Questões de Concurso Sobre português para rbo

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Q2053476 Português
A Volta

   Da janela do trem o homem avista a velha cidadezinha que o viu nascer. Seus olhos se enchem de lágrimas. Trinta anos. Desce na estação – a mesma do seu tempo, não mudou nada – e respira fundo. Até o cheiro é o mesmo! Cheiro de mato e poeira. Só não tem mais cheiro de carvão, porque o trem agora é elétrico. E o chefe da estação, será possível? Ainda é o mesmo. Fora a careca, os bigodes brancos, as rugas e o corpo encurvado pela idade, não mudou nada.
     O homem não precisa perguntar como se chega ao centro da cidade. Vai a pé, guiando-se por suas lembranças. O centro continua como era. A praça. A igreja. A prefeitura. Até o vendedor de bilhetes na frente do Clube Comercial parece o mesmo.
    — Você não tinha um cachorro?
    — O Cusca? Morreu, ih, faz vinte anos.
   O homem sabe que subindo a Rua Quinze vai dar num cinema. O Elite. Sobe a Rua Quinze. O cinema ainda existe. Mas mudou de nome. Agora é o Rex. Do lado tem uma confeitaria. Ah, os doces da infância... Ele entra na confeitaria. Tudo igual. Fora o balcão de fórmica, tudo igual. Ou muito se engana ou o dono ainda é o mesmo.
    — Seu Adolfo, certo?
    — Lupércio.
   — Errei por pouco. Estou procurando a casa onde nasci. Sei que ficava ao lado de uma farmácia.
    — Qual delas, a Progresso, a Tem Tudo ou a Moderna?
    — Qual é a mais antiga?
    — A Moderna.
    — Então é essa.
    — Fica na Rua Voluntários da Pátria.
   Claro. A velha Voluntários. Sua casa está lá intacta. Ele sente vontade de chorar. A cor era outra. Tinham mudado a porta e provavelmente emparedado uma das janelas. Mas não havia dúvida, era a casa da sua infância. Bateu na porta. A mulher que abriu lhe parecia vagamente familiar. Seria...
    — Titia?
    — Puluca!
    — Bem, meu nome é...
    — Todos chamavam você de Puluca. Entre.
  Ela lhe serviu licor. Perguntou por parentes que ele não conhecia. Ele perguntou por parentes de que ela não se lembrava. Conversaram até escurecer. Então ele se levantou e disse que precisava ir embora. Não podia, infelizmente, demorar-se em Riachinho. Só viera matar a saudade. A tia parecia intrigada.
     — Riachinho, Puluca?
     — É, por quê?
     — Você vai para Riachinho?
     Ele não entendeu.
     — Eu estou em Riachinho.
    — Não, não. Riachinho é a próxima parada do trem. Você está em Coronel Assis.
     — Então eu desci na estação errada!
     Durante alguns minutos os dois ficaram se olhando em silêncio. Finalmente a velha pergunta:
     — Como é mesmo o seu nome?
    Mas ele estava na rua, atordoado. E agora? Não sabia como voltar para a estação, naquela cidade estranha.

(Luís Fernando Veríssimo. A mulher do Silva. Porto Alegre. L&PM).

Considere o trecho a seguir:
A mulher que abriu lhe parecia vagamente familiar.
Assinale a alternativa que contém o antônimo da palavra em destaque.
Alternativas
Q2053475 Português
A Volta

   Da janela do trem o homem avista a velha cidadezinha que o viu nascer. Seus olhos se enchem de lágrimas. Trinta anos. Desce na estação – a mesma do seu tempo, não mudou nada – e respira fundo. Até o cheiro é o mesmo! Cheiro de mato e poeira. Só não tem mais cheiro de carvão, porque o trem agora é elétrico. E o chefe da estação, será possível? Ainda é o mesmo. Fora a careca, os bigodes brancos, as rugas e o corpo encurvado pela idade, não mudou nada.
     O homem não precisa perguntar como se chega ao centro da cidade. Vai a pé, guiando-se por suas lembranças. O centro continua como era. A praça. A igreja. A prefeitura. Até o vendedor de bilhetes na frente do Clube Comercial parece o mesmo.
    — Você não tinha um cachorro?
    — O Cusca? Morreu, ih, faz vinte anos.
   O homem sabe que subindo a Rua Quinze vai dar num cinema. O Elite. Sobe a Rua Quinze. O cinema ainda existe. Mas mudou de nome. Agora é o Rex. Do lado tem uma confeitaria. Ah, os doces da infância... Ele entra na confeitaria. Tudo igual. Fora o balcão de fórmica, tudo igual. Ou muito se engana ou o dono ainda é o mesmo.
    — Seu Adolfo, certo?
    — Lupércio.
   — Errei por pouco. Estou procurando a casa onde nasci. Sei que ficava ao lado de uma farmácia.
    — Qual delas, a Progresso, a Tem Tudo ou a Moderna?
    — Qual é a mais antiga?
    — A Moderna.
    — Então é essa.
    — Fica na Rua Voluntários da Pátria.
   Claro. A velha Voluntários. Sua casa está lá intacta. Ele sente vontade de chorar. A cor era outra. Tinham mudado a porta e provavelmente emparedado uma das janelas. Mas não havia dúvida, era a casa da sua infância. Bateu na porta. A mulher que abriu lhe parecia vagamente familiar. Seria...
    — Titia?
    — Puluca!
    — Bem, meu nome é...
    — Todos chamavam você de Puluca. Entre.
  Ela lhe serviu licor. Perguntou por parentes que ele não conhecia. Ele perguntou por parentes de que ela não se lembrava. Conversaram até escurecer. Então ele se levantou e disse que precisava ir embora. Não podia, infelizmente, demorar-se em Riachinho. Só viera matar a saudade. A tia parecia intrigada.
     — Riachinho, Puluca?
     — É, por quê?
     — Você vai para Riachinho?
     Ele não entendeu.
     — Eu estou em Riachinho.
    — Não, não. Riachinho é a próxima parada do trem. Você está em Coronel Assis.
     — Então eu desci na estação errada!
     Durante alguns minutos os dois ficaram se olhando em silêncio. Finalmente a velha pergunta:
     — Como é mesmo o seu nome?
    Mas ele estava na rua, atordoado. E agora? Não sabia como voltar para a estação, naquela cidade estranha.

(Luís Fernando Veríssimo. A mulher do Silva. Porto Alegre. L&PM).

Considere o trecho abaixo:
Mas ele estava na rua, atordoado.
Assinale a alternativa que substitui o termo em destaque, sem alteração de sentido.
Alternativas
Q2053474 Português
A Volta

   Da janela do trem o homem avista a velha cidadezinha que o viu nascer. Seus olhos se enchem de lágrimas. Trinta anos. Desce na estação – a mesma do seu tempo, não mudou nada – e respira fundo. Até o cheiro é o mesmo! Cheiro de mato e poeira. Só não tem mais cheiro de carvão, porque o trem agora é elétrico. E o chefe da estação, será possível? Ainda é o mesmo. Fora a careca, os bigodes brancos, as rugas e o corpo encurvado pela idade, não mudou nada.
     O homem não precisa perguntar como se chega ao centro da cidade. Vai a pé, guiando-se por suas lembranças. O centro continua como era. A praça. A igreja. A prefeitura. Até o vendedor de bilhetes na frente do Clube Comercial parece o mesmo.
    — Você não tinha um cachorro?
    — O Cusca? Morreu, ih, faz vinte anos.
   O homem sabe que subindo a Rua Quinze vai dar num cinema. O Elite. Sobe a Rua Quinze. O cinema ainda existe. Mas mudou de nome. Agora é o Rex. Do lado tem uma confeitaria. Ah, os doces da infância... Ele entra na confeitaria. Tudo igual. Fora o balcão de fórmica, tudo igual. Ou muito se engana ou o dono ainda é o mesmo.
    — Seu Adolfo, certo?
    — Lupércio.
   — Errei por pouco. Estou procurando a casa onde nasci. Sei que ficava ao lado de uma farmácia.
    — Qual delas, a Progresso, a Tem Tudo ou a Moderna?
    — Qual é a mais antiga?
    — A Moderna.
    — Então é essa.
    — Fica na Rua Voluntários da Pátria.
   Claro. A velha Voluntários. Sua casa está lá intacta. Ele sente vontade de chorar. A cor era outra. Tinham mudado a porta e provavelmente emparedado uma das janelas. Mas não havia dúvida, era a casa da sua infância. Bateu na porta. A mulher que abriu lhe parecia vagamente familiar. Seria...
    — Titia?
    — Puluca!
    — Bem, meu nome é...
    — Todos chamavam você de Puluca. Entre.
  Ela lhe serviu licor. Perguntou por parentes que ele não conhecia. Ele perguntou por parentes de que ela não se lembrava. Conversaram até escurecer. Então ele se levantou e disse que precisava ir embora. Não podia, infelizmente, demorar-se em Riachinho. Só viera matar a saudade. A tia parecia intrigada.
     — Riachinho, Puluca?
     — É, por quê?
     — Você vai para Riachinho?
     Ele não entendeu.
     — Eu estou em Riachinho.
    — Não, não. Riachinho é a próxima parada do trem. Você está em Coronel Assis.
     — Então eu desci na estação errada!
     Durante alguns minutos os dois ficaram se olhando em silêncio. Finalmente a velha pergunta:
     — Como é mesmo o seu nome?
    Mas ele estava na rua, atordoado. E agora? Não sabia como voltar para a estação, naquela cidade estranha.

(Luís Fernando Veríssimo. A mulher do Silva. Porto Alegre. L&PM).

Assinale a alternativa INCORRETA sobre o texto.
Alternativas
Q2002972 Português
Leia a tirinha em que aparecem as personagens Honi e seus pais Helga e Hagar.
10.png (341×260)
(Dik Browne. Folha de S.Paulo, 21.07.2013)
A reação de Honi, no primeiro quadrinho, e a atitude de Helga e de Hagar, no segundo quadrinho, sinalizam, correta e respectivamente: 
Alternativas
Q2002971 Português
Leia o texto de Ruy Castro, para responder a questão.  

Todos chegarão lá

    O Brasil está envelhecendo. Segundo projeções oficiais, 20% da população terá mais de 60 anos em 2030.
   Em números absolutos, esperam-se perto de 50 milhões de idosos em 2030 – imagine o volume de antidepressivos, estimulantes e produtos geriátricos que isso vai exigir. Não quer dizer que a maioria desses macróbios1 seguirá o padrão dos velhos de antigamente, que, mal passados dos 60, equipados com boina, cachecol, suéter, cobertor nas pernas, eram levados para tomar sol no parquinho.
    Quero crer que os velhos de 2030 se parecerão cada vez mais com meus vizinhos do Baixo Vovô, aqui no Leblon – uma rede de vôlei frequentada diariamente por sexa ou septuagenários torrados de sol, com músculos invejáveis e capazes de saques e cortadas mortíferas. A vida para eles nunca parou.
   Por sorte, a aceitação do velho é agora maior do que nunca. Bem diferente de 1968 – apogeu de algo que me parecia fabricado, chamado “Poder Jovem” –, em que ser velho era quase uma ofensa. À idade da razão, que deveria ser a aspiração de todos, sobrepunha-se o que Nelson Rodrigues denunciava como “a razão da idade”: a juventude justificando todas as injustiças e ignomínias2 (como as da Revolução Cultural, na China, em que velhos eram humilhados publicamente por ser velhos).
    Naquela mesma época, o rock era praticado por jovens esbeltos, bonitos e de longas cabeleiras louras, para uma plateia de rapazes e moças idem. Hoje, ele é praticado por velhos carecas, gordos e tatuados, para garotos que podiam ser seus netos. Já se pode confiar em maiores de 60 anos e, um dia, todos chegarão lá.

(Folha de S.Paulo, 04.10.2013. Adaptado)

1 macróbios: pessoas que chegaram à idade muito avançada
2 ignomínias: infâmias; desonra infligida por julgamento público
Assinale a alternativa redigida de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
Alternativas
Respostas
111: B
112: E
113: B
114: C
115: B