Em artigo publicado em 2009, E. C. Mahfuz, arquiteto
e professor da UFRGS, queixava-se de uma arquitetura que “se caracteriza pela complicação formal que é
muito diferente de complexidade, excesso de elementos, gratuidade, uso de referências não arquitetônicas
e geometrias obscuras, resultando em objetos que têm
pouca semelhança com edifícios e pouca relação com
as atividades neles realizadas. Essa produção se apoia
em um entendimento equivocado do que é criatividade
em arquitetura, abrindo mão da habilidade de atender demandas reais bem delimitadas para se tornar algo ligado
ao imprevisto, ao insólito e ao surpreendente. Está claro
que esse fenômeno é um reflexo do momento cultural
em que vivemos, dominado pelos valores da economia
de mercado e pelos princípios da propaganda e do marketing, o que faz com que a arquitetura tenha passado
a se preocupar mais em causar impacto visual do que
em realmente servir à sociedade. Um aspecto paradoxal
[dessa arquitetura] é o fato de ser descendente direto das
tendências (...) que acusavam a arquitetura moderna por
sua suposta desconsideração da tradição como ponto de
partida do projeto e a incessante busca do novo. Já nos
anos 1970, os críticos da modernidade em arquitetura
apontavam como saída daquele impasse a retomada de
valores formais históricos e a realização de uma arquitetura com a qual o público pudesse se identificar mais facilmente. No entanto, o que se vê hoje é uma arquitetura
que não apresenta nenhuma das características consideradas essenciais para superar a arquitetura moderna (...).
Muito pelo contrário: em qualquer manifestação das estrelas mais fulgurantes do firmamento arquitetônico atual vamos encontrar o abuso das mais banais metáforas
para explicar suas criações e a exaltação do novo como
valor primordial”.
O autor refere-se a um conceito, utilizado por diferentes
teóricos da arquitetura contemporânea e associado a
uma visão social mais ampla, conceituada, por sua vez,
pelo escritor francês Guy Debord. Tal conceito é conhecido como arquitetura