Questões de Português - Análise sintática para Concurso
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Olhos para ver um mundo novo a cada dia
Em maio de 2019, o quadro “Meules”, do pintor francês Claude Monet (1840-1926), foi vendido na tradicional casa de leilões Sotheby’s, em Nova York, por nada menos que US$ 110,7 milhões (mais de R$ 580 milhões), um recorde para quadros do Impressionismo. O estilo, segundo os leiloeiros, é marcado por, entre outras coisas, contornos pouco definidos, cores não misturadas e ênfase na representação precisa da luz natural.
Mas Monet tinha ainda outra “característica” que o aproximava de outros expoentes do estilo, como Pierre Auguste Renoir, Paul Cezanne e Edgar Degas: eles eram míopes. E de acordo com artigo do neurocirurgião Noel Dan, publicado em 2003 no Journal of Clinical Neuroscience, é tentador atribuir o desenvolvimento do Impressionismo, “ao menos em parte, à visão míope de seus praticantes”. A afirmação, claro, desperta até hoje debates acalorados entre especialistas, tanto em oftalmologia quanto em arte.
Já numa chave mais médica e menos romantizada, a miopia é um distúrbio visual que faz com que a imagem entre em foco antes de chegar à retina. Isso faz com que objetos vistos a alguma distância pareçam desfocados – a visão parece embaçada. Segundo a AAO (Academia Americana de Oftalmologia, na sigla em inglês), se nada for feito para impedir o avanço da miopia, até 2050 metade da população mundial (que, lembremos, no mês passado alcançou 8 bilhões de pessoas) poderá ter a visão afetada por ela. O problema nada tem de trivial: ainda, segundo a AAO, o custo da miopia em perda de produtividade está estimado em cerca de US$ 244 bilhões por ano.
No Brasil, dados de um levantamento feito pelo Hospital de Olhos mostram um aumento de 23% nos diagnósticos de miopia para pacientes com idades entre zero e doze anos no primeiro semestre deste ano: foram 538, contra 425 no mesmo período de 2021. Especialistas apontam como possíveis causas o uso excessivo de aparelhos eletrônicos (celulares, tablets, computadores etc.). Alguns talvez tenham ouvido de mães, tias ou avós para não assistir TV muito perto da tela. Embora seja tentador achar que elas poderiam estar certas desde o início, não há comprovação científica para se estabelecer uma relação de causa e efeito entre a exposição a telas e mais casos de miopia. Mas uma meta-análise publicada na revista especializada The Lancet sugere uma associação desse tipo.
O fato desse avanço da miopia entre crianças possivelmente ter relação com a exposição a telas de gadgets é causa para alguma preocupação. Afinal, estamos rumando a um futuro em que as telas serão cada vez mais presentes nas vidas de todos. A pandemia deu um vislumbre disso: aulas passaram a ser ministradas via on-line – e as crianças, então, ficaram bem mais tempo com olhos voltados às telinha. Sem poderem sair de casa, jogos de celular, ou em consoles ligados à TV, filmes, desenhos animados e outras formas de diversão se tornaram a regra. Até para os adultos foi assim, com as muitas reuniões de trabalho em videoconferências.
E não se trata de uma tendência vista apenas no Brasil e nem que tenha surgido agora, claro. Reportagem do The New York Times já do ano passado lembrava que, em 2020, o Jama (Jornal da Associação Médica Americana, na sigla em inglês) trouxe um editorial intitulado “2020 como o ano da miopia de quarentena” (em tradução livre). O texto diz que lockdowns precisam considerar “um planejamento cuidadoso de atividades internas e, de preferência, não restringir as brincadeiras ao ar livre em crianças pequenas”. Isso ajudaria a controlar “uma onda de miopia de quarentena”.
Por mais que nossas atividades, no trabalho, no estudo e na vida pessoal, estejam atreladas a dispositivos digitais e suas telas, o corpo humano tem limites: não é sem consequências – como o avanço da miopia tem mostrado – que nos expomos a toda e qualquer inovação sem considerar possíveis desdobramentos. A moderação precisa encontrar espaço: para as crianças, isso pode significar algum tempo longe das telas. Brincar em espaços abertos, em que possam tentar enxergar coisas ao longe, é uma excelente alternativa para preservar seus olhos. Há muito mais lá fora para se ver do que cabe nas telinhas, e elas precisam ter olhos saudáveis para descobrir o mundo a cada dia.
(Cláudio L. Lottenberg*, Veja. Disponível em: https://veja.abril.com.br/
coluna/coluna-claudio-lottenberg/olhos-para-ver-um-mundo-novo-acada-dia/15 dez 2022. * Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola
Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto
Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein.)
Desmatamento e caça ilegal podem causar novas epidemias no Brasil, diz estudo da Fiocruz
(Lucas Rocha, da CNN em São Paulo.)
Conhecido por sua grande biodiversidade de animais e vegetais, o Brasil também abriga uma variedade significativa de agentes capazes de causar doenças, tecnicamente chamados de “patógenos”, como vírus e parasitas.
Antes mesmo da emergência do coronavírus no final de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado sobre os riscos do surgimento de doenças com potencial de se espalhar pelo mundo e afetar grandes populações em todos os países.
Ao levantarem essa possibilidade, cientistas brasileiros investigaram características do país que podem favorecer o contato dos seres humanos com microrganismos que podem apresentar riscos para a saúde.
Um estudo liderado por pesquisadoras do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro, aponta recentes aumentos nas vulnerabilidades sociais e ecológicas do país, amplificados pelos atuais cenários políticos e econômicos.
Os achados, publicados na revista científica Science Advances, indicam uma propensão dessa megadiversidade atuar como incubadora de possível pandemia provocada por doenças infecciosas de circulação animal que podem ser transmitidas para os seres humanos – as chamadas zoonoses.
“A partir de um modelo de avaliação que identifica diferentes interações entre os elementos que investigamos, conseguimos observar mais amplamente os processos que moldam o surgimento de zoonoses em cada estado brasileiro”, aponta Gisele Winck, primeira autora do artigo e pesquisadora do Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios do IOC, em comunicado.
De acordo com os especialistas, três principais componentes de risco estão em foco na avaliação: vulnerabilidade, exposição e capacidade de enfrentamento.
Dentro dos grupos principais, são observadas variáveis mais específicas como a quantidade de espécies de mamíferos silvestres, perda de vegetação natural, mudanças nos padrões de uso da terra, bem-estar social, conectividade geográfica de cidades e aspectos econômicos.
De acordo com o estudo, os resultados colocam em evidência o desmatamento e a caça de animais silvestres como fatores de grande relevância para o aparecimento de novas e antigas infecções.
O estudo aponta, ainda, que todo o território brasileiro está suscetível a emergências ocasionadas por zoonoses, com uma maior probabilidade em áreas sob influência da Floresta Amazônica.
Na análise, os especialistas traçam um comparativo entre
os estados do Maranhão e do Ceará, na região Nordeste.
O Maranhão, que possui cerca de 34% do seu território coberto pela floresta tropical, é classificado como área com alto risco para surtos de zoonose. Enquanto o Ceará, estado vizinho, onde a Caatinga prevalece, apresenta baixo risco no surgimento de novas doenças.
“A Floresta Amazônica é uma região com alta diversidade de mamíferos selvagens e que vem sofrendo grande perda da cobertura florestal. Muitas espécies estão ficando sem habitat devido ao desmatamento, gerando desequilíbrio na dinâmica local”, diz Cecília Siliansky de Andreazzi, uma das autoras do artigo e, também, pesquisadora do Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios.
Risco de “transbordamento”
O contágio por infecções de origem animal acontece por meio de um fenômeno conhecido como “spillover”. O “transbordamento”, em tradução literal, é quando os agentes causadores de doença que circulavam restritamente em um grupo animal “saltam” e passam a infectar outras espécies, incluindo humanos.
A expansão das atividades humanas para regiões de matas e florestas, naturalmente habitadas por animais silvestres, é um aspecto que favorece ainda mais esse cenário, de acordo com as pesquisadoras.
No entanto, o estudo ressalta que para uma zoonose se tornar epidêmica é necessário o alinhamento de diferentes fatores ecológicos, epidemiológicos e comportamentais, incluindo a mobilidade humana como um fator de importância.
No Brasil, a dependência socioeconômica de cidades menores com capitais e grandes metrópoles aumenta o potencial epidêmico das zoonoses, uma vez que habitantes de regiões interioranas precisam realizar deslocamentos frequentes em busca de bens e serviços.
“O fluxo humano é crucial no espalhamento de zoonoses, principalmente em infecções cuja transmissão ocorre de pessoa para pessoa após o salto de espécies, como é o caso da Covid-19. A partir do momento em que esses patógenos alcançam cidades super espalhadoras, como São Paulo e Manaus, a transmissão é amplificada e exportada para diversas outras regiões”, diz Cecília.
A carne de caça é outra via crítica para o “transbordamento” de doenças. Em uma análise de rede, foram relacionadas espécies que são frequentemente caçadas de modo ilegal no Brasil com agentes que potencialmente causariam danos graves à saúde pública. Como resultado, foram encontrados 63 mamíferos que interagem com 173 parasitas propícios a causar pelo menos 76 diferentes doenças.
“A infecção pode ocorrer em diversas etapas: ao adentrar a floresta, quando o caçador fica exposto a mosquitos, carrapatos e diversos outros vetores de patógenos; no ato da caça, ao sofrer um corte ou arranhão que entre em contato com fluidos animais; no preparo da carne, quando há o contato direto com vísceras, que também são comumente oferecidas como alimentos crus para cães e gatos de estimação; e no consumo final da carne, caso não seja bem armazenada ou cozida”, explica Gisele.
Como a atividade ainda é essencial para populações tradicionais que utilizam a carne de caça para subsistência, os especialistas fazem um recorte de situação no artigo e recomendam a implementação de ações pontuais de garantia da segurança sanitária nesses grupos.
“É algo que precisa ser bastante discutido e avaliado. A caça é autorizada apenas para os povos tradicionais, porém ela continua ocorrendo fora desses grupos e serve como fator de interação entre pessoas e animais silvestres reservatórios de patógenos. Infelizmente, todos acabam sendo tratados erroneamente como iguais. É preciso diferenciar populações que dependem desse consumo como fonte de proteína daqueles que atuam no tráfico de animal silvestre ou caça esportiva”, lembrou Cecília.
Vigilância
O estudo aponta o investimento em ações do Sistema Único de Saúde (SUS) como a principal forma de mitigar os efeitos do surgimento de uma zoonose.
De acordo com o artigo, a contenção de zoonoses ocorrerá efetivamente com a promoção de políticas públicas de saúde que apoiem abordagens preditivas e preventivas que sigam o conceito de Saúde Única (One Health), que considera a saúde humana, animal e ambiental para a manutenção do bem-estar no planeta.
Entre as ações preconizadas, estão a implementação de sistemas de monitoramento eficazes integrados com vigilância epidemiológica de potenciais doenças zoonóticas, políticas mais amplas e inovadoras que mitiguem a degradação ambiental, fiscalização do tráfico de animais silvestres e novas abordagens para a conservação da biodiversidade.
“O que define se o surgimento de uma zoonose será um surto local, epidemia ou pandemia é como iremos lidar com a situação. Temos que pensar em como faremos um monitoramento eficiente de um país grande e diverso como o nosso”, afirma Gisele.
Lições da Covid-19
O estudo teve origem em uma carta publicada em setembro de 2020 na revista The Lancet. Na época, os autores do texto apontavam retrocessos em políticas sociais e ambientais do Brasil, que podiam contribuir para a ocorrência de infecções causadas por microrganismos de origem animal. Os especialistas defendiam, ainda, a criação de um sistema integrado de vigilância de doenças silvestres.
“Após a publicação da carta, iniciamos uma reflexão
mais aprofundada e detalhada sobre o potencial risco de
emergências de zoonoses no Brasil. Esse artigo é fruto de
muita pesquisa e discussão entre os pesquisadores desse
grupo, visto que são assuntos complexos e que demandam
uma busca por informação em variadas fontes”, disse Gisele.
A pesquisa foi realizada por um grupo de especialistas composto por profissionais de diferentes áreas, que atuam em saúde pública e conservação do meio ambiente. A publicação faz parte do projeto SinBiose do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Participam do trabalho pesquisadores da Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC, da Fiocruz Ceará, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e da Universidade Estadual do Ceará (UECE). O estudo também contou com a colaboração de especialistas da Faculdade Maurício de Nassau, da União Internacional para a Conservação da Natureza, da Universidade de Aveiro e da Universidade de Coimbra.
(CNN. Desmatamento e caça ilegal podem causar novas epidemias no
Brasil, diz estudo da Fiocruz. 29/06/2022. Disponível em:
https://www.cnnbrasil.com.br/. Acesso em: 04/01/2023.)
I. Ao alterar a ordem da frase para Estudo da Fiocruz diz que desmatamento e caça ilegal podem causar novas epidemias no Brasil, não há alteração nas funções sintáticas dos sujeitos das orações que compõem o período original. II. Em caso de concordância de uma locução verbal com sujeito composto, o verbo que se flexiona é o auxiliar, como em podem causar. III. A locução verbal podem causar pode ser substituída por causarão, sem que haja mudança substancial no sentido da informação.
Está correto o que se afirma apenas em
Adentre, amigo.” (linha 19)
O termo em destaque exerce a função de
O debate entre os participantes do reality show Big Brother Brasil 2022, ocorrido em torno da palavra "enjoado", virou tema de uma das publicações em um perfil de divulgação científica em Linguística, mantido por Vitor Hochsprung em uma rede social.
Sobre a palavra ‘‘enjoado’’ em ‘‘moleque enjoado’’,
é correto afirmar que
Disponível em:<https://veja.abril.com.br/saude/anvisa-autoriza-fabricacao-de-novo-medicamento-a-base-de-cannabis/>. Acesso em: 10. dez. 2022.
O uso da vírgula no trecho “...um novo produto medicinal à base de cannabis, o Canabidiol Ease Labs 100 mg/ml” justifica-se por se tratar de um(a)
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.
Emergência alimentar
Responsável pela alimentação básica, agricultura familiar deve ser valorizada
Por Nathalie Beghin
13 abr. 2022
Na última semana de março, o Datafolha revelou resultados assustadores de uma pesquisa que perguntou à população brasileira se achava que a comida dentro de casa era considerada suficiente para os seus moradores.
Como é possível que, em uma das economias mais ricas do mundo, uma em cada quatro pessoas responda que a alimentação domiciliar está muito aquém do necessário? E mais: entre os mais pobres, 35% avaliaram que não há comida suficiente. A pesquisa também explicitou as enormes desigualdades regionais, pois é no Nordeste que a situação de insegurança alimentar e nutricional é pior. Urge a implementação de medidas emergenciais.
As causas que explicam a deterioração do quadro alimentar e nutricional no Brasil são muitas. Temos um modelo agroalimentar que, infelizmente, pouco valoriza a agricultura familiar, principal responsável por nossa alimentação básica. As energias estão direcionadas para a agropecuária de grande porte, voltada à exportação. Assim, cresce a produção de soja e milho em detrimento da de arroz, feijão e mandioca, entre outras. Os trabalhadores do campo são expulsos de suas propriedades, engrossando as periferias empobrecidas das cidades, com enormes dificuldades para se alimentar.
[...]
Outro fator agravante é o da inflação, e, especificamente, da inflação alimentar, que penaliza os empobrecidos. O efeito da elevação dos preços é mais severo sobre os mais pobres. De acordo com o IBGE, os gastos com alimentação representam cerca de 20% da renda dos brasileiros. Se analisado entre as famílias que vivem com 1 a 5 salários-mínimos, o peso da alimentação chega a um quarto de seus rendimentos. Daí que a combinação da queda da renda com o aumento dos preços dos alimentos resulta em falta de comida dentro de casa.
[...]
Essa situação agrava as desigualdades raciais, pois é a população negra a mais afetada pela fome. Agrava também as desigualdades regionais, pois o Nordeste é o mais penalizado. E piora as desigualdades geracionais: de acordo com o Unicef, 61% das crianças e dos adolescentes vivem na pobreza, sendo, portanto, mais impactados pela carestia alimentar.
A fome tem pressa, não pode esperar. Urge implementar desde já uma ação emergencial de combate à fome. Urge, ainda, retomar a política nacional de segurança alimentar e nutricional para enfrentar as causas estruturais da fome no Brasil.
Disponível em: https://bityli.com/mBxPsWas.
Acesso em: 20 abr. 2022 (adaptado)
“O levantamento do Datafolha revela que, entre os desempregados, 38% disseram que não tiveram comida suficiente.”
No período composto transcrito do texto, os verbos destacados são
A cidade e a segurança pública
O debate sobre criminalidade e segurança pública no Brasil tem sido pautado pela polarização entre defensores de medidas duras contra o crime, que vão desde o endurecimento das penas e dos trâmites processuais até o salvo conduto da excludente de ilicitude para a violência policial, e críticos do sistema de segurança pública e justiça penal, pelos abusos praticados e a ineficácia do encarceramento para a contenção da criminalidade.
Para além desta dicotomia muitas vezes contraproducente para o enfrentamento de um problema que vitimiza grande parte da população brasileira, que tem sua integridade física e/ou patrimonial ameaçada cotidianamente, a questão da prevenção ao delito tem sido pouco discutida e menos ainda priorizada. Há experiências exitosas neste âmbito, e todas elas passam pelo maior protagonismo do poder local/municipal na implementação de iniciativas e programas e na articulação da ação das polícias com outros atores sociais.
No campo dos estudos criminológicos, a relevância do município na gestão da segurança pública é algo já constatado desde os primeiros estudos da Escola de Chicago, nas primeiras décadas do século XX. A identificação das zonas criminógenas e a implementação dos Chicago Area Projects, buscando identificar e atuar sobre os “gateways”* da criminalidade, significaram um avanço importante no debate sobre a prevenção ao delito. Desde então, tanto no contexto norte-americano como em outros países, o envolvimento de gestores municipais na coordenação de programas de prevenção, com participação comunitária, tem sido muitas vezes o caminho mais exitoso para a redução de homicídios, lesões corporais, furtos, roubos e delitos sexuais.
Via de regra, este foi um problema considerado de responsabilidade dos governos estaduais. Contudo, a partir do final dos anos 90 a segurança pública passou a receber um tratamento especial na agenda das discussões dos compromissos da União com os municípios, deixando de se constituir como problema da segurança estritamente dos estados e de suas polícias.
Desde então, muitas experiências importantes de políticas públicas de segurança passaram a ocorrer na esfera municipal. Vários são os municípios que, nestes últimos 20 anos, criaram secretarias municipais de segurança urbana, assumindo responsabilidades na área, produzindo diagnósticos, desenvolvendo planos municipais, formando e reestruturando suas Guardas, implementando projetos sociais com foco na prevenção das violências e da criminalidade. Tais experiências são muito diversas e se orientam por princípios e expectativas também muito variadas, sendo, no geral, pouco estudadas e conhecidas.
No âmbito das políticas municipais de segurança, a pauta deixa de ser exclusivamente a repressão, priorizando a prevenção e a promoção de novas formas de convivência social e cidadã, focadas na garantia, no respeito e na promoção de direitos. A intenção passa a ser a implementação de políticas de segurança cidadã, balizadas por duas perspectivas, distintas e complementares: a repressão qualificada da criminalidade, com a contenção de grupos armados que dominam territórios e controlam mercados ilegais, como facções do tráfico ou milícias urbanas, e a prevenção social das violências, com a identificação de gateways e a incidência preventiva sobre os mesmos.
As políticas municipais de segurança cidadã expressam, pois, a expectativa de que as políticas de segurança devam se adequar às realidades locais e aos anseios das populações, em uma perspectiva de integração interinstitucional, intersetorial e interagencial, através de mecanismos democráticos de controle, monitoramento e avaliação das políticas públicas.
(Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo. Em 07 de agosto de 2021. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/965400/a-cidade-e-aseguranca-publica.)
“gateways”* = “entradas” da criminalidade.
Jacinda Ardern, a mãe trabalhadora, “influencer”’ e primeira-ministra da Nova Zelândia
Ela é a grande favorita para as próximas eleições do país por sua gestão eficaz da pandemia de Covid-19 e por seu carisma nas redes sociais, onde é capaz de rir de si mesma
Quando sua filha Neve fez dois anos, em junho, Jacinda Ardern assou um bolo em forma de piano que foi muito mais difícil de preparar do que ela esperava. A primeira-ministra da Nova Zelândia publicou uma selfie ao lado de sua criação em sua conta no Instagram, com o seguinte comentário: “Tem uma lata de lentilhas escorando esta coisa por trás. Feliz aniversário, Neve! Obrigada por ignorar todas as imperfeições da vida e ser uma alegria”. Desde que assumiu o cargo, em 2017, Ardern tem compartilhado com os neozelandeses os momentos marcantes e as dificuldades de combinar o poder com a maternidade, e já agradeceu várias vezes em público o trabalho feito por seu companheiro, o jornalista Clarke Gayford, que é o principal cuidador de Neve. Em uma entrevista à imprensa local, Gayford confessou que a chegada da Covid-19 foi um desafio para a família, com dias em que Ardern chegava em casa após a meia-noite para depois se levantar às cinco da manhã.
A capacidade de mostrar seu lado mais humano é um dos atributos por trás da alta popularidade da primeira-ministra, com a qual o Partido Trabalhista espera ganhar as eleições de 17 de outubro.Adeputada Priyanca Radhakrishnan explica ao EL PAÍS por que acredita que sua chefa desperta tanta admiração: “Já tivemos três primeiras-ministras na Nova Zelândia, mas Jacinda faz política de forma diferente. Ela não ataca o adversário, ela joga limpo e combina empatia com força. As pessoas se concentram em sua bondade porque é o aspecto novo, mas ela também é uma líder que toma decisões com garra”.
Jacinda Ardern não tem problemas em mostrar suas fraquezas tanto no âmbito pessoal como no político. Quando o coronavírus voltou à Nova Zelândia em meados de agosto, a primeira-ministra confessou ter ficado “abatida”, depois de celebrar mais de 100 dias sem nenhum caso de Covid-19. Ela disse à imprensa que se sentiu melhor depois de falar por telefone com a chanceler (chefa de Governo) alemã, Angela Merkel. Apesar de terem ideologias políticas distintas, as duas líderes têm uma relação calorosa — tanto que, quando um jornalista perguntou “que líder mundial visitaria primeiro”, Ardern respondeu: “Acho que não vou surpreendê-lo, é Merkel”.
O governo neozelandês foi reconhecido internacionalmente por sua estratégia de contenção da pandemia, que causou apenas 25 mortes em um país de quase cinco milhões de habitantes. A deputada Radhakrishnan explica como a primeira-ministra coloca a vida dos neozelandeses acima de qualquer outra consideração. “Não é fácil confinar uma cidade, uma região ou um país porque o impacto econômico é significativo, todos nós sabemos disso, mas, para nós, escolher entre as pessoas e a economia é uma dicotomia falsa, porque se você perde as pessoas, perde a economia”, afirma a deputada.
A região de Auckland, a mais populosa do país, continua em nível de alerta elevado pela Covid-19, com os eventos públicos da campanha eleitoral cancelados até novo aviso. É por isso que as redes sociais se transformaram em campo de batalha para os líderes políticos. Jacinda Ardern aparece quase diariamente em suas contas no Facebook e no Instagram, e combina postagens formais, nas quais promove suas promessas eleitorais, com conexões muito mais informais, a partir de sua casa e vestida com um moletom, com introduções como esta: “Saudações a todos. Estou diante de uma parede vazia porque é o único lugar da minha casa que não está desarrumado”.
A conta de Ardern no Facebook tem 1,7 milhão de seguidores, enquanto a de sua rival, a líder da oposição Judith Collins, tem 58.000. Ardern e seu companheiro não publicam fotos de sua filha, mas compartilham muitos detalhes de sua vida privada, como quando ele teve de pintar o cabelo dela (durante o confinamento), ou seu fracasso quando tentaram desfraldar a menina muito cedo.Alíder trabalhista virou sensação na internet graças à sua naturalidade diante da câmera, sua simpatia e sua capacidade de rir de si mesma, a tal ponto que os veículos de comunicação a chamam de “maior influencer política do país” e “primeira-ministra do Facebook”.
Embora sirva de inspiração para mulheres na Nova Zelândia e no resto do mundo, a primeira-ministra admitiu em uma entrevista que seu desejo é “normalizar” a figura da mãe trabalhadora. Quando uma menina se aproximou dela durante um evento de campanha, agarrando com as duas mãos um conto ilustrado sobre sua vida, Ardern parou por alguns minutos para conversar com ela e escreveu esta dedicatória no livro: “As garotas podem fazer qualquer coisa”.
Disponível em: https://bityli.com/KYmNL.
Acesso em: 21 set. 2020. (Fragmento adaptado).
Releia o trecho a seguir.
“[...] depois de falar por telefone com a chanceler (chefa de Governo) alemã, Angela Merkel.”
O substantivo próprio destacado nesse trecho se refere a um termo
Policial promove roda de leitura com crianças que todos os dias visitam posto da PM em Paulo Afonso (BA)
Todos os dias, um grupo de crianças vai até o posto da PM, em Paulo Afonso (BA), somente para ouvir as histórias contadas pela Cb PM Figueiredo.
A cabo sempre leva livros que ajudam na socialização dos pequenos. Voluntariamente, eles a procuram para o momento da leitura.
“Diariamente, estes pequenos nos fazem companhia no policiamento da Base Móvel no bairro Prainha, em Paulo Afonso. Hoje (15/09), resolvi trazer livros que são de um projeto que trabalhamos há um tempo. Fiz uma roda de leitura com eles e os presenteei com uns mimos. Saíram superfelizes.”
Agente fica muito feliz de ver ações como essa. Parabéns Cb PM Figueiredo e toda a organização da Polícia Militar de Paulo Afonso!
Disponível em: https://cutt.ly/DfFUWkx. Acesso em: 17 set. 2020 (adaptado).
Releia este trecho.
“[...] estes pequenos nos fazem companhia no policiamento da Base Móvel no bairro Prainha [...]”
A parte destacada nessa oração se refere ao
Exemplo de cuidado e amor ao próximo
Internet: <www.uniprimedobrasil.com.br> (com adaptações).
Com relação ao texto e a seus aspectos linguísticos, julgue o item.
Os adjetivos “Nutrida” (linha 1) e “Fantasiados” (linha 14) exercem função sintática de predicativo, respectivamente, para o termo “a assistente de negócios da agência Campinas” (linhas 1 e 2) e para o sujeito oculto “nós” (linha 14).
I. Há muito mais há dizer, mas o registro histórico demonstra com clareza o pouco mérito da doutrina padrão. II. Como todos sabemos muito bem, agora estamos diante das decisões mais agourentas da história humana.
A classificação correta das orações em negrito está indicada em:
I. Comprei o primeiro livro de Paulo Coelho, que fascinou o público e a crítica literária. II. A Lei 8.078/90, que dispõe sobre a proteção do consumidor, foi sancionada por clamor da sociedade. III. Gosto de Maria Betânia, cuja música suave me faz relaxar. IV. Queria voltar a Ouro Preto, onde nasceu.
Está INCORRETO o que se afirma em:
Considere o período a seguir.
O Ronaldo que o Corinthians contratou não é o Ronaldo que foi goleador da Copa de 2002.
Sobre esse enunciado, afirma-se:
I. As orações em itálico são orações adjetivas, pois exercem a função sintática de nomes.
II. As orações em itálico são de natureza restritiva, pois elas pressupõem a referência a dois Ronaldos.
III. As estruturas linguísticas produzem efeitos de sentido nem sempre previstos pelas normas gramaticais.
Está CORRETO o que se afirma em:
Considere o diagrama abaixo.
No período do diagrama, identifica-se uma oração
I. subordinada, pois depende sintaticamente do período complexo do qual é constituinte.
II. subordinada adverbial, pois funciona como adjunto adverbial do período complexo.
III. subordinada subjetiva, que funciona como sujeito da outra oração.
Está CORRETO o que se afirma em:
Texto para o item.
J. R. Thomas e J. K. Nelson. Métodos de pesquisa em atividade
física. 3.a ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.
Considerando o texto e seus aspectos gramaticais, julgue o item.
No trecho “Essa reclamação é válida, mas poderíamos
argumentar que, se os programas de preparação
profissional tivessem orientação mais científica, o
problema seria diminuído” (linhas de 44 a 47), há uma
oração coordenada sindética adversativa.