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Para ciee
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As gêmeas
Estava tomando café em pé quando viu passando, na calçada, a pequena que começara a namorar na véspera. Largou a xícara, largou tudo e atirou-se no seu encalço, quase como um maluco. Tropeça num cavalheiro, esbarra numa senhora, e vai alcançar a menina pouco adiante. Caminha lado a lado e faz a alegre pergunta:
- Como vai essa figurinha?
A garota, que era realmente linda, estaca por um segundo. Olha-o, de alto a baixo, com surpresa e susto. Em seguida, vira o rosto e continua andando. Osmar, desconcertado, apressa o passo e a interroga: “Mas que é isso? Não me reconheces mais?" Nenhuma resposta. E ele, num espanto misturado de irritação: “Que máscara é essa?" Silêncio, ainda. Nessa altura dos acontecimentos, a menina só falta correr. Então, Osmar perde a paciência; segura o braço da fulana: “Olha aqui, Marilena..." Ao ouvir o nome, ela para: vira-se para ele, mais cordial, quase alegre; encara-o confiante:
- Já vi tudo!
- Tudo como?
Ela aparece aliviada:
- Eu não sou Marilena, Marilena é minha irmã.
Pasmo, exclama: “Meu Deus do céu! Que coisa!" A garota sorri, divertida com a confusão:
- Eu sou Iara.
Osmar faz a pergunta desnecessária:
- E são gêmeas?
Na véspera, conhecera Marilena. Fora um desses flertes deliciosíssimos de ônibus. Viajaram em pé, lado a lado, cada qual pendurado na sua argola. Quando saltaram, no mesmo poste, era evidente que a simpatia era recíproca e irresistível. Marilena deu-lhe telefone, endereço, tudo. Só não lhe dissera por falta de oportunidade que tinha uma irmã gêmea, Iara. Quando se encontraram mais tarde, Osmar contou o episódio e dramatizou:
- Sabe que eu estou com a minha cara no chão?
Besta! Semelhança espantosa! Assim nunca vi, puxa!
Como é que pode, hein?
Sentaram-se num banco de jardim. E, então,
Marilena contou que o equívoco de Osmar não seria o primeiro, nem o último. Mesmo amigos e até parentes incidiam por vezes na mesma confusão. A única coisa que diferia entre as duas era um bracelete que Iara usava e a outra não. Ainda na sua impressão profunda, ele observa:
- Irmãs assim, gêmeas, são muito amigas, não são?
Marilena parece vacilar:
- Depende.
Ele insiste: “E vocês?" Marilena resiste:
- Você está querendo saber muito. Vamos mudar de assunto que é melhor.
RODRIGUES, Nelson. A vida como ela é... em série. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
“Mesmo amigos e até parentes incidiam por vezes na mesma confusão."
As gêmeas
Estava tomando café em pé quando viu passando, na calçada, a pequena que começara a namorar na véspera. Largou a xícara, largou tudo e atirou-se no seu encalço, quase como um maluco. Tropeça num cavalheiro, esbarra numa senhora, e vai alcançar a menina pouco adiante. Caminha lado a lado e faz a alegre pergunta:
- Como vai essa figurinha?
A garota, que era realmente linda, estaca por um segundo. Olha-o, de alto a baixo, com surpresa e susto. Em seguida, vira o rosto e continua andando. Osmar, desconcertado, apressa o passo e a interroga: “Mas que é isso? Não me reconheces mais?" Nenhuma resposta. E ele, num espanto misturado de irritação: “Que máscara é essa?" Silêncio, ainda. Nessa altura dos acontecimentos, a menina só falta correr. Então, Osmar perde a paciência; segura o braço da fulana: “Olha aqui, Marilena..." Ao ouvir o nome, ela para: vira-se para ele, mais cordial, quase alegre; encara-o confiante:
- Já vi tudo!
- Tudo como?
Ela aparece aliviada:
- Eu não sou Marilena, Marilena é minha irmã.
Pasmo, exclama: “Meu Deus do céu! Que coisa!" A garota sorri, divertida com a confusão:
- Eu sou Iara.
Osmar faz a pergunta desnecessária:
- E são gêmeas?
Na véspera, conhecera Marilena. Fora um desses flertes deliciosíssimos de ônibus. Viajaram em pé, lado a lado, cada qual pendurado na sua argola. Quando saltaram, no mesmo poste, era evidente que a simpatia era recíproca e irresistível. Marilena deu-lhe telefone, endereço, tudo. Só não lhe dissera por falta de oportunidade que tinha uma irmã gêmea, Iara. Quando se encontraram mais tarde, Osmar contou o episódio e dramatizou:
- Sabe que eu estou com a minha cara no chão?
Besta! Semelhança espantosa! Assim nunca vi, puxa!
Como é que pode, hein?
Sentaram-se num banco de jardim. E, então,
Marilena contou que o equívoco de Osmar não seria o primeiro, nem o último. Mesmo amigos e até parentes incidiam por vezes na mesma confusão. A única coisa que diferia entre as duas era um bracelete que Iara usava e a outra não. Ainda na sua impressão profunda, ele observa:
- Irmãs assim, gêmeas, são muito amigas, não são?
Marilena parece vacilar:
- Depende.
Ele insiste: “E vocês?" Marilena resiste:
- Você está querendo saber muito. Vamos mudar de assunto que é melhor.
RODRIGUES, Nelson. A vida como ela é... em série. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
I. Marilena fingiu ter uma irmã gêmea quando percebeu que Osmar a tinha reconhecido, para brincar com ele.
II. Osmar ficou espantado com a semelhança entre as irmãs e Marilena afirmou que até parentes e amigos se confundiam. A semelhança era tanta que apenas um bracelete, usado por uma delas, poderia diferenciá-las.
III. Marilena, ao ser questionada por Osmar se era amiga de Iara, sua irmã, preferiu não fazer muitos comentários a respeito porque não se dava muito bem com ela, uma vez que Iara já tinha roubado muitos namorados dela no passado.
É correto o que se afirma em