Questões de Literatura - Barroco para Concurso
Foram encontradas 104 questões
I. O artista barroco formaliza o belo através da sátira e da caricatura do lado feio e macabro dos fatos e dos seres. Os defeitos físicos e as situações indecorosas e sórdidas constituem temas inexistentes da poesia barroca de caráter realista e satírico. Como exemplo do barroco satírico, no Brasil, temos Rachel de Queiroz.
II. No Realismo, é nítida a preferência pelo espaço urbano, já que a obra literária é vista como instrumento de denúncia dos desequilíbrios sociais. Nesse movimento, há preocupação em retratar pessoas da época, os problemas concretos e os dramas cotidianos.
Marque a alternativa CORRETA:
Antonio Candido, no primeiro parágrafo, se utiliza de recurso estilístico recorrente no Barroco: o paradoxo. No texto do teórico, esse recurso contextualiza o ambiente de contradições em que se vive hoje; na lírica amorosa de Gregório de Matos, entretanto, o paradoxo apresenta a dualidade entre ascetismo e sensualismo, espírito e matéria.
Analise as afirmativas a seguir:
I. A volta aos padrões clássicos da Antiguidade e do Renascimento; a simplicidade; a poesia bucólica, pastoril; o fingimento poético e o uso de pseudônimos são características do Arcadismo no Brasil.
II. Na obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, os personagens Fabiano e Sinhá Vitória enfrentam grandes dificuldades para sobreviver e criar os filhos em um ambiente que não lhes proporciona grandes oportunidades de mudar de vida.
Marque a alternativa CORRETA:
I. A perífrase é a substituição de uma ou mais palavras por outra que a identifique como, por exemplo: “o rugido do rei das selvas é ouvido a uma distância de 5 quilômetros” (o rugido do leão é ouvido a uma distância de 5 quilômetros).
II. A catacrese representa o uso privilegiado de um termo específico devido a uma obrigação retórica ou à imposição do estilo. Um exemplo de catacrese pode ser visto em: embarcou há pouco no avião, pois o termo “embarcar” é colocar-se a bordo de um barco, sendo esse o termo específico também para o avião.
III. Uma metáfora representa uma sobreposição de termos técnicos com o objetivo de provocar no leitor uma miscelânea de sentimentos, como se pode perceber nos seguintes exemplos: a vida é um moinho / você fala como uma arara.
Marque a alternativa CORRETA:
I. A sinestesia acontece pela associação de sensações por órgãos de sentidos diferentes, como, por exemplo: “Com aqueles olhos frios, disse que não gostava mais da namorada” (a frieza está associada ao tato e não à visão).
II. A hipérbole corresponde ao exagero de uma ideia feito de maneira intencional, como, por exemplo: quase morri de estudar.
III. A metonímia é a omissão de significados de palavras compostas, feita através da substantivação de um verbo no infinitivo. Um exemplo de metonímia pode ser visto em: costumava ler Shakespeare / aprecio a sua voz.
Marque a alternativa CORRETA:
Teoria do medalhão
(diálogo)
— Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um anos, no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de nada, e estás homem, longos bigodes, alguns namoros...
— Papai...
— Não te ponhas com denguices, e falemos como dois amigos sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes. Senta-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, um diploma, podes entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa, na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. (...) Mas qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum. (...)
— Sim, senhor.
— Entretanto, assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar um ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não indenizem suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te aconselho hoje, dia da tua maioridade.
— Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá?
— Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, porém, as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra consolação e relevo moral, além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me bem, meu querido filho, ouve-me e entende. (...)
— Entendo.
— Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, deves pôr todo o cuidado nas ideias que houveres de nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente (...).
— Mas quem lhe diz que eu...
— Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da perfeita inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício. Não me refiro tanto à fidelidade com que repetes numa sala as opiniões ouvidas numa esquina, e vice-versa, porque esse fato, posto indique certa carência de ideias, ainda assim pode não passar de uma traição da memória. Não; refiro-me ao gesto correto e perfilado com que usas expender francamente as tuas simpatias ou antipatias acerca do corte de um colete, das dimensões de um chapéu, do ranger ou calar das botas novas. Eis aí um sintoma eloquente, eis aí uma esperança. No entanto, podendo acontecer que, com a idade, venhas a ser afligido de algumas ideias próprias, urge aparelhar fortemente o espírito. As ideias são de sua natureza espontâneas e súbitas; por mais que as soframos, elas irrompem e precipitam-se. Daí a certeza com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, distingue o medalhão completo do medalhão incompleto.
Machado de Assis. Teoria do medalhão. In: 50 contos escolhidos
de Machado de Assis. Seleção, introdução e notas de John Gledson.
São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 82-83 (com adaptações).
Considerando o texto Teoria do medalhão e o conjunto da obra de Machado de Assis, julgue o item a seguir, quanto à relação entre a ironia machadiana e o veio satírico presente em obras de diferentes contextos e épocas da literatura brasileira.
Na tradição da poesia satírica — do Barroco ao Romantismo
—, diferentemente do texto de Machado de Assis, os
personagens satirizados, propositadamente, não falam de si
mesmos; uma vez que eles figuram nas obras como alvo da
visão crítica do autor, é sempre o poeta quem fala sobre os
defeitos deles.
Teoria do medalhão
(diálogo)
— Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um anos, no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de nada, e estás homem, longos bigodes, alguns namoros...
— Papai...
— Não te ponhas com denguices, e falemos como dois amigos sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes. Senta-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, um diploma, podes entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa, na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. (...) Mas qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum. (...)
— Sim, senhor.
— Entretanto, assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar um ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não indenizem suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te aconselho hoje, dia da tua maioridade.
— Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá?
— Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, porém, as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra consolação e relevo moral, além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me bem, meu querido filho, ouve-me e entende. (...)
— Entendo.
— Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, deves pôr todo o cuidado nas ideias que houveres de nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente (...).
— Mas quem lhe diz que eu...
— Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da perfeita inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício. Não me refiro tanto à fidelidade com que repetes numa sala as opiniões ouvidas numa esquina, e vice-versa, porque esse fato, posto indique certa carência de ideias, ainda assim pode não passar de uma traição da memória. Não; refiro-me ao gesto correto e perfilado com que usas expender francamente as tuas simpatias ou antipatias acerca do corte de um colete, das dimensões de um chapéu, do ranger ou calar das botas novas. Eis aí um sintoma eloquente, eis aí uma esperança. No entanto, podendo acontecer que, com a idade, venhas a ser afligido de algumas ideias próprias, urge aparelhar fortemente o espírito. As ideias são de sua natureza espontâneas e súbitas; por mais que as soframos, elas irrompem e precipitam-se. Daí a certeza com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, distingue o medalhão completo do medalhão incompleto.
Machado de Assis. Teoria do medalhão. In: 50 contos escolhidos
de Machado de Assis. Seleção, introdução e notas de John Gledson.
São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 82-83 (com adaptações).
Considerando o texto Teoria do medalhão e o conjunto da obra de Machado de Assis, julgue o item a seguir, quanto à relação entre a ironia machadiana e o veio satírico presente em obras de diferentes contextos e épocas da literatura brasileira.
A ironia machadiana presente no conto apresentado mantém
clara afinidade, na forma e no conteúdo, com a sátira de
Gregório de Matos à cidade da Bahia no século XVII: ambas
criticam a vida de aparências e tomam partido dos
explorados.
Para muitos escritores [brasileiros] do século XVII e de grande parte do XVIII, a linguagem metafórica e os jogos de argúcia do espírito barroco eram maneiras normais de comunicar a sua impressão a respeito do mundo e da alma. E isto só poderia ser favorecido pelas condições do ambiente, formado de contrastes entre a inteligência do homem culto e o primitivismo reinante, entre a grandeza das tarefas e a pequenez dos recursos, entre a aparência e a realidade. Como a desproporção gera o senso dos extremos e das oposições, esses escritores se adaptaram com vantagem a uma moda literária que lhes permitia empregar ousadamente a antítese, a hipérbole, as distorções mais violentas da forma e do conceito. Para eles, o estilo barroco foi uma linguagem providencial e, por isso, gerou modalidades tão tenazes de pensamento e expressão que, apesar da passagem das modas literárias, muito delas permaneceu como algo congenial ao país.
No Brasil, sobretudo naqueles séculos, esse estilo equivalia a uma visão — graças à qual foi possível ampliar o domínio do espírito sobre a realidade, atribuindo-se sentido alegórico à flora, magia à fauna, grandeza sobre-humana aos atos. Poderoso fator ideológico, ele compensa de certo modo a pobreza dos recursos e das realizações; e, ao dar transcendência às coisas, a fatos e a pessoas, transpõe a realidade local à escala do sonho.
Antonio Candido. Literatura de dois gumes. In: A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1989, p. 168 (com adaptações).
A partir do texto precedente, julgue o item a seguir, considerando as relações entre o estilo barroco e a realidade brasileira do século XVII.
A “antítese, a hipérbole, as distorções mais violentas da
forma e do conceito” estão entre as características que mais
evidenciaram o contraste entre o estilo barroco e a realidade
nacional.
Para muitos escritores [brasileiros] do século XVII e de grande parte do XVIII, a linguagem metafórica e os jogos de argúcia do espírito barroco eram maneiras normais de comunicar a sua impressão a respeito do mundo e da alma. E isto só poderia ser favorecido pelas condições do ambiente, formado de contrastes entre a inteligência do homem culto e o primitivismo reinante, entre a grandeza das tarefas e a pequenez dos recursos, entre a aparência e a realidade. Como a desproporção gera o senso dos extremos e das oposições, esses escritores se adaptaram com vantagem a uma moda literária que lhes permitia empregar ousadamente a antítese, a hipérbole, as distorções mais violentas da forma e do conceito. Para eles, o estilo barroco foi uma linguagem providencial e, por isso, gerou modalidades tão tenazes de pensamento e expressão que, apesar da passagem das modas literárias, muito delas permaneceu como algo congenial ao país.
No Brasil, sobretudo naqueles séculos, esse estilo equivalia a uma visão — graças à qual foi possível ampliar o domínio do espírito sobre a realidade, atribuindo-se sentido alegórico à flora, magia à fauna, grandeza sobre-humana aos atos. Poderoso fator ideológico, ele compensa de certo modo a pobreza dos recursos e das realizações; e, ao dar transcendência às coisas, a fatos e a pessoas, transpõe a realidade local à escala do sonho.
Antonio Candido. Literatura de dois gumes. In: A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1989, p. 168 (com adaptações).
A partir do texto precedente, julgue o item a seguir, considerando as relações entre o estilo barroco e a realidade brasileira do século XVII.
De acordo com o texto, uma das contribuições da literatura
barroca para a sociedade da época foi evidenciar que a
linguagem figurada e alegórica podia ampliar a compreensão
da realidade nacional contraditória.
Para muitos escritores [brasileiros] do século XVII e de grande parte do XVIII, a linguagem metafórica e os jogos de argúcia do espírito barroco eram maneiras normais de comunicar a sua impressão a respeito do mundo e da alma. E isto só poderia ser favorecido pelas condições do ambiente, formado de contrastes entre a inteligência do homem culto e o primitivismo reinante, entre a grandeza das tarefas e a pequenez dos recursos, entre a aparência e a realidade. Como a desproporção gera o senso dos extremos e das oposições, esses escritores se adaptaram com vantagem a uma moda literária que lhes permitia empregar ousadamente a antítese, a hipérbole, as distorções mais violentas da forma e do conceito. Para eles, o estilo barroco foi uma linguagem providencial e, por isso, gerou modalidades tão tenazes de pensamento e expressão que, apesar da passagem das modas literárias, muito delas permaneceu como algo congenial ao país.
No Brasil, sobretudo naqueles séculos, esse estilo equivalia a uma visão — graças à qual foi possível ampliar o domínio do espírito sobre a realidade, atribuindo-se sentido alegórico à flora, magia à fauna, grandeza sobre-humana aos atos. Poderoso fator ideológico, ele compensa de certo modo a pobreza dos recursos e das realizações; e, ao dar transcendência às coisas, a fatos e a pessoas, transpõe a realidade local à escala do sonho.
Antonio Candido. Literatura de dois gumes. In: A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1989, p. 168 (com adaptações).
A partir do texto precedente, julgue o item a seguir, considerando as relações entre o estilo barroco e a realidade brasileira do século XVII.
O contraste “entre a aparência e a realidade” diz respeito
tanto às contradições da vida social brasileira no século XVII
quanto a um dos eixos centrais do estilo barroco: “o senso
dos extremos e das oposições”.
Que és terra Homem, e em terra hás de tornar-te, Te lembra hoje Deus por sua Igreja,
Identifique em um dos trechos abaixo aquele que possua a mesma temática.
NÃO: JÁ NÃO FALO DE TI. (Cecília Meireles).
Não: já não falo de ti, já não sei de saudades.
Feche-se o coração como um livro, cheio de imagens,
de palavras adormecidas, em altas prateleiras,
até que o pó desfaça o pobre desespero sem força,
que um dia, pode ser, parece tão terrível.
A aranha dorme em sua teia, lá fora, entre a roseira e o muro.
Resplandecem os azulejos e tudo quanto posso ver.
O resto é imaginado, e não coincide, e é temerário
cismar. Talvez se as pálpebras pudessem
inventar outros sonhos, não de vida...
Ah! rompem-se na noite ardentes violas,
pelo ar e pelo frio subitamente roçadas.
Por onde pascerão, nestes céus invioláveis,
nossas perguntas com suas crinas de séculos arrastando-se...
Não só de amor a noite transborda mas de terríveis
crueldades, loucuras, de homicídios mais verdadeiros.
Os homens de sangue estão nas esquinas resfolegando,
e os homens da lei sonolentos movem letras
sobre imensos papéis que eles mesmos não entendem...
Ah! que rosto amaríamos ver inclinar-se na aérea varanda?
Nem os santos podem mais nada. Talvez os anjos abstratos
da álgebra e da geometria.
Estas são algumas características do: