Questões de Concurso Para motorista de ambulância

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Q2694547 Português

AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO


TEXTO


1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a

2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As

3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à

4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,

5 sob a forma de bens públicos.

6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,

7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e

8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como

9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não

10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas

11 religiosas".

12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades

13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.

14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a

15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico

16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.

17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos

18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de

19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.

20 [...]

21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um

22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,

23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo

24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo

25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.

26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além

27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese

28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de

29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a

30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]

31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma

32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,

33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.

34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades

35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores

36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre

37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.

38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e

39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18

40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.

41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a

42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e

43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e

44 religião.

45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas

46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";

47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as

48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As

49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.

50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por

51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao

52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão

53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas

54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.

55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –

56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante

57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.

58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que

59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados

60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único

61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.


POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml

É uma afirmativa verdadeira sobre o texto a que está expressa na alternativa

Alternativas
Q2694546 Português

AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO


TEXTO


1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a

2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As

3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à

4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,

5 sob a forma de bens públicos.

6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,

7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e

8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como

9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não

10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas

11 religiosas".

12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades

13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.

14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a

15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico

16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.

17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos

18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de

19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.

20 [...]

21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um

22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,

23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo

24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo

25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.

26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além

27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese

28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de

29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a

30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]

31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma

32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,

33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.

34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades

35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores

36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre

37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.

38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e

39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18

40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.

41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a

42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e

43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e

44 religião.

45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas

46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";

47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as

48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As

49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.

50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por

51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao

52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão

53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas

54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.

55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –

56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante

57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.

58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que

59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados

60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único

61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.


POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml

A expressão “erosão” (L.52), no texto, sugere

Alternativas
Q2694545 Português

AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO


TEXTO


1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a

2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As

3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à

4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,

5 sob a forma de bens públicos.

6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,

7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e

8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como

9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não

10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas

11 religiosas".

12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades

13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.

14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a

15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico

16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.

17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos

18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de

19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.

20 [...]

21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um

22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,

23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo

24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo

25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.

26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além

27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese

28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de

29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a

30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]

31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma

32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,

33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.

34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades

35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores

36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre

37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.

38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e

39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18

40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.

41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a

42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e

43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e

44 religião.

45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas

46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";

47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as

48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As

49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.

50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por

51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao

52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão

53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas

54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.

55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –

56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante

57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.

58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que

59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados

60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único

61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.


POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml

Exerce função predicativa o termo transcrito em


Alternativas
Q2694544 Português

AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO


TEXTO


1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a

2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As

3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à

4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,

5 sob a forma de bens públicos.

6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,

7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e

8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como

9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não

10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas

11 religiosas".

12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades

13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.

14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a

15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico

16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.

17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos

18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de

19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.

20 [...]

21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um

22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,

23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo

24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo

25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.

26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além

27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese

28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de

29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a

30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]

31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma

32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,

33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.

34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades

35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores

36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre

37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.

38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e

39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18

40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.

41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a

42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e

43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e

44 religião.

45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas

46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";

47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as

48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As

49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.

50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por

51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao

52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão

53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas

54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.

55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –

56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante

57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.

58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que

59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados

60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único

61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.


POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml

Há correspondência modo-temporal entre a forma verbal composta “tem sido” (L.38) e a simples em

Alternativas
Q2694543 Português

AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO


TEXTO


1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a

2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As

3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à

4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,

5 sob a forma de bens públicos.

6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,

7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e

8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como

9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não

10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas

11 religiosas".

12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades

13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.

14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a

15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico

16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.

17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos

18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de

19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.

20 [...]

21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um

22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,

23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo

24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo

25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.

26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além

27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese

28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de

29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a

30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]

31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma

32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,

33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.

34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades

35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores

36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre

37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.

38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e

39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18

40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.

41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a

42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e

43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e

44 religião.

45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas

46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";

47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as

48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As

49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.

50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por

51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao

52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão

53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas

54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.

55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –

56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante

57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.

58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que

59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados

60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único

61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.


POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml

Está correta a reescritura da frase “Então por que elas persistem?” (L.50) na alternativa

Alternativas
Q2694542 Português

AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO


TEXTO


1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a

2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As

3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à

4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,

5 sob a forma de bens públicos.

6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,

7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e

8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como

9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não

10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas

11 religiosas".

12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades

13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.

14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a

15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico

16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.

17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos

18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de

19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.

20 [...]

21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um

22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,

23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo

24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo

25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.

26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além

27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese

28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de

29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a

30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]

31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma

32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,

33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.

34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades

35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores

36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre

37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.

38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e

39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18

40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.

41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a

42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e

43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e

44 religião.

45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas

46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";

47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as

48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As

49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.

50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por

51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao

52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão

53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas

54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.

55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –

56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante

57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.

58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que

59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados

60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único

61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.


POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml

Há predicado verbal em

Alternativas
Q2694541 Português

AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO


TEXTO


1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a

2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As

3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à

4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,

5 sob a forma de bens públicos.

6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,

7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e

8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como

9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não

10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas

11 religiosas".

12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades

13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.

14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a

15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico

16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.

17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos

18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de

19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.

20 [...]

21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um

22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,

23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo

24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo

25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.

26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além

27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese

28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de

29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a

30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]

31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma

32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,

33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.

34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades

35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores

36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre

37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.

38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e

39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18

40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.

41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a

42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e

43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e

44 religião.

45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas

46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";

47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as

48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As

49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.

50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por

51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao

52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão

53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas

54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.

55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –

56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante

57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.

58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que

59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados

60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único

61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.


POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml

A ação verbal que está devidamente explicada é

Alternativas
Q2694540 Português

AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO


TEXTO


1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a

2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As

3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à

4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,

5 sob a forma de bens públicos.

6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,

7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e

8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como

9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não

10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas

11 religiosas".

12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades

13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.

14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a

15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico

16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.

17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos

18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de

19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.

20 [...]

21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um

22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,

23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo

24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo

25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.

26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além

27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese

28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de

29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a

30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]

31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma

32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,

33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.

34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades

35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores

36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre

37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.

38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e

39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18

40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.

41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a

42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e

43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e

44 religião.

45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas

46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";

47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as

48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As

49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.

50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por

51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao

52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão

53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas

54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.

55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –

56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante

57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.

58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que

59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados

60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único

61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.


POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml

No texto, funciona como agente da ação verbal o termo

Alternativas
Q2694539 Português

AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO


TEXTO


1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a

2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As

3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à

4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,

5 sob a forma de bens públicos.

6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,

7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e

8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como

9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não

10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas

11 religiosas".

12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades

13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.

14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a

15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico

16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.

17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos

18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de

19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.

20 [...]

21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um

22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,

23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo

24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo

25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.

26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além

27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese

28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de

29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a

30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]

31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma

32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,

33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.

34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades

35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores

36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre

37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.

38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e

39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18

40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.

41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a

42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e

43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e

44 religião.

45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas

46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";

47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as

48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As

49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.

50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por

51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao

52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão

53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas

54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.

55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –

56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante

57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.

58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que

59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados

60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único

61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.


POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml

Sobre os mecanismos linguísticos usados no texto, é verdadeiro o que se afirma em

Alternativas
Q2694538 Português

AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO


TEXTO


1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a

2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As

3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à

4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,

5 sob a forma de bens públicos.

6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,

7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e

8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como

9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não

10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas

11 religiosas".

12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades

13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.

14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a

15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico

16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.

17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos

18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de

19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.

20 [...]

21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um

22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,

23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo

24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo

25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.

26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além

27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese

28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de

29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a

30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]

31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma

32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,

33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.

34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades

35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores

36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre

37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.

38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e

39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18

40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.

41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a

42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e

43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e

44 religião.

45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas

46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";

47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as

48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As

49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.

50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por

51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao

52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão

53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas

54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.

55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –

56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante

57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.

58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que

59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados

60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único

61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.


POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml

No texto, o pronome

Alternativas
Q2694537 Português

AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO


TEXTO


1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a

2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As

3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à

4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,

5 sob a forma de bens públicos.

6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,

7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e

8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como

9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não

10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas

11 religiosas".

12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades

13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.

14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a

15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico

16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.

17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos

18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de

19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.

20 [...]

21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um

22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,

23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo

24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo

25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.

26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além

27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese

28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de

29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a

30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]

31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma

32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,

33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.

34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades

35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores

36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre

37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.

38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e

39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18

40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.

41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a

42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e

43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e

44 religião.

45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas

46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";

47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as

48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As

49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.

50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por

51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao

52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão

53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas

54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.

55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –

56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante

57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.

58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que

59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados

60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único

61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.


POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml

Está contida no texto uma

Alternativas
Q2694488 Português

AS QUESTÕES DE 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO


TEXTO


1 [...] Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a

2 secularização – que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As

3 características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à

4 ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida,

5 sob a forma de bens públicos.

6 Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca,

7 e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e

8 tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como

9 concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não

10 existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas

11 religiosas".

12 A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades

13 em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas.

14 O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a

15 educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico

16 e ossonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização.

17 "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos

18 fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de

19 secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência.

20 [...]

21 Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um

22 conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém,

23 boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo

24 motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo

25 secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência.

26 Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além

27 disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese

28 de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de

29 secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a

30 pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. [...]

31 Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma

32 série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião,

33 a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão.

34 Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades

35 envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores

36 científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre

37 ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção.

38 Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e

39 religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18

40 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência.

41 O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a

42 expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e

43 como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e

44 religião.

45 Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas

46 ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona";

47 Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as

48 certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As

49 evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas.

50 Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por

51 visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao

52 criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão

53 da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas

54 nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão.

55 O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja – esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião –

56 não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante

57 provavelmente terá efeito oposto ao pretendido.

58 A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que

59 sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados

60 possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único

61 caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo.


POR PETER HARRISON - Tradução de CLARA ALLAIN. FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1917894-a-religiao-nao-vai-desaparecer-e-a-ciencianao-vai-acabar-com-ela.shtml

A partir da leitura do texto como um todo, para o autor,

Alternativas
Q2685099 Legislação de Trânsito

Os primeiros socorros são de muita importância para os condutores de veículos, pois são uma série de condutas que os motoristas devem tomar quando ocorrem um acidente de trânsito. São as primeiras providências tomadas em relação às vítimas de um acidente, com o intuito de amenizar as possíveis consequências. Geralmente o atendimento é prestado no próprio local do acidente. Devido a isso, é necessário que o condutor tenha noção de primeiros socorros. Acerca do tema é CORRETO afirmar :

Alternativas
Q2685098 Legislação de Trânsito

Os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de trânsito, gozam de livre circulação. O uso de dispositivos de alarme sonoro e de iluminação vermelha intermitente só poderá ocorrer quando:

Alternativas
Q2685097 Legislação de Trânsito

Ambulâncias são veículos prestadores de serviços de utilidade pública. Quando em atendimento na via, gozam de livre parada e estacionamento no local d a prestação de serviço, desde que:

Alternativas
Q2685096 Legislação de Trânsito

Ambulância é definida como um veículo que se destina exclusivamente ao transporte de enfermos, sendo de prioridade de trânsito, permitindo-se livre circulação. Ela tem prioridade de passagem na via com os dispositivos de sinalização acionados, assim como nos cruzamentos, com os devidos cuidados de segurança, com:

Alternativas
Q2685087 Legislação Estadual

De acordo com o Estatuto dos Funcionários Públicos Municipais de Taquaral de Goiás, ao funcionário será concedido licença nas seguintes hipóteses:


I - À gestante;

II – Para serviço militar;

III – Por motivo de doença em pessoa da família;

IV – Para tratar de interesse particular.


Estão corretos os itens:

Alternativas
Q2685086 Legislação Estadual

De acordo com as proposições da Lei Orgânica do Município de Taquaral, é correto afirmar:

Alternativas
Respostas
41: C
42: D
43: A
44: B
45: C
46: A
47: D
48: B
49: D
50: C
51: A
52: A
53: B
54: B
55: C
56: D
57: A
58: D
59: B
60: A