Leia o texto, para responder a questão.
Direto da Zona Fantasma
Leio que a TV a cabo será o novo telefone fixo. Má notícia
para os que, como eu, ainda veem nela uma alternativa aos
programas de auditório que infestam a TV aberta. O telefone
fixo, por sua vez, já é um fóssil paleozoico contemporâneo.
Nada como o avanço da tecnologia para redefinir as
relações sociais. Há décadas na praça, acumulei uma razoável quantidade de amigos com quem continuei mais ou
menos em contato pelos canais convencionais – telefone,
e-mail, telegrama, uma ou outra carta e, em caso de viagem,
o querido cartão postal. Mas todos esses amigos devem ter
se mudado para a Zona Fantasma, porque telegramas, cartas e cartões postais são coisas que não recebo há 20 anos.
E só agora me dou conta de que também não os envio, donde, para eles, já devo ter sido despachado, idem, para a Zona
Fantasma.
Estamos aprendendo a dispensar coisas que até há pouco eram corriqueiras no cotidiano. Faz tempo que, por falta
de ofertas, não compro um CD ou DVD. Por sorte, ainda tenho milhares, mas não sei até quando existirá equipamento
para tocá-los.
Há pouco, na rua, perguntei as horas a uma jovem com
um relógio de pulso. Em vez de consultá-lo, ela tirou do bolso
um celular e olhou para a tela. Eram 9h30. Seu relógio deve
estar na categoria de seus brincos e pulseiras.
(Ruy Castro. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2022/01/
direto-da-zona-fantasma.shtml/. 30.01.2022. Adaptado)