Questões de Concurso Para professor - língua portuguesa

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Q2632449 Atualidades

Estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODDS) compõe uma agenda mundial para a construção e implementação de políticas públicas que visam guiar a humanidade até 2030. Desses 17 Objetivos, qual é o objetivo número 1?

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Q2632442 Raciocínio Lógico

Bob não é bondoso ou Carlos é calvo. Bob é bondoso ou Carlos é calvo ou Alice é amada. Alice é amada ou Carlos não é calvo. Alice não é amada ou Bob é bondoso. Logo,

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Q2632441 Português

Ruído de passos

Tinha oitenta e um anos de idade. Chamava-se dona Cândida Raposo.

Essa senhora tinha a vertigem de viver. A vertigem se acentuava quando ia passar dias numa fazenda: a altitude, o verde das árvores, a chuva, tudo isso a piorava. Quando ouvia Liszt se arrepiava toda. Fora linda na juventude. E tinha vertigem quando cheirava profundamente uma rosa.

Pois foi com dona Cândida Raposo que o desejo de prazer não passava.

Teve enfim a grande coragem de ir a um ginecologista. E perguntou-lhe envergonhada, de cabeça baixa:

– Quando é que passa?

– Passa o quê, minha senhora?

– A coisa. – Que coisa?

– A coisa, repetiu. O desejo de prazer, disse enfim.

– Minha senhora, lamento lhe dizer que não passa nunca. Olhou-o espantada.

– Mas eu tenho oitenta e um anos de idade!

– Não importa, minha senhora. É até morrer.

– Mas isso é o inferno!

– É a vida, senhora Raposo. A vida era isso, então? essa falta de vergonha?

– E o que é que eu faço? ninguém me quer mais… O médico olhou-a com piedade.

– Não há remédio, minha senhora.

– E se eu pagasse?

– Não ia adiantar de nada. A senhora tem que se lembrar que tem oitenta e um anos de idade.

– E… e se eu me arranjasse sozinha? o senhor entende o que eu quero dizer?

– É, disse o médico. Pode ser um remédio.

Então saiu do consultório. A filha esperava-a embaixo, de carro. Um filho Cândida Raposo perdera na guerra, era um pracinha. Tinha essa intolerável dor no coração: a de sobreviver a um ser adorado.

Nessa mesma noite deu um jeito e solitária satisfez-se. Mudos fogos de artifícios. Depois chorou. Tinha vergonha. Daí em diante usaria o mesmo processo. Sempre triste. É a vida, senhora Raposo, é a vida. Até a bênção da morte.

A morte.

Pareceu-lhe ouvir ruído de passos. Os passos de seu marido Antenor Raposo.

LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A identificação do sujeito do verbo “haver”, presente na passagem “– Não remédio, minha senhora.”, encontra-se corretamente apontada em:

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Q2632440 Português

Ruído de passos

Tinha oitenta e um anos de idade. Chamava-se dona Cândida Raposo.

Essa senhora tinha a vertigem de viver. A vertigem se acentuava quando ia passar dias numa fazenda: a altitude, o verde das árvores, a chuva, tudo isso a piorava. Quando ouvia Liszt se arrepiava toda. Fora linda na juventude. E tinha vertigem quando cheirava profundamente uma rosa.

Pois foi com dona Cândida Raposo que o desejo de prazer não passava.

Teve enfim a grande coragem de ir a um ginecologista. E perguntou-lhe envergonhada, de cabeça baixa:

– Quando é que passa?

– Passa o quê, minha senhora?

– A coisa. – Que coisa?

– A coisa, repetiu. O desejo de prazer, disse enfim.

– Minha senhora, lamento lhe dizer que não passa nunca. Olhou-o espantada.

– Mas eu tenho oitenta e um anos de idade!

– Não importa, minha senhora. É até morrer.

– Mas isso é o inferno!

– É a vida, senhora Raposo. A vida era isso, então? essa falta de vergonha?

– E o que é que eu faço? ninguém me quer mais… O médico olhou-a com piedade.

– Não há remédio, minha senhora.

– E se eu pagasse?

– Não ia adiantar de nada. A senhora tem que se lembrar que tem oitenta e um anos de idade.

– E… e se eu me arranjasse sozinha? o senhor entende o que eu quero dizer?

– É, disse o médico. Pode ser um remédio.

Então saiu do consultório. A filha esperava-a embaixo, de carro. Um filho Cândida Raposo perdera na guerra, era um pracinha. Tinha essa intolerável dor no coração: a de sobreviver a um ser adorado.

Nessa mesma noite deu um jeito e solitária satisfez-se. Mudos fogos de artifícios. Depois chorou. Tinha vergonha. Daí em diante usaria o mesmo processo. Sempre triste. É a vida, senhora Raposo, é a vida. Até a bênção da morte.

A morte.

Pareceu-lhe ouvir ruído de passos. Os passos de seu marido Antenor Raposo.

LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

O sintagma adverbial “de carro”, que consta no excerto “A filha esperava-a embaixo, de carro.” (22º parágrafo), assume o valor semântico de:

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Q2632439 Português

Ruído de passos

Tinha oitenta e um anos de idade. Chamava-se dona Cândida Raposo.

Essa senhora tinha a vertigem de viver. A vertigem se acentuava quando ia passar dias numa fazenda: a altitude, o verde das árvores, a chuva, tudo isso a piorava. Quando ouvia Liszt se arrepiava toda. Fora linda na juventude. E tinha vertigem quando cheirava profundamente uma rosa.

Pois foi com dona Cândida Raposo que o desejo de prazer não passava.

Teve enfim a grande coragem de ir a um ginecologista. E perguntou-lhe envergonhada, de cabeça baixa:

– Quando é que passa?

– Passa o quê, minha senhora?

– A coisa. – Que coisa?

– A coisa, repetiu. O desejo de prazer, disse enfim.

– Minha senhora, lamento lhe dizer que não passa nunca. Olhou-o espantada.

– Mas eu tenho oitenta e um anos de idade!

– Não importa, minha senhora. É até morrer.

– Mas isso é o inferno!

– É a vida, senhora Raposo. A vida era isso, então? essa falta de vergonha?

– E o que é que eu faço? ninguém me quer mais… O médico olhou-a com piedade.

– Não há remédio, minha senhora.

– E se eu pagasse?

– Não ia adiantar de nada. A senhora tem que se lembrar que tem oitenta e um anos de idade.

– E… e se eu me arranjasse sozinha? o senhor entende o que eu quero dizer?

– É, disse o médico. Pode ser um remédio.

Então saiu do consultório. A filha esperava-a embaixo, de carro. Um filho Cândida Raposo perdera na guerra, era um pracinha. Tinha essa intolerável dor no coração: a de sobreviver a um ser adorado.

Nessa mesma noite deu um jeito e solitária satisfez-se. Mudos fogos de artifícios. Depois chorou. Tinha vergonha. Daí em diante usaria o mesmo processo. Sempre triste. É a vida, senhora Raposo, é a vida. Até a bênção da morte.

A morte.

Pareceu-lhe ouvir ruído de passos. Os passos de seu marido Antenor Raposo.

LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A estrutura verbal em destaque no fragmento “Fora linda na juventude.” (2º parágrafo) está flexionada em determinado modo e tempo. Essa mesma flexão se repete no verbo destacado na alternativa:

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Q2632438 Português

Ruído de passos

Tinha oitenta e um anos de idade. Chamava-se dona Cândida Raposo.

Essa senhora tinha a vertigem de viver. A vertigem se acentuava quando ia passar dias numa fazenda: a altitude, o verde das árvores, a chuva, tudo isso a piorava. Quando ouvia Liszt se arrepiava toda. Fora linda na juventude. E tinha vertigem quando cheirava profundamente uma rosa.

Pois foi com dona Cândida Raposo que o desejo de prazer não passava.

Teve enfim a grande coragem de ir a um ginecologista. E perguntou-lhe envergonhada, de cabeça baixa:

– Quando é que passa?

– Passa o quê, minha senhora?

– A coisa. – Que coisa?

– A coisa, repetiu. O desejo de prazer, disse enfim.

– Minha senhora, lamento lhe dizer que não passa nunca. Olhou-o espantada.

– Mas eu tenho oitenta e um anos de idade!

– Não importa, minha senhora. É até morrer.

– Mas isso é o inferno!

– É a vida, senhora Raposo. A vida era isso, então? essa falta de vergonha?

– E o que é que eu faço? ninguém me quer mais… O médico olhou-a com piedade.

– Não há remédio, minha senhora.

– E se eu pagasse?

– Não ia adiantar de nada. A senhora tem que se lembrar que tem oitenta e um anos de idade.

– E… e se eu me arranjasse sozinha? o senhor entende o que eu quero dizer?

– É, disse o médico. Pode ser um remédio.

Então saiu do consultório. A filha esperava-a embaixo, de carro. Um filho Cândida Raposo perdera na guerra, era um pracinha. Tinha essa intolerável dor no coração: a de sobreviver a um ser adorado.

Nessa mesma noite deu um jeito e solitária satisfez-se. Mudos fogos de artifícios. Depois chorou. Tinha vergonha. Daí em diante usaria o mesmo processo. Sempre triste. É a vida, senhora Raposo, é a vida. Até a bênção da morte.

A morte.

Pareceu-lhe ouvir ruído de passos. Os passos de seu marido Antenor Raposo.

LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

No excerto “É a vida, senhora Raposo, é a vida.” (23º parágrafo), as vírgulas foram empregadas, já que separam um(a):

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Q2632437 Português

Ruído de passos

Tinha oitenta e um anos de idade. Chamava-se dona Cândida Raposo.

Essa senhora tinha a vertigem de viver. A vertigem se acentuava quando ia passar dias numa fazenda: a altitude, o verde das árvores, a chuva, tudo isso a piorava. Quando ouvia Liszt se arrepiava toda. Fora linda na juventude. E tinha vertigem quando cheirava profundamente uma rosa.

Pois foi com dona Cândida Raposo que o desejo de prazer não passava.

Teve enfim a grande coragem de ir a um ginecologista. E perguntou-lhe envergonhada, de cabeça baixa:

– Quando é que passa?

– Passa o quê, minha senhora?

– A coisa. – Que coisa?

– A coisa, repetiu. O desejo de prazer, disse enfim.

– Minha senhora, lamento lhe dizer que não passa nunca. Olhou-o espantada.

– Mas eu tenho oitenta e um anos de idade!

– Não importa, minha senhora. É até morrer.

– Mas isso é o inferno!

– É a vida, senhora Raposo. A vida era isso, então? essa falta de vergonha?

– E o que é que eu faço? ninguém me quer mais… O médico olhou-a com piedade.

– Não há remédio, minha senhora.

– E se eu pagasse?

– Não ia adiantar de nada. A senhora tem que se lembrar que tem oitenta e um anos de idade.

– E… e se eu me arranjasse sozinha? o senhor entende o que eu quero dizer?

– É, disse o médico. Pode ser um remédio.

Então saiu do consultório. A filha esperava-a embaixo, de carro. Um filho Cândida Raposo perdera na guerra, era um pracinha. Tinha essa intolerável dor no coração: a de sobreviver a um ser adorado.

Nessa mesma noite deu um jeito e solitária satisfez-se. Mudos fogos de artifícios. Depois chorou. Tinha vergonha. Daí em diante usaria o mesmo processo. Sempre triste. É a vida, senhora Raposo, é a vida. Até a bênção da morte.

A morte.

Pareceu-lhe ouvir ruído de passos. Os passos de seu marido Antenor Raposo.

LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Levando-se em consideração os conhecimentos referentes ao emprego do acento grave indicativo de crase, assinale a alternativa abaixo em que, se houvesse o acréscimo de tal acento no termo destacado, manter-se-ia a correção gramatical:

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Q2632436 Português

Ruído de passos

Tinha oitenta e um anos de idade. Chamava-se dona Cândida Raposo.

Essa senhora tinha a vertigem de viver. A vertigem se acentuava quando ia passar dias numa fazenda: a altitude, o verde das árvores, a chuva, tudo isso a piorava. Quando ouvia Liszt se arrepiava toda. Fora linda na juventude. E tinha vertigem quando cheirava profundamente uma rosa.

Pois foi com dona Cândida Raposo que o desejo de prazer não passava.

Teve enfim a grande coragem de ir a um ginecologista. E perguntou-lhe envergonhada, de cabeça baixa:

– Quando é que passa?

– Passa o quê, minha senhora?

– A coisa. – Que coisa?

– A coisa, repetiu. O desejo de prazer, disse enfim.

– Minha senhora, lamento lhe dizer que não passa nunca. Olhou-o espantada.

– Mas eu tenho oitenta e um anos de idade!

– Não importa, minha senhora. É até morrer.

– Mas isso é o inferno!

– É a vida, senhora Raposo. A vida era isso, então? essa falta de vergonha?

– E o que é que eu faço? ninguém me quer mais… O médico olhou-a com piedade.

– Não há remédio, minha senhora.

– E se eu pagasse?

– Não ia adiantar de nada. A senhora tem que se lembrar que tem oitenta e um anos de idade.

– E… e se eu me arranjasse sozinha? o senhor entende o que eu quero dizer?

– É, disse o médico. Pode ser um remédio.

Então saiu do consultório. A filha esperava-a embaixo, de carro. Um filho Cândida Raposo perdera na guerra, era um pracinha. Tinha essa intolerável dor no coração: a de sobreviver a um ser adorado.

Nessa mesma noite deu um jeito e solitária satisfez-se. Mudos fogos de artifícios. Depois chorou. Tinha vergonha. Daí em diante usaria o mesmo processo. Sempre triste. É a vida, senhora Raposo, é a vida. Até a bênção da morte.

A morte.

Pareceu-lhe ouvir ruído de passos. Os passos de seu marido Antenor Raposo.

LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Analisando-se a estruturação dos períodos que compõem o texto, mais especificamente o período “Essa senhora tinha a vertigem de viver.” (2º parágrafo), a oração destacada apresenta uma natureza:

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Q2632435 Português

Ruído de passos

Tinha oitenta e um anos de idade. Chamava-se dona Cândida Raposo.

Essa senhora tinha a vertigem de viver. A vertigem se acentuava quando ia passar dias numa fazenda: a altitude, o verde das árvores, a chuva, tudo isso a piorava. Quando ouvia Liszt se arrepiava toda. Fora linda na juventude. E tinha vertigem quando cheirava profundamente uma rosa.

Pois foi com dona Cândida Raposo que o desejo de prazer não passava.

Teve enfim a grande coragem de ir a um ginecologista. E perguntou-lhe envergonhada, de cabeça baixa:

– Quando é que passa?

– Passa o quê, minha senhora?

– A coisa. – Que coisa?

– A coisa, repetiu. O desejo de prazer, disse enfim.

– Minha senhora, lamento lhe dizer que não passa nunca. Olhou-o espantada.

– Mas eu tenho oitenta e um anos de idade!

– Não importa, minha senhora. É até morrer.

– Mas isso é o inferno!

– É a vida, senhora Raposo. A vida era isso, então? essa falta de vergonha?

– E o que é que eu faço? ninguém me quer mais… O médico olhou-a com piedade.

– Não há remédio, minha senhora.

– E se eu pagasse?

– Não ia adiantar de nada. A senhora tem que se lembrar que tem oitenta e um anos de idade.

– E… e se eu me arranjasse sozinha? o senhor entende o que eu quero dizer?

– É, disse o médico. Pode ser um remédio.

Então saiu do consultório. A filha esperava-a embaixo, de carro. Um filho Cândida Raposo perdera na guerra, era um pracinha. Tinha essa intolerável dor no coração: a de sobreviver a um ser adorado.

Nessa mesma noite deu um jeito e solitária satisfez-se. Mudos fogos de artifícios. Depois chorou. Tinha vergonha. Daí em diante usaria o mesmo processo. Sempre triste. É a vida, senhora Raposo, é a vida. Até a bênção da morte.

A morte.

Pareceu-lhe ouvir ruído de passos. Os passos de seu marido Antenor Raposo.

LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Tendo em vista a unidade de sentido da narrativa, a sequência textual “Depois chorou. Tinha vergonha.” (23º parágrafo), assim apresentada, contribui para a progressão das ideias, uma vez que estabelece determinada relação semântica, mesmo sem conectivo explícito. Essa relação semântica poderia ser estabelecida com a ajuda de todos os conectivos apontados abaixo, fazendo-se as adaptações necessárias para unir os dois períodos em um só, com EXCEÇÃO da alternativa:

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Q2632434 Português

Ruído de passos

Tinha oitenta e um anos de idade. Chamava-se dona Cândida Raposo.

Essa senhora tinha a vertigem de viver. A vertigem se acentuava quando ia passar dias numa fazenda: a altitude, o verde das árvores, a chuva, tudo isso a piorava. Quando ouvia Liszt se arrepiava toda. Fora linda na juventude. E tinha vertigem quando cheirava profundamente uma rosa.

Pois foi com dona Cândida Raposo que o desejo de prazer não passava.

Teve enfim a grande coragem de ir a um ginecologista. E perguntou-lhe envergonhada, de cabeça baixa:

– Quando é que passa?

– Passa o quê, minha senhora?

– A coisa. – Que coisa?

– A coisa, repetiu. O desejo de prazer, disse enfim.

– Minha senhora, lamento lhe dizer que não passa nunca. Olhou-o espantada.

– Mas eu tenho oitenta e um anos de idade!

– Não importa, minha senhora. É até morrer.

– Mas isso é o inferno!

– É a vida, senhora Raposo. A vida era isso, então? essa falta de vergonha?

– E o que é que eu faço? ninguém me quer mais… O médico olhou-a com piedade.

– Não há remédio, minha senhora.

– E se eu pagasse?

– Não ia adiantar de nada. A senhora tem que se lembrar que tem oitenta e um anos de idade.

– E… e se eu me arranjasse sozinha? o senhor entende o que eu quero dizer?

– É, disse o médico. Pode ser um remédio.

Então saiu do consultório. A filha esperava-a embaixo, de carro. Um filho Cândida Raposo perdera na guerra, era um pracinha. Tinha essa intolerável dor no coração: a de sobreviver a um ser adorado.

Nessa mesma noite deu um jeito e solitária satisfez-se. Mudos fogos de artifícios. Depois chorou. Tinha vergonha. Daí em diante usaria o mesmo processo. Sempre triste. É a vida, senhora Raposo, é a vida. Até a bênção da morte.

A morte.

Pareceu-lhe ouvir ruído de passos. Os passos de seu marido Antenor Raposo.

LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

O texto clariceano se constrói por meio de uma preocupação com a forma, que se reflete no emprego de uma linguagem artística; assim, a imagem simbólica construída na passagem “Mudos fogos de artifícios.” (23º parágrafo) estrutura-se com o uso de um recurso estilístico:

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Q2632433 Português

Ruído de passos

Tinha oitenta e um anos de idade. Chamava-se dona Cândida Raposo.

Essa senhora tinha a vertigem de viver. A vertigem se acentuava quando ia passar dias numa fazenda: a altitude, o verde das árvores, a chuva, tudo isso a piorava. Quando ouvia Liszt se arrepiava toda. Fora linda na juventude. E tinha vertigem quando cheirava profundamente uma rosa.

Pois foi com dona Cândida Raposo que o desejo de prazer não passava.

Teve enfim a grande coragem de ir a um ginecologista. E perguntou-lhe envergonhada, de cabeça baixa:

– Quando é que passa?

– Passa o quê, minha senhora?

– A coisa. – Que coisa?

– A coisa, repetiu. O desejo de prazer, disse enfim.

– Minha senhora, lamento lhe dizer que não passa nunca. Olhou-o espantada.

– Mas eu tenho oitenta e um anos de idade!

– Não importa, minha senhora. É até morrer.

– Mas isso é o inferno!

– É a vida, senhora Raposo. A vida era isso, então? essa falta de vergonha?

– E o que é que eu faço? ninguém me quer mais… O médico olhou-a com piedade.

– Não há remédio, minha senhora.

– E se eu pagasse?

– Não ia adiantar de nada. A senhora tem que se lembrar que tem oitenta e um anos de idade.

– E… e se eu me arranjasse sozinha? o senhor entende o que eu quero dizer?

– É, disse o médico. Pode ser um remédio.

Então saiu do consultório. A filha esperava-a embaixo, de carro. Um filho Cândida Raposo perdera na guerra, era um pracinha. Tinha essa intolerável dor no coração: a de sobreviver a um ser adorado.

Nessa mesma noite deu um jeito e solitária satisfez-se. Mudos fogos de artifícios. Depois chorou. Tinha vergonha. Daí em diante usaria o mesmo processo. Sempre triste. É a vida, senhora Raposo, é a vida. Até a bênção da morte.

A morte.

Pareceu-lhe ouvir ruído de passos. Os passos de seu marido Antenor Raposo.

LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A idade da personagem Cândida Raposa é enfatizada no texto, pois:

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Q2632432 Português

Ruído de passos

Tinha oitenta e um anos de idade. Chamava-se dona Cândida Raposo.

Essa senhora tinha a vertigem de viver. A vertigem se acentuava quando ia passar dias numa fazenda: a altitude, o verde das árvores, a chuva, tudo isso a piorava. Quando ouvia Liszt se arrepiava toda. Fora linda na juventude. E tinha vertigem quando cheirava profundamente uma rosa.

Pois foi com dona Cândida Raposo que o desejo de prazer não passava.

Teve enfim a grande coragem de ir a um ginecologista. E perguntou-lhe envergonhada, de cabeça baixa:

– Quando é que passa?

– Passa o quê, minha senhora?

– A coisa. – Que coisa?

– A coisa, repetiu. O desejo de prazer, disse enfim.

– Minha senhora, lamento lhe dizer que não passa nunca. Olhou-o espantada.

– Mas eu tenho oitenta e um anos de idade!

– Não importa, minha senhora. É até morrer.

– Mas isso é o inferno!

– É a vida, senhora Raposo. A vida era isso, então? essa falta de vergonha?

– E o que é que eu faço? ninguém me quer mais… O médico olhou-a com piedade.

– Não há remédio, minha senhora.

– E se eu pagasse?

– Não ia adiantar de nada. A senhora tem que se lembrar que tem oitenta e um anos de idade.

– E… e se eu me arranjasse sozinha? o senhor entende o que eu quero dizer?

– É, disse o médico. Pode ser um remédio.

Então saiu do consultório. A filha esperava-a embaixo, de carro. Um filho Cândida Raposo perdera na guerra, era um pracinha. Tinha essa intolerável dor no coração: a de sobreviver a um ser adorado.

Nessa mesma noite deu um jeito e solitária satisfez-se. Mudos fogos de artifícios. Depois chorou. Tinha vergonha. Daí em diante usaria o mesmo processo. Sempre triste. É a vida, senhora Raposo, é a vida. Até a bênção da morte.

A morte.

Pareceu-lhe ouvir ruído de passos. Os passos de seu marido Antenor Raposo.

LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

O texto de Clarice Lispector, quanto à sua organização interna, estrutura-se como uma sequência classificada como narrativa. Essa afirmativa se justifica conceitualmente com base no que se observa na alternativa:

Alternativas
Q2627323 Pedagogia

Em um processo educativo que tem como foco o estudante, a avaliação deve ter um caráter de acompanhamento desse processo, e seu objetivo primordial deve ser o de:

Alternativas
Q2627321 Pedagogia

Atualmente, que habilidade passou a ser cada vez mais exigida para os educadores?

Alternativas
Q2627319 Pedagogia

São características de uma avaliação por rubrica, EXCETO:

Alternativas
Q2627316 Pedagogia

São características identificadas no modelo à la carte de ensino híbrido:


I. É um modelo sustentado de ensino híbrido.

II. O estudante é responsável pela organização de seus estudos de acordo com os objetivos gerais a serem atingidos, organizados em parceria com o educador.

III. A aprendizagem é personalizada e pode ocorrer no momento e local mais adequados.


Quais estão corretas?

Alternativas
Respostas
1821: B
1822: C
1823: E
1824: B
1825: E
1826: C
1827: E
1828: A
1829: D
1830: B
1831: E
1832: D
1833: C
1834: A
1835: B
1836: C
1837: B
1838: E
1839: D
1840: D