Questões Militares
Sobre interpretação de textos em português
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Leia atentamente a charge de Calvin:
A ideia existente no terceiro quadrinho só não se contrapõe à seguinte passagem do texto 1:
Tendo em vista a proposta apresentada pelo Texto 2, analise as reflexões de cientistas e filósofos. A seguir, assinale a alternativa que NÃO está de acordo com o ponto de vista do texto em questão.
Identifique a alternativa que exemplifica a ideia expressa neste trecho:
trata-se de um somatório, cuja variável t é determinada pelo grau de satisfação individual mediante os pequenos fatos do cotidiano, pode-se afirmar que quanto maior a variável, maior o resultado da felicidade. Analise as proposições abaixo, retiradas do texto 1 , em relação às ideias apresentadas na afirmação:
I. “Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.”(l. 38 e 39) II. “Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo”. (l. 3 e 4) III. “Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas.” (l. 8) IV. “Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes...” (l. 23 e 24) V. “Agora, viajando com frequência por causa de seu trabalho, ela descobriu que dá pra ser feliz no singular.” (l. 18 e19)
São verdadeiras as proposições:
Leia os trechos abaixo, retiradas dos textos 1 e 2, respectivamente:
I. “... cresceu esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural.” (texto 1, l. 16)
II. “A nova equação vai levar em conta a, talvez, mais preponderante variável de satisfação ou frustração do ser humano: o outro.” (texto 2, l. 16 e 17)
Analise as afirmativas abaixo sobre os excertos apresentados:
1- Nos dois trechos, há uma expectativa quanto a satisfação/frustração em relação ao outro.
2- No trecho I, a felicidade deve ser um bem compartilhado.
3- No trecho II, o outro é considerado a variável primordial para elevar o nível de satisfação do ser humano.
Está(ão) correta(s):
Leia o seguinte trecho do texto 1:
“Eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida” (l. 2 e 3)
No contexto, “dar o benefício da dúvida”, significa;
I. “... cresceu esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural.” (texto 1, l. 16) II. “A nova equação vai levar em conta a, talvez, mais preponderante variável de satisfação ou frustração do ser humano: o outro.” (texto 2, l. 16 e 17) As ideias contidas nos trechos podem ser confirmadas pelas seguintes citações, EXCETO:
Leia o seguinte trecho do texto 1:
“Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje.” (l. 28 a 31)
O vocábulo “quando”, em destaque, sugere, no contexto:
Foi uma viagem e tanto. Mercúrio percorreu rapidamente os quase cinco bilhões de quilômetros que o separavam de Plutão. Isso sem olhar para trás, a uma velocidade de cento e oitenta mil quilômetros por hora (eu disse “cento e oitenta mil quilômetros por hora!”) e sem parar nem para um xixizinho. Foram mais de mil dias de viagem incrível através do Sistema Solar. Ele levava na mala o que ainda era um mistério para os planetas — documentos secretíssimos falando de coisas estranhas e perigosas que estavam acontecendo no planeta Terra.
Assim que entrou na órbita de Plutão, Mercúrio olhou para trás. Lá longe estava o Sol. Já não lhe parecia aquele gigante em chamas que o impressionava. Mesmo assim, era a estrela mais brilhante que ele podia ver daquele ponto do Universo.
Você já deve ter percebido que esta é uma história de planetas. Para eles, as coisas se passam de maneira um pouco diferente do que para nós. Por exemplo: quando eu disse que a viagem de Mercúrio até Plutão foi rápida, quis dizer que foi rápida para um planeta. Mais de mil dias é um tempo grande para a gente, mas é pequeno para os planetas, pois eles podem viver bilhões de anos.
Outra coisa diferente nesta história é que o que é mistério para os personagens (os planetas) pode não ser mistério para nós. É possível que você saiba quais as coisas estranhas e perigosas que se passam na Terra. Entretanto, pode ser que não se lembre. Nesse caso, este conto há de refrescar sua memória.
Mas voltemos a Mercúrio. Como você deve ter aprendido, trata-se do planeta mais próximo do Sol. Por isso, os gases flamejantes quase encostam nele. Lá, a temperatura é tão alta durante o dia que, se houvesse chumbo em sua superfície, derreteria, formando rios e mares metálicos. Mas, para ser sincero, até que Mercúrio gosta desse calorzinho. Ainda mais que, à noite, temperatura cai para -170° C e ele se congela.
Nosso herói estava muito longe de casa. Fazia frio e a temperatura, próxima de zero absoluto (que é mais frio do que todos os frios), era insuportável. Para Mercúrio, significava resfriado na certa. Acontece que o seu cargo de mensageiro dos planetas o obrigava a cumprir as mais perigosas missões, e não seria um simples resfriado que o impediria de cumprir mais essa.
Além do mais, resfriado não é novidade. Por causa de seus dias muito compridos e da atmosfera muito rarefeita, que não espalha bem o calor, os dias de Mercúrio são quentíssimos, e as noites, friíssimas. Por isso, mesmo quando descansa em sua órbita, ele vive às voltas com febre, calafrios, nariz escorrendo etc., coisas que quem já teve gripe sabe como são; a gente quer brincar, nadar ou tomar um sorvete e não pode. No caso de Mercúrio é ainda pior, porque ele tem alergia à poeira cósmica, o que sempre vira bronquite. Aí, só com inalação de vento solar.
— Ô de casa! A-a-atchim! — Pronto, estava resfriado. — Ô de casa! — repetiu. Nada.
“Por onde anda Plutão?”, perguntou-se.
Já que Plutão não estava, até pensou em dar uma olhada além das fronteiras do Sistema Solar. A curiosidade era grande. Mas não se atreveu porque lembrou o que tinha acontecido a Netuno. Se um planeta poderoso como Netuno fora tão terrivelmente afetado, o que aconteceria a ele, o pobre mensageiro dos planetas?
De repente, tudo escureceu. Alguém ou alguma coisa passou em frente ao Sol provocando um eclipse total. Mercúrio entrou em pânico. Tinha que fugir rapidamente. Mas para onde? Não via nada. Súbito, um bafo gelado em seus ouvidos arrepiou-lhe todos os meridianos.
— Ei, rapaz... Aonde vai com tanta pressa... Cuidado... Vê se olha por onde anda...
Mercúrio se virou e notou um fraco, mas ameaçador brilho esbranquiçado se aproximando. Era Plutão que sorria horrivelmente, mostrando dentes pontiagudos de metano congelado. O mensageiro tremeu nas bases. [...]
OLIVEIRA, Marcelo. R. L. Encontro de extremos. In: A Reunião dos Planetas. São Paulo: Editora Companhia das Letrinhas, 2006 (com
adaptações).
Foi uma viagem e tanto. Mercúrio percorreu rapidamente os quase cinco bilhões de quilômetros que o separavam de Plutão. Isso sem olhar para trás, a uma velocidade de cento e oitenta mil quilômetros por hora (eu disse “cento e oitenta mil quilômetros por hora!”) e sem parar nem para um xixizinho. Foram mais de mil dias de viagem incrível através do Sistema Solar. Ele levava na mala o que ainda era um mistério para os planetas — documentos secretíssimos falando de coisas estranhas e perigosas que estavam acontecendo no planeta Terra.
Assim que entrou na órbita de Plutão, Mercúrio olhou para trás. Lá longe estava o Sol. Já não lhe parecia aquele gigante em chamas que o impressionava. Mesmo assim, era a estrela mais brilhante que ele podia ver daquele ponto do Universo.
Você já deve ter percebido que esta é uma história de planetas. Para eles, as coisas se passam de maneira um pouco diferente do que para nós. Por exemplo: quando eu disse que a viagem de Mercúrio até Plutão foi rápida, quis dizer que foi rápida para um planeta. Mais de mil dias é um tempo grande para a gente, mas é pequeno para os planetas, pois eles podem viver bilhões de anos.
Outra coisa diferente nesta história é que o que é mistério para os personagens (os planetas) pode não ser mistério para nós. É possível que você saiba quais as coisas estranhas e perigosas que se passam na Terra. Entretanto, pode ser que não se lembre. Nesse caso, este conto há de refrescar sua memória.
Mas voltemos a Mercúrio. Como você deve ter aprendido, trata-se do planeta mais próximo do Sol. Por isso, os gases flamejantes quase encostam nele. Lá, a temperatura é tão alta durante o dia que, se houvesse chumbo em sua superfície, derreteria, formando rios e mares metálicos. Mas, para ser sincero, até que Mercúrio gosta desse calorzinho. Ainda mais que, à noite, temperatura cai para -170° C e ele se congela.
Nosso herói estava muito longe de casa. Fazia frio e a temperatura, próxima de zero absoluto (que é mais frio do que todos os frios), era insuportável. Para Mercúrio, significava resfriado na certa. Acontece que o seu cargo de mensageiro dos planetas o obrigava a cumprir as mais perigosas missões, e não seria um simples resfriado que o impediria de cumprir mais essa.
Além do mais, resfriado não é novidade. Por causa de seus dias muito compridos e da atmosfera muito rarefeita, que não espalha bem o calor, os dias de Mercúrio são quentíssimos, e as noites, friíssimas. Por isso, mesmo quando descansa em sua órbita, ele vive às voltas com febre, calafrios, nariz escorrendo etc., coisas que quem já teve gripe sabe como são; a gente quer brincar, nadar ou tomar um sorvete e não pode. No caso de Mercúrio é ainda pior, porque ele tem alergia à poeira cósmica, o que sempre vira bronquite. Aí, só com inalação de vento solar.
— Ô de casa! A-a-atchim! — Pronto, estava resfriado. — Ô de casa! — repetiu. Nada.
“Por onde anda Plutão?”, perguntou-se.
Já que Plutão não estava, até pensou em dar uma olhada além das fronteiras do Sistema Solar. A curiosidade era grande. Mas não se atreveu porque lembrou o que tinha acontecido a Netuno. Se um planeta poderoso como Netuno fora tão terrivelmente afetado, o que aconteceria a ele, o pobre mensageiro dos planetas?
De repente, tudo escureceu. Alguém ou alguma coisa passou em frente ao Sol provocando um eclipse total. Mercúrio entrou em pânico. Tinha que fugir rapidamente. Mas para onde? Não via nada. Súbito, um bafo gelado em seus ouvidos arrepiou-lhe todos os meridianos.
— Ei, rapaz... Aonde vai com tanta pressa... Cuidado... Vê se olha por onde anda...
Mercúrio se virou e notou um fraco, mas ameaçador brilho esbranquiçado se aproximando. Era Plutão que sorria horrivelmente, mostrando dentes pontiagudos de metano congelado. O mensageiro tremeu nas bases. [...]
OLIVEIRA, Marcelo. R. L. Encontro de extremos. In: A Reunião dos Planetas. São Paulo: Editora Companhia das Letrinhas, 2006 (com
adaptações).
Foi uma viagem e tanto. Mercúrio percorreu rapidamente os quase cinco bilhões de quilômetros que o separavam de Plutão. Isso sem olhar para trás, a uma velocidade de cento e oitenta mil quilômetros por hora (eu disse “cento e oitenta mil quilômetros por hora!”) e sem parar nem para um xixizinho. Foram mais de mil dias de viagem incrível através do Sistema Solar. Ele levava na mala o que ainda era um mistério para os planetas — documentos secretíssimos falando de coisas estranhas e perigosas que estavam acontecendo no planeta Terra.
Assim que entrou na órbita de Plutão, Mercúrio olhou para trás. Lá longe estava o Sol. Já não lhe parecia aquele gigante em chamas que o impressionava. Mesmo assim, era a estrela mais brilhante que ele podia ver daquele ponto do Universo.
Você já deve ter percebido que esta é uma história de planetas. Para eles, as coisas se passam de maneira um pouco diferente do que para nós. Por exemplo: quando eu disse que a viagem de Mercúrio até Plutão foi rápida, quis dizer que foi rápida para um planeta. Mais de mil dias é um tempo grande para a gente, mas é pequeno para os planetas, pois eles podem viver bilhões de anos.
Outra coisa diferente nesta história é que o que é mistério para os personagens (os planetas) pode não ser mistério para nós. É possível que você saiba quais as coisas estranhas e perigosas que se passam na Terra. Entretanto, pode ser que não se lembre. Nesse caso, este conto há de refrescar sua memória.
Mas voltemos a Mercúrio. Como você deve ter aprendido, trata-se do planeta mais próximo do Sol. Por isso, os gases flamejantes quase encostam nele. Lá, a temperatura é tão alta durante o dia que, se houvesse chumbo em sua superfície, derreteria, formando rios e mares metálicos. Mas, para ser sincero, até que Mercúrio gosta desse calorzinho. Ainda mais que, à noite, temperatura cai para -170° C e ele se congela.
Nosso herói estava muito longe de casa. Fazia frio e a temperatura, próxima de zero absoluto (que é mais frio do que todos os frios), era insuportável. Para Mercúrio, significava resfriado na certa. Acontece que o seu cargo de mensageiro dos planetas o obrigava a cumprir as mais perigosas missões, e não seria um simples resfriado que o impediria de cumprir mais essa.
Além do mais, resfriado não é novidade. Por causa de seus dias muito compridos e da atmosfera muito rarefeita, que não espalha bem o calor, os dias de Mercúrio são quentíssimos, e as noites, friíssimas. Por isso, mesmo quando descansa em sua órbita, ele vive às voltas com febre, calafrios, nariz escorrendo etc., coisas que quem já teve gripe sabe como são; a gente quer brincar, nadar ou tomar um sorvete e não pode. No caso de Mercúrio é ainda pior, porque ele tem alergia à poeira cósmica, o que sempre vira bronquite. Aí, só com inalação de vento solar.
— Ô de casa! A-a-atchim! — Pronto, estava resfriado. — Ô de casa! — repetiu. Nada.
“Por onde anda Plutão?”, perguntou-se.
Já que Plutão não estava, até pensou em dar uma olhada além das fronteiras do Sistema Solar. A curiosidade era grande. Mas não se atreveu porque lembrou o que tinha acontecido a Netuno. Se um planeta poderoso como Netuno fora tão terrivelmente afetado, o que aconteceria a ele, o pobre mensageiro dos planetas?
De repente, tudo escureceu. Alguém ou alguma coisa passou em frente ao Sol provocando um eclipse total. Mercúrio entrou em pânico. Tinha que fugir rapidamente. Mas para onde? Não via nada. Súbito, um bafo gelado em seus ouvidos arrepiou-lhe todos os meridianos.
— Ei, rapaz... Aonde vai com tanta pressa... Cuidado... Vê se olha por onde anda...
Mercúrio se virou e notou um fraco, mas ameaçador brilho esbranquiçado se aproximando. Era Plutão que sorria horrivelmente, mostrando dentes pontiagudos de metano congelado. O mensageiro tremeu nas bases. [...]
OLIVEIRA, Marcelo. R. L. Encontro de extremos. In: A Reunião dos Planetas. São Paulo: Editora Companhia das Letrinhas, 2006 (com
adaptações).
TEXTO III
CRIANÇAS SE APAIXONAM MAIS POR CIÊNCIA QUANDO CONHECEM AS DIFICULDADES DE CIENTISTAS FAMOSOS
Pesquisa publicada recentemente mostrou que jovens precisam entender que o avanço científico ao longo dos anos dependeu de muito esforço
Se você está se esforçando muito para atingir um objetivo que parece inalcançável, a última coisa que deseja ouvir é a história de alguém que conseguiu o que você busca com facilidade. É o mesmo que se gabar por ter subido no pódio de uma maratona para uma pessoa que está saindo do sedentarismo* e ainda mal consegue correr uma quadra.
Parece apenas uma atitude educada, mas não é. Um estudo publicado recentemente por pesquisadores patrocinados pela Fundação Nacional da Ciência dos Estados Unidos revelou que crianças que conhecem apenas o sucesso dos cientistas tendem a se interessar menos por ciência.
Ou seja, em vez de comentar somente sobre o sucesso das pesquisas de nomes como Albert Einstein e Marie Curie, os professores precisam fazer com que os alunos conheçam as dificuldades pelas quais os cientistas passaram.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores estudaram o comportamento de 400 alunos do primeiro e segundo ano do Ensino Médio de escolas de bairros mais pobres de Nova York. Os estudantes foram divididos em três grupos: o primeiro grupo leria somente sobre as conquistas de cientistas famosos; o segundo, sobre alguns problemas pessoais que estes profissionais enfrentaram, como a escolha de Einstein de se recusar a voltar à Alemanha quando Hitler assumiu o poder; e o terceiro grupo conheceria também os processos e dificuldades que os cientistas tiveram de superar no caminho de suas maiores descobertas. No texto sobre Marie Curie, por exemplo, havia o seguinte trecho:
“Era frustrante ver a quantidade de experimentos que falhava. Mesmo assim, Curie não se desanimou. Em vez de ficar cabisbaixa, ela voltava a investigar a parte do processo que dera errado e tentava de novo e de novo e de novo. Ela chegou a trabalhar por horas e dias a fio com o objetivo de solucionar os desafios e aprender com os erros. Curie sabia que o caminho do progresso não era fácil, tanto é que, futuramente, disse: ‘nunca cedi a nenhuma dificuldade’”.
Seis semanas após as leituras, os jovens do segundo e terceiro grupo tiveram uma melhora considerável em suas notas nas aulas de Ciências. Os que tinham notas baixas foram os que mostraram maior avanço.
Já os alunos que fizeram parte do primeiro grupo concordaram, em sua maioria, que cientistas como Einstein e Curie tinham um talento natural para a ciência, ignorando a persistência necessária para que eles atingissem seus objetivos científicos.
Os pesquisadores concluem que é preciso melhorar a narrativa sobre as vidas de grandes
personalidades. Somente dizer aos estudantes que Einstein desenvolveu a Teoria da Relatividade
é ignorar todo o esforço que ele fez para confirmar sua tese. E isso, segundo o estudo, não se
aplica só aos laboratórios. Quem conhece unicamente o primeiro voo do 14-Bis, desconhece os
muitos e muitos voos experimentais que Santos Dumont fez e que deram errado.
Histórias de sucesso são divertidas e motivadoras, mas relatos de como o sucesso foi alcançado
podem ser ainda mais
TEXTO III
CRIANÇAS SE APAIXONAM MAIS POR CIÊNCIA QUANDO CONHECEM AS DIFICULDADES DE CIENTISTAS FAMOSOS
Pesquisa publicada recentemente mostrou que jovens precisam entender que o avanço científico ao longo dos anos dependeu de muito esforço
Se você está se esforçando muito para atingir um objetivo que parece inalcançável, a última coisa que deseja ouvir é a história de alguém que conseguiu o que você busca com facilidade. É o mesmo que se gabar por ter subido no pódio de uma maratona para uma pessoa que está saindo do sedentarismo* e ainda mal consegue correr uma quadra.
Parece apenas uma atitude educada, mas não é. Um estudo publicado recentemente por pesquisadores patrocinados pela Fundação Nacional da Ciência dos Estados Unidos revelou que crianças que conhecem apenas o sucesso dos cientistas tendem a se interessar menos por ciência.
Ou seja, em vez de comentar somente sobre o sucesso das pesquisas de nomes como Albert Einstein e Marie Curie, os professores precisam fazer com que os alunos conheçam as dificuldades pelas quais os cientistas passaram.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores estudaram o comportamento de 400 alunos do primeiro e segundo ano do Ensino Médio de escolas de bairros mais pobres de Nova York. Os estudantes foram divididos em três grupos: o primeiro grupo leria somente sobre as conquistas de cientistas famosos; o segundo, sobre alguns problemas pessoais que estes profissionais enfrentaram, como a escolha de Einstein de se recusar a voltar à Alemanha quando Hitler assumiu o poder; e o terceiro grupo conheceria também os processos e dificuldades que os cientistas tiveram de superar no caminho de suas maiores descobertas. No texto sobre Marie Curie, por exemplo, havia o seguinte trecho:
“Era frustrante ver a quantidade de experimentos que falhava. Mesmo assim, Curie não se desanimou. Em vez de ficar cabisbaixa, ela voltava a investigar a parte do processo que dera errado e tentava de novo e de novo e de novo. Ela chegou a trabalhar por horas e dias a fio com o objetivo de solucionar os desafios e aprender com os erros. Curie sabia que o caminho do progresso não era fácil, tanto é que, futuramente, disse: ‘nunca cedi a nenhuma dificuldade’”.
Seis semanas após as leituras, os jovens do segundo e terceiro grupo tiveram uma melhora considerável em suas notas nas aulas de Ciências. Os que tinham notas baixas foram os que mostraram maior avanço.
Já os alunos que fizeram parte do primeiro grupo concordaram, em sua maioria, que cientistas como Einstein e Curie tinham um talento natural para a ciência, ignorando a persistência necessária para que eles atingissem seus objetivos científicos.
Os pesquisadores concluem que é preciso melhorar a narrativa sobre as vidas de grandes
personalidades. Somente dizer aos estudantes que Einstein desenvolveu a Teoria da Relatividade
é ignorar todo o esforço que ele fez para confirmar sua tese. E isso, segundo o estudo, não se
aplica só aos laboratórios. Quem conhece unicamente o primeiro voo do 14-Bis, desconhece os
muitos e muitos voos experimentais que Santos Dumont fez e que deram errado.
Histórias de sucesso são divertidas e motivadoras, mas relatos de como o sucesso foi alcançado
podem ser ainda mais