Questões de Português - Adjetivos para Concurso

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Q2057069 Português
Fúria no trânsito


    Existe uma forma simples de avaliar o grau de evolução do ser humano. Basta observar dois sujeitos após uma batida. Saem dos veículos arrebentando as portas. Olhares ferozes. Torsos inclinados para a frente. Mãos crispadas. Batem boca. Bastaria mudar o cenário, trocar os ternos por peles e entregar um porrete para cada um. Estaríamos de volta à pré-história. Poucas atividades humanas despertam tanto o espírito selvagem como a guerra no trânsito.    
    Tenho um amigo de fala mansa, calmo e sensato. Outro dia estávamos no carro. Chuviscava. O suficiente para que os carros entrassem numa luta desenfreada no asfalto. Cortadas súbitas. Buzinas. Ele passou a costurar por todos os lados. Fomos ao Morumbi Shopping. Havia uma fila para o estacionamento vip (quem almoça em alguns restaurantes de lá tem direito a manobrista gratuito).
    - Um idiota está parado lá na frente - ele anunciou.
    - Por que idiota? Você não sabe o motivo.
   Não pude terminar a frase. Agarrei-me ao banco. Ele atirou o carro para a direita. O da frente fez o mesmo. Para não bater, meu amigo jogou o seu sobre o canteiro. Veio a pancada. O pneu arrebentou. O veículo parado mexeu-se, vagarosamente, e partiu. Meu amigo esbravejou. Trocou o pneu. Depois foi a uma borracharia, onde acabou brigando também. Passou o resto do dia num humor de cão. Telefonou:
     - Tudo por culpa daquele imbecil!
     Argumentei:
    - Você não sabia o motivo de o carro estar parado. A pessoa podia estar se sentindo mal. Pense. Por causa de alguém que não conhece, você quase amassou o carro, arrebentou seu pneu e está furioso. Como permite que um desconhecido faça tudo isso com você?
  Silêncio sepulcral. Depois, ouvi um clique do telefone sendo desligado. 
      Costumo dirigir devagar. Quando vou para o Litoral Norte é uma tortura. A estrada só tem uma pista, com muitos locais de ultrapassagem proibida. Tento me manter na velocidade exigida pelas placas. Adianta? Alguém sempre gruda em mim. Volta e meia, quando ultrapassam, ouço me xingarem.
   Nestes tempos politicamente corretos, já não se ouvem tantos gritos do tipo:
      - Ô, dona Maria, vá pilotar fogão!
     Entretanto, existe, sim, um preconceito contra mulher ao volante. Confesso que também já tive. Hoje, às vezes, passo por uma senhora dirigindo em paz. Alguém do meu lado reclama:
     - Olha lá, empatando o trânsito. Só podia ser mulher.
   Lembro que as seguradoras costumam cobrar menos de motoristas do sexo feminino. Causam menos acidentes. Há algum tempo uma amiga bateu em uma moto. Teve de se trancar no carro enquanto um bando de motoqueiros solidários com o acidentado chutava seu carro. Foi resgatada pelo socorro. Detalhe: o culpado era o motoqueiro. Ninguém se machucou. Ela voltou para casa apavorada.
    Soube de um rapaz que certa vez foi fechado numa grande avenida. Gritou:
    - Safado, você vai ver!
    Seguiu atrás, buzinando. O outro tentava fugir, ele perseguia. Deu uma superfechada, obrigando o carro a parar. Saiu furioso, pronto para a briga. Aproximou-se.
    No banco do motorista, estava uma senhora idosa, tremendo de medo. Ele caiu em si.
    - Parecia que eu estava em um filme, me assistindo.
   Gaguejou. Pediu desculpa. Partiu.
     No dia seguinte, vendeu o carro.
   - Não confio em mim mesmo ao volante. Eu me torno outra pessoa. Prefiro não dirigir.
   Claro que não é uma receita para todo mundo. Para ele, funcionou. Anda de ônibus, táxi ou metrô. Sente-se feliz. Como se tivesse abandonado a pré-história e, finalmente, ingressado na civilização.

CARRASCO, Walcyr. São Paulo, 2010
Analise as seguintes afirmativas:

I- O texto apresenta um narrador personagem. II- No título do texto, há um substantivo e um adjetivo. III- A linguagem informal faz parte do texto. IV- Há uma descrição no primeiro parágrafo do texto.

Estão corretas as afirmativas: 
Alternativas
Q2056788 Português
Leia com atenção: 

Imagem associada para resolução da questão

Analise as seguintes afirmativas:
I- O texto acima é um aviso. II- O texto acima é um anúncio. III- “Vendem-se” está no plural, concordando com “filhotes”. IV- A palavra “filhote” é um adjetivo.
Estão corretas as afirmativas:
Alternativas
Q2056606 Português
Vereadores aprovam valorização dos inspetores de saúde
Após meses de negociações, os inspetores de saúde do município podem comemorar a aprovação de um projeto de lei que garante a valorização da categoria.
[...]
A matéria praticamente incorpora a Gratificação por Desempenho de Atividade Fiscal (GAF) ao salário desses fiscais de vigilância em saúde. Faz isso acabando com a “GAF Excedente”, criando novos níveis salariais e re-enquadrando esses cargos na tabela de vencimentos, o que representa evolução na carreira e aumento na remuneração. Garante, ainda, que os inspetores de saúde regidos pela legislação, façam a opção pelo Plano de Carreiras, para fazerem jus ao reajuste de 33% da Saúde.
Disponível em: l1nq.com/MSaE0. Acesso em: 14 dez. 2022 (adaptado).
Consideradas as prescrições da norma-padrão, é correto afirmar:
Alternativas
Q2056600 Português
DECRETO Nº 767, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2022
A PREFEITA DO MUNICÍPIO, no exercício de suas atribuições legais que lhe confere o inciso VII do art. 92 da Lei Orgânica Municipal, e, em especial, no disposto no art. 62 da Lei Complementar nº 247, de 29 de dezembro de 2017,
DECRETA:
[...]
Art. 13 À Diretoria de Defesa dos Direitos Humanos compete:
I - identificar e articular redes de proteção e defesa de direitos humanos, envolvendo órgãos públicos e entidades não governamentais, para atuar no combate às violações de direitos humanos e resolução de tensões sociais de maneira coordenada e sistemática, em cooperação com o Ministério Público, órgãos dos Poderes Legislativo, Judiciário, Executivo, de todas as esferas;
II - receber, analisar e encaminhar as denúncias recebidas pela Ouvidoria ou encaminhadas por outras ouvidorias ou órgãos públicos, referentes às violações de direitos humanos;
III - monitorar o encaminhamento das denúncias e respostas pelos órgãos públicos ou pelas organizações da sociedade civil, informando o cidadão sobre a efetiva conclusão da solicitação apresentada;
IV - recomendar ações de defesa que visem à orientação, adoção de providências e revisão de procedimentos adotados por órgãos públicos ou entidades não governamentais, em resposta à violação de direitos humanos, sobretudo as que afetam grupos sociais vulneráveis;
[...]
Disponível em: l1nq.com/FrYHV. Acesso em: 14 dez. 2022 (adaptado).
Considerando o trecho destacado e seu contexto, é correto afirmar:
Alternativas
Q2055853 Português
AMAN

A Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) forma os oficiais combatentes do Exército. Ela ocupa uma área de 67km² estendendo-se da Rodovia Presidente Dutra até as encostas da Serra da Mantiqueira e do Maciço do Itatiaia. Aberta à visitação, a AMAN dispõe de um dos maiores e mais completos parques esportivos do estado do Rio de Janeiro, além de um moderno teatro com capacidade para 2.821 pessoas.

A Cidade Acadêmica, como também é conhecida a área em que a Academia está instalada, abriga uma população aproximada de 12.000 habitantes e dispõe de um complexo arquitetônico e paisagístico dos mais bonitos.

Além do teatro acadêmico, dentro de sua área, estão o Conjunto Principal (comando, administração, salas de aula, museu, bibliotecas e refeitórios) uma ampla praça de esportes (dois estádios, parque aquático, quadras diversas, pista de treinamento utilitário, centro de excelência em reabilitação / academia de musculação, dois ginásios cobertos e centro hípico), uma das mais completas instalações de tiro do mundo, dependências próprias para a instrução militar, um Hospital Escolar, um auditório para 1.150 pessoas, vila residencial com 3 bairros, totalizando 580 moradias e instalações de apoio ao ensino, logísticas e administrativas, tudo sob a supervisão de uma prefeitura militar.

Dispõe, ainda, de agências bancárias, agência dos correios, igrejas, uma escola estadual e dois clubes recreativos - o Círculo Militar das Agulhas Negras

(CIMAN) e o Clube de Subtenentes e Sargentos das Agulhas Negras (CSSAN, o antigo GRUMC) - proporcionando apoio e serviços aos cadetes e aos moradores das vilas residenciais.

http://resende.rj.gov.br/turismo/3
“Além do teatro ACADÊMICO, estão o Conjunto Principal, uma ampla praça de esportes, uma das mais completas instalações de tiro do mundo”.
A palavra destacada nessa frase tem função de: 
Alternativas
Q2055553 Português
Quanto ao adjetivo e às locuções adjetivas equivalentes, assinalar a alternativa que apresenta erro:
Alternativas
Ano: 2023 Banca: IBFC Órgão: SEC-BA Prova: IBFC - 2023 - SEC-BA - Mediador |
Q2055261 Português
Segundo Bezerra (2015, p. 218), Há inúmeros adjetivos que se referem a países, regiões, continentes, estados, povos, etnias. Estes adjetivos são denominados de ‘pátrios ou gentílicos’. Assinale a alternativa que apresenta informações incorretas.
Alternativas
Q2055102 Português
Para responder a essa questão, assinale APENAS UMA ÚNICA alternativa correta e marque o número correspondente na Folha de Respostas.  

A FÊMEA DO CUPIM

    Tenho um amigo, cujo filho pretendeu entrar para a diplomacia. Não que tivesse vocação para a carreira, a vocação dele era para o turismo, mas como quem é pobre a maneira mais fácil de arranjar viagem é fazer-se diplomata, candidatou-se ao curso do Instituto Rio Branco. Foi reprovado em português no vestibular. Os leitores hão de imaginar que ele redigia mal, ou que havia na banca um funcionário do DASP que lhe tivesse perguntado, por exemplo, o presente do indicativo do verbo “precaver”. Foi pior do que isto: um dos examinadores saiu-se com esta questão absolutamente inesperada para um candidato a diplomata: qual o nome da fêmea do cupim? O rapaz embatucou e o mais engraçado é que ignora até hoje. Inquiriu todo mundo, ninguém sabia.
     Eu também não sabia, mas tomei o negócio a peito. Saí indagando dos mais doutos. O dicionarista Aurélio decerto saberia. Pois não sabia. O filólogo Nascentes levou a mal a minha curiosidade e respondeu aborrecido que o nome da fêmea do cupim só podia interessar... ao cupim! Uma minha amiga professora, sabidíssima em femininos e plurais esquisitos, foi mais severa e me perguntou se eu estava ficando gagá e dando para obsceno!
    (...)
    Isto, pensei comigo, é problema que só poderá ser resolvido por algum decifrador de palavras cruzadas, gente que sabe que o ferrinho onde se reúnem as varetas do guarda-chuva se chama “noete”, que o pato “grasna’, o tordo “trucila”, a garça “gazeia”, e outras coisas assim. Telefonei para minha amiga Jeni, cruzadista exímia. “Jeni, me salve! Como se chama a fêmea do cupim?” E ela, do outro lado do fio: “Arará”.
     Fui verificar nos dicionários. Dos que eu tenho em casa só um trazia a preciosa informação: “Arará”, s. m. (Bras.) Ave aquática do Rio Grande do Sul; fêmea alada do cupim.”
    Mestre Aurélio, a fêmea do cupim se chama “arará”, está no meu, no teu, no nosso dicionário - Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa!

Manuel Bandeira
As palavras destacadas na frase abaixo estão classificadas CORRETAMENTE, de acordo com a classe de palavras a que pertencem em:
“Os leitores hão de imaginar que ele redigia mal, ou que havia na banca um funcionário do DASP que lhe tivesse perguntado, por exemplo, o presente do indicativo do verbo “precaver”.”
Alternativas
Q2053975 Português
Leia o texto e responda a questão.

A FUGA

    Mal o pai colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar uma cadeira pela sala, fazendo um barulho infernal.
    - Para com esse barulho, meu filho – falou, sem se voltar.
    Com três anos já sabia reagir como homem ao impacto das grandes injustiças paternas: não estava fazendo barulho, estava só empurrando uma cadeira.
     - Pois então para de empurrar a cadeira.
     - Eu vou embora - foi a resposta.
     Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras, no ato de juntar do chão suas coisinhas, enrolando-as num pedaço de pano. Era a sua bagagem: um caminhão de plástico com apenas três rodas, um resto de biscoito, uma chave (onde diabo meteram a chave da despensa – a mãe mais tarde irá dizer), metade de uma tesourinha enferrujada, sua única arma para a grande aventura, um botão amarrado num barbante.
     A calma que baixou então na sala era vagamente inquietante. De repente, o pai olhou ao redor e não viu o menino. Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão:
     - Viu um menino saindo desta casa? – gritou para o operário que descansava diante da obra do outro lado da rua, sentado no meio-fio.
     - Saiu agora mesmo com uma trouxinha – informou ele.
     Correu até a esquina e teve tempo de vê-lo ao longe, caminhando cabisbaixo ao longo do muro. A trouxa, arrastada no chão, iam deixando pelo caminho alguns de seus pertences: o botão, o pedaço de biscoito e - saíra de casa prevenido - uma moeda de 1 cruzeiro. Chamou-o, mas ele apertou o passinho, abriu a correr em direção à Avenida, como disposto a atirar-se diante do ônibus que surgia à distância.
     - Meu filho, cuidado!
     O ônibus deu uma freada brusca, uma guinada para a esquerda, os pneus cantaram no asfalto. O menino, assustado, arrepiou carreira. O pai precipitou-se e o arrebanhou com o braço como a um animalzinho:
     - Que susto você me passou, meu filho – e apertavao contra o peito, comovido.
     - Deixa eu descer, papai. Você está me machucando.
     Irresoluto, o pai pensava agora se não seria o caso de lhe dar umas palmadas:
     - Machucando, é? Fazer uma coisa dessas com seu pai.
     - Me larga. Eu quero ir embora.
     Trouxe-o para casa e o largou novamente na sala – tendo antes o cuidado de fechar a porta da rua e retirar a chave, como ele fizera com a da despensa.
     - Fique aí quietinho, está ouvindo? Papai está trabalhando.
     - Fico, mas vou empurrar esta cadeira. E o barulho recomeçou.

SABINO, Fernando. A vitória da infância. São Paulo, Ática, 1995. p. 43
Assinale a alternativa CORRETA para o emprego das classes de palavras dos vocábulos sublinhados.
“A calma que baixou então na sala era vagamente inquietante”.
Alternativas
Q2053875 Português

                                

Pertencem à mesma classe gramatical os termos
Alternativas
Q2053822 Português

                                         

Na linha 10, o vocábulo “genéticas” pertence à classe gramatical dos 
Alternativas
Q2053477 Português
A Volta

   Da janela do trem o homem avista a velha cidadezinha que o viu nascer. Seus olhos se enchem de lágrimas. Trinta anos. Desce na estação – a mesma do seu tempo, não mudou nada – e respira fundo. Até o cheiro é o mesmo! Cheiro de mato e poeira. Só não tem mais cheiro de carvão, porque o trem agora é elétrico. E o chefe da estação, será possível? Ainda é o mesmo. Fora a careca, os bigodes brancos, as rugas e o corpo encurvado pela idade, não mudou nada.
     O homem não precisa perguntar como se chega ao centro da cidade. Vai a pé, guiando-se por suas lembranças. O centro continua como era. A praça. A igreja. A prefeitura. Até o vendedor de bilhetes na frente do Clube Comercial parece o mesmo.
    — Você não tinha um cachorro?
    — O Cusca? Morreu, ih, faz vinte anos.
   O homem sabe que subindo a Rua Quinze vai dar num cinema. O Elite. Sobe a Rua Quinze. O cinema ainda existe. Mas mudou de nome. Agora é o Rex. Do lado tem uma confeitaria. Ah, os doces da infância... Ele entra na confeitaria. Tudo igual. Fora o balcão de fórmica, tudo igual. Ou muito se engana ou o dono ainda é o mesmo.
    — Seu Adolfo, certo?
    — Lupércio.
   — Errei por pouco. Estou procurando a casa onde nasci. Sei que ficava ao lado de uma farmácia.
    — Qual delas, a Progresso, a Tem Tudo ou a Moderna?
    — Qual é a mais antiga?
    — A Moderna.
    — Então é essa.
    — Fica na Rua Voluntários da Pátria.
   Claro. A velha Voluntários. Sua casa está lá intacta. Ele sente vontade de chorar. A cor era outra. Tinham mudado a porta e provavelmente emparedado uma das janelas. Mas não havia dúvida, era a casa da sua infância. Bateu na porta. A mulher que abriu lhe parecia vagamente familiar. Seria...
    — Titia?
    — Puluca!
    — Bem, meu nome é...
    — Todos chamavam você de Puluca. Entre.
  Ela lhe serviu licor. Perguntou por parentes que ele não conhecia. Ele perguntou por parentes de que ela não se lembrava. Conversaram até escurecer. Então ele se levantou e disse que precisava ir embora. Não podia, infelizmente, demorar-se em Riachinho. Só viera matar a saudade. A tia parecia intrigada.
     — Riachinho, Puluca?
     — É, por quê?
     — Você vai para Riachinho?
     Ele não entendeu.
     — Eu estou em Riachinho.
    — Não, não. Riachinho é a próxima parada do trem. Você está em Coronel Assis.
     — Então eu desci na estação errada!
     Durante alguns minutos os dois ficaram se olhando em silêncio. Finalmente a velha pergunta:
     — Como é mesmo o seu nome?
    Mas ele estava na rua, atordoado. E agora? Não sabia como voltar para a estação, naquela cidade estranha.

(Luís Fernando Veríssimo. A mulher do Silva. Porto Alegre. L&PM).

Considere o trecho abaixo:
Da janela do trem o homem avista a velha cidadezinha que o viu nascer.
Assinale a alternativa em que a palavra em destaque pertence à mesma classe gramatical da palavra destacada no trecho acima.
Alternativas
Q2052946 Português
Nascer no Cairo, ser fêmea de cupim. 

Rubem Braga

    Conhece o vocábulo escardinchar? Qual o feminino de cupim? Qual o antônimo de póstumo? Como se chama o natural de Cairo? 
       O leitor que responder "não sei" a todas estas perguntas não passará provavelmente em nenhuma prova de Português de nenhum concurso oficial. Aliás, se isso pode servir de algum consolo à sua ignorância, receberá um abraço de felicitações deste modesto cronista, seu semelhante e seu irmão. 
      Porque a verdade é que eu também não sei. Você dirá, meu caro professor de Português , que eu não deveria confessar isso; que é uma vergonha pra mim, que vivo de escrever, não conhecer meu instrumento de trabalho, que é a língua. 
        Concordo. Confesso que escrevo de palpite, como outras pessoas tocam piano de ouvido. De vez em quando um leitor culto se irrita comigo e me manda um recorte de crônica anotado, apontando erros de Português. Um deles chegou a me passar um telegrama, felicitando-me porque não encontrara, na minha crônica daquele dia, um só erro de Português; acrescentava que eu produzira uma "página de bom vernáculo, exemplar". Tive vontade de responder: "Mera coincidência" - mas não o fiz para não entristecer o homem. 
      Espero que uma velhice tranquila - no hospital ou na cadeia, com seus longos ócios - me permita um dia estudar com toda calma a nossa língua, e me penitenciar dos abusos que tenho praticado ocontra a sua pulcritude. (Sabem qual o superlativo de pulcro? Isto eu sei por acaso: pulquérrimo! Mas não é desanimador saber uma coisa dessas? Que me aconteceria se eu dissesse a uma bela dama: a senhora é pulquérrima? Eupoderia me queixar se o meu marido me descesse a mão?). 
        Alguém já me escreveu também - que eu sou um escoteiro ao contrário. "Cada dia você parece que tem de praticar a sua má ação - contra a língua". Mas acho que isso é exagero. 
        Como também é exagero saber o que quer dizer escardinchar. Já estou mais perto dos cinquenta que dos quarenta; vivo de meu trabalho quase sempre honrado, gozo de boa saúde e estou até gordo demais, pensando em meter um regime no organismo - e nunca soube o que fosse escardinchar. Espero que nunca, na minha vida, tenha escardinchado ninguém; se o fiz, mereço desculpas, pois nunca tive uma intenção. 
        Vários problemas e algumas mulheres já me tiraram o sono, mas não o feminino de cupim. Morrerei sem saber isso. E o pior é que não quero saber; nego-me terminantemente a saber, e, se o senhor é um desses cavalheiros que sabem qual é o feminino de cupim, tenha a vbondade de não me cumprimentar. 
         Por que exigir essas coisas dos candidatos aos nossos cargos públicos? POr que fazer do estudo da língua portuguesa uma série de alçapões e adivinhas, como essas histórias que uma pessoa conta para "pegar" as outras? O habitante do Cairo pode ser cairense, cairei, caireta, cairota ou cairiri - e a única utilidade de saber qual a palavra certa será para decifrar um problema de palavras cruzadas. Vocês não acham que nossos funcionários públicos já gastam uma parte excessiva do expediente matando palavras cruzadas da "Última Hora" ou lendo o horóscopo e as histórias em quadrinhos de "O Globo?"
     No fundo, o que esse tipo de gramático deseja é tornar a língua portuguesa odiosa; não alguma coisa através da qual as pessoas se entendam, mas um instrumento de suplício e de opressão que ele, gramático, aplica sobre nós, os ignaros. 
          Mas a mim é que não me escardincham assim, sem mais nem menos: não sou fêmea de cupim nem antônimo de póstumo nenhum; e sou cachoeirense, de Cachoeiro, honradamente - de Cachoeiro de Itapemirim! 

Texto extraído do livro "Ai de Ti, Copacabana", 
Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 197. 

"Pulcro" significa belo, formoso e é um adjetivo. O autor utiliza as palavras derivadas pulcritude e pulquérrimo desse adjetivo. 


Está correta a seguinte sequência do adjetivo e derivados em: 

Alternativas
Q2050765 Português
Na frase “Laura está linda”, a palavra linda está caracterizando o sujeito. Logo, a qual classe gramatical pertence?  
Alternativas
Q2050487 Português
O estudo morfológico da língua portuguesa considera que as palavras podem ser analisadas e catalogadas em classes de palavras ou classes gramaticais. Marque abaixo a alternativa que apresenta 3 classes gramaticais da língua portuguesa.
Alternativas
Q2049635 Português
A palavra CONTROLE que aparece no trecho: ”sem nenhum controle normativo” é classificada, segundo as classes de palavras, como:
Alternativas
Q2048710 Português
Assinalar a alternativa que preenche as lacunas abaixo CORRETAMENTE:
Escolhemos __________ hora e momento para realizarmos ___________ trabalhos.
Alternativas
Q2048647 Português
A liberdade e o consumo

    No plano intelectual, o tema da liberdade ocupa as melhores cabeças, desde Platão e Sócrates, passando por muitos outros. Como conciliar a liberdade com a inevitável ação restritiva do Estado? Como as liberdades essenciais se transformam em direitos do cidadão? Essas questões puseram em choque os melhores neurônios da filosofia, mas não foram as únicas a galvanizar controvérsias.
    Mas vivemos hoje em uma sociedade em que a maioria já não sofre agressões a essas liberdades tão vitais, cuja conquista ou reconquista desencadeou descomunais energias físicas e intelectuais. Nosso apetite pela liberdade se aburguesou. Foi atraído (corrompido?) pelas tentações da sociedade de consumo.
    O que é percebido como liberdade para um pacato cidadão contemporâneo que vota, fala o que quer, vive sob o manto da lei (ainda que capenga) e tem direito de mover-se livremente?
    O primeiro templo da liberdade burguesa é o supermercado. Em que pesem as angustiantes restrições do contracheque, são as prateleiras abundantemente supridas que satisfazem a liberdade do consumo (não faz muitas décadas, nas prateleiras dos nossos armazéns ora faltava manteiga, ora leite, ora feijão). Não houve ideal comunista que resistisse às tentações do supermercado.
     A segunda liberdade moderna é o transporte próprio. BMW ou bicicleta, o que conta é a sensação de poder sentar-se ao veículo e resolver em que direção partir. Podemos até não ir a lugar algum, mas é gostoso saber que há um veículo parado à porta, concedendo permanentemente a liberdade de ir, seja aonde for..
    A terceira liberdade é a televisão. É a janela para o mundo. É a liberdade de escolher os canais (restritos em países totalitários), de ver um programa imbecil ou um jogo, ou estar tão perto das notícias quanto um presidente da República. É estar próximo de reis, heróis, criminosos, superatletas ou cafajestes metamorfoseados em apresentadores de TV.
    Uma ''liberdade'' recente é o telefone celular. É o gostinho todo especial de ser capaz de falar com qualquer pessoa, em qualquer momento, onde quer que se esteja. Importante? Para algumas pessoas é uma revolução no cotidiano e na profissão. Para outras, é apenas o prazer de saber que a distância não mais cerceia a comunicação, por boba que seja.
    Há ainda uma última liberdade, mais nova, ainda elitizada: a internet e o correio eletrônico. É um correio sem as peripécias e demoras do carteiro, instantâneo, e que está a nosso dispor, onde quer que estejamos, onde se compra e vende, consomem-se filosofia e pornografia, arte e empulhação.
    Causa certo desconforto intelectual ver substituídas por objetos de consumo as discussões filosóficas sobre liberdade e o heroísmo dos atos que levaram à sua preservação em múltiplos domínios da existência humana. Mas assim é a nossa natureza, só nos preocupamos com o que não temos ou com o que está ameaçado. Se há um consolo nisso, ele está no saber que a preeminência de nossas liberdades consumistas marca a vitória de havermos conquistado as outras liberdades mais vitais.

Cláudio de Moura Castro - Veja 1712
“O primeiro templo da liberdade burguesa é o supermercado.” Sobre as classes de palavras presentes nesse período, marque a opção INCORRETA.
Alternativas
Q2047832 Português
“Não aceito mais os seus falsos porquês.” O termo destacado pertence a que classe de palavras? 
Alternativas
Q2047470 Português
O vocábulo “gratuitamente”, utilizado no texto, é um:
Alternativas
Respostas
601: D
602: C
603: A
604: D
605: C
606: C
607: D
608: A
609: B
610: E
611: D
612: E
613: D
614: B
615: A
616: C
617: C
618: D
619: A
620: A