Questões de Português - Conjunções: Relação de causa e consequência para Concurso

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Q2231166 Português
Leia o Texto a seguir para responder a questão.

Baleia

        A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida.

        Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel.

        Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com o saca-trapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito.

        Sinhá Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta:

        — Vão bulir com a Baleia?

        Tinham visto o chumbeiro e o polvarinho, os modos de Fabiano afligiam-nos, davam-lhes a suspeita de que Baleia corria perigo.

        Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferençavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras.

        Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas sinhá Vitória levou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou-se por tapar-lhes os ouvidos: prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do segundo. Como os pequenos resistissem, aperreou-se e tratou de subjugá-los, resmungando com energia.

        Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia.

        Escutou, ouviu o rumor do chumbo que se derramava no cano da arma, as pancadas surdas da vareta na bucha. Suspirou. Coitadinha da Baleia.

        Os meninos começaram a gritar e a espernear. E como sinhá Vitória tinha relaxado os músculos, deixou escapar o mais taludo e soltou uma praga:

        — Capeta excomungado.

        Na luta que travou para segurar de novo o filho rebelde, zangou-se de verdade. Safadinho. Atirou um cocorote ao crânio enrolado na coberta vermelha e na saia de ramagens.

        Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinhá Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. Bicho nojento, babão. Inconveniência deixar cachorro doido solto em casa. Mas compreendia que estava sendo severa demais, achava difícil Baleia endoidecer e lamentava que o marido não houvesse esperado mais um dia para ver se realmente a execução era indispensável.

        Nesse momento Fabiano andava no copiar, batendo castanholas com os dedos. Sinhá Vitória encolheu o pescoço e tentou encostar os ombros às orelhas. Como isto era impossível, levantou os braços e, sem largar o filho, conseguiu ocultar um pedaço da cabeça. 

        Fabiano percorreu o alpendre, olhando a baraúna e as porteiras, açulando um cão invisível contra animais invisíveis:

        — Ecô! ecô!

        Em seguida entrou na sala, atravessou o corredor e chegou à janela baixa da cozinha. Examinou o terreiro, viu Baleia coçando-se a esfregar as peladuras no pé de turco, levou a espingarda ao rosto. A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando, até ficar no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto. Como o animal estivesse de frente e não apresentasse bom alvo, adiantou-se mais alguns passos. Ao chegar às catingueiras, modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos traseiros e inutilizou uma perna de Baleia, que se pôs latir desesperadamente.

        Ouvindo o tiro e os latidos, sinhá Vitória pegou-se à Virgem Maria e os meninos rolaram na cama chorando alto. Fabiano recolheu-se.

        E Baleia fugiu precipitada, rodeou o barreiro, entrou no quintalzinho da esquerda, passou rente aos craveiros e às panelas de losna, meteu-se por um buraco da cerca e ganhou o pátio, correndo em três pés. Dirigiu-se ao copiar, mas temeu encontrar Fabiano e afastou-se para o chiqueiro das cabras. Demorou-se aí um instante, meio desorientada, saiu depois sem destino, aos pulos.

        Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou como gente em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo. Quis recuar e esconder-se debaixo do carro, mas teve medo da roda.

        Encaminhou-se aos juazeiros. Sob a raiz de um deles havia uma barroca macia e funda. Gostava de espojar-se ali: cobria-se de poeira, evitava as moscas e os mosquitos, e quando se levantava, tinha as folhas e gravetos colados às feridas, era um bicho diferente dos outros. Caiu antes de alcançar essa cova arredada. Tentou erguer-se, endireitou a cabeça e estirou as pernas dianteiras, mas o resto do corpo ficou deitado de banda. Nesta posição torcida, mexeu-se a custo, ralando as patas, cravando as unhas no chão, agarrando-se nos seixos miúdos. Afinal esmoreceu e aquietou-se junto às pedras onde os meninos jogavam cobras mortas. Uma sede horrível queimava-lhe a garganta. Procurou ver as pernas e não as distinguiu: um nevoeiro impedialhe a visão. Pôs-se a latir e desejou morder Fabiano. Realmente não latia: uivava baixinho, e os uivos iam diminuindo, tornavam-se quase imperceptíveis.

        Como o sol a encandeasse, conseguiu adiantar-se umas polegadas e escondeu-se numa nesga de sombra que ladeava a pedra. Olhou-se de novo, aflita. Que lhe estaria acontecendo? O nevoeiro engrossava e aproximava-se. Sentiu o cheiro bom dos preás que desciam do morro, mas o cheiro vinha fraco e havia nele partículas de outros viventes. Parecia que o morro se tinha distanciado muito. Arregaçou o focinho, aspirou o ar lentamente, com vontade de subir a ladeira e perseguir os preás, que pulavam e corriam em liberdade.

        Começou a arquejar penosamente, fingindo ladrar. Passou a língua pelos beiços torrados e não experimentou nenhum prazer. O olfato cada vez mais se embotava: certamente os preás tinham fugido.

        Esqueceu-os e de novo lhe veio o desejo de morder Fabiano, que lhe apareceu diante dos olhos meio vidrados, com um objeto esquisito na mão. Não conhecia o objeto, mas pôs-se a tremer, convencida de que ele encerrava surpresas desagradáveis. Fez um esforço para desviar-se daquilo e encolher o rabo. Cerrou as pálpebras pesadas e julgou que o rabo estava encolhido. Não poderia morder Fabiano: tinha nascido perto dele, numa camarinha, sob a cama de varas, e consumira a existência em submissão, ladrando para juntar o gado quando o vaqueiro batia palmas.

        O objeto desconhecido continuava a ameaçá-la. Conteve a respiração, cobriu os dentes, espiou o inimigo por baixo das pestanas caídas. Ficou assim algum tempo, depois sossegou. Fabiano e a coisa perigosa tinham-se sumido.

        Abriu os olhos a custo. Agora havia uma grande escuridão, com certeza o sol desaparecera. Os chocalhos das cabras tilintaram para os lados do rio, o fartum do chiqueiro espalhou-se pela vizinhança.

        Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação dela era levantar-se, conduzi-los ao bebedouro. Franziu as ventas, procurando distinguir os meninos. Estranhou a ausência deles.

        Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava nem percebia que estava livre de responsabilidades.

        Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinhá Vitória guardava o cachimbo.

        Uma noite de inverno, gelada e nevoenta, cercava a criaturinha. Silêncio completo, nenhum sinal de vida nos arredores. O galo velho não cantava no poleiro, nem Fabiano roncava na cama de varas. Estes sons não interessavam Baleia, mas quando o galo batia as asas e Fabiano se virava, emanações familiares revelavam-lhe a presença deles. Agora parecia que a fazenda se tinha despovoado.

        Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia o que tinha sucedido. O estrondo, a pancada que recebera no quarto e a viagem difícil no barreiro ao fim do pátio desvaneciam-se no seu espírito.

        Provavelmente estava na cozinha, entre as pedras que serviam de trempe. Antes de se deitar, sinhá Vitória retirava dali os carvões e a cinza, varria com um molho de vassourinha o chão queimado, e aquilo ficava um bom lugar para cachorro descansar. O calor afugentava as pulgas, a terra se amaciava. E, findos os cochilos, numerosos preás corriam e saltavam, um formigueiro de preás invadia a cozinha.

        A tremura subia, deixava a barriga e chegava ao peito de Baleia. Do peito para trás era tudo insensibilidade e esquecimento. Mas o resto do corpo se arrepiava, espinhos de mandacaru penetravam na carne meio comida pela doença.

        Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. A pedra estava fria, certamente sinhá Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito cedo.

        Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 115 ed. Rio de janeiro: Record, 2011. p. 85-91.
“Agora havia uma grande escuridão, com certeza o sol desaparecera.”
Considerando que uma oração estabelece com a outra o sentido de explicação, é CORRETO afirmar que poderia ser adicionada entre elas a seguinte conjunção:
Alternativas
Q2228222 Português
Texto 3
A Importância da gestão de pessoas em uma empresa
Pequenas e médias empresas competem com atividades de multinacionais, ideias inovadoras de parceiros do mesmo segmento ou mesmo com a concorrência direta de acordo com o setor. Além disso, é um meio com menos funcionários, geralmente benefícios mais limitados e salários menores, exigindo que as instituições motivem cada vez mais os colaboradores de forma que “vistam a camisa”.
Essa motivação é apenas um detalhe para que os funcionários sigam produzindo, satisfeitos com o lugar e atraiam cada vez mais ideias, projetos e clientes, fazendo com que o desenvolvimento profissional seja equilibrado com o crescimento da empresa. Com esse objetivo, a gestão de pessoas é uma área e necessidade real para as pequenas empresas, prevendo eventuais desafios para os fundadores, sócios e equipes internas.
Para entender melhor como desenvolver a gestão de pessoas é importante notar, fazer com que, todo funcionário novo se sinta desde o início que a empresa apresenta uma oportunidade de crescimento para sua profissão, além de atividades coerentes, equipes produtivas e desafios.
Além disso, é muito bom que o recebimento do novo colaborador seja positivo e que a equipe esteja preparada para explicar os procedimentos, mostrar o dia a dia da empresa e integrar o novo funcionário à rotina do lugar.
Ainda a presença de um ajudante geral que trabalhe em diversos setores de acordo com a empresa, prestando auxílio e controlando materiais e estoque da empresa é de extrema necessidade.Ele pode ter como tarefas a manutenção e limpeza de equipamentos, conferir e controlar entrada e saída de materiais, manter organizado estoque e almoxarifado, auxiliar em linhas de produção, entre outras atividades.
O profissional também é responsável por prestar auxilio a diversas áreas e setores de uma empresa. (Adaptado) www.softwares.com.br . acesso em 15/08/2019

“Essa motivação é apenas um detalhe para que os funcionários sigam produzindo, satisfeitos com o lugar e atraiam cada vez mais ideias, projetos e clientes, fazendo com que o desenvolvimento profissional seja equilibrado com o crescimento da empresa. Com esse objetivo, a gestão de pessoas é uma área e necessidade real para as pequenas empresas, prevendo eventuais desafios para os fundadores, sócios e equipes internas.”(§ 2) 
Analise corretamente o parágrafo para poder responder corretamente a esta questão.
  I. Existem no referido parágrafo tanto orações coordenadas quanto subordinadas.  II. “para que”, locução conjuntiva pode ser substituída corretamente por afim de que. III. “uma área” possui função de predicativo do sujeito.
Está(ão) correta(s) apenas: 
Alternativas
Q2227746 Português
Considere a sentença: <Eis a mulher por quem me apaixonei.= Em relação à classe gramatical, as palavras <eis=, <por=, <quem= e <me= são, respectivamente:
Alternativas
Ano: 2023 Banca: MetroCapital Soluções Órgão: Prefeitura de Nova Odessa - SP Provas: MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Auditor de Controle Interno | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Fisioterapeuta | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Agente de Licitações | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Assistente Social Educacional | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Coordenador Pedagógico | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Enfermeiro - Controle de Infecções Hospitalares | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Engenheiro Agrônomo | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Enfermeiro Socorrista | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Engenheiro Civil | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Farmacêutico II | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Terapeuta Ocupacional | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Veterinário | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Regente Titular/Diretor Artístico | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Psicopedagogo | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Psicólogo | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Psicólogo Educacional | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Professor de Educação Básica II - PEB II - Artes | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Professor de Educação Básica II - PEB II - Educação Física | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Professor de Educação Básica II - PEB II - Inglês | MetroCapital Soluções - 2023 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Professor de Educação Básica Integral |
Q2226762 Português
O ator


O homem chega em casa, abre a porta e é recebido pela mulher e os dois filhos, alegremente. Distribui beijos entre todos, pergunta o que há para jantar e dirige-se para o seu quarto. Vai tomar um banho, trocar de roupa e preparar-se para algumas horas de sossego na frente da televisão antes de dormir. Quando está abrindo a porta do seu quarto, ouve uma voz que grita: - Corta! O homem olha em volta, atônito. Descobre que sua casa não é uma casa, é um cenário. Vem alguém e tira o jornal e a pasta das suas mãos. Uma mulher vem ver se a sua maquiagem está bem e põe um pouco de pó no seu nariz. Aproxima-se um homem com um script na mão dizendo que ele errou uma das falas na hora de beijar as crianças.
- O que é isso? - pergunta o homem. - Quem são vocês? O que estão fazendo dentro da minha casa? Que luzes são essas?
- O que, enlouqueceu? - pergunta o diretor. - Vamos ter que repetir a cena. Eu sei que você está cansado, mas...
- Estou cansado, sim senhor. Quero tomar meu banho e botar meu pijama. Saiam da minha casa. Não sei quem são vocês, mas saiam todos! Saiam!
O diretor fica parado de boca aberta. Toda a equipe fica em silêncio, olhando para o ator. Finalmente o diretor levanta a mão e diz:
- Tudo bem, pessoal. Deve ser estafa. Vamos parar um pouquinho e...
- Estafa coisa nenhuma! Estou na minha casa, com a minha... A minha família! O que vocês fizeram com ela? Minha mulher! Os meus filhos!
O homem sai correndo entre os fios e os refletores, à procura da família. O diretor e um assistente tentam segurá-lo. E então ouve-se uma voz que grita: - Corta! Aproxima-se outro homem com um script na mão. Descobre que o cenário, na verdade, é um cenário. O homem com um script na mão diz:
- Está bom, mas acho que você precisa ser mais convincente.
- Que-quem é você?
- Como, quem sou eu? Eu sou o diretor. Vamos refazer esta cena. Você tem que transmitir  melhor o desespero do personagem. Ele chega em casa e descobre que sua casa não é uma casa, é um cenário. Descobre que está no meio de um filme. Não entende nada.
- Eu não entendo...
- Fica desconcertado. Não sabe se enlouqueceu ou não.
- Eu devo estar louco. Isto não pode estar acontecendo. Onde está minha mulher? Os meus filhos? A minha casa?
- Assim está melhor. Mas espere até começarmos a rodar. Volte para a sua marca. Atenção, luzes...
- Mas que marca? Eu não sou personagem nenhum. Eu sou eu! Ninguém me dirige. Eu estou na minha própria casa, dizendo as minhas próprias falas...
- Boa, boa. Você está fugindo um pouco do script, mas está bom.
- Que script? Não tem script nenhum. Eu digo o que quiser. Isto não é um filme. E mais, se é um filme, é uma porcaria de filme. Isto é simbolismo, ultrapassado. Essa de que o mundo é um palco, que tudo foi predeterminado, que não somos mais do que atores... Porcaria!
- Boa, boa. Está convincente. Mas espere começar a filmar. Atenção...
O homem agarra o diretor pela frente da camisa.
- Você não vai filmar nada! Está ouvindo?
Nada! Saia da minha casa.
O diretor tenta livrar-se. Os dois rolam pelo chão. Nisto ouve-se uma voz que grita:
- Corta!

Luís Fernando Veríssimo
Considere a seguinte sentença: “Não sabe se enlouqueceu ou não.”
Em relação à classe gramatical, as palavras "não", "se" e "ou" são, respectivamente:
Alternativas
Q2225769 Português
Leia o texto para responder à questão.

        Alimentos que os humanos não conseguem digerir em sua forma natural − como trigo, arroz e batata – tornaram-se itens essenciais da nossa dieta graças ao cozimento. O fogo não só mudava a química dos alimentos; mudava também sua biologia. Cozinhar matava germes e parasitas que infestavam os alimentos. Também passou a ser muito mais fácil para os humanos mastigar e digerir seus alimentos favoritos, como frutas, nozes, insetos e carniça, se cozidos. Enquanto os chimpanzés passam cinco horas por dia mastigando alimentos crus, uma hora é suficiente para as pessoas comerem alimentos cozidos.

        O advento do hábito de cozinhar possibilitou aos humanos comer mais tipos de comida, dedicar menos tempo à alimentação e se virar com dentes menores e intestino mais curto. Alguns estudiosos acreditam que existe uma relação direta entre o advento do hábito de cozinhar, o encurtamento do trato intestinal e o crescimento do cérebro humano. Considerando que tanto um intestino longo quanto um cérebro grande consomem muita energia, é difícil ter os dois ao mesmo tempo. Ao encurtar o intestino e reduzir seu consumo de energia, o hábito de cozinhar inadvertidamente abriu caminho para o cérebro enorme dos neandertais e dos sapiens.

        O fogo também abriu a primeira brecha significativa entre o homem e os outros animais. O poder de quase todos os animais depende de seu corpo: a força de seus músculos, o tamanho de seus dentes, a envergadura de suas asas. Embora possam fazer uso de ventos e correntes, são incapazes de controlar essas forças da natureza e estão sempre limitados por sua estrutura física.

        Ao domesticar o fogo, os humanos ganharam controle de uma força obediente e potencialmente ilimitada. E o que é mais importante, o poder do fogo não era limitado pela forma, estrutura ou força do corpo humano. Uma única mulher com uma pedra ou vareta podia produzir fogo para queimar uma floresta inteira em uma questão de horas. A domesticação do fogo foi um sinal do que estava por vir.
(Yuval Noah Harari. Uma breve história da humanidade. Fragmento adaptado)
As expressões destacadas no trecho do 1º parágrafo − Alimentos que os humanos não conseguem digerir em sua forma natural (...) tornaram-se itens essenciais da nossa dieta graças ao cozimento – apresentam, respectivamente, circunstâncias de
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