Questões de Concurso Sobre sintaxe em português

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Q2605466 Português
Texto 1

No trânsito, especialmente em áreas urbanas e rodovias, é comum que motociclistas se encontrem próximos a caminhões. No entanto, essa proximidade pode representar um risco significativo para a segurança dos motociclistas. Uma das principais razões é a existência de pontos cegos em torno desses veículos maiores. Conhecer e evitar esses pontos cegos é essencial para prevenir acidentes e salvar vidas. Caminhões, devido ao seu tamanho e a sua construção, possuem áreas ao redor do veículo onde o motorista tem visibilidade limitada ou nula. A conscientização e o respeito às regras de trânsito são essenciais para uma convivência harmoniosa entre motociclistas e motoristas de veículos maiores. Lembre-se de que conhecer e evitar os pontos cegos pode salvar vidas!
(Disponível em: https://www.guiamirai.com.br. Acesso em: 7 ago. 2024, com adaptações.)
No final do texto, considerando que o verbo “lembrar” pode se apresentar na forma pronominal ou não, assinale a alternativa correta de acordo com os sentidos do texto e a modalidade escrita formal da língua portuguesa em relação à regência verbal.
Alternativas
Q2605209 Português
As três bonecas

        Ju morava numa rua tranquila com nome de heroína: Anita Garibaldi. Dali, das amigas da mãe, guarda boas lembranças: colos, cafunés, filhos, mimos, conselhos e broncas. Uma, ao ver Ju lavando alface como quem esfrega roupa, havia lhe ensinado a delicadeza das folhas. Outra, Marieta, lhe deixou uma lição. Numa visita, aproximou-se de Ju, que brincava de bonecas. E disse:
         – Tenho uma boneca pra você!
         Um forte desejo se acendeu na menina.
         – Grande, como um bebê! Cabelos claros e curtos. Enroladinhos.
         A menina sorriu. Mais tarde, folheando uma revista, adivinhou a boneca.
         – É assim! – disse, abraçada à revista.
       Deu-lhe o nome de Cecília. Chamaria as amigas, cada uma traria sua filha e fariam um lanche. Brincariam no jardim e ririam um bocado, até tarde. Cansadas, iriam cedo pra cama. Adormecer com Cecília seria melhor que mil mundos.
      Foi uma espera em vão. Ainda lidava com a frustração, quando a mulher retornou. A claridade, que vinha do corredor, marcava a comprida silhueta que entrou falando:
         – Tua boneca está lá guardada, esperando.
         “Esperando o quê?”.
         – Podia ter trazido. Comprei outra.
        “Agora são duas bonecas!”, empolgou-se.
         A mulher continuava:
        – É moreninha, bem escura, cabelos compridos, arrumados em trança até a cintura. “Seria cor de jabuticaba?” Ju amava. Imaginou a boneca. “Será de pano? Fofa? Tem pano que tem cheiro bom, fino e macio, gostoso de pegar. Tem pano que é mais duro e pinica… Carmela!” Agora, numa só festa, apresentaria Cecília e Carmela às amigas. Já as via juntas, duas irmãs, cada uma de uma cor.
       “Mas por que ela não trouxe logo as bonecas?”; “Vai ver que ela não sabia que ia passar aqui.”; “Vai ver que, outro dia, traz as duas.”; “Vai ver que…”; “vai ver…” Pensou durante a aula, em casa e antes de dormir.
     Sonhou com Cecília e Carmela. Andaram de roda gigante, tão alto… Tocando as nuvens, Ju pegou um pedaço e experimentou. Azeda demais! Torceu o nariz, as outras riram. Ao acordar, procurou as bonecas e não achou. Onde estavam? Embaixo da cama? Dentro do armário? Na gaveta? Ou na casa de Marieta? Será que ela entregou para depois sequestrá-las? Se ela ia tirar, pra quê iria dar? Além de tudo, era amiga da mãe, por que faria isso? Só se a mãe não soubesse quem era a verdadeira Marieta…
       Meses depois, ela chegou. A boneca não, Marieta! E falou pela terceira vez:
     – Tenho outra boneca pra você. Podia ter trazido.
    “Três? Sério?”
    Daqui a pouco, só um reboque pra tanta promessa. Ju não se deixou enrolar. Um dia, fantasiou com Anita. Com nome de guerreira, lutaria, salvaria todas do cativeiro. A essa altura, era o que pensava: cativeiro.
    Volta e meia, acontecia de sonhar com as três. Faziam estripulias, criavam brincadeiras e danças malucas e rolavam de rir. Um dia, Ju rolou pro chão mesmo. Doeu cotovelo, doeu bumbum, doeu tudo! Até a alma.
    O tempo passou, tanto e mais um tico. Ju cresceu e se mudou da Rua Anita Garibaldi. De Marieta, ficou a lição: heroína mesmo era a criança que sobrevivia a certos adultos…

(Crônicas da infância: lembranças, afetos e reflexões [livro eletrônico] / organização Rosana Rios, Flávia Côrtes, Severino Rodrigues; ilustração Sandra Ronca. 1. ed. São Paulo: Edições AEILIJ: RR Literatura, 2021. PDF. Vários autores.)
Considere os trechos “Um dia, fantasiou com Anita.” (20º§). É correto afirmar que a disposição da vírgula na frase se deu de modo a separar:
Alternativas
Q2605104 Português
Os cães engarrafados

     “Nunca vi boa amizade nascer em leiteria”, disse certa vez Vinicius de Moraes, inveterado beberrão, para quem o melhor termômetro de afetos era uma garrafa de uísque – uma, no caso, é modo de dizer, pois melhor se fossem duas, três, quatro. “Uísque é o cachorro engarrafado”, concluiu, certamente depois de algumas doses. Não é improvável que esse diagnóstico etílico tenha surgido durante um pileque com Rubem Braga, outro voraz consumidor de malte.
     Além da dedicação às garrafas, os dois amigos tinham vários pontos em comum: nasceram no mesmo 1913, exerceram postos diplomáticos e foram grandes gozadores dos prazeres da vida, apaixonando-se com tremenda facilidade. Braga, dos nossos maiores cronistas, fez também poesia. Vinicius, dos nossos maiores poetas, também escreveu crônica. E os dois foram, cada um ao seu modo, renomados anfitriões.
    Em 1951, quando Vinicius retornou de Los Angeles, onde atuava como vice-cônsul, trouxe nada mais que 480 garrafas de uísque, divididas em 40 caixas. Era, certamente, o maior estoque de uísque do Rio de Janeiro. Não demorou para que sua casa, no Leblon, virasse um ponto de encontro da intelectualidade carioca.
    Em Ipanema, a famosa cobertura de Rubem Braga vivia destrancada. O amigo que quisesse desfrutar daquele jardim suspenso precisava só pegar a escadinha do décimo segundo andar e abrir a porta. O uísque estava lá à disposição. Braga, nem sempre – às vezes, dependendo de seu humor, sequer se levantava da rede para receber a visita.
   “Rubem Braga é, sabidamente, um conhecedor de passarinhos”, começa Vinicius com a advertência. Conhece tudo de tico-tico, curió, sanhaço, cardeal, sabiá, “mas em matéria de canário trata-se de um otário completo e acabado”. O cronista vinha pela Cinelândia quando topou com um vendedor. Ele oferecia um casal de canários numa gaiola “dividida por uma separação levadiça em dois compartimentos, um para o macho, outro para a fêmea”. A graça era abrir a portinhola do macho, deixá-lo voar livremente e vê-lo voltar assim que a fêmea piasse. O rapaz fez uma demonstração do número e convenceu o cliente.
    Decerto Braga se emocionou com aquele espécime masculino que trocava a liberdade pela companhia da amada. Chegando em casa, quis rever o espetáculo. “E lá se foi o canarinho pelo azul afora, em lindas evoluções”, até que a fêmea o chamasse. Ele voltou e ficou parado diante da portinhola, sem entrar. Braga, apreensivo, tentou atraí-lo com uma suculenta folha de alface, mas o bicho não bicou a isca. E a fêmea, no descuido do cronista que procurava um encaixe para a verdura, “fez força com o biquinho e acabou por erguer a portinhola”. Dali para o Jardim Botânico não teve nem graça. “Canário, hein Braguinha?”, cutucou o amigo.
    De Braga para Vinicius, a primeira homenagem veio durante a temporada norte-americana do poeta, período em que ficou cinco anos sem retornar para o Brasil. Do Rio, o colega enviou-lhe um Bilhete para Los Angeles”, um dos poucos de sua diminuta lavra de poemas. Os versos de escárnio são puro carinho de mãos ásperas. “Só queres amor e ócio/capadócio!” e “Tanto mal que já fizeste/cafajeste!”, querem dizer, na verdade, “Deus te dê vida e saúde/em Hollywood!”.
   Poucos meses depois de Vinicius morrer, em 1980, Braga voltou a escrever para ele, agora com uma notícia grave: a primavera tinha chegado e aquela era a primeira, desde 1913, sem a participação do poeta. Sabendo do hábito epistolar dos amigos, “Recado de primavera” fica ainda mais comovente. “Seu nome virou placa de rua; e nessa rua, que tem seu nome na placa, vi ontem três garotas de Ipanema que usavam minissaias.” O mar estava virado, e da varanda do cronista era possível ver “uma vaga de espuma galgar o costão sul da ilha das Palmas” – tudo isso, diz, são “violências primaveris”. Um tico-tico, “com uma folhinha seca de capim no bico”, começara a construir seu ninho. E as “moitas de azaleias e manacás em flor” traziam promessas da vida. “O tempo vai passando, poeta”, arremata Rubem. “Chega a primavera nesta Ipanema, toda cheia de sua música e de seus versos. Eu ainda vou ficando um pouco por aqui – a vigiar, em seu nome, as ondas, os tico-ticos e as moças em flor. Adeus.”

(TAUIL, Guilherme. Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br/. Acesso em: 22/03/2024.)
Ao escrever uma carta para o amigo já falecido, Rubem Braga conta: “Seu nome virou placa de rua; e nessa rua, que tem seu nome na placa, vi ontem três garotas de Ipanema que usavam minissaias.” (8º§). É correto afirmar que, nesse trecho, as vírgulas se deram de modo a demarcar uma oração subordinada:
Alternativas
Q2595042 Português
Texto 1


PRINCÍPIOS DO SUS

Equidade: o objetivo desse princípio é diminuir desigualdades. Apesar de todas as pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. Em outras palavras, equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior.


Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sus. Acesso em: 20 jun. 2024.
A oração subordinada adverbial destacada em negrito expressa a ideia de 
Alternativas
Q2594888 Português
Acerca do vocativo em língua portuguesa, pode-se afirmar que
Alternativas
Q2593863 Português

Texto para as questões 1 a 10:


Oceanos batem recorde de calor em meio à falta de ações


1Recorde de temperaturas, ondas de calor cada vez mais frequentes e acidificação acelerada: o mais recente relatório

da OMM (Organização Meteorológica Mundial) confirmou uma série de indicadores negativos para os oceanos.

As águas, que cobrem mais de 70% da superfície da Terra, têm um papel importante na regulação do clima. A maior

parte da energia acumulada no sistema atmosférico vai para os oceanos, que foram fundamentais para que as temperaturas

5 globais não se elevassem ainda mais nas últimas décadas.

Os dados mais recentes evidenciam, contudo, uma rápida degradação das condições dos mares. Ano mais quente da

história da humanidade, 2023 ficou marcado também por um aumento sem precedentes das ondas de calor marinhas, que

chegaram a uma cobertura média diária de 32% dos oceanos. No recorde anterior, em 2016, as cifras eram de 23%.

A situação mereceu um alerta especial da OMM, que é vinculada à ONU (Organização das Nações Unidas). “A escala

10 de tempo dos oceanos não é tão rápida quanto a da atmosfera. Mas, uma vez que a mudança está estabelecida, eu diria que

é quase irreversível”, avaliou a secretária-geral da entidade, Celeste Saulo.

“A tendência é realmente muito preocupante. E isso se deve às características da água, que retém o calor por mais

tempo do que a atmosfera. É por isso que estamos prestando cada vez mais atenção ao que está acontecendo nos oceanos.”

As ondas de calor marinhas têm grande influência também no processo de branqueamento de corais, ecossistemas

15 essenciais para o equilíbrio da vida marinha. Nos últimos meses, diversas instituições, incluindo a Noaa (agência atmosférica

e oceânica americana), emitiram alertas para o risco de episódios de grandes proporções.

Nesse processo, desencadeado pelo estresse térmico, os corais expulsam as algas que vivem em seus tecidos, ficando

assim mais vulneráveis a diversos problemas, incluindo a falta de nutrientes e a doenças.

“Temos o risco de uma espécie de desertificação [da vida] dos oceanos quando esse branqueamento de corais se

20 expande muito amplamente”, disse o chefe de monitoramento climático da OMM, Omar Baddour.

Os níveis recordes de acidificação dos oceanos, resultado da absorção dos níveis sem precedentes de dióxido de

carbono, contribuem para deteriorar ainda mais os ecossistemas marinhos.

Diante desse cenário, cientistas de todo o mundo têm elevado os alertas para reforçar a proteção dos oceanos.

Em 2023, após mais de uma década de negociações, a comunidade internacional concordou com um tratado no âmbito

25 da ONU para a preservação do chamado “alto-mar”, as águas que se estendem para além do limite de 370 km da costa das

atuais jurisdições nacionais.

Até agora, os compromissos internacionais de preservação se enquadravam nas águas nacionais. Ainda que o alto-

mar tenha sido de certa forma mais preservado historicamente, a situação se alterou nas últimas décadas.

O aumento da regulação nos mares mais próximos, combinado à crescente exaustão de recursos naturais nessas

30 regiões, tem expandido rapidamente as “fronteiras” marítimas. Além dos danos trazidos pelas mudanças climáticas, as águas

mais afastadas tornaram-se frequentemente exploradas por atividades intensivas que se aproveitam das lacunas legais.

No tratado, os países assumem o compromisso com a preservação de pelo menos 30% dos oceanos até 2030.

Atualmente, apenas cerca de 3% dos oceanos do globo estão sob proteção total ou muito elevada.

Apesar de ter sido classificado como histórico por ambientalistas, o acordo só entra em vigor quando pelo menos 60

35 países o tiverem ratificado. Até agora, apenas Palau, um Estado insular do Pacífico, e o Chile cumpriram esse requisito.

“O tratado foi um avanço muito grande na perspectiva da governança global dos oceanos. Estamos fechando uma

lacuna importante, porém ainda é necessário que os países se comprometam e ratifiquem o documento no seu cenário

doméstico”, destaca Leandra Gonçalves, doutora em relações internacionais e professora do Instituto do Mar da Unifesp

(Universidade Federal de São Paulo).

40 “O Brasil, por exemplo, ainda não ratificou”, completou a bióloga.

A necessidade dos processos de ratificação foi um dos temas debatidos na Cúpula Mundial dos Oceanos, realizada em

março em Lisboa. Diretor científico e administrador da Fundação Oceano Azul, Emanuel Gonçalves destacou a importância da

proteção dos ecossistemas marinhos.

“Nós levamos 300 anos para proteger 3% dos oceanos da pesca extrativa. Se fizermos agora a mesma coisa, vamos

45 levar mais 300 anos. Temos de fazer diferente. Precisamos acelerar os processos e garantir a proteção baseada na melhor

evidência científica”, diz o pesquisador.

A falta de financiamento para medidas de preservação tem sido historicamente um dos principais entraves ao

estabelecimento das zonas protegidas. Além de cobrar mais recursos para a implementação das áreas de proteção, Gonçalves

diz que os oceanos merecem mais espaço na agenda internacional.

50 “A relação entre o oceano e o clima tem sido algo negligenciado no âmbito das convenções das alterações climáticas

[as COPs]”, avaliou.

Para Leandra Gonçalves, embora o tema venha ganhando espaço desde a Rio+20, realizada em 2012, ainda é preciso

garantir que as discussões se transformem em medidas concretas

“Os oceanos estão ocupando um espaço maior na agenda internacional, e isso tem se refletido na agenda doméstica

55 dos países, em especial daqueles que têm grandes zonas costeiras. Mas ainda está muito tímida a prática desses países para

as questões das mudanças climáticas, da conservação da biodiversidade e da poluição”, enumerou. “Precisamos aproximar

o discurso da prática.”


Giuliana Miranda. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/. Acesso em: 28 mar. 2024.

Mas, uma vez que a mudança está estabelecida, eu diria que é quase irreversível. (linhas 10 e11)


O segmento do período acima, revela um valor semântico de

Alternativas
Q2593732 Português

Nas frases seguintes, há uma em que a regência verbal está de acordo com a norma culta. Assinale-a.

Alternativas
Q2593730 Português

Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 6.


OS DILEMAS REGULATÓRIOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL


Conferência global conclui haver “potencial para danos graves”. Desafio é garantir avanço reduzindo riscos.


A opinião do Globo (Em 06/11/2023)


Reunidos no Reino Unido, na última semana, representantes de 28 países, entre eles Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Brasil e Índia, chegaram a um acordo para tentar entender e gerenciar os riscos trazidos pela tecnologia conhecida como inteligência artificial (IA), a habilidade de computadores processarem linguagens de modo praticamente indistinto dos humanos. “Há potencial para danos graves, até mesmo catastróficos, deliberados ou não intencionais”, diz o texto da Declaração de Bletchley, local da cúpula sediada pelo governo britânico, onde Alan Turing, um dos fundadores da ciência da computação, trabalhou na Segunda Guerra Mundial.

Nas últimas duas décadas, uma técnica chamada “aprendizado de máquina” permitiu que softwares pudessem interpretar, com extrema rapidez, quantidades enormes de exemplos e aperfeiçoassem respostas a desafios complexos sem ser programados especificamente para enfrentá-los. Computadores se tornaram imbatíveis em jogos de estratégia e noutras atividades sofisticadas.

Embora não sejam autônomos, racionais nem independentes de trabalho humano, esses programas impõem novos riscos, principalmente nos campos da segurança cibernética, biotecnologia e desinformação, como destaca a Declaração de Bletchley. Alguns imaginam que ferramentas como o ChatGPT possam um dia informar a qualquer um como criar armas potentes ou espalhar doenças contagiosas.

Antes da reunião em Bletchley, o presidente americano, Joe Biden, assinou decreto para que regulem o uso de IA. Mostrou preocupação com o poder de desinformação e contou que sua equipe preparara, a título de ilustração, um vídeo fraudulento (deep fake) com Biden falando algo que nunca disse. O perigo desses vídeos é evidente, em especial quando o alvo são autoridades. Entre as novas regras divulgadas na Casa Branca, desenvolvedores de sistemas de IA terão de compartilhar resultados de testes de segurança e informações críticas com o governo.

O tema é considerado urgente no mundo todo. Até o final do ano, o Parlamento Europeu deverá aprovar a Lei da Inteligência Artificial. A China já adotou várias regras. O assunto vem sendo debatido também no Brasil. A questão é como proceder. Não há consenso sobre o que fazer para evitar os riscos sem que a regulação acabe estrangulando a inovação ou concentrando o poder nas mãos de poucas empresas financeiramente capazes de seguir as regras que vierem a ser impostas. Outra dúvida é se os governos precisarão criar novos organismos regulatórios ou se os existentes se adaptarão. O desafio diante do mundo é garantir a evolução da tecnologia, sem dúvida fonte de avanços, com o mínimo de riscos para os usuários, para a sociedade e para as instituições. A cúpula de Bletchley certamente não será a última a explorar os dilemas trazidos pela IA.

“Alguns imaginam que ferramentas como o ChatGPT possam um dia [...].” 3º§


O sujeito da primeira oração é assim classificado:

Alternativas
Q2593728 Português

Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 6.


OS DILEMAS REGULATÓRIOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL


Conferência global conclui haver “potencial para danos graves”. Desafio é garantir avanço reduzindo riscos.


A opinião do Globo (Em 06/11/2023)


Reunidos no Reino Unido, na última semana, representantes de 28 países, entre eles Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Brasil e Índia, chegaram a um acordo para tentar entender e gerenciar os riscos trazidos pela tecnologia conhecida como inteligência artificial (IA), a habilidade de computadores processarem linguagens de modo praticamente indistinto dos humanos. “Há potencial para danos graves, até mesmo catastróficos, deliberados ou não intencionais”, diz o texto da Declaração de Bletchley, local da cúpula sediada pelo governo britânico, onde Alan Turing, um dos fundadores da ciência da computação, trabalhou na Segunda Guerra Mundial.

Nas últimas duas décadas, uma técnica chamada “aprendizado de máquina” permitiu que softwares pudessem interpretar, com extrema rapidez, quantidades enormes de exemplos e aperfeiçoassem respostas a desafios complexos sem ser programados especificamente para enfrentá-los. Computadores se tornaram imbatíveis em jogos de estratégia e noutras atividades sofisticadas.

Embora não sejam autônomos, racionais nem independentes de trabalho humano, esses programas impõem novos riscos, principalmente nos campos da segurança cibernética, biotecnologia e desinformação, como destaca a Declaração de Bletchley. Alguns imaginam que ferramentas como o ChatGPT possam um dia informar a qualquer um como criar armas potentes ou espalhar doenças contagiosas.

Antes da reunião em Bletchley, o presidente americano, Joe Biden, assinou decreto para que regulem o uso de IA. Mostrou preocupação com o poder de desinformação e contou que sua equipe preparara, a título de ilustração, um vídeo fraudulento (deep fake) com Biden falando algo que nunca disse. O perigo desses vídeos é evidente, em especial quando o alvo são autoridades. Entre as novas regras divulgadas na Casa Branca, desenvolvedores de sistemas de IA terão de compartilhar resultados de testes de segurança e informações críticas com o governo.

O tema é considerado urgente no mundo todo. Até o final do ano, o Parlamento Europeu deverá aprovar a Lei da Inteligência Artificial. A China já adotou várias regras. O assunto vem sendo debatido também no Brasil. A questão é como proceder. Não há consenso sobre o que fazer para evitar os riscos sem que a regulação acabe estrangulando a inovação ou concentrando o poder nas mãos de poucas empresas financeiramente capazes de seguir as regras que vierem a ser impostas. Outra dúvida é se os governos precisarão criar novos organismos regulatórios ou se os existentes se adaptarão. O desafio diante do mundo é garantir a evolução da tecnologia, sem dúvida fonte de avanços, com o mínimo de riscos para os usuários, para a sociedade e para as instituições. A cúpula de Bletchley certamente não será a última a explorar os dilemas trazidos pela IA.

“[...] o presidente americano, Joe Biden, assinou decreto para que regulem o uso de IA.” 4º§


A oração sublinhada é classificada como

Alternativas
Q2593726 Português

Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 6.


OS DILEMAS REGULATÓRIOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL


Conferência global conclui haver “potencial para danos graves”. Desafio é garantir avanço reduzindo riscos.


A opinião do Globo (Em 06/11/2023)


Reunidos no Reino Unido, na última semana, representantes de 28 países, entre eles Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Brasil e Índia, chegaram a um acordo para tentar entender e gerenciar os riscos trazidos pela tecnologia conhecida como inteligência artificial (IA), a habilidade de computadores processarem linguagens de modo praticamente indistinto dos humanos. “Há potencial para danos graves, até mesmo catastróficos, deliberados ou não intencionais”, diz o texto da Declaração de Bletchley, local da cúpula sediada pelo governo britânico, onde Alan Turing, um dos fundadores da ciência da computação, trabalhou na Segunda Guerra Mundial.

Nas últimas duas décadas, uma técnica chamada “aprendizado de máquina” permitiu que softwares pudessem interpretar, com extrema rapidez, quantidades enormes de exemplos e aperfeiçoassem respostas a desafios complexos sem ser programados especificamente para enfrentá-los. Computadores se tornaram imbatíveis em jogos de estratégia e noutras atividades sofisticadas.

Embora não sejam autônomos, racionais nem independentes de trabalho humano, esses programas impõem novos riscos, principalmente nos campos da segurança cibernética, biotecnologia e desinformação, como destaca a Declaração de Bletchley. Alguns imaginam que ferramentas como o ChatGPT possam um dia informar a qualquer um como criar armas potentes ou espalhar doenças contagiosas.

Antes da reunião em Bletchley, o presidente americano, Joe Biden, assinou decreto para que regulem o uso de IA. Mostrou preocupação com o poder de desinformação e contou que sua equipe preparara, a título de ilustração, um vídeo fraudulento (deep fake) com Biden falando algo que nunca disse. O perigo desses vídeos é evidente, em especial quando o alvo são autoridades. Entre as novas regras divulgadas na Casa Branca, desenvolvedores de sistemas de IA terão de compartilhar resultados de testes de segurança e informações críticas com o governo.

O tema é considerado urgente no mundo todo. Até o final do ano, o Parlamento Europeu deverá aprovar a Lei da Inteligência Artificial. A China já adotou várias regras. O assunto vem sendo debatido também no Brasil. A questão é como proceder. Não há consenso sobre o que fazer para evitar os riscos sem que a regulação acabe estrangulando a inovação ou concentrando o poder nas mãos de poucas empresas financeiramente capazes de seguir as regras que vierem a ser impostas. Outra dúvida é se os governos precisarão criar novos organismos regulatórios ou se os existentes se adaptarão. O desafio diante do mundo é garantir a evolução da tecnologia, sem dúvida fonte de avanços, com o mínimo de riscos para os usuários, para a sociedade e para as instituições. A cúpula de Bletchley certamente não será a última a explorar os dilemas trazidos pela IA.

“Embora não sejam autônomos, racionais nem independentes de trabalho humano [...].” 3º§


A oração que introduz esse período exprime ideia de

Alternativas
Q2593493 Português

Sinal para Ajuda – Combate à violência doméstica



Sinal para Ajuda é uma forma de mulheres pedirem socorro. Para fazê-lo: 1- abra a palma da mão; 2- leve o dedão ao centro da mão; 3- feche os outros dedos em volta do polegar.


Imagem: Arte UOL.


Levar o polegar ao centro da mão e, depois, fechar os outros dedos em torno dele. Para muitas pessoas, esse gesto pode não chamar a atenção, mas é capaz de salvar a vida de mulheres em risco.

O Sinal para Ajuda é uma iniciativa de combate à violência doméstica, lançada em abril de 2020 pela Fundação de Mulheres Canadenses.

A ideia era usá-lo em reuniões on-line, dado o aumento da violência em casa na pandemia. Ele foi escolhido por ser simples e não deixar rastros digitais.

O gesto ganhou sucesso com a ajuda das redes sociais, que concentram um público mais jovem. O obstáculo é popularizá-lo entre os mais velhos. Um caminho é a divulgação em locais em que essas pessoas buscam informação (como na TV) e no transporte público.

O Brasil trabalha outro gesto para coibir a violência contra mulheres: o Sinal Vermelho. Desde 2021, ele é uma iniciativa do Governo Federal para pedir socorro de forma discreta. A orientação é desenhar um X na palma da mão e mostrá-lo preferencialmente em farmácias, onde os atendentes são treinados para ajudar a vítima.


Sarah Alves Moura – Universa. “Este gesto pode salvar mulheres em risco no Carnaval, mas é pouco conhecido”.

No trecho “A orientação é desenhar um X na palma da mão[...]”, caso o termo sublinhado estivesse no plural, como seria sua grafia correta?

Alternativas
Q2592477 Português

Texto para as questões de 06 a 10


Os vereadores também têm o poder e o dever de fiscalizar a administração, cuidando da aplicação dos recursos e observando o orçamento. É dever deles acompanhar o Poder Executivo, principalmente em relação ao cumprimento das leis e da boa aplicação e gestão do dinheiro público.

Também são os vereadores que julgam as contas públicas da cidade, o que acontece todo ano, com a ajuda do tribunal de contas municipal ou do tribunal de contas dos municípios (no caso dos estados da Bahia, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo), que são órgãos que assessoram na fiscalização do próprio Poder Legislativo. Na câmara municipal (também chamada de câmara de vereadores), os projetos, emendas e resoluções têm de passar por comissões, para serem votados no plenário. Mesmo depois de aprovados, projetos e emendas precisam ser submetidos à apreciação do prefeito, que pode vetá-los total ou parcialmente ou aprová-los. Quando há aprovação, o projeto é publicado no diário oficial da cidade e vira lei.

Para se candidatar a vereador, o cidadão precisa ter o domicílio eleitoral na cidade em que pretende concorrer até um ano antes da eleição, além de estar filiado a um partido político. Além disso, precisa ter nacionalidade brasileira, ser alfabetizado, estar em dia com a Justiça Eleitoral, ser maior de 18 anos e, caso seja homem, ter certificado de reservista.


https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2016/Setembro/vereador-conheca-o-papel-e-as-funcoes-desse-representante-politico

Se reescrevêssemos a passagem “Quando há aprovação, o projeto é publicado no diário oficial da cidade e vira lei” substituindo o conectivo em destaque pelo conectivo que estabelece ideia de condição e se transpuséssemos o verbo HAVER para o futuro do subjuntivo, teríamos, fazendo as adaptações necessárias:

Alternativas
Q2592476 Português

Texto para as questões de 06 a 10


Os vereadores também têm o poder e o dever de fiscalizar a administração, cuidando da aplicação dos recursos e observando o orçamento. É dever deles acompanhar o Poder Executivo, principalmente em relação ao cumprimento das leis e da boa aplicação e gestão do dinheiro público.

Também são os vereadores que julgam as contas públicas da cidade, o que acontece todo ano, com a ajuda do tribunal de contas municipal ou do tribunal de contas dos municípios (no caso dos estados da Bahia, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo), que são órgãos que assessoram na fiscalização do próprio Poder Legislativo. Na câmara municipal (também chamada de câmara de vereadores), os projetos, emendas e resoluções têm de passar por comissões, para serem votados no plenário. Mesmo depois de aprovados, projetos e emendas precisam ser submetidos à apreciação do prefeito, que pode vetá-los total ou parcialmente ou aprová-los. Quando há aprovação, o projeto é publicado no diário oficial da cidade e vira lei.

Para se candidatar a vereador, o cidadão precisa ter o domicílio eleitoral na cidade em que pretende concorrer até um ano antes da eleição, além de estar filiado a um partido político. Além disso, precisa ter nacionalidade brasileira, ser alfabetizado, estar em dia com a Justiça Eleitoral, ser maior de 18 anos e, caso seja homem, ter certificado de reservista.


https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2016/Setembro/vereador-conheca-o-papel-e-as-funcoes-desse-representante-politico

Em “Na câmara municipal (também chamada de câmara de vereadores), os projetos, emendas e resoluções têm de passar por comissões, para serem votados no plenário”, o termo em destaque estabelece ideia de:

Alternativas
Q2592475 Português

Texto para as questões de 06 a 10


Os vereadores também têm o poder e o dever de fiscalizar a administração, cuidando da aplicação dos recursos e observando o orçamento. É dever deles acompanhar o Poder Executivo, principalmente em relação ao cumprimento das leis e da boa aplicação e gestão do dinheiro público.

Também são os vereadores que julgam as contas públicas da cidade, o que acontece todo ano, com a ajuda do tribunal de contas municipal ou do tribunal de contas dos municípios (no caso dos estados da Bahia, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo), que são órgãos que assessoram na fiscalização do próprio Poder Legislativo. Na câmara municipal (também chamada de câmara de vereadores), os projetos, emendas e resoluções têm de passar por comissões, para serem votados no plenário. Mesmo depois de aprovados, projetos e emendas precisam ser submetidos à apreciação do prefeito, que pode vetá-los total ou parcialmente ou aprová-los. Quando há aprovação, o projeto é publicado no diário oficial da cidade e vira lei.

Para se candidatar a vereador, o cidadão precisa ter o domicílio eleitoral na cidade em que pretende concorrer até um ano antes da eleição, além de estar filiado a um partido político. Além disso, precisa ter nacionalidade brasileira, ser alfabetizado, estar em dia com a Justiça Eleitoral, ser maior de 18 anos e, caso seja homem, ter certificado de reservista.


https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2016/Setembro/vereador-conheca-o-papel-e-as-funcoes-desse-representante-politico

A alternativa em que o termo em destaque tem a mesma função sintática do termo destacado na passagem “Os vereadores também têm o poder e o dever de fiscalizar a administração” é:

Alternativas
Q2592473 Português

Assinale a alternativa correta quanto às regências verbal e nominal:

Alternativas
Q2592261 Português

Leia o texto para responder a esta questão.


Biorremediação de solos contaminados por petróleo e seus derivados


“Embora vários contaminantes podem ser metabolizados por microorganismos, alguns são mais facilmente biodegradados do que outros. No caso dos hidrocarbonetos de petróleo, por exemplo, muitas áreas contaminadas possuem uma mistura complexa de compostos orgânicos, sendo que a maioria destas substâncias, certamente, não é metabolizada na mesma velocidade. Em vez disso, as taxas de degradação dos diversos compostos que são metabolizados são diferentes e dependentes de vários fatores.”


ANDRADE, J. de A. et al. Biorremediação de solos contaminados por petróleo e seus derivados. In: Eclética Química, São Paulo, v. 35, n. 3, p. 17-43, 2010. Adaptado de: <https://www.scielo.br/j/eq/a/sGLvgg5B6qBspNBtncd9GKq/>. Acesso em: 17 abr. 2024.


No texto, o fragmento “Embora vários contaminantes podem ser metabolizados por microorganismos” tem sentido:

Alternativas
Q2592258 Português

QUESTÃO 01


Leia o texto para responder a esta questão.


Thiago Barral, da EPE: a arte de planejar em meio a crises


Agência CanalEnergia: O PLS 232 colocou um prazo de 42 meses para a abertura do mercado livre para toda a baixa tensão. Isso traz algum desafio para a EPE assim como para a CCEE e Aneel?

Thiago Barral: Tem impacto grande porque a abertura do mercado para ser feita de forma equilibrada, sustentada e segura, demanda a implementação da separação lastro e energia, senão teremos um problema grave de alocação de custos que fica difícil de gerenciar à medida que o ACL amplia. (...) Tenho usado um termo diferente de lastro, pois esse é um termo que traz dificuldade para muita gente, então o chamo de requisito do sistema para garantir a segurança e a confiabilidade. Em última instância, traz a responsabilidade de apontar tempestivamente, no momento certo, com a precisão adequada, transparência e credibilidade quais são os requisitos e de que forma serão contratados os agentes. (...)


BARRAL, T. Thiago Barral, da EPE: a arte de planejar em meio a crises. [Entrevista concedida à Agência CanalEnergia.] Maurício Godoi. Agência CanalEnergia, 9 de abril de 2020. Fragmento adaptado de: <https://www.epe.gov.br/pt/imprensa/noticias/thiago-barral-da-epe-a-arte-de-planejar-em-meio-a-crises.> Acesso em 17 abr. 2024.


Da análise do texto, em relação ao fragmento “Tenho usado um termo diferente de lastro, pois esse é um termo que traz dificuldade para muita gente, então o chamo de requisito do sistema para garantir a segurança e a confiabilidade”, o elemento destacado corresponde a um complemento:

Alternativas
Q2590995 Português

Texto para as questões de 1 a 15.


1 Poseidon estava sentado à sua mesa de trabalho e fazia contas. A administração de todas contas. A administração de

todas as águas dava-lhe um trabalho infinito. Poderia dispor de quantas forças auxiliares quisera, e com efeito, tinhas muitas,

mas como tomava seu emprego muito a sério, verificava novamente todas as contas, e assim as forças auxiliares lhe serviam

5 de pouco. Não se pode dizer que o trabalho lhe era agradável e na verdade o realizava unicamente porque lhe tinha sido

imposto; tinha-se ocupado, sim, com frequência, em trabalhos mais alegres, como ele dizia, mas cada vez que se lhe faziam

diferentes propostas, revelava-se sempre que, contudo, nada lhes agradava tanto como seu atual emprego. Além do mais era

muito difícil encontrar uma outra tarefa para ele. Era impossível designar-lhe um determinado mar; prescindindo de que aqui

10 o trabalho de cálculo não era menor em quantidade, porém em qualidade, o Grande Poseidon não podia ser designado para

outro cargo que não comportasse poder. E se lhe oferecia um emprego fora da água, esta única ideia lhe provocava mal-estar,

alterava-se seu divino alento e seu férreo torso oscilava. Além do mais, suas queixas não eram tomadas a sério; quando um

15 poderoso tortura, é preciso ajustar-se a ele aparentemente, mesmo na situação mais desprovida de perspectivas. Ninguém

pensava verdadeiramente em separar a Poseidon de seu cargo, já que desde as origens tinha sido destinado a ser deus dos

mares e aquilo não podia ser modificado.

O que mais o irritava — e isto era o que mais o indispunha com o cargo - era inteirar-se de que como representavam

20 com o tridente, guiando como um cocheiro, através dos mares. Entretanto, estava sentado aqui, nas profundidades do mar

do mundo e fazia contas ininterruptamente; de vez em quando uma viagem da qual além do mais, quase sempre regressava

furioso. Dai que mal havia visto os mares, isso acontecia apenas em suas fugitivas ascensões ao Olimpo, e não os teria

percorrido jamais verdadeiramente. Gostava de dizer que com isso esperava o fim do mundo, que então teria certamente

25 ainda um momento de calma, durante o qual, justo antes do fim, depois de rever a última conta, poderia fazer ainda um rápido

giro.


Franz Kafka

Diz-se concordância nominal aquela que se verifica em gênero e número entre o adjetivo e o pronome (adjetivo), O artigo, o numeral ou o particípio (palavras determinantes) e o substantivo ou pronome (palavras determinadas) a que se referem. Considerando-se isso, selecione a alternativa que apresenta o emprego adequado da concordância.

Alternativas
Q2590994 Português

Texto para as questões de 1 a 15.


1 Poseidon estava sentado à sua mesa de trabalho e fazia contas. A administração de todas contas. A administração de

todas as águas dava-lhe um trabalho infinito. Poderia dispor de quantas forças auxiliares quisera, e com efeito, tinhas muitas,

mas como tomava seu emprego muito a sério, verificava novamente todas as contas, e assim as forças auxiliares lhe serviam

5 de pouco. Não se pode dizer que o trabalho lhe era agradável e na verdade o realizava unicamente porque lhe tinha sido

imposto; tinha-se ocupado, sim, com frequência, em trabalhos mais alegres, como ele dizia, mas cada vez que se lhe faziam

diferentes propostas, revelava-se sempre que, contudo, nada lhes agradava tanto como seu atual emprego. Além do mais era

muito difícil encontrar uma outra tarefa para ele. Era impossível designar-lhe um determinado mar; prescindindo de que aqui

10 o trabalho de cálculo não era menor em quantidade, porém em qualidade, o Grande Poseidon não podia ser designado para

outro cargo que não comportasse poder. E se lhe oferecia um emprego fora da água, esta única ideia lhe provocava mal-estar,

alterava-se seu divino alento e seu férreo torso oscilava. Além do mais, suas queixas não eram tomadas a sério; quando um

15 poderoso tortura, é preciso ajustar-se a ele aparentemente, mesmo na situação mais desprovida de perspectivas. Ninguém

pensava verdadeiramente em separar a Poseidon de seu cargo, já que desde as origens tinha sido destinado a ser deus dos

mares e aquilo não podia ser modificado.

O que mais o irritava — e isto era o que mais o indispunha com o cargo - era inteirar-se de que como representavam

20 com o tridente, guiando como um cocheiro, através dos mares. Entretanto, estava sentado aqui, nas profundidades do mar

do mundo e fazia contas ininterruptamente; de vez em quando uma viagem da qual além do mais, quase sempre regressava

furioso. Dai que mal havia visto os mares, isso acontecia apenas em suas fugitivas ascensões ao Olimpo, e não os teria

percorrido jamais verdadeiramente. Gostava de dizer que com isso esperava o fim do mundo, que então teria certamente

25 ainda um momento de calma, durante o qual, justo antes do fim, depois de rever a última conta, poderia fazer ainda um rápido

giro.


Franz Kafka

Assinale a alternativa cuja sentença foi escrita de acordo com as regras de concordância verbal referentes à correspondência entre verbo e sujeito.

Alternativas
Q2590940 Português

Texto para as questões de 1 a 10.

Texto de Clarice Lispector.


1 Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser

humano, no berço mesmo, já começou.

Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de

algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.

5 Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um

destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.

Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho

medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso

de mais do que isso.

10 Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova

de “solidão de não pertencer” começou a me invadir como heras num muro.

Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não

é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro

15 de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária

pode se tornar patética.

É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer:

tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de

tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.

20 Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade

intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique

uma pessoa ou uma coisa.

Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de

precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.

25 A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo.

E então eu soube: pertencer é viver.

Fonte: https://www.culturagenial.com/clarice-lispector-textos-poeticos-comentados/.

Considerando as regras de concordância nominal, assinale a alternativa que apresenta a relação correta.

Alternativas
Respostas
2741: A
2742: D
2743: C
2744: B
2745: D
2746: B
2747: A
2748: A
2749: B
2750: C
2751: B
2752: D
2753: B
2754: A
2755: C
2756: D
2757: C
2758: C
2759: A
2760: D