Questões de Concurso
Para motorista de ambulância
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O infrator ao Código de Trânsito Brasileiro será submetido a curso de reciclagem nos seguintes casos, exceto:
A autoridade de trânsito, na esfera das competências estabelecidas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e dentro de sua circunscrição, deverá aplicar as seguintes penalidades no caso das infrações previstas no CTB, exceto:
Analise os itens a seguir e, ao final, assinale a afirmativa correta quanto ao uso de buzina pelo condutor de veículo, desde que em toque breve.
I – para fazer as advertências necessárias a fim de evitar acidentes;
II – dentro das áreas urbanas, quando for conveniente advertir a um condutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo;
III – fora das áreas urbanas, quando for conveniente advertir a um condutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo.
Ao se envolver em um acidente, numa via de fluxo rápido e pista seca, na qual a velocidade máxima permitida é de 80km/h (oitenta quilômetros por hora), a distância do acidente para o início da sinalização deverá ser de:
Assinale a afirmativa que resulte em todos os sinais de trânsito previstos no Código de Trânsito Brasileiro.
Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência é uma infração gravíssima, e o condutor tem como penalidade:
Um motorista que trafega em uma via local, onde não exista sinalização regulamentadora, sua velocidade máxima permitida será de:
O Código de Trânsito de Brasileiro dispõe que os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de urgência e devidamente identificados por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação vermelha intermitente. Observadas as seguintes disposições abaixo, assinale a afirmativa INCORRETA.
Em caso de neblina ou cerração, o condutor do veículo deve imediatamente:
O prazo para o proprietário adotar as providências necessárias à efetivação da expedição de novo Certificado de Registro de Veículo é de trinta dias:
Acerca da composição do Sistema Nacional de Trânsito, qual é o órgão máximo normativo e consultivo?
Considere as afirmativas abaixo e responda ao seguinte
São objetivos básicos do Sistema Nacional de Trânsito:
I - estabelecer diretrizes para as políticas regionais de trânsito, com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu cumprimento;
II - fixar, mediante normas e procedimentos, a padronização de critérios técnicos, financeiros e administrativos para a execução das atividades de trânsito;
III - estabelecer a sistemática de fluxos permanentes de informações entre os seus diversos órgãos e entidades, a fim de facilitar o processo decisório e a integração do Sistema.
No que se refere ao correto uso da crase, analise os itens a seguir e, ao final, assinale a alternativa correta:
I – Os professores foram à faculdade ontem.
II – A reunião foi marcada para às 16:00.
III – Ás oito horas começamos a estudar.
Ainda no que se refere à concordância verbal, analise os itens a seguir e, ao final, assinale a alternativa correta:
I – Os Estados Unidos e seus aliados venceram a guerra.
II – Os Estados Unidos é um país importante.
III – Mais de um dos candidatos se cumprimentaram.
No que se refere à concordância verbal, analise os itens a seguir e, ao final, assinale a alternativa correta:
I – Reformam-se sofás.
II – Precisam-se de vendedores.
III – Comprou-se carros usados.
AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
TEXTO
1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a
2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As
3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à
4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,
5 sob a forma de bens públicos.
6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,
7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e
8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como
9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não
10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas
11 religiosas".
12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades
13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.
14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a
15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico
16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.
17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos
18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de
19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.
20 [...]
21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um
22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,
23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo
24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo
25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.
26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além
27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese
28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de
29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a
30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]
31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma
32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,
33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.
34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades
35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores
36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre
37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.
38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e
39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18
40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.
41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a
42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e
43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e
44 religião.
45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas
46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";
47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as
48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As
49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.
50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por
51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao
52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão
53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas
54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.
55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –
56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante
57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.
58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que
59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados
60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único
61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.
POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml
Exerce a mesma função sintática de “relação” (L.10) o termo transcrito em
AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
TEXTO
1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a
2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As
3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à
4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,
5 sob a forma de bens públicos.
6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,
7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e
8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como
9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não
10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas
11 religiosas".
12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades
13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.
14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a
15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico
16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.
17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos
18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de
19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.
20 [...]
21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um
22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,
23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo
24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo
25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.
26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além
27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese
28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de
29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a
30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]
31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma
32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,
33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.
34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades
35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores
36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre
37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.
38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e
39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18
40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.
41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a
42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e
43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e
44 religião.
45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas
46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";
47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as
48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As
49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.
50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por
51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao
52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão
53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas
54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.
55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –
56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante
57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.
58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que
59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados
60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único
61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.
POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml
I. “Mas isso simplesmente não vem acontecendo.” (L.2).
II. “Na realidade, porém, boa parte do discurso criacionista trata de valores morais.” (L.22/23).
Os conectivos em negrito, nos fragmentos em destaque, estabelecem, respectivamente, as relações de
AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
TEXTO
1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a
2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As
3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à
4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,
5 sob a forma de bens públicos.
6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,
7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e
8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como
9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não
10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas
11 religiosas".
12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades
13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.
14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a
15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico
16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.
17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos
18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de
19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.
20 [...]
21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um
22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,
23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo
24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo
25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.
26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além
27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese
28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de
29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a
30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]
31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma
32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,
33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.
34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades
35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores
36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre
37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.
38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e
39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18
40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.
41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a
42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e
43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e
44 religião.
45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas
46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";
47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as
48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As
49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.
50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por
51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao
52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão
53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas
54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.
55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –
56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante
57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.
58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que
59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados
60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único
61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.
POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml
Do ponto de vista semântico, é correto afirmar