ser egoísta, de pensar
- em si. Não é um arrependimento pelo término da relação, mas um pesar generoso pelo término
- de uma vida.
- Não significa que continua amando o ex, que reprimiu o seu querer por longo período,
- significa que reconhece o quanto ele se mostrou decisivo em sua evolução.
- O sofrimento do luto será igual dentro ou fora do casamento. As memórias mais remotas
- voltarão à tona: as gargalhadas, as canções, as viagens, as festas, a amizade.
- Tudo o que foi ruim desaparecerá, restando apenas a gratidão. Sentirá uma estranha e
- extraordinária comoção pela história em comum.
- Você se perceberá como uma peça de um desafiador puzzle. E qualquer peça é importante.
- Até porque, na hora de montar o quebra-cabeça, aconselha-se começar pelas bordas.
- Você é uma das pontas da imagem, fez parte de um sonho. Não se encontra no centro
- dos acontecimentos, na cabeceira do velório, segurando a alça do caixão, não se vê como
- protagonista da perda, mas está ali, presente no início difícil, nas primeiras descobertas da
- silhueta, na composição das cores e de padrões, possibilitando o encaixe do conjunto e a
- formação da saudade.
(Disponível em: www.gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/carpinejar/noticia/2024/04/nao-e-justo-so-chamar-de-viuvo-ou-viuva-o-atual-parceiro-no-momento-da-partida – texto adaptado especialmente para esta prova).
Considerando a concordância verbal, assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas tracejadas das linhas 11 e 13.
Na frase “Choveu demais durante o dia”, qual o tipo de sujeito?
Na frase "O jovem parecia feliz", identifique a função sintática do termo "feliz".
Um peso, duas medidas
Mãe tem que dar conta sozinha, pai precisa de apoio. Ele nem precisou pedir ajuda, a ajuda apareceu
Bebel Soares | 02/06/2024
Janaína chegou com a filha de 8 anos naquela cidadezinha rural, que fica a 280 quilômetros de Belo Horizonte. O pai dela estava preso por tráfico, e Janaína não tinha família nem amigos. A moça conheceu Danilo, que já morava naquela cidade há uns cinco anos, e eles acabaram se casando.
Janaína engravidou, e Danilo as levou para morar longe da cidade. O local ficava a uns oito quilômetros de distância do Centro, uma casinha isolada, num local ermo, com acesso por estrada de terra, sem sinal de celular. Ele era abusivo, a humilhava e a privava de tudo.
Danilo foi trabalhar como segurança na cidade vizinha, passava a semana lá e, nos fins de semana, ia ver a esposa e as meninas, sempre indo embora e as deixando com poucos recursos. Janaína desenvolveu alcoolismo, bebia cachaça e deixava a filha mais nova sob os cuidados da mais velha. Depois passou a vender bebidas em casa, e a preocupação com a segurança das crianças passou a ser pauta no serviço social da cidade, especialmente em relação a abusos sexuais. As meninas ficaram abandonadas, até que o Conselho Tutelar interveio e ameaçou tirar a guarda das meninas.
Foi nesse momento que Janaína pediu ajuda: ela queria parar de beber, e não conseguiria fazer isso sozinha. Desde 1967, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o alcoolismo uma doença e é recomendado que autoridades o encarem como uma questão de saúde pública. No entanto, essa mãe, que pedia socorro para se livrar do vício, foi negligenciada. Mesmo pedindo ajuda, era ignorada.
Quando o marido aparecia, ele a humilhava, dizia que ela o envergonhava, não ajudava e continuava passando as semanas na cidade onde trabalhava, deixando-a sozinha com as crianças e com seu vício.
Anos depois, a mãe começou a ter crises de dor abdominal, indo ao posto de saúde. Ela precisava ser encaminhada para o hospital referência da cidade, mas se negava, não tinha com quem deixar as crianças. Nessas idas ao posto, ela confidenciava às profissionais que queria mudar. Que queria se arrumar, se cuidar, escovar o cabelo, fazer as unhas, mas não tinha forças para isso.
As dores abdominais voltavam, ela era encaminhada com urgência para o hospital, mas não ia, não tinha ninguém para ficar com as meninas, mesmo numa emergência tão séria. Não tinha nenhuma rede de apoio. Não podia contar com ninguém, nem com o próprio marido.
Na última crise, Janaína faleceu. Ela tinha 35 anos e foi levada por uma pancreatite numa manhã de domingo. Estava sozinha, nem o marido a acompanhava. Ela era uma mulher linda, saudável, jovem. Sucumbiu ao etilismo por abandono, pela solidão. Tantas vezes pediu ajuda, e a ajuda nunca veio. Nunca conseguiu uma rede de apoio, nem quando precisava cuidar da própria saúde. Não pôde se tratar ________ precisava ficar com as filhas. Perdeu a vida. Saiu da sua terra para morrer sozinha, numa terra que não era dela, onde ela era invisibilizada.
Depois de tudo isso, a população se sensibilizou com o pai – sim, ela teve que dar conta sozinha, mas o pobre Danilo, não. “Tadinho do Danilo, coitado... Viúvo, vai precisar de uma grande rede de apoio, já que agora está sozinho com as filhas e precisa trabalhar.”
Um peso, duas medidas. Mãe tem que dar conta sozinha, pai precisa de apoio. Ele nem precisou pedir ajuda, a ajuda apareceu. Mulheres, mães, se solidarizaram com a situação do pai solo, como se ele fosse a vítima e Janaína tivesse morrido como uma vilã. Como se ela tivesse escolhido o abandono.
(Texto baseado no relato de uma amiga que acompanhou a história. Os nomes foram alterados para preservar a identidade dos envolvidos.)
SOARES, Bebel. Um peso, duas medidas. Estado de Minas, 02 de junho de 2024.
Disponível em: https://www.em.com.br/colunistas/bebelsoares/2024/06/6869183-um-peso-duas-medidas.html. Acesso em: 02 jun. 2024. Adaptado.
Qual é a função sintática do termo grifado na oração “Ela era uma mulher linda, saudável, jovem.”?
“Vamos meter o pé”
Por Leandro Prazeres e João da Mata
- Odila tem pouco mais de um metro e meio de altura e o cabelo liso e grisalho, preso para
- trás. O corpo parece frágil, num contraste com as mãos, grossas e fortes da vida na roça nos
- tempos da juventude. Ela diz viver com a pensão equivalente a pouco mais de um salário mínimo,
- advinda da morte do marido, há 21 anos.
- Ela chegou ___ cidade de Estrela há 30 anos, depois que se casou. Teve quatro filhos 🔷 o
- mais novo é Elizandro, que ainda vive com ela. A casa onde criou a família levou décadas para
- ficar como ela queria. “Nós tínhamos uma casinha velha, de madeira, que ganhamos da
- Prefeitura. Nós fomos construindo. Juntamos uns troquinhos daqui e dali e fizemos uma parte
- da casa, em alvenaria”, contou. “A gente foi botando telhado. O piso, fomos pagando em
- prestações. Por último ▲foi feita uma área numa parte para fora, com churrasqueira” e, assim,
- Odila ia descrevendo a casa.
- O bairro Moinhos, onde a casa está localizada, era habitado, em sua maioria, por
- trabalhadores de baixa renda, como Odila. ___ ruas eram, inicialmente, cobertas com
- paralelepípedos, acentuando o ar bucólico do local. As casas eram cercadas por pequenos jardins
- de grama verde e baixa e, nos últimos anos, a prefeitura asfaltou algumas ruas do local. Elizandro
- disse ter uma relação especial com a vizinhança: “Ajudei a construir metade dessa vila”, contou
- com a voz embargada. O bairro já havia sido severamente atingido pela enchente de setembro
- do ano passado. Na ocasião, o Vale do Taquari também foi afetado e, no total, o Rio Grande do
- Sul registrou 54 mortes. O trauma de setembro deixou os moradores da região em estado de
- alerta. “A gente tem medo. O pessoal começou a dizer: ‘Á água está vindo. Á água está vindo’.
- Aí eu disse 🔵 ‘Vamos meter o pé’”, relembrou Odila. Após a decisão de partir, começou outra
- fase de angústia. Como sair de um lugar quando todos querem sair ao mesmo tempo?
- “Quando começou a enchente, nós começamos a reunir as coisas e esperamos o caminhão.
- Ligamos para os caminhões, mas não tinha mais porque eles não podiam socorrer todo mundo.
- Estávamos numa aflição porque sabíamos que a água ia tomar conta”, disse ela. Com a ajuda
- de vizinhos e dos filhos, Odila conseguiu reunir alguns poucos pertences e documentos e foi
- levada para um abrigo improvisado. Elizandro só chegou no abrigo no dia seguinte, pois tentou
- ajudar os vizinhos ___ levar móveis para os pisos superiores das casas. Não adiantou. A água
- encobriu todas as casas, ele contou.
(Disponível em: www.bbc.com/portuguese/articles/cj554e3zgmyo – texto adaptado especialmente para esta prova).
Na frase “O bairro já havia sido severamente atingido pela enchente de setembro do ano passado”, retirada do texto, se o termo sublinhado fosse flexionado em sua forma no plural, quantas outras alterações seriam necessárias para manter a correta concordância verbo-nominal?
Ações imediatas no meio ambiente
A tragédia no Sul do país é prova eloquente e dolorosa de que o meio ambiente não pode mais ser tratado como assunto etéreo Correio Braziliense | 02/06/24
A Semana Nacional do Meio Ambiente iniciou-se em 1º de junho sob o impacto de uma tragédia climática no Brasil. Até a tarde de ontem, passava de 170 o número de mortos pelas enchentes que devastam o Rio Grande do Sul há pouco mais de um mês. A força das águas atingiu tamanho grau de destruição que varreu do mapa praticamente cidades inteiras, como Eldorado e Cruzeiro do Sul. Mais de 580 mil pessoas estão desabrigadas, entre 2,4 milhões de gaúchos afetados em mais de 90% dos municípios.
Até o momento, o governo federal dispendeu mais de R$ 60 bilhões na ajuda ao estado. Dentro de suas possibilidades, o governo estadual também ofereceu ajuda, particularmente no pagamento de um auxílio para famílias desabrigadas. Sabe-se, [no entanto], que essas ações são emergenciais. Mal começou o trabalho de reconstrução, e muitos gaúchos nem sequer tiveram condições de assimilar a perda de entes queridos, o que dirá de contabilizar os prejuízos. Mais de 40 pessoas permanecem desaparecidas sob o mar de lama, escombros e tristeza.
A tragédia no Sul do país é prova eloquente e dolorosa de que o meio ambiente não pode mais ser tratado como assunto etéreo. Passou há muito o tempo de restringir o tema a debate em conferências globais ou fóruns de especialistas. É hora de ação. De uma vez por todas, é hora de enfrentar as mudanças climáticas com todos os instrumentos à disposição.
O poder público tem papel preponderante nesse desafio. Cabe ao Estado cumprir acordos internacionais para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Cabe aos governos fiscalizar atividades danosas ao meio ambiente, como desmatamento ilegal e garimpo clandestino. Cabe ainda ao Executivo impedir o crescimento desordenado das cidades, de modo que milhares de famílias fixem residências em encostas ou às margens dos rios.
Em relação ao Legislativo, cumpre aos parlamentares preservar o meio ambiente de interesses diversos que põem em risco a sustentabilidade. Há quem diga que a legislação ambiental brasileira é das mais avançadas, mas a profusão de iniciativas perigosas — da privatização de áreas da União no litoral ao marco temporal de terras indígenas — mina o esforço necessário de tornar o Brasil um país onde a sustentabilidade é levada a sério.
Por fim, o Judiciário, assim como os demais Poderes, precisa dar ao meio ambiente tratamento diferenciado e preventivo, sob o risco de restringir sua atuação à reparação de danos decorrentes de tragédias ambientais. Assegurar um meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme determina o artigo 225 da Constituição Federal, CONSTITUI/CONSTITUEM missão de enorme valor social para o sistema de Justiça.
A sociedade também tem um papel a cumprir. Não FALTA/FALTAM iniciativas e organizações, algumas de caráter global, que se mobilizam em favor da sustentabilidade. Mas ainda não é possível observar uma consciência ambiental predominante, em parte por causa do negacionismo climático que persiste em diversos setores.
Os alertas da ciência são inequívocos, e a realidade se IMPÕE/IMPÕEM. Não há mais como protelar medidas firmes, constantes e duradouras para evitar novas catástrofes climáticas. Que a Semana do Meio Ambiente, marcada pelo sofrimento de milhares no Rio Grande do Sul, dê início a um despertar em favor da natureza — e do futuro da humanidade.
AÇÕES imediatas no meio ambiente. Correio Braziliense, 02 de junho de 2024. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2024/06/6869017-visao-do-correio-acoes-imediatas-no-meio-ambiente.html. Acesso em: 02 jun. 2024. Adaptado.
Nos três últimos parágrafos do texto, foram destacados, em letras maiúsculas, três pares de verbos. Analise o contexto em que cada um desses pares se encontra e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta o verbo que preenche adequadamente o espaço ocupado pelo par: