Educação midiática pode ser caminho para crianças e adolescentes não caírem em fake news
Vamos começar do começo, o que é educação midiática, afinal? É o “conjunto de habilidades para acessar, analisar, criar
e participar de maneira crítica do ambiente informacional e midiático em todos os seus formatos – dos impressos aos digitais”.
Em um contexto onde as redes sociais, como o TikTok, têm sido cada vez mais utilizadas por crianças e adolescentes e os perfis
em aplicativos de mensagens instantâneas, como o WhatsApp, também têm aumentado nos últimos anos, a educação midiática
se mostra essencial. E não é apenas a ampliação do acesso a estas redes e plataformas que aponta a urgência de uma melhor
educação midiática, mas a forma como a população interage com os conteúdos delas também.
O relatório “Leitores do século 21: Desenvolvendo habilidades de alfabetização em um mundo digital”, da Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), realizado entre estudantes brasileiros de 15 anos, constatou que
67,3% deles têm dificuldade em diferenciar fatos de opiniões ao lerem textos. Em outro estudo, somente 27% dos estudantes
de escolas públicas e 18% de escolas privadas receberam orientações sobre como avaliar a qualidade das informações on-line,
mas metade dos professores afirmou ter apoiado os alunos em situações sensíveis na internet, incluindo o uso excessivo de
jogos digitais e experiências de discriminação e cyberbullying. 56% das(os) professoras(es) relatam já terem trabalhado com
educação para a mídia, mas apenas 20% se sentem bem preparados para ensinar sobre o tema e somente 37% de fato participaram de iniciativas de formação sobre o assunto.
Mais alguns números que permitem entender a crescente necessidade de maior investimento em educação midiática são os
resultantes de pesquisa realizada pela OCDE: aproximadamente 41,9% das(os) estudantes foram ensinadas(os) a usar palavras-chave
em mecanismos de busca; 52% aprenderam a avaliar a confiabilidade das informações on-line; 48,9% discutiram as consequências de
compartilhar informações em redes sociais; e, 45,7% foram orientadas(os) a identificar informações subjetivas ou tendenciosas.
É preciso manter em mente, também, as desigualdades socioeconômicas, digitais e educacionais, pois um menor acesso a
dispositivos digitais e ao direito à educação, por exemplo, pode resultar em uma maior dificuldade na detecção de informações
tendenciosas ou falsas. É o que mostra o estudo “Políticas de Educação Midiática”, publicado pelo Instituto Veredas sob encomenda da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom).
(Carolina Scherer Beidacki. Disponível em: . Acesso em: julho de 2024. Adaptado.)