Questões de Pedagogia - Teorias e Práticas para o Ensino de História para Concurso
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A história não apenas é uma ciência em marcha. É também uma ciência na infância: como todas aquelas que têm por objeto o espírito humano, esse temporão no campo do conhecimento racional. Ou, para dizer melhor, velha sob a forma embrionária da narrativa, de há muito apinhada de ficções, há muito tempo ainda colada nos acontecimentos mais imediatamente apreensíveis, ela permanece, como empreendimento racional de análise, jovem.
Marc Bloch. Apologia da história: ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 47 (com adaptações).
A partir do texto apresentado, assinale a opção correta, com relação à dinâmica historiográfica do século XX e seu impacto no ensino de história.
A história se diferencia das demais ciências porque é, simultaneamente, uma arte. É ciência, uma vez que recolhe, descobre, analisa em profundidade; e arte, porque representa e torna a dar forma ao que é descoberto, ao que é apreendido. Como ciência, a história se aproxima da filosofia; como arte, da poesia.
Leopold von Ranke. O conceito de história universal. Sérgio da Mata (Trad). In: A
história pensada: história e método na historiografia europeia do século XIX. Estevão
de Rezende Martins (Org.). São Paulo: Contexto, 2010, p. 202 (com adaptações).
Considerando o excerto precedente, assinale a opção correta com relação às concepções do pensamento histórico e à sua influência no ensino de história.
A concepção de história definida nesta proposta, analisa as múltiplas dimensões do tempo de modo a capturar o sentido da superação das noções anteriores para a compreensão dos múltiplos e simultâneos tempos históricos.
Fonte: SANTA CATARINA. Proposta Curricular de Santa Catarina: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio: disciplinas curriculares. Florianópolis: COGEN, 1998, p. 161.
Sobre o tema “Ensino de História – Categoria Tempo”, analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa que contém todas as corretas.
l. Tempo cronológico se refere ao tempo do relógio, do passar dos dias, dos eventos, da sequência dos meses, dos anos, etc.
ll. Tempo histórico é o tempo do significado dos processos de desenvolvimento técnico, produtivo, das dimensões consideradas relevantes pelos grupos dominantes em oposição aos dominados em determinadas sociedades.
lll. Na história tradicional ou positivista há uma compreensão dialética do tempo, pois supõe uma natural superação dos tempos cíclicos, circulares e antigo, pelo tempo moderno definido através da evolução da técnica.
lV. O tempo circular define a lógica das comunidades agrícolas (plantio, crescimento, colheita): nascimento, desenvolvimento e morte.
V. Os tempos diacrônicos ser referem, por exemplo, a relação entre moderno e arcaico, antigo e novo.
“A maneira de tratar o conteúdo é fundamental no ensino e a postura do professor, com relação a esse tratamento, determinará a sua efetividade na prática pedagógica. Para isso, pretende-se orientar o ensino de ciências para que o aluno torne-se agente de sua aprendizagem, através do ‘pensar e do fazer’ (relação ciência-tecnologia), e o professor se legitime como mediador deste processo.”
Fonte: SANTA CATARINA. Proposta Curricular de Santa Catarina: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio: disciplinas curriculares. Florianópolis: COGEN, 1998, p. 124.
Nesse sentido, assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas, e assinale a alternativa com a sequência correta.
( ) A organização sequencial dos conteúdos e atividades curriculares devem ser sistematizada e operacionalizada em patamares das ações envolvendo uma graduação de complexidade do abstrato para o concreto.
( ) Ênfase na construção dos conhecimentos sobre a natureza, subjacentes à relação homem-natureza, e na constituição dos espaços físicos, social, econômico, ambiental e político, buscando-se o diálogo cultural na vinculação entre a cultura do aluno e a cultura científica. ( ) O enfoque metodológico deve ser centrado na transmissão, para que, na busca de soluções conjuntas, cada indivíduo passe a atuar como elemento formador do outro.( ) Apresentação do mundo ideal, e não do mundo como o homem gostaria que fosse (mundo real), segundo suas percepções e representações mais imediatas.
( ) Estabelecimento de relação paralela entre conceito construído e aplicação prática no dia a dia, tornando a sala
de aula uma extensão da vida.
“[...] a ideia de identidade [...] pressupõe interdependência entre condições objetivas de vida e experiências subjetivas, o compartilhamento de convenções e valores, de modos de pensar, de sentir e de agir ou menos formalizados, que distinguem e produzem a integração de uma comunidade” (AZEVEDO, Cecília. Identidades compartilhadas: a identidade nacional em questão. In: ABREU, Martha; SOIHET, Rachel (Org.). Ensino de História - conceitos, temáticos e metodologia. Rio de Janeiro: 2003. p. 43-44).
Em relação ao conceito de identidade aplicado por Cecília Azevedo, é CORRETO afirmar que:
Considerando comparativamente os métodos e as abordagens do paradigma tradicional em História (de orientação positivista) e a escola historiográfica denominada Nova História, faça a correspondência:
I) História tradicional (positivista)
II) Nova História
( ) Enfatiza a investigação dos atos do Estado. Daí sua preocupação, essencialmente, com uma narrativa dos acontecimentos e das ações dos homens de renome, preferencialmente sob o viés do político.
( ) Busca investigar toda a abrangência da atividade humana, imprimindo aos estudos um caráter interdisciplinar.
( ) Fundamenta-se na pesquisa documental, principalmente nos registros oficiais, escritos, emanados do governo e guardados em arquivos.
( ) Preocupa-se tanto com os movimentos coletivos quanto com os individuais sem, no entanto, sublinhá-los como feitos memoráveis de grandes instituições ou de grandes homens.
( ) Dedica-se a estudos e temáticas que sublinharam o protagonismo de grupos e indivíduos considerados marginais, minoritários ou pouco importantes: mulheres, operários, crianças etc.
A alternativa que mostra a ordem CORRETA da numeração da correspondência é:
Texto 15A2CCC
Ambientado na década de 1960 em Jackson, Mississipi (EUA), o livro A Resposta (tradução do título em inglês de The Help e adaptado para o cinema como Histórias Cruzadas, 2011) é dividido em capítulos narrados sob a perspectiva de personagens distintas. Entre elas estão Aibileen, uma empregada doméstica negra que cuida das crianças de seus patrões brancos, e Skeeter, uma recém-formada jornalista branca e rica, que não concorda com as atitudes das patroas brancas da cidade. Skeeter propõe para Aibileen contar a vida cotidiana de Jackson, a partir da visão das empregadas domésticas negras. Vale dizer que o sul dos Estados Unidos da América tem uma herança histórica marcada pelo conservadorismo político, racial e social. Passados quase cem anos da promulgação da 13. ª Emenda à Constituição Americana — que declarou o fim da escravidão —, ainda se podia notar uma divisão entre a população causada pelo racismo, o que levou à marginalização dos negros. Isso se dava principalmente devido à existência de um sistema de segregação denominado leis Jim Crow, que vigorou no período de 1870 a 1960.
Bruna Corrêa. Resenha literária: A resposta, de Kathryn Stockett.
Internet:
Acerca do uso de instrumentos pedagógicos e de recursos audiovisuais e textuais variados em aulas de história, julgue o item a seguir, considerando o contexto abordado no texto 15A2CCC.
O uso de documentos fílmicos nas aulas como fonte histórica
permite aos estudantes desenvolverem estratégias de
observação, reflexão, comparação e crítica, que contribuem
para a aprendizagem da História e também para a construção
de operações mentais que permitem ao indivíduo interpretar
e orientar suas experiências cotidianas.
Com base nos textos 15A2AAA e 15A2BBB, julgue o próximo item, a respeito do ensino de história da religiosidade africana e dos aspectos a ele relacionados.
A escola desempenha uma função relevante no combate às
discriminações e na emancipação dos grupos discriminados ao
proporcionar aos estudantes o acesso a conhecimentos
científicos e registros culturais diferenciados.
Texto 26A2BBB
Tupac já dizia:
“Algumas coisas nunca mudam...”
Algumas coisas nunca mudam...
Aí! São... regras do mundão.
Perdi a conta de quantos escondem a bolsa se digo “Que horas são?”
Taxistas perguntam mais que policiais a mim.
Sim! Indescritível como é ruim.
Nasci vilão, só veneno.
Com o incentivo que me dão, errado tô se eu não virar memo.
Suor na cara, levando currículo do cara...
Até porque onde eu moro, buso não para.
Pé de barro, meio dia, inspirando piada nos boy, transpirando medo nas tias.
Tudo é tão óbvio. Cê não vê que vai juntando ingrediente da bomba
relógio.
Eu sinto dor (Dor), eu sinto ódio (Ódio), é quente,
Sem nem saber o nome dessa gente
Católica, de bem, linda...
Cê já notou? Pior que nem falei minha cor ainda!
(...)
Aí... Explica pra assistente social que pai de gente igual a gente,
não sabe usar a mente, só o pau.
Que quem educa nóiz, na escola estadual,
joga na cara todas as manhãs que ganha mal.
Que é incrível quantos de nóiz senta no fundo da sala pra ver se fica
invisível.
Calculo o prejuízo!
Nossas crianças sonha que quando crescer vai ter cabelo liso. (shiii)
(...)
Cê sabe o quanto é comum dizer que preto é ladrão,
antes memo da gente saber o que é um.
(...)
Emicida. Cê lá faz ideia. Emicídio, Laboratório Fantasma, 2010, 02 (com adaptações).
Considerando o texto 26A2BBB, julgue o item subsequente.
O texto 26A2BBB mostra-se limitado como recurso
pedagógico para aulas de sociologia no ensino médio, uma vez
que sua abordagem se reduz a questões de senso comum, sem
reflexões a respeito da diversidade e do exercício da cidadania.
Em “Materialidade da experiência e materiais de ensino e aprendizagem”, Marcos Silva e Selva G. Fonseca discutem a respeito da cultura material e de suas relações com o ensino e o aprendizado da História, enfocando o exemplo de museus nacionais, como o Museu do Ipiranga (São Paulo).
À luz das considerações apresentadas pelos autores, assinale a opção que exemplifica corretamente ações educativas realizadas no espaço do museu.
“O Egito já não são apenas os faraós, mas também as muitas e muitas aldeias, não há apenas continuidade, mas mudança, mostra-se que ali conviviam povos e culturas variadas: egípcios, núbios, hícsos, hebreus, gregos, romanos. A Mesopotâmia já não é apenas o mundo dos déspotas precursores de Saddam Hussein, mas um local onde a variedade cultural produziu uma infinidade de reflexões, muitas delas profundamente enraizadas em nossa própria cultura. Os hebreus já não são apenas precursores do cristianismo, mas fazem parte de nossa própria maneira de conceber o mundo. A Antiguidade tampouco inicia-se com a escrita, mas, cada vez mais, busca-se mostrar como o homem possui uma História Antiga multimilenar, anterior à escrita em milhares de anos.”
FUNARI, Pedro Paulo “A renovação da História Antiga” in KARNAL, Leandro (Org.) História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. Contexto, 2015, p. 97.)
Nesse trecho, o autor se refere à renovação da História Antiga nos livros didáticos brasileiros ocorrida nas últimas três décadas.
A respeito das inovações interpretativas que permitiram sua renovação, analise as afirmativas a seguir.
I. A revisão da concepção oitocentista da dualidade entre Oriente e Ocidente desconstruiu a visão eurocêntrica da História Antiga, até então considerada a etapa fundadora da História Universal.
II. A incorporação de novos temas, como, por exemplo, o das relações de gênero, ressignificou o estudo da História Antiga em função da relação entre o mundo contemporâneo em que vivemos e a experiência social da Antiguidade.
III. A crítica à hegemonia dos documentos escritos e a incorporação da cultura material, pelo estudo de edifícios, estátuas, cerâmica e pinturas, possibilitaram o fortalecimento de uma história política da Antiguidade.
Assinale:
Ao abordar o problema dos currículos de História nas escolas em um contexto global e multicultural, Marcos Silva e Selva G. Fonseca se perguntam o que ensinar no mundo multicultural e se apropriam do pensamento do educador Peter McLaren, que, ao ir além do termo crítico, defende o “multiculturalismo revolucionário, que não se limita a transformar a atitude discriminatória, mas se dedica a reconstituir as estruturas profundas da economia política, da cultura e do poder nos arranjos sociais contemporâneos. Ele não significa reformar a democracia capitalista, mas transformá-la, cortando as suas articulações e reconstruindo a ordem social do ponto de vista dos oprimidos”.
MCLAREN, Peter apud SILVA, Marcos e FONSECA, Selva G. Ensinar História no século XXI: em busca do tempo entendido. Campinas: Papirus, 2007, p. 46.
Para os autores, o multiculturalismo crítico e revolucionário é
O Marechal Junot, da infantaria francesa, entrou em Lisboa junto com a chuva. Uma chuva fina, matinal, que agulhava os ossos. A corte tinha de fugir, conforme o combinado com a Inglaterra.
Os fujões quiseram raspar até a prata dos altares. Em suas arcas, atacharam pra mais de 80 milhões de cruzados, em ouro e diamantes. (Curiosa ironia: migalhas da riqueza iam de volta, agora, para o Brasil.)
O cais de Belém lembrava uma feira, mas feira do inferno. Lacaios se entrechocavam e mordiam. Marujos ingleses berravam palavrões cabeludos por sobre as cabeças das senhoras. A um simples estouro de cavalos, centenas de peralvilhas jogavam-se ao mar. A quem assistisse – 15 mil nobres embarcando em 36 navios – o espetáculo podia ser divertido, jamais bonito.
E D. João? Corria que já embarcara. Mas quando? Perguntava a turba com raiva, contida pela fileira de soldados. ‘Foi aquela criada grandona, andar de pata choca, não vira?’ O covarde disfarçara-se. Agora é a vez da rainha-mãe. Arrancada aos murros, a demente sorve aflitivamente o ar das ruas: há 16 anos não a tiram da cela. (...)
Achavam que a coitada não percebia nada. A chuva, contudo, acordou-lhe a razão. Começou a berrar.
– Não corram tanto! Acreditaram que estamos fugindo. Por que fugir sem ter combatido?
(In: SANTOS, Joel Rufino dos. História do Brasil. São Paulo: Marco editorial, 1979, p. 77)
Para Jörn Rüsen a consciência histórica pode ser definida como uma categoria que se relaciona a toda forma de pensamento histórico, através do qual os sujeitos possuem a experiência do passado e o interpretam como história. Em outras palavras ela é ‘(...) a suma das operações mentais com as quais os homens interpretam sua experiência da evolução temporal de seu mundo e de si mesmos, de forma tal que possam orientar, intencionalmente, sua vida prática no tempo’.
(MARRERA, Fernando Milani & SOUZA, Uirys Alves de. “A tipologia da consciência histórica em Rüsen”. Revista Latino-Americana de História. v. 2, n. 6. Ago. 2013 – Edição Especial, p. 1070. Disponível em: http://projeto.unisinos.br/rla/index.php/rla/article/viewFile/ 256/209. Acesso em: 07 de dezembro de 2015)
Segundo o texto acima, a importância da consciência histórica reside