Questões de Concurso
Para professor - língua portuguesa
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Ofertas de Aninha (Aos moços): “Cora Coralina.”
Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Renunciar a palavras e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista.
Creio numa força imanente que vai ligando a família humana numa corrente luminosa de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana.
Creio na superação dos erros e angústias do presente.
Acredito nos moços.
Exalto sua confiança, generosidade e idealismo.
Creio nos milagres da ciência e na descoberta de uma profilaxia futura dos erros e violências do presente.
Aprendi que mais vale lutar do que recolher dinheiro fácil.
Antes acreditar do que duvidar.
Quanto à formação das palavras, marque a alternativa, onde temos uma composição por aglutinação.
Ofertas de Aninha (Aos moços): “Cora Coralina.”
Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Renunciar a palavras e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista.
Creio numa força imanente que vai ligando a família humana numa corrente luminosa de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana.
Creio na superação dos erros e angústias do presente.
Acredito nos moços.
Exalto sua confiança, generosidade e idealismo.
Creio nos milagres da ciência e na descoberta de uma profilaxia futura dos erros e violências do presente.
Aprendi que mais vale lutar do que recolher dinheiro fácil.
Antes acreditar do que duvidar.
Sobre vícios de linguagem, marque (V) verdadeiro ou (F) falso e assinale a alternativa devida.
( ) Vícios de linguagem são incorreções e defeitos no uso da língua falada, ou escrita. Originam-se do descaso, ou do despreparo linguístico de quem se expressa.
( ) Barbarismo é o defeito da frase que apresenta duplo sentido.
( ) Ambiguidade é o emprego de palavras erradas relativamente à pronúncia, forma, ou significação.
( ) Cacofonia é o som desagradável, ou palavra de sentido ridículo, ou torpe, resultantes da contiguidade de certos vocábulos na frase.
( ) Estrangeirismo é o uso de palavras, expressões, ou construções próprias de línguas estrangeiras. Conforme a proveniência, o estrangeirismo se denomina: galicismo, ou francesismo (do francês), anglicismo (do inglês), germanismo (do alemão), castelhanismo (do espanhol), italianismo (do italiano).
Ofertas de Aninha (Aos moços): “Cora Coralina.”
Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Renunciar a palavras e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista.
Creio numa força imanente que vai ligando a família humana numa corrente luminosa de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana.
Creio na superação dos erros e angústias do presente.
Acredito nos moços.
Exalto sua confiança, generosidade e idealismo.
Creio nos milagres da ciência e na descoberta de uma profilaxia futura dos erros e violências do presente.
Aprendi que mais vale lutar do que recolher dinheiro fácil.
Antes acreditar do que duvidar.
Em versificação, tratando-se de rima, coloque (V) verdadeiro ou (F) falso e marque a alternativa correta.
( ) Exemplos de rimas perfeitas: sereno/moreno – neve/leve.
( ) São rimas imperfeitas: estrela/vela – Deus/céus.
( ) Rimas toantes: feroz/atroz – amor/clamor.
( ) Rimas agudas: casa/vale – época/pétala.
( ) Rimas graves: mágico/ trágico – lírico/onírico.
( ) Rimas esdrúxulas: festa/ manifesta – flores/cores.
Ofertas de Aninha (Aos moços): “Cora Coralina.”
Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Renunciar a palavras e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista.
Creio numa força imanente que vai ligando a família humana numa corrente luminosa de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana.
Creio na superação dos erros e angústias do presente.
Acredito nos moços.
Exalto sua confiança, generosidade e idealismo.
Creio nos milagres da ciência e na descoberta de uma profilaxia futura dos erros e violências do presente.
Aprendi que mais vale lutar do que recolher dinheiro fácil.
Antes acreditar do que duvidar.
De acordo com o poema, assinale a alternativa incorreta.
Conforme a Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica, responda às próximas duas questões.
Leia os itens e assinale a alternativa verdadeira.
(i) A Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens, na Educação Básica, tem como público-alvo, dentre outros, dirigentes das secretarias de educação e das redes públicas de ensino estaduais, municipais e distrital.
(ii) A Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens, na Educação Básica, instituiu o Ecossistema de Inovação e Soluções Educacionais Digitais, sob gestão do Ministério da Educação.
(iii) É um dos mecanismos de avaliação e monitoramento da Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens, na Educação Básica, formulação de indicadores de desempenho, especialmente os que mensurem a eficácia, a eficiência e a efetividade da Política.
À luz do Plano Municipal de Educação para o decênio 2015/2025, marque a alternativa verdadeira.
I- O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, coordenado pela União, e os resultados das pesquisas sobre qualidade da educação no Município, constituirão fontes de informação para avaliação da qualidade da Educação Básica e para orientação das políticas públicas desse nível de ensino.
II- Até o final do primeiro semestre do nono ano de vigência deste PME, o Poder Executivo encaminhará à Câmara Municipal de Uberlândia, o projeto de lei referente ao Plano Municipal de Educação a vigorar no período subsequente.
III- O Plano Plurianual, as Leis de Diretrizes Orçamentárias e os Orçamentos Anuais do Município, serão formulados de maneira a assegurar a consignação de dotações orçamentárias compatíveis com as diretrizes, estratégias e metas do PME, a fim de viabilizar sua plena execução.
Julgue se as assertivas são (C) corretas ou (I) incorretas e aponte a alternativa correspondente.
( ) Independentemente da duração da jornada escolar, o conceito de Educação Integral, com o qual a BNCC está comprometida, se refere à construção intencional de processos educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as necessidades, as possibilidades, os interesses dos estudantes e, também, com os desafios da sociedade contemporânea.
( ) A BNCC propõe a superação da fragmentação radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua aplicação na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende, o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida.
( ) A BNCC e os currículos se identificam na comunhão de princípios e valores que orientam a LDB e as DCN. Dessa maneira, reconhecem que a educação tem um compromisso com a formação e o desenvolvimento humano global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica.
Assinale a alternativa que completa corretamente o texto.
Município de Uberlândia produzirá seus próprios relatórios, utilizando, entre outros, indicadores de rendimento escolar referentes ao desempenho dos estudantes, apurado em exames nacionais de avaliação, com participação de, pelo menos, _____ dos alunos de cada ano escolar, periodicamente avaliados em cada escola e aos dados pertinentes apurados pelo censo escolar da Educação Básica.
Quanto à flexão de grau do adjetivo, relacione a coluna I com a coluna II e marque a alternativa correta.
COLUNA I.
A- Grau comparativo de igualdade.
B- Grau comparativo de superioridade.
C- Grau comparativo de inferioridade.
D- Grau superlativo relativo de inferioridade.
E- Grau superlativo relativo de superioridade.
COLUNA II.
1- Seu candidato é mais desonesto (do) que o meu.
2- Ele é o menos egoísta de todos.
3- Este é o mais interessante dos livros que li.
4- Meu candidato é menos desonesto do que o seu.
5- Este candidato é tão honesto quanto os demais candidatos do seu partido.
Sobre representantes das escolas literárias, relacione a coluna I com a coluna II e marque a alternativa correta.
COLUNA I.
A- Gregório de Matos Guerra.
B- Tomás Antônio Gonzaga.
C- Gonçalves Dias.
D- Machado de Assis.
E- Cruz e Sousa.
COLUNA II.
1- Arcadismo.
2- Realismo.
3- Simbolismo.
4- Romantismo.
5- Barroco.
Sobre figuras de linguagem, marque (V) verdadeiro ou (F) e assinale a alternativa correta.
( ) Comparação: Aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos, feitos, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem.
( ) Sinédoque: Substituição de um termo por outro, havendo ampliação. Encontramos sinédoque no todo pela parte e vice-versa; no singular pelo plural e vice-versa; no indivíduo pela espécie [nome próprio pelo nome comum].
( ) Antonomásia: Quando designamos uma pessoa por uma qualidade, característica, ou fato que a distingue. Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido, alcunha, ou cognome.
( ) Apóstrofe: Invocação de uma pessoa, ou algo, real ou imaginário, que pode estar presente, ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e é utilizada para dar ênfase à expressão.
( ) Anástrofe: Inversão da posição do adjetivo [uma qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase].
( ) Hipálage: Simples inversão de palavras vizinhas [determinante x determinado].
Leia o poema para responder às próximas três questões.
Mulher da Vida:(Cora Coralina).
Mulher da Vida,
Minha irmã.
De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades
e carrega a carga pesada
dos mais torpes sinônimos,
apelidos e ápodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à toa.
Mulher da vida,
Minha irmã.
No texto “e carrega a carga pesada...” é uma oração:
Leia o poema para responder às próximas três questões.
Mulher da Vida:(Cora Coralina).
Mulher da Vida,
Minha irmã.
De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades
e carrega a carga pesada
dos mais torpes sinônimos,
apelidos e ápodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à toa.
Mulher da vida,
Minha irmã.
De acordo com o poema, assinale a alternativa incorreta.
Os textos a seguir tratam do diálogo entre textos.
Texto I
Quadrilha
Carlos Drummond de Andrade
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Disponível em: <https://www.pensador.com/frase/Mzk0MDY/>. Fragmento.
Texto II
Nada foi como antes depois do 'Clube da Esquina', que completa 50 anos
Da esquerda para a direita: Lô Borges e Milton Nascimento. Alaíde Costa, Fernando Brant, Márcio Borges, Wagner Tiso e Nelson Ângelo. Em pé: Ronaldo Bastos, Toninho Horta, Beto Guedes, Tavito e Robertinho Silva.
Bituca era amigo de Fernando e Márcio, irmão de Lô, que tinha uma banda com Beto, que amava os Beatles. Bituca foi para o Rio e conheceu Ronaldo, que ainda não tinha entrado na história – mas que, ao lado de Bituca, Lô, Márcio e Fernando, e, também, de Wagner, Toninho, Nelson, Tavito e tantos outros, fez história ao participar da criação de um dos marcos da música brasileira.
Lançado em março de 1972, o disco “Clube da Esquina”, idealizado por Milton Nascimento, o Bituca, em parceria com o então novato Lô Borges, completa 50 anos sendo tudo o que ele consegue ser: expressão maior do talento e invenção de um grupo de amigos que deixou o coração bater sem medo.
Estado de Minas, Cultura, 06 mar. 2022.
Avalie as afirmações sobre os textos.
I – A intertextualidade se realiza no Texto II por meio da paródia, pois se identifica nele uma releitura crítica, jocosa dos versos-fonte (Texto I).
II – A leitura do primeiro parágrafo do Texto II dá a entender que todo texto se origina de outros textos; portanto, todos os textos são, em última análise, intertextos.
III – O Texto I (nos três primeiros versos) e o Texto II (no primeiro período), cada um a seu modo, apresentam uma pequena narrativa linear cuja organização se dá por meio de orações com a mesma estrutura sintática – subordinadas adjetivas – que constrói elos de significação entre as personagens.
Está correto apenas o que se afirma em
A tirinha a seguir tem como personagem D. Anésia, criação do cartunista paranaense Will Leite.
Disponível em: <https://armazemdecultura.wordpress.com/2014/07/22/humor-e-ironia-no-will-tirando/>.
Avalie o que se afirma sobre os aspectos morfossintáticos e o fenômeno do diálogo entre textos.
I – As palavras “atrás” e “só” foram acentuadas pelo mesmo motivo: ambas são oxítonas terminadas em vogal, seguida ou não de “s”.
II – O registro formal como também o informal da escrita padrão estão presentes nos dois últimos quadrinhos com o emprego de uma variante linguística típica da oralidade.
III – A crase é de rigor diante de verbos, de acordo com o padrão culto da língua; portanto, na frase “...prometo que a deixo passar...” há um erro de revisão, pela ausência do respectivo acento grave.
IV – O texto da tirinha é uma releitura do conto “A velha contrabandista”, de Stanislaw Ponte Preta; trata-se de um exemplo de intertextualidade, fenômeno responsável por referenciar conteúdos e formas de textos para produzir um novo texto.
V – O prefixo “contra” é um elemento formador de palavras cujo significado se relaciona às ideias de "contrário, em oposição", como na palavra “contrabando” que, segundo o Novo Acordo Ortográfico, deveria ser escrita com hífen: “contra-bando”.
Está correto apenas o que se afirma em
AS QUESTÕES DE 31 A 36 SE REFEREM AO TEXTO SEGUINTE.
É preciso saber viver
Bertha Maakaroun
Resistir à dominação, à crueldade e à barbárie; tomar consciência da complexidade humana; levar uma vida poética, com fé no amor. Essas são lições partilhadas pelo sociólogo e filósofo francês Edgar Morin ao narrar as suas memórias no livro “Leçons d’un siècle de vie” (Ed. Denoël, 2021), que marcou o seu centenário, em 8 de julho de 2021.
Morin é um dos grandes pensadores franceses do século 20. Com a mesma modéstia intelectual que caracteriza a sua trajetória, já no preâmbulo de Lições de um século de vida procura desfazer equívocos que possam suscitar o título. “Que fique bem claro: não dou lições a ninguém. Tento extrair lições de uma experiência centenária e secular de vida, e desejo que elas sejam úteis a cada um, não só a quem queria refletir sobre sua própria vida, mas também a quem queira encontrar sua própria via.”
Ele se define como “humanista regenerado”. Para Morin, ser humanista está muito além de pensar que as incertezas e perigos das crises da democracia, do pensamento político, da concentração de renda, do neoliberalismo exacerbado, da biosfera e a crise multidimensional carreada pela pandemia une os seres humanos numa comunhão de destinos.
“Ser humanista doravante não é apenas saber que somos todos humanos semelhantes e diferentes, não é apenas querer escapar das catástrofes e aspirar a um mundo melhor. Ser humanista é também sentir intimamente que cada um de nós é um momento efêmero de uma aventura extraordinária, a aventura da vida que deu origem à aventura humana, que, ao longo de criações, tormentos e desastres chegou a uma crise gigantesca, na qual está em jogo o destino da espécie”, afirma o autor.
A complexidade humana é expressa pelo autor a partir das seguintes anotações: o ser humano racional e sábio (Homo sapiens) é também louco e delirante (Homo demens); ao mesmo tempo em que cria ferramentas, técnicas e constrói (Homo faber), é também crente, religioso, mitológico (Homo fidelis ou H. religionis, H. mythologicus); e, por fim, ao mesmo tempo em que se dedica ao lucro pessoal (Homo aeconomicus), também é insuficiente e precisa dar lugar para o lúdico (Homo ludens) e a generosidade, praticando atividades desinteressadamente (Homo liber).
“Em suma, o substrato de racionalidade que se encontra em sapiens, faber e aeconomicus constitui apenas um polo do que é humano (indivíduo, sociedade, história), enquanto se mostram com importância no mínimo igual a paixão, a fé, o mito, a ilusão, o delírio, o lúdico”, considera Morin. “A grande lição que extraí disso é que toda paixão precisa comportar a vigilância da razão, e toda razão precisa comportar o combustível da paixão”, sustenta.
“Cada um traz em si o imperativo complementar do Eu e do Nós, do individualismo e do comunitarismo, do egoísmo e do altruísmo. A consciência desse duplo imperativo enraizou-se profundamente em meu espírito ao longo dos anos. Ela sempre me impeliu a alimentar e fortalecer a capacidade de amor, maravilhamento e, ao mesmo tempo, resistência obstinada à crueldade do mundo”, afirma, acrescentando que a consciência da complexidade humana conduz à benevolência. “A benevolência possibilita considerar o outro não só em seus defeitos e carências, mas também em suas qualidades, tanto em suas intenções quanto em suas ações”, sublinha.
Saber viver, é portanto, mais uma lição compartilhada por Morin. E há um duplo sentido na palavra vida: por um lado, trata-se de existir, respirar, alimentarse, proteger-se; por outro, trata-se de conduzir a vida com suas oportunidades e seus riscos, possibilidades de prazer e sofrimento. “A sobrevivência é necessária à vida, mas uma vida reduzida à sobrevivência já não é vida”, considera Morin.
O autor anota que as inúmeras mazelas humanas, sob miséria e humilhação, são estados de subviver, pior ainda que sobreviver. “Uma das tarefas essenciais de uma política humanista é criar condições que deem não só a possibilidade de sobreviver, mas também de viver”, assinala. Lembrando que todos os períodos de felicidade comportam uma dimensão poética, Morin declara: “Se a primeira grande aspiração humana é realizar-se individualmente inserido numa comunidade, a segunda é levar vida poética”. A urgência é, então, para esse sábio centenário, encontrar o caminho da poesia, do êxtase, do convívio, do calor humano e da benevolência amorosa.
Estado de Minas, Pensar, 04 fev. 2022, p. 1. Adaptado
Preencha corretamente as lacunas, quanto à semântica, parte da linguística que se dedica ao estudo da significação das palavras.
Segundo Cegalla (2010, p. 312), “uma palavra pode ter mais de uma significação. A esse fato linguístico dá- se o nome de __________”. Nesse particular, as palavras guardam uma relação de sentido entre si, o que as diferencia das palavras __________. Enquanto estas são vocábulos com origens e significados distintos, porém com mesma grafia e fonemas – apresentam origens diferentes para seus significados, como, por exemplo, “são” (santo; sadio, forma do verbo “ser”) –, as primeiras evocam vários sentidos. No texto de Bertha Maakaroun, é o caso da palavra __________ na frase “A benevolência possibilita considerar o outro não só em seus defeitos e carências, mas também em suas qualidades, tanto em suas intenções quanto em suas ações.” que, de acordo com esse fenômeno linguístico, no referido contexto de uso, significa “falta”, “privação”, mas em contextos diferentes pode ser empregada como “prazo preestabelecido”, “ausência de laços afetivos”, “falta de vitaminas”, “necessidade emocional”, entre outros sentidos.
A sequência que preenche corretamente as lacunas do texto é
AS QUESTÕES DE 31 A 36 SE REFEREM AO TEXTO SEGUINTE.
É preciso saber viver
Bertha Maakaroun
Resistir à dominação, à crueldade e à barbárie; tomar consciência da complexidade humana; levar uma vida poética, com fé no amor. Essas são lições partilhadas pelo sociólogo e filósofo francês Edgar Morin ao narrar as suas memórias no livro “Leçons d’un siècle de vie” (Ed. Denoël, 2021), que marcou o seu centenário, em 8 de julho de 2021.
Morin é um dos grandes pensadores franceses do século 20. Com a mesma modéstia intelectual que caracteriza a sua trajetória, já no preâmbulo de Lições de um século de vida procura desfazer equívocos que possam suscitar o título. “Que fique bem claro: não dou lições a ninguém. Tento extrair lições de uma experiência centenária e secular de vida, e desejo que elas sejam úteis a cada um, não só a quem queria refletir sobre sua própria vida, mas também a quem queira encontrar sua própria via.”
Ele se define como “humanista regenerado”. Para Morin, ser humanista está muito além de pensar que as incertezas e perigos das crises da democracia, do pensamento político, da concentração de renda, do neoliberalismo exacerbado, da biosfera e a crise multidimensional carreada pela pandemia une os seres humanos numa comunhão de destinos.
“Ser humanista doravante não é apenas saber que somos todos humanos semelhantes e diferentes, não é apenas querer escapar das catástrofes e aspirar a um mundo melhor. Ser humanista é também sentir intimamente que cada um de nós é um momento efêmero de uma aventura extraordinária, a aventura da vida que deu origem à aventura humana, que, ao longo de criações, tormentos e desastres chegou a uma crise gigantesca, na qual está em jogo o destino da espécie”, afirma o autor.
A complexidade humana é expressa pelo autor a partir das seguintes anotações: o ser humano racional e sábio (Homo sapiens) é também louco e delirante (Homo demens); ao mesmo tempo em que cria ferramentas, técnicas e constrói (Homo faber), é também crente, religioso, mitológico (Homo fidelis ou H. religionis, H. mythologicus); e, por fim, ao mesmo tempo em que se dedica ao lucro pessoal (Homo aeconomicus), também é insuficiente e precisa dar lugar para o lúdico (Homo ludens) e a generosidade, praticando atividades desinteressadamente (Homo liber).
“Em suma, o substrato de racionalidade que se encontra em sapiens, faber e aeconomicus constitui apenas um polo do que é humano (indivíduo, sociedade, história), enquanto se mostram com importância no mínimo igual a paixão, a fé, o mito, a ilusão, o delírio, o lúdico”, considera Morin. “A grande lição que extraí disso é que toda paixão precisa comportar a vigilância da razão, e toda razão precisa comportar o combustível da paixão”, sustenta.
“Cada um traz em si o imperativo complementar do Eu e do Nós, do individualismo e do comunitarismo, do egoísmo e do altruísmo. A consciência desse duplo imperativo enraizou-se profundamente em meu espírito ao longo dos anos. Ela sempre me impeliu a alimentar e fortalecer a capacidade de amor, maravilhamento e, ao mesmo tempo, resistência obstinada à crueldade do mundo”, afirma, acrescentando que a consciência da complexidade humana conduz à benevolência. “A benevolência possibilita considerar o outro não só em seus defeitos e carências, mas também em suas qualidades, tanto em suas intenções quanto em suas ações”, sublinha.
Saber viver, é portanto, mais uma lição compartilhada por Morin. E há um duplo sentido na palavra vida: por um lado, trata-se de existir, respirar, alimentarse, proteger-se; por outro, trata-se de conduzir a vida com suas oportunidades e seus riscos, possibilidades de prazer e sofrimento. “A sobrevivência é necessária à vida, mas uma vida reduzida à sobrevivência já não é vida”, considera Morin.
O autor anota que as inúmeras mazelas humanas, sob miséria e humilhação, são estados de subviver, pior ainda que sobreviver. “Uma das tarefas essenciais de uma política humanista é criar condições que deem não só a possibilidade de sobreviver, mas também de viver”, assinala. Lembrando que todos os períodos de felicidade comportam uma dimensão poética, Morin declara: “Se a primeira grande aspiração humana é realizar-se individualmente inserido numa comunidade, a segunda é levar vida poética”. A urgência é, então, para esse sábio centenário, encontrar o caminho da poesia, do êxtase, do convívio, do calor humano e da benevolência amorosa.
Estado de Minas, Pensar, 04 fev. 2022, p. 1. Adaptado
As afirmações a seguir dizem respeito aos sinais de pontuação.
Texto I
Resistir à dominação, à crueldade e à barbárie; tomar consciência da complexidade humana; levar uma vida poética, com fé no amor. Essas são lições partilhadas pelo sociólogo e filósofo francês Edgar Morin ao narrar as suas memórias no livro “Leçons d’un siècle de vie” (Ed. Denoël, 2021), que marcou o seu centenário, em 8 de julho de 2021. (§ 1)
(É preciso saber viver, Bertha Maakaroun)
Texto II
Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/583005114258422086/>.
Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma.
( ) No primeiro quadrinho da charge, empregou-se a vírgula para separar uma oração subordinada adverbial desenvolvida.
( ) No Texto I as aspas foram utilizadas para isolar uma frase intercalada no período, com caráter explicativo, em lugar dos dois-pontos.
( ) Na charge, as reticências têm a mesma finalidade dos parênteses, sendo empregadas para indicar um esclarecimento do que foi dito anteriormente.
( ) Em “A urgência é, então, para esse sábio centenário, encontrar o caminho da poesia...” (Texto I), o termo em destaque está entre vírgulas por apresentar, entre outros, valor argumentativo.
De acordo com as afirmações, a sequência correta é
AS QUESTÕES DE 31 A 36 SE REFEREM AO TEXTO SEGUINTE.
É preciso saber viver
Bertha Maakaroun
Resistir à dominação, à crueldade e à barbárie; tomar consciência da complexidade humana; levar uma vida poética, com fé no amor. Essas são lições partilhadas pelo sociólogo e filósofo francês Edgar Morin ao narrar as suas memórias no livro “Leçons d’un siècle de vie” (Ed. Denoël, 2021), que marcou o seu centenário, em 8 de julho de 2021.
Morin é um dos grandes pensadores franceses do século 20. Com a mesma modéstia intelectual que caracteriza a sua trajetória, já no preâmbulo de Lições de um século de vida procura desfazer equívocos que possam suscitar o título. “Que fique bem claro: não dou lições a ninguém. Tento extrair lições de uma experiência centenária e secular de vida, e desejo que elas sejam úteis a cada um, não só a quem queria refletir sobre sua própria vida, mas também a quem queira encontrar sua própria via.”
Ele se define como “humanista regenerado”. Para Morin, ser humanista está muito além de pensar que as incertezas e perigos das crises da democracia, do pensamento político, da concentração de renda, do neoliberalismo exacerbado, da biosfera e a crise multidimensional carreada pela pandemia une os seres humanos numa comunhão de destinos.
“Ser humanista doravante não é apenas saber que somos todos humanos semelhantes e diferentes, não é apenas querer escapar das catástrofes e aspirar a um mundo melhor. Ser humanista é também sentir intimamente que cada um de nós é um momento efêmero de uma aventura extraordinária, a aventura da vida que deu origem à aventura humana, que, ao longo de criações, tormentos e desastres chegou a uma crise gigantesca, na qual está em jogo o destino da espécie”, afirma o autor.
A complexidade humana é expressa pelo autor a partir das seguintes anotações: o ser humano racional e sábio (Homo sapiens) é também louco e delirante (Homo demens); ao mesmo tempo em que cria ferramentas, técnicas e constrói (Homo faber), é também crente, religioso, mitológico (Homo fidelis ou H. religionis, H. mythologicus); e, por fim, ao mesmo tempo em que se dedica ao lucro pessoal (Homo aeconomicus), também é insuficiente e precisa dar lugar para o lúdico (Homo ludens) e a generosidade, praticando atividades desinteressadamente (Homo liber).
“Em suma, o substrato de racionalidade que se encontra em sapiens, faber e aeconomicus constitui apenas um polo do que é humano (indivíduo, sociedade, história), enquanto se mostram com importância no mínimo igual a paixão, a fé, o mito, a ilusão, o delírio, o lúdico”, considera Morin. “A grande lição que extraí disso é que toda paixão precisa comportar a vigilância da razão, e toda razão precisa comportar o combustível da paixão”, sustenta.
“Cada um traz em si o imperativo complementar do Eu e do Nós, do individualismo e do comunitarismo, do egoísmo e do altruísmo. A consciência desse duplo imperativo enraizou-se profundamente em meu espírito ao longo dos anos. Ela sempre me impeliu a alimentar e fortalecer a capacidade de amor, maravilhamento e, ao mesmo tempo, resistência obstinada à crueldade do mundo”, afirma, acrescentando que a consciência da complexidade humana conduz à benevolência. “A benevolência possibilita considerar o outro não só em seus defeitos e carências, mas também em suas qualidades, tanto em suas intenções quanto em suas ações”, sublinha.
Saber viver, é portanto, mais uma lição compartilhada por Morin. E há um duplo sentido na palavra vida: por um lado, trata-se de existir, respirar, alimentarse, proteger-se; por outro, trata-se de conduzir a vida com suas oportunidades e seus riscos, possibilidades de prazer e sofrimento. “A sobrevivência é necessária à vida, mas uma vida reduzida à sobrevivência já não é vida”, considera Morin.
O autor anota que as inúmeras mazelas humanas, sob miséria e humilhação, são estados de subviver, pior ainda que sobreviver. “Uma das tarefas essenciais de uma política humanista é criar condições que deem não só a possibilidade de sobreviver, mas também de viver”, assinala. Lembrando que todos os períodos de felicidade comportam uma dimensão poética, Morin declara: “Se a primeira grande aspiração humana é realizar-se individualmente inserido numa comunidade, a segunda é levar vida poética”. A urgência é, então, para esse sábio centenário, encontrar o caminho da poesia, do êxtase, do convívio, do calor humano e da benevolência amorosa.
Estado de Minas, Pensar, 04 fev. 2022, p. 1. Adaptado
Em dois parágrafos do texto a autora expõe alguns pressupostos ideológicos de Edgar Morin:
“‘Em suma, o substrato de racionalidade que se encontra em sapiens, faber e aeconomicus constitui apenas um polo do que é humano (indivíduo, sociedade, história), enquanto se mostram com importância no mínimo igual a paixão, a fé, o mito, a ilusão, o delírio, o lúdico’, considera Morin. ‘A grande lição que extraí disso é que toda paixão precisa comportar a vigilância da razão, e toda razão precisa comportar o combustível da paixão’, sustenta.”
[...]
“Lembrando que todos os períodos de felicidade comportam uma dimensão poética, Morin declara: ‘Se a primeira grande aspiração humana é realizarse individualmente inserido numa comunidade, a segunda é levar vida poética’. A urgência é, então, para esse sábio centenário, encontrar o caminho da poesia, do êxtase, do convívio, do calor humano e da benevolência amorosa.”
Analise as asserções a seguir, com base no confronto entre os dois trechos apresentados.
I – Segundo a autora, para Edgar Morin é preciso valorizar também a poesia, tão importante quanto as outras áreas do conhecimento
PORQUE
II – ela, a poesia, desenvolve no ser humano um sentimento vital, a dimensão estética, alijando-o do jogo dialético entre razão e emoção.
A respeito das asserções é correto afirmar que
AS QUESTÕES DE 31 A 36 SE REFEREM AO TEXTO SEGUINTE.
É preciso saber viver
Bertha Maakaroun
Resistir à dominação, à crueldade e à barbárie; tomar consciência da complexidade humana; levar uma vida poética, com fé no amor. Essas são lições partilhadas pelo sociólogo e filósofo francês Edgar Morin ao narrar as suas memórias no livro “Leçons d’un siècle de vie” (Ed. Denoël, 2021), que marcou o seu centenário, em 8 de julho de 2021.
Morin é um dos grandes pensadores franceses do século 20. Com a mesma modéstia intelectual que caracteriza a sua trajetória, já no preâmbulo de Lições de um século de vida procura desfazer equívocos que possam suscitar o título. “Que fique bem claro: não dou lições a ninguém. Tento extrair lições de uma experiência centenária e secular de vida, e desejo que elas sejam úteis a cada um, não só a quem queria refletir sobre sua própria vida, mas também a quem queira encontrar sua própria via.”
Ele se define como “humanista regenerado”. Para Morin, ser humanista está muito além de pensar que as incertezas e perigos das crises da democracia, do pensamento político, da concentração de renda, do neoliberalismo exacerbado, da biosfera e a crise multidimensional carreada pela pandemia une os seres humanos numa comunhão de destinos.
“Ser humanista doravante não é apenas saber que somos todos humanos semelhantes e diferentes, não é apenas querer escapar das catástrofes e aspirar a um mundo melhor. Ser humanista é também sentir intimamente que cada um de nós é um momento efêmero de uma aventura extraordinária, a aventura da vida que deu origem à aventura humana, que, ao longo de criações, tormentos e desastres chegou a uma crise gigantesca, na qual está em jogo o destino da espécie”, afirma o autor.
A complexidade humana é expressa pelo autor a partir das seguintes anotações: o ser humano racional e sábio (Homo sapiens) é também louco e delirante (Homo demens); ao mesmo tempo em que cria ferramentas, técnicas e constrói (Homo faber), é também crente, religioso, mitológico (Homo fidelis ou H. religionis, H. mythologicus); e, por fim, ao mesmo tempo em que se dedica ao lucro pessoal (Homo aeconomicus), também é insuficiente e precisa dar lugar para o lúdico (Homo ludens) e a generosidade, praticando atividades desinteressadamente (Homo liber).
“Em suma, o substrato de racionalidade que se encontra em sapiens, faber e aeconomicus constitui apenas um polo do que é humano (indivíduo, sociedade, história), enquanto se mostram com importância no mínimo igual a paixão, a fé, o mito, a ilusão, o delírio, o lúdico”, considera Morin. “A grande lição que extraí disso é que toda paixão precisa comportar a vigilância da razão, e toda razão precisa comportar o combustível da paixão”, sustenta.
“Cada um traz em si o imperativo complementar do Eu e do Nós, do individualismo e do comunitarismo, do egoísmo e do altruísmo. A consciência desse duplo imperativo enraizou-se profundamente em meu espírito ao longo dos anos. Ela sempre me impeliu a alimentar e fortalecer a capacidade de amor, maravilhamento e, ao mesmo tempo, resistência obstinada à crueldade do mundo”, afirma, acrescentando que a consciência da complexidade humana conduz à benevolência. “A benevolência possibilita considerar o outro não só em seus defeitos e carências, mas também em suas qualidades, tanto em suas intenções quanto em suas ações”, sublinha.
Saber viver, é portanto, mais uma lição compartilhada por Morin. E há um duplo sentido na palavra vida: por um lado, trata-se de existir, respirar, alimentarse, proteger-se; por outro, trata-se de conduzir a vida com suas oportunidades e seus riscos, possibilidades de prazer e sofrimento. “A sobrevivência é necessária à vida, mas uma vida reduzida à sobrevivência já não é vida”, considera Morin.
O autor anota que as inúmeras mazelas humanas, sob miséria e humilhação, são estados de subviver, pior ainda que sobreviver. “Uma das tarefas essenciais de uma política humanista é criar condições que deem não só a possibilidade de sobreviver, mas também de viver”, assinala. Lembrando que todos os períodos de felicidade comportam uma dimensão poética, Morin declara: “Se a primeira grande aspiração humana é realizar-se individualmente inserido numa comunidade, a segunda é levar vida poética”. A urgência é, então, para esse sábio centenário, encontrar o caminho da poesia, do êxtase, do convívio, do calor humano e da benevolência amorosa.
Estado de Minas, Pensar, 04 fev. 2022, p. 1. Adaptado
O fragmento transcrito do texto evoca aspectos do pensamento de Edgar Morin acerca da complexidade humana.
“A complexidade humana é expressa pelo autor a partir das seguintes anotações: o ser humano racional e sábio (Homo sapiens) é também louco e delirante (Homo demens); ao mesmo tempo em que cria ferramentas, técnicas e constrói (Homo faber), é também crente, religioso, mitológico (Homo fidelis ou H. religionis, H. mythologicus); e, por fim, ao mesmo tempo em que se dedica ao lucro pessoal (Homo aeconomicus), também é insuficiente e precisa dar lugar para o lúdico (Homo ludens) e a generosidade, praticando atividades desinteressadamente (Homo liber)”.
No trecho transcrito, a autora possibilita ao leitor compreender que, para Edgar Morin, a complexidade humana é expressa por
AS QUESTÕES DE 31 A 36 SE REFEREM AO TEXTO SEGUINTE.
É preciso saber viver
Bertha Maakaroun
Resistir à dominação, à crueldade e à barbárie; tomar consciência da complexidade humana; levar uma vida poética, com fé no amor. Essas são lições partilhadas pelo sociólogo e filósofo francês Edgar Morin ao narrar as suas memórias no livro “Leçons d’un siècle de vie” (Ed. Denoël, 2021), que marcou o seu centenário, em 8 de julho de 2021.
Morin é um dos grandes pensadores franceses do século 20. Com a mesma modéstia intelectual que caracteriza a sua trajetória, já no preâmbulo de Lições de um século de vida procura desfazer equívocos que possam suscitar o título. “Que fique bem claro: não dou lições a ninguém. Tento extrair lições de uma experiência centenária e secular de vida, e desejo que elas sejam úteis a cada um, não só a quem queria refletir sobre sua própria vida, mas também a quem queira encontrar sua própria via.”
Ele se define como “humanista regenerado”. Para Morin, ser humanista está muito além de pensar que as incertezas e perigos das crises da democracia, do pensamento político, da concentração de renda, do neoliberalismo exacerbado, da biosfera e a crise multidimensional carreada pela pandemia une os seres humanos numa comunhão de destinos.
“Ser humanista doravante não é apenas saber que somos todos humanos semelhantes e diferentes, não é apenas querer escapar das catástrofes e aspirar a um mundo melhor. Ser humanista é também sentir intimamente que cada um de nós é um momento efêmero de uma aventura extraordinária, a aventura da vida que deu origem à aventura humana, que, ao longo de criações, tormentos e desastres chegou a uma crise gigantesca, na qual está em jogo o destino da espécie”, afirma o autor.
A complexidade humana é expressa pelo autor a partir das seguintes anotações: o ser humano racional e sábio (Homo sapiens) é também louco e delirante (Homo demens); ao mesmo tempo em que cria ferramentas, técnicas e constrói (Homo faber), é também crente, religioso, mitológico (Homo fidelis ou H. religionis, H. mythologicus); e, por fim, ao mesmo tempo em que se dedica ao lucro pessoal (Homo aeconomicus), também é insuficiente e precisa dar lugar para o lúdico (Homo ludens) e a generosidade, praticando atividades desinteressadamente (Homo liber).
“Em suma, o substrato de racionalidade que se encontra em sapiens, faber e aeconomicus constitui apenas um polo do que é humano (indivíduo, sociedade, história), enquanto se mostram com importância no mínimo igual a paixão, a fé, o mito, a ilusão, o delírio, o lúdico”, considera Morin. “A grande lição que extraí disso é que toda paixão precisa comportar a vigilância da razão, e toda razão precisa comportar o combustível da paixão”, sustenta.
“Cada um traz em si o imperativo complementar do Eu e do Nós, do individualismo e do comunitarismo, do egoísmo e do altruísmo. A consciência desse duplo imperativo enraizou-se profundamente em meu espírito ao longo dos anos. Ela sempre me impeliu a alimentar e fortalecer a capacidade de amor, maravilhamento e, ao mesmo tempo, resistência obstinada à crueldade do mundo”, afirma, acrescentando que a consciência da complexidade humana conduz à benevolência. “A benevolência possibilita considerar o outro não só em seus defeitos e carências, mas também em suas qualidades, tanto em suas intenções quanto em suas ações”, sublinha.
Saber viver, é portanto, mais uma lição compartilhada por Morin. E há um duplo sentido na palavra vida: por um lado, trata-se de existir, respirar, alimentarse, proteger-se; por outro, trata-se de conduzir a vida com suas oportunidades e seus riscos, possibilidades de prazer e sofrimento. “A sobrevivência é necessária à vida, mas uma vida reduzida à sobrevivência já não é vida”, considera Morin.
O autor anota que as inúmeras mazelas humanas, sob miséria e humilhação, são estados de subviver, pior ainda que sobreviver. “Uma das tarefas essenciais de uma política humanista é criar condições que deem não só a possibilidade de sobreviver, mas também de viver”, assinala. Lembrando que todos os períodos de felicidade comportam uma dimensão poética, Morin declara: “Se a primeira grande aspiração humana é realizar-se individualmente inserido numa comunidade, a segunda é levar vida poética”. A urgência é, então, para esse sábio centenário, encontrar o caminho da poesia, do êxtase, do convívio, do calor humano e da benevolência amorosa.
Estado de Minas, Pensar, 04 fev. 2022, p. 1. Adaptado
Em um texto não são somente os constituintes estruturais das palavras que indicam seu significado, mas também os conhecimentos extralinguísticos do leitor.
A esse respeito, leia a passagem transcrita do texto.
“Morin é um dos grandes pensadores franceses do século 20. Com a mesma modéstia intelectual que caracteriza a sua trajetória, já no preâmbulo de Lições de um século de vida procura desfazer equívocos que possam suscitar o título.”
A palavra destacada, no trecho, foi empregada com sentido