Questões de Português - Coesão e coerência para Concurso
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Depois que as legiões romanas conquistavam um território, ele recebia o nome de “província”. Para essa província eram enviados muitos cidadãos romanos: pequenos funcionários públicos, soldados, agricultores, comerciantes, artesãos... enfim, gente do povo que ia colonizar as novas terras conquistadas para o Império. Ora, essa gente do povo não falava o latim clássico, o latim dos grandes oradores, dos poetas e dos filósofos. Falava, sim, um latim simplificado, com regras mais flexíveis, mais práticas que as do latim clássico. Esse latim do povo recebeu o nome de “latim vulgar”. Foi esse latim vulgar que os habitantes originais das províncias conquistadas aprenderam, pois seu contato era muito maior com os romanos simples do que com as camadas sociais mais altas do Império. E foi desse latim vulgar que surgiram, com o passar do tempo, todas as línguas “românicas”, entre as quais o português.
(Adaptado de: BAGNO, Marcos. A língua de Eulália: novela sociolinguística. 12a ed. São Paulo, Contexto, 2003, p. 41)
Uma águia perseguia uma lebre que estava longe de qualquer proteção. Mas, assim que a lebre avistou um escaravelho, o único protetor que a ocasião lhe oferecia, foi até ele e suplicou ajuda. O escaravelho a amparou e, quando viu a águia se aproximando, pôs-se a pedir-lhe que não levasse embora sua protegida. A águia, porém, esnobou a pequenez do escaravelho e devorou a lebre diante dele. Ressentido, o escaravelho passou a espreitar os ninhos da águia e, cada vez que ela punha ovos, subia lá no alto e os fazia rolar e quebrar, até que a águia, encurralada, buscou refúgio junto de Zeus, que a tem como sua ave sagrada, e pediu-lhe que arrumasse um lugar seguro para a ninhada. Zeus lhe deu permissão para botar os ovos no colo dele. Ao ver isso, o escaravelho fez uma pelota de esterco, voou até alcançar o colo de Zeus e soltou-a lá. Foi aí que Zeus se levantou para sacudir o esterco e, sem se dar conta, deixou cair os ovos. Desde então, dizem que, na época em que os escaravelhos aparecem, as águias não fazem o ninho.
(ESOPO. Fábulas completas. Tradução de Maria Celeste Dezotti. São Paulo: Cosac Naify, 2013, p. 42)
Uma águia perseguia uma lebre que estava longe de qualquer proteção. Mas, assim que a lebre avistou um escaravelho, o único protetor que a ocasião lhe oferecia, foi até ele e suplicou ajuda. O escaravelho a amparou e, quando viu a águia se aproximando, pôs-se a pedir-lhe que não levasse embora sua protegida. A águia, porém, esnobou a pequenez do escaravelho e devorou a lebre diante dele. Ressentido, o escaravelho passou a espreitar os ninhos da águia e, cada vez que ela punha ovos, subia lá no alto e os fazia rolar e quebrar, até que a águia, encurralada, buscou refúgio junto de Zeus, que a tem como sua ave sagrada, e pediu-lhe que arrumasse um lugar seguro para a ninhada. Zeus lhe deu permissão para botar os ovos no colo dele. Ao ver isso, o escaravelho fez uma pelota de esterco, voou até alcançar o colo de Zeus e soltou-a lá. Foi aí que Zeus se levantou para sacudir o esterco e, sem se dar conta, deixou cair os ovos. Desde então, dizem que, na época em que os escaravelhos aparecem, as águias não fazem o ninho.
(ESOPO. Fábulas completas. Tradução de Maria Celeste Dezotti. São Paulo: Cosac Naify, 2013, p. 42)
Ao ver isso, o escaravelho fez uma pelota de esterco, voou até alcançar o colo de Zeus e soltou-a lá.
O trecho em negrito pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido, por
1. A cidade de São Paulo ocupa, desde 1960, o posto de capital mais rica do país. Porém, até a metade do século XIX nada indicava que o município ostentaria tal título.
2. Os paulistas chegaram ao século XIX sem ter encontrado uma cultura agrícola que compensasse os custos do transporte até Santos e fomentasse o desenvolvimento econômico da região.
3. Em 1852, foi decretada uma lei que concedia benefícios a quem investisse nas estradas. Finalmente, São Paulo havia encontrado estímulo para financiar um sistema que levasse de forma mais ágil e barata a produção do interior até o porto de Santos. O café ganhou, enfim, um meio de transporte à altura da riqueza que era capaz de gerar.
4. A Estrada de Ferro Santos-Jundiaí foi inaugurada em 1867. Com o primeiro trecho em funcionamento, um grupo de fazendeiros criou a Companhia Paulista para avançar pelo interior. Em 1872, foi inaugurada a estrada que ligava Jundiaí a Campinas. O café da região, que levava de 3 a 4 semanas em lombo de burro para ser conduzido ao porto, agora chegava ao destino em poucos dias.
5. O transporte do café mais rápido e barato incentivou a produção. E São Paulo, que havia permanecido isolada durante séculos, passou a se conectar com as principais cidades da província. Todos os trens agora convergiam para a cidade e, a partir da capital, desciam a serra.
6. A posição estratégica de porta de entrada do Planalto e comunicação direta com o litoral fez de São Paulo rota obrigatória da produção e ponto de concentração da riqueza do café. Os escritórios dos principais bancos, empresas de seguros, serviços de exportação e toda a burocracia se instalaram na capital. Tornara-se então um lugar atrativo para receber o que ainda lhe faltava: gente.
(Adaptado de: DALL’OLIO, Carolina. Disponível em: exame.abril.com.br)
1. "Pentimento" é a palavra italiana para arrependimento, mas designa (em muitas línguas) uma pintura ou esboço encoberto pela versão final de um quadro. Às vezes, com o tempo ou no processo de restauração, a tinta deixa transparecer a composição em cima da qual o artista pintou uma nova versão. Esses esboços ou pinturas, que foram rejeitados e encobertos pelo artista, são os pentimentos, que foram descartados sem ser propriamente apagados.
2. O pentimento faz parte do quadro, assim como fazem parte da nossa vida muitos projetos dos quais desistimos. São restos do passado que transparecem no presente, como potencialidades que não foram realizadas, mas que, mesmo assim, integram a nossa história.
3. Nossas vidas são abarrotadas de caminhos que deixamos de pegar; são todos pentimentos, mais ou menos encobertos: projetos que não se realizaram. Por que não se realizaram? Em geral, pensamos que nos faltou a coragem. Não soubemos renunciar às coisas das quais era necessário abdicar para que outras escolhas tivessem uma chance.
4. O problema dos pentimentos é que eles esvaziam a vida que temos. O passado que não se realizou funciona como a miragem da felicidade que teria sido possível se tivéssemos feito a escolha "certa". Quando examino as fotos de minhas turmas do colégio, sempre fico com a impressão de que deixei amizades e amores inacabados, mas que teriam revolucionado meu futuro.
5. Nem sempre os pentimentos são bons conselheiros - até porque, às vezes, eles são falsos. Hoje, é fácil esbarrar em espectros do passado: as redes sociais proporcionam reencontros improváveis e, com isso, criam pentimentos artificiais. Graças às redes, um relacionamento apagado da memória pode reaparecer como se representasse um grande potencial ao qual renunciamos. Somos perigosamente nostálgicos de escolhas passadas alternativas que teriam nos levado a um presente diferente – e melhor. Se essas escolhas não existiram, somos capazes de inventá-las e de vivê-las como pentimentos. Os pentimentos não são necessariamente recíprocos, e os falsos pentimentos, revisitados, são receitas para o desastre.
(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Disponível em: www1.folha.uol.com.br)
... como se representasse um grande potencial ao qual renunciamos. (5° parágrafo)
Mantendo-se a correção e o sentido original, o segmento sublinhado acima pode ser corretamente substituído por:
1. "Pentimento" é a palavra italiana para arrependimento, mas designa (em muitas línguas) uma pintura ou esboço encoberto pela versão final de um quadro. Às vezes, com o tempo ou no processo de restauração, a tinta deixa transparecer a composição em cima da qual o artista pintou uma nova versão. Esses esboços ou pinturas, que foram rejeitados e encobertos pelo artista, são os pentimentos, que foram descartados sem ser propriamente apagados.
2. O pentimento faz parte do quadro, assim como fazem parte da nossa vida muitos projetos dos quais desistimos. São restos do passado que transparecem no presente, como potencialidades que não foram realizadas, mas que, mesmo assim, integram a nossa história.
3. Nossas vidas são abarrotadas de caminhos que deixamos de pegar; são todos pentimentos, mais ou menos encobertos: projetos que não se realizaram. Por que não se realizaram? Em geral, pensamos que nos faltou a coragem. Não soubemos renunciar às coisas das quais era necessário abdicar para que outras escolhas tivessem uma chance.
4. O problema dos pentimentos é que eles esvaziam a vida que temos. O passado que não se realizou funciona como a miragem da felicidade que teria sido possível se tivéssemos feito a escolha "certa". Quando examino as fotos de minhas turmas do colégio, sempre fico com a impressão de que deixei amizades e amores inacabados, mas que teriam revolucionado meu futuro.
5. Nem sempre os pentimentos são bons conselheiros - até porque, às vezes, eles são falsos. Hoje, é fácil esbarrar em espectros do passado: as redes sociais proporcionam reencontros improváveis e, com isso, criam pentimentos artificiais. Graças às redes, um relacionamento apagado da memória pode reaparecer como se representasse um grande potencial ao qual renunciamos. Somos perigosamente nostálgicos de escolhas passadas alternativas que teriam nos levado a um presente diferente – e melhor. Se essas escolhas não existiram, somos capazes de inventá-las e de vivê-las como pentimentos. Os pentimentos não são necessariamente recíprocos, e os falsos pentimentos, revisitados, são receitas para o desastre.
(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Disponível em: www1.folha.uol.com.br)
Quando examino as fotos de minhas turmas do colégio, sempre fico com a impressão de que deixei amizades e amores inacabados... (4° parágrafo)
Eliminando-se o uso da primeira pessoa, uma redação alternativa para a frase acima, em que se mantêm a correção e as relações de sentido, está em:
Preparativos de Viagem
Vários dos seus amigos mortos dão hoje nome a
ruas e praças.
Ele próprio se sente um pouco póstumo quando
conversa com gente jovem.
Dos passeios, raros, a melhor parte é a volta para
casa.
As pessoas lhe parecem barulhentas e vulgares.
Ele sabe de antemão tudo quanto possam dizer.
Nos sonhos, os dias da infância são cada vez
mais nítidos e fatos aparentemente banais do
seu passado assumem uma significância que intriga.
O vivido e o sonhado se misturam agora sem lhe causar espécie.
É como se anunciassem um estado de coisas
cuja possível iminência não traz susto.
Só curiosidade. E um estranho sentimento de justeza.
(Adaptado de: PAES, José Paulo. Melhores poemas. São Paulo, Global Editora, 7ª edição, 2012, edição digital)
Ele próprio se sente um pouco póstumo quando // conversa com gente jovem.
Uma redação alternativa, em prosa, para os versos acima, que apresenta pontuação correta, está em:
1. A World Wide Web, ou www, completou três décadas de existência. Sua invenção mudou a cara da internet. A ideia foi do físico britânico Tim Berners-Lee, quando tinha 33 anos. Naquela época, a internet já operava havia duas décadas, mas de forma bem diferente. Com recursos restritos, era usada principalmente para troca de informações entre pesquisadores da área acadêmica.
2. “A www transformou-se em um componente fundamental da internet moderna”, afirma Fabio Kon, professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo. “A rede trouxe muitas coisas boas e já não conseguimos mais viver sem as comodidades que ela proporciona. Mas, por outro lado, ela amplifica alguns fenômenos negativos e indesejados que já existiam na sociedade.”
3. Nas comemorações dos 30 anos da web, Berners-Lee expressou preocupação com o rumo que vem tomando a internet. Em carta aberta, listou três áreas que, para ele, prejudicam a web: intenções maliciosas; projetos duvidosos, entre eles modelos de negócios que recompensam cliques; e consequências negativas não intencionais da rede, com destaque para discussões agressivas e polarizadas.
4. “Precisamos de um novo contrato para a web”, declarou Berners-Lee em uma conferência sobre tecnologia da internet. “Algumas questões de regulamentação têm que envolver governos. Outras claramente incluem as empresas. Se você for provedor de acesso, precisa se comprometer a entregar neutralidade de rede. Se for uma companhia de rede social, precisa garantir que as pessoas tenham controle sobre seus dados.”
5. “Desde sua origem, a internet se propôs a ser plural e de acesso amplo”, ressalta a advogada Cíntia Rosa Pereira de Lima, líder do grupo de pesquisa Observatório do Marco Civil da Internet no Brasil.
6. A pesquisadora assinala também alguns problemas decorrentes das mudanças geradas pela internet. “Percebo que, com a proliferação das redes sociais, as pessoas passaram a se preocupar mais com a quantidade de relacionamentos, desconsiderando a qualidade deles”.
7. Um dos pioneiros da internet no país, o engenheiro Demi Getschko admite que a rede enfrenta problemas, mas defende que o que vemos nela, conforme já expresso pelo matemático Vint Cerf, um de seus fundadores, é a representação daquilo que existe no mundo real. “A maioria das pessoas envolvidas com ela é bem-intencionada, mas existe uma ânsia de participar, de falar sem pensar, que com o tempo, esperamos, vai assentar. Tenho dúvidas sobre a eficiência de normatizações para corrigir os excessos na rede. Como ela não tem fronteiras, qualquer legislação local tende a falhar.”
(Adaptado de: VASCONCELOS, Yuri. Disponível em: revistapesquisa.fapesp.br)
1. A World Wide Web, ou www, completou três décadas de existência. Sua invenção mudou a cara da internet. A ideia foi do físico britânico Tim Berners-Lee, quando tinha 33 anos. Naquela época, a internet já operava havia duas décadas, mas de forma bem diferente. Com recursos restritos, era usada principalmente para troca de informações entre pesquisadores da área acadêmica.
2. “A www transformou-se em um componente fundamental da internet moderna”, afirma Fabio Kon, professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo. “A rede trouxe muitas coisas boas e já não conseguimos mais viver sem as comodidades que ela proporciona. Mas, por outro lado, ela amplifica alguns fenômenos negativos e indesejados que já existiam na sociedade.”
3. Nas comemorações dos 30 anos da web, Berners-Lee expressou preocupação com o rumo que vem tomando a internet. Em carta aberta, listou três áreas que, para ele, prejudicam a web: intenções maliciosas; projetos duvidosos, entre eles modelos de negócios que recompensam cliques; e consequências negativas não intencionais da rede, com destaque para discussões agressivas e polarizadas.
4. “Precisamos de um novo contrato para a web”, declarou Berners-Lee em uma conferência sobre tecnologia da internet. “Algumas questões de regulamentação têm que envolver governos. Outras claramente incluem as empresas. Se você for provedor de acesso, precisa se comprometer a entregar neutralidade de rede. Se for uma companhia de rede social, precisa garantir que as pessoas tenham controle sobre seus dados.”
5. “Desde sua origem, a internet se propôs a ser plural e de acesso amplo”, ressalta a advogada Cíntia Rosa Pereira de Lima, líder do grupo de pesquisa Observatório do Marco Civil da Internet no Brasil.
6. A pesquisadora assinala também alguns problemas decorrentes das mudanças geradas pela internet. “Percebo que, com a proliferação das redes sociais, as pessoas passaram a se preocupar mais com a quantidade de relacionamentos, desconsiderando a qualidade deles”.
7. Um dos pioneiros da internet no país, o engenheiro Demi Getschko admite que a rede enfrenta problemas, mas defende que o que vemos nela, conforme já expresso pelo matemático Vint Cerf, um de seus fundadores, é a representação daquilo que existe no mundo real. “A maioria das pessoas envolvidas com ela é bem-intencionada, mas existe uma ânsia de participar, de falar sem pensar, que com o tempo, esperamos, vai assentar. Tenho dúvidas sobre a eficiência de normatizações para corrigir os excessos na rede. Como ela não tem fronteiras, qualquer legislação local tende a falhar.”
(Adaptado de: VASCONCELOS, Yuri. Disponível em: revistapesquisa.fapesp.br)
... mas defende que o que vemos nela [...] é a representação daquilo que existe no mundo real. (7° parágrafo)
Sem prejuízo para as relações de sentido, uma redação correta para o segmento acima, transformando-o em um período independente, está em:
Aplicativo detecta problemas de visão em
crianças a partir de fotos
Por Guilherme Eler
Publicado em 03 out. 2019
Graças aos smartphones, qualquer pessoa hoje carrega uma máquina fotográfica potente no bolso. [...] Pais orgulhosos vão postar até 1.300 fotos de seus pequenos nas redes sociais até que eles completem 13 anos, segundo um estudo britânico. Mas, para além de registrar os primeiros passos dos filhotes, imagens amadoras também podem revelar aspectos importantes da saúde das crianças.
É nisso que aposta o aplicativo CRADLE (berço, em inglês, mas também a sigla para “detector de leucocoria assistido por computador”), ou White Eye Detector, desenvolvido por pesquisadores americanos. Chama-se de “leucocoria” um tipo de reflexo anormal na pupila, comumente detectado em crianças. O que os criadores da ideia acreditam é que fotos de celular podem ser uma forma simples de se captar sinais do tipo – e diagnosticar problemas de visão logo no começo da vida. [...] Um artigo científico inédito que avaliou o seu funcionamento e eficácia foi publicado na revista Science Advances na última quarta-feira (2).
Assim como fotos com flash às vezes deixam quem posa de olhos vermelhos, doenças na vista (como retinoblastoma ou catarata, por exemplo) fazem os bebês saírem na foto com a pupila esbranquiçada. […] Sabendo que olhos esbranquiçados indicam problemas na visão, o algoritmo busca, então, detectar pixels de cor branca nas imagens. Quando os tais pixels aparecem na região da foto onde estão os olhos dos pequenos, a inteligência artificial acusa a chance de doenças na vista.
Mas como a ferramenta consegue entender isso? A resposta está na tecnologia de aprendizado da máquina. Ela consiste em apresentar milhares de fotos de bebês saudáveis e doentes para treinar o algoritmo – até que ele aprenda a identificar, por tentativa e erro, se há problema ou não na imagem. […] A inteligência artificial conseguiu diagnosticar problemas nos olhos de 16, uma eficácia de 80%.
[…] Ainda que o aplicativo ofereça uma análise refinada, os pesquisadores destacam que o seu trabalho não substitui um diagnóstico médico de verdade. A ferramenta serviria mais como um ponto de partida: um teste preliminar que indica que algo não está como deveria, e precisa ser alvo de uma avaliação profissional.
No Brasil, o exame mais famoso do gênero é o “teste do olhinho” – realizado ainda na maternidade e obrigatório na rede pública de saúde. Ainda que pareça simples, apontar uma lanterninha para o rosto dos bebês pode revelar um amplo espectro de problemas oftalmológicos, da catarata ao câncer.
Disponível em: <https://super.abril.com.br/saude/aplicativo-detectaproblemas-de-visao-em-criancas-usando-fotos/>. Acesso em: 05 out.2019.
Leia o texto para responder à questão.
A casa do tio Dagoberto
Quando tia Eva saiu com as crianças, vovó, a sós conosco, afinal, falou. Disse que no mesmo dia ia voltar para Ibaté, porque tio Dagoberto não era um bom filho, não puxara aos pais.
– Você é uma ovelha negra – ela acusou titio.
– Que é que eu fiz, mamãe? – meu tio perguntou, estupefato. – Trabalho em dois hospitais, tenho meu consultório...
– Mentiras! – declarou vovó.
E disse mais: que ele devia ser um criminoso ou coisa pior. E eu, pobre de mim, logo estaria no mesmo caminho, desrespeitando a própria avó.
– E não adianta mentir para mim! – afirmou, concluindo a censura: – Sou sua mãe e sei a espécie de bandido que você se tornou!
– Mas que é que eu fiz, mamãe? – gemeu agoniado tio Dagoberto.
– O que é que você fez, isso eu não sei! – declarou, toda pomposa, vovó. – Mas, se não tivesse feito nada de errado, não estaria escondido aqui em São Paulo, onde ninguém te conhece!
Tio Dagoberto abriu a boca e continuou com a boca aberta.
Que é que ele podia dizer?
No meio do silêncio, vovó virou as costas, saiu da sala e ficou trancada no quarto, até o dia seguinte, quando voltou para Ibaté.
E, durante longos seis meses, não dirigiu mais a palavra a mim nem a tio Dagoberto.
(Orlando de Miranda, “A casa do tio Dagoberto” (fragmento).
Em: Sete faces do humor, 1992. Adaptado)
Considere as passagens do texto:
• – Você é uma ovelha negra – ela acusou titio. (2º parágrafo)
• E eu, pobre de mim, logo estaria no mesmo caminho, desrespeitando a própria avó. (5º parágrafo)
• Que é que ele podia dizer? (10 º parágrafo)
• E, durante longos seis meses, não dirigiu mais a palavra a mim nem a tio Dagoberto. (12º parágrafo)
De acordo com a norma-padrão, no contexto em que estão empregadas, as orações em destaque podem ser substituídas, respectivamente, por:
"para o profissional ascender na carreira e conseguir se manter ativo no mercado de trabalho" (linhas de 4 a 6): para a ascensão do profissional na carreira e para a manutenção de sua competitividade no mercado de trabalho
Julgue o item no que se refere às estruturas linguísticas do texto.
Sem prejuízo para a correção gramatical, a expressão “os quais” (linha 32) poderia ser substituída por que.
Julgue o item no que se refere às estruturas linguísticas do texto.
A expressão “dessa ciência” (linha 2) e o vocábulo “ela” (linha 2) retomam o termo “fonoaudiologia” (linha 1).
Julgue o item no que se refere às estruturas linguísticas do texto.
Manteria a correção gramatical e os sentidos do texto o deslocamento, para o início do parágrafo, de “remonta ao início do
século XX” (linha 1), com as devidas adaptações de letras iniciais minúscula e maiúscula.
Leia o texto para responder à questão.
Torneira seca
Um de cada três domicílios do país não tem acesso à rede de esgoto, informou o IBGE. Um de cada dez não tem fornecimento de água garantido todo dia, mesmo quando as torneiras estão conectadas ao sistema de abastecimento.
Os novos dados do instituto revelam que a situação piorou em dez estados nos últimos anos. Eles mostram que os investimentos têm sido insuficientes não só para ampliar o acesso dos brasileiros ao saneamento básico, mas também para manter em bom estado a rede implantada.
É evidente que o poder público perdeu a capacidade de lidar com o problema sozinho há muito tempo – e que não haverá solução sem mecanismos inteligentes para atrair a participação da iniciativa privada, atualmente responsável por fatia pequena dos serviços.
No ano passado, ao editar medida provisória (MP) com novas regras para o setor, o governo abriu caminho para que se fizesse isso.
A MP logo perderá a validade se não for aprovada pelos parlamentares. Mas, no exíguo tempo que resta, poucos se empenham na articulação dos interesses em jogo, e o governo já indicou estar prestes a jogar a toalha.
Na Câmara dos Deputados, sugeriu-se como alternativa a apresentação de um projeto de lei nos moldes da proposta enviada originalmente ao Congresso. Mas os sinais de que os participantes da discussão perderam o sentido de urgência são preocupantes.
A medida provisória busca desfazer alguns dos principais nós do setor ao concentrar na Agência Nacional de Águas a definição de normas e diretrizes, evitando a desorganização causada hoje pela atuação de prefeituras e agências locais.
Além disso, o novo modelo obrigaria os municípios a abrir licitação sempre que vencerem seus contratos com as empresas estaduais que hoje atendem à maior parte da população, assim estimulando a entrada do capital privado.
Governadores que se opõem à iniciativa dizem temer que os investidores só se interessem em prestar serviços em regiões ricas, deixando o resto para as concessionárias públicas.
Com a iminente expiração da MP, caberá ao governo e ao Congresso encontrar a melhor forma de promover as mudanças necessárias para destravar o saneamento, com a presteza que as intoleráveis carências do país requerem.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 28.02.2019. Adaptado)
• Eles mostram que os investimentos têm sido insuficientes… (2º parágrafo) • … o governo abriu caminho para que se fizesse isso. (4 º parágrafo)
Os pronomes destacados referem-se, respectivamente, às seguintes informações do texto:
Prazeres da “melhor idade”
A voz no aeroporto de Congonhas anunciou: “Clientes com necessidades especiais, crianças de colo, melhor idade, gestantes e portadores do cartão tal terão preferência etc.”. Num rápido exercício intelectual, concluí que, não tendo necessidades especiais, nem sendo criança de colo, gestante ou portador do dito cartão, só me restava a “melhor idade” – algo entre os 60 anos e a morte.
Para os que ainda não chegaram a ela, “melhor idade” é quando você pensa duas vezes antes de se abaixar para pegar o lápis que deixou cair e, se ninguém estiver olhando, chuta-o para debaixo da mesa. Ou, tendo atravessado a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho porque o sinal abriu e agora terá de correr para salvar a vida. Ou quando o singelo ato de dar o laço no pé esquerdo do sapato equivale, segundo o João Ubaldo Ribeiro*, a uma modalidade olímpica.
Privilégios da “melhor idade” são o ressecamento da pele, a osteoporose, as placas de gordura no coração, a pressão lembrando placar de basquete americano, a falência dos neurônios, as baixas de visão e audição, a falta de ar, a queda de cabelo, a tendência à obesidade e as disfunções sexuais. Ou seja, nós, da “melhor idade”, estamos com tudo, e os demais podem ir lamber sabão.
Outra característica da “melhor idade” é a disponibilidade de seus membros para tomar as montanhas de estimulantes e antidepressivos que seus médicos lhes receitam e depois não conseguem retirar. Outro dia, bem cedo, um jovem casal cruzou comigo no Leblon. Talvez vendo em mim um pterodáctilo da clássica boemia carioca, o rapaz perguntou: “Voltando da farra, Ruy?”. Respondi, eufórico: “Que nada! Estou voltando da farmácia!”. E esta, de fato, é uma grande vantagem da “melhor idade”: você extrai prazer de qualquer lugar a que ainda consiga ir.
(Ruy Castro. Folha de S.Paulo, 29.01.2012. Adaptado)
*João Ubaldo Ribeiro: escritor baiano, autor, entre várias obras, de Viva o povo brasileiro.
No que concerne às estruturas linguísticas e gramaticais do texto, julgue o item.
Na linha 11, o elemento “Isso” retoma toda a sentença que o antecede, motivo pelo qual pode ser substituído
por O que.
No que concerne às estruturas linguísticas e gramaticais do texto, julgue o item.
No texto, a expressão “Por sua vez” (linha 8) relaciona‐se com o período iniciado na linha 5, qual seja, “Alimentos de origem animal são boas fontes de proteínas”, e pode ser substituída por Por seu turno, sem prejuízo gramatical.
Texto para o item.
Internet: <emfocomidia.com.br> (com adaptações).
Julgue o item no que se refere à correção gramatical e à coerência da proposta de reescrita para o trecho destacado do texto.
“As novas técnicas de tratamento dentário incluem, por exemplo, a sedação consciente com uso de óxido nitroso
e oxigênio, que pode ser uma opção quando as técnicas de controle comportamental não são eficazes.” (linhas 12 e 13): Entre as novas técnicas de tratamento
dentário, inclui‐se, por exemplo, a sedação consciente
com uso de óxido nitroso e oxigênio, uma opção possível quando as técnicas de controle
comportamental são ineficazes.