Questões de Concurso Sobre conjunções: relação de causa e consequência em português

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Q2283392 Português

Professores não podem ser únicos responsáveis por lidar com os vieses de IA


Por Vinícius de Oliveira




(Disponível em: https://porvir.org/professores-responsaveis-lidar-vieses-de-ia/ – texto adaptado especialmente para esta prova).

Assinale a alternativa que apresenta a relação, contextualmente adequada, expressa por “mas também” (l. 17).
Alternativas
Q2283029 Português
Assinale a opção em que a conjunção E mostra um valor diferente do de adição.
Alternativas
Q2281878 Português
Leia o Texto 1:


Virou moda


Oferta de obras que tratam do mundo dos livros cresce a
olhos vistos. Aqui em casa há uma pilha delas... e continuo
comprando outras


Por Cora Rónai, Rio de Janeiro


Sempre houve livros sobre livros, mas não me lembro de uma época em que houvesse tantos livros sobre livreiros, livrarias e bibliotecas. Não foi caso pensado, mas, semana passada, às voltas com os livros selvagens (aqueles que ainda não encontraram o seu lugar na estante) percebi que certas palavras andam se repetindo pelos títulos. Fui juntando os que me pareciam meio irmãos, e logo tinha mais de dez volumes empilhados. Estendi a pesquisa à internet — e acabei comprando mais dois, como se ainda tivesse espaço sobrando em casa.


Mas reparem só: “A livraria mágica de Paris”, “O segredo da livraria de Paris”, “A biblioteca de Paris”, “A livreira de Paris”. Depois há Londres: “A biblioteca secreta de Londres”, “A última livraria de Londres”. E “A pequena livraria dos sonhos”, “A livraria dos achados e perdidos”, “A biblioteca da meia-noite”, “O diário de um livreiro”, “O passeador de livros”.


E nem falo de livros mais antigos, como “O livreiro de Cabul”, ou “84, Charing Cross Road”, que deu origem ao filme “Nunca te vi, sempre te amei”, e que continua sendo o meu livro favorito sobre livros, livreiros e livrarias.


O fenômeno não é apenas ocidental. “Bem-vindos à livraria Hyunam-Dong” vendeu mais de 250 mil exemplares na Coreia do Sul, e “O que você procura está na biblioteca” é um sucesso no Japão e nos países para os quais já foi traduzido (o Brasil não é um deles, por enquanto, mas escrevi o título em português porque não faria sentido usar alemão, francês ou inglês; em Portugal ele se chama “O que procuras está na biblioteca”).


Eles têm capas parecidas, sobretudo os que se passam em Paris e Londres, e que compõem um subgênero ambientado na Segunda Guerra: as suas capas são nostálgicas, com cenas que poderiam ter saído de filmes de época. A de “A livraria mágica de Paris” é luxuosa, com verniz, filetes dourados, corte pintado de rosa.


“A biblioteca da meia-noite” também capricha no brilho, mas fala menos sobre livros do que sobre oportunidades perdidas e vidas em planos paralelos, uma espécie de “Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo” em papel (mas menos confuso e mais tocante).


Ainda não li boa parte da pilha; folheei alguns, estou pelo meio de dois ou três. Todos têm uma enorme quantidade de resenhas positivas na Amazon, mas isso não significa necessariamente que sejam bons: é normal que pessoas que gostam de livros se sintam atraídas por livros que falam sobre livros, coletivos de livros e... pessoas que gostam de livros.


Apesar das coincidências de títulos, eles são animais distintos. “A livreira de Paris” é uma história de Sylvia Beach, da Shakespeare and Company e da antológica edição de “Ulisses”; “O diário de um livreiro” conta as aventuras do proprietário do maior sebo da Escócia.


Já “A pequena livraria dos sonhos” e “A livraria dos achados e perdidos” são sessões da tarde em papel, romances ligeiros para quem quer ler na praia sem pensar muito.


E vejam que coincidência: eu estava fotografando todos esses livros para o meu Instagram quando chegou um pacote vindo de Santos. Era “Um intrépido livreiro dos trópicos: crônicas, causos e resmungos”, de José Luiz Tahan, o destemido proprietário da Livraria Realejo.


Não estou dizendo?


Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/cora-ronai/noticia/2023/09/07/virou-moda.ghtml. Acesso em 06/09/2023
Leia o trecho a seguir, extraído do 6º parágrafo, para responder à questão:

“A biblioteca da meia-noite” também capricha no brilho, mas fala menos sobre livros do que sobre oportunidades perdidas e vidas em planos paralelos, uma espécie de “Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo” em papel (mas menos confuso e mais tocante)

Com relação às classes, as palavras destacadas são respectivamente:
Alternativas
Q2280661 Português
A cidade onde as pessoas vivem embaixo da Terra por causa do calor

       Na longa estrada rumo ao centro da Austrália, 848 km ao norte das planícies costeiras de Adelaide, surgem enigmáticas pirâmides de areia. Em torno delas, o cenário é totalmente desolado —uma extensão sem fim de poeira rosa-salmão, ocasionalmente salpicada de teimosos arbustos. No entanto, à medida que se avança pela rodovia, surgem outras construções misteriosas similares — montes de terra clara, espalhados aleatoriamente como monumentos esquecidos há muito tempo. E, de vez em quando, tubos brancos se elevam do solo ao lado das construções. 

      Estes são os primeiros sinais de Coober Pedy, uma cidade de mineradores de opala com cerca de 2.500 habitantes. Muitos dos pequenos picos da região são resíduos de solo gerados após décadas de mineração, mas também são os sinais de outra característica do local: as moradias subterrâneas.

      Neste canto do mundo, 60% da população vive em casas construídas nas rochas de arenito e siltito ricas em ferro da região. Em alguns locais, os únicos sinais de moradia são os poços de ventilação que se erguem até o chão e o excesso de solo acumulado perto das entradas das casas.

      No inverno, este estilo de vida pode parecer apenas excêntrico. Mas, no verão, Coober Pedy —"homem branco em um buraco", em tradução livre de uma expressão aborígene australiana— não requer explicações: o local atinge 52°C, uma temperatura tão alta que faz com que os pássaros caiam do céu e aparelhos eletrônicos precisem ser guardados no refrigerador.

    Enquanto a intensa onda de calor prossegue em algumas regiões, com temperaturas que nem os cactos conseguem suportar, e incêndios florestais dizimam grandes áreas do mundo, o que podemos aprender com os moradores de Coober Pedy? Coober Pedy não é o primeiro, nem o maior assentamento subterrâneo do mundo. As pessoas se refugiam embaixo da terra para enfrentar climas inóspitos há milhares de anos — desde ancestrais dos humanos que deixaram suas ferramentas em uma caverna na África do Sul dois milhões de anos atrás, até os neandertais que criaram pilhas inexplicáveis de estalagmites em uma gruta na França na idade do gelo, 176 mil anos atrás. Até os chimpanzés já foram observados refrescando-se em cavernas, para enfrentar o extremo calor durante o dia no sudeste do Senegal.

    Outro exemplo é a Capadócia, uma região antiga no centro da Turquia. Ela fica em um planalto árido e é famosa pela sua notável geologia, quase utópica, e seu cenário de cumes, chaminés e pináculos de rocha esculpidos, como em um reino de conto de fadas.

  E a história por trás desse cenário é realmente espetacular. Segundo a cultura popular, tudo começou com o desaparecimento das galinhas de um de seus moradores. Em 1963, um homem estava batendo no piso da sua casa para tentar descobrir por que suas aves estavam desaparecendo. Ele logo percebeu que as galinhas estavam fugindo por um buraco que ele havia aberto acidentalmente. O homem então abriu caminho e as seguiu pelo buraco.

    A partir dali, tudo começou a ficar ainda mais estranho. Ele descobriu uma passagem secreta —um íngreme caminho subterrâneo que levava a um labirinto de nichos e outros corredores. Era uma das muitas entradas para a cidade perdida de Derinkuyu.
Derinkuyu é apenas uma das centenas de moradias em cavernas entre as diversas cidades subterrâneas da região. Acredita-se que ela tenha sido construída perto do século 8º a.C. A cidade foi habitada de forma quase constante por milênios, com seus próprios poços de ventilação e de água, estábulos, igrejas, armazéns e uma ampla rede de casas subterrâneas. E servia também de abrigo de emergência para até 20 mil pessoas, em caso de invasão.

     Como em Coober Pedy, as moradias subterrâneas ajudavam os habitantes da região a enfrentar o clima continental, que alterna entre frios invernos com neve e verões quentes e secos. No lado externo, a temperatura flutua de vários graus abaixo de zero até mais de 30°C, enquanto, embaixo da terra, ela fica estável em 13°C.

     Mesmo nos dias de hoje, as cavernas construídas por seres humanos na região são famosas pelas suas capacidades de refrigeração passiva — uma técnica de construção que envolve o uso de opções de design para reduzir o aumento e a perda de calor sem o uso de energia.

     As antigas galerias e passagens da Capadócia abrigam hoje milhares de toneladas de batatas, limões, repolhos e outros produtos que precisariam ser refrigerados se fossem armazenados em outros locais. A demanda popular cresceu tanto que novas cavernas estão sendo construídas na região. (Texto adaptado. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/08/a-cidade-onde-as-pessoas-vivem-embaixo-da-terra-por-causa-do-calor.shtml
Na oração “No entanto, à medida que se avança pela rodovia, surgem outras construções misteriosas similares — montes de terra clara, espalhados aleatoriamente como monumentos esquecidos há muito tempo.”, a conjunção em destaque expressa:
Alternativas
Q2280411 Português
INSTRUÇÃO: Leia o texto I para responder à questão.


TEXTO I


A identidade adolescente e a variação linguística

A constituição de identidade é bem complexa, pois nesse processo interferem diversos fatores: sociológicos, psicológicos, cognitivos e culturais. Na formação identitária, o papel da língua é primordial, visto que os sujeitos são constituídos na e pela linguagem. Além disso, Scherre (2005, p. 10) lembra que “um povo se individualiza, se afirma e é identificado em função de sua língua”.

Interagindo com o outro, por meio da fala, o sujeito se compõe, estabelecendo as diversas relações sociais e retratando o conhecimento de si próprio e do mundo, ou seja, seus valores ideológicos e visões de mundo. Não obstante, conforme relata Castilho (2010, p. 31), “é na língua que se manifestam os traços mais profundos do que somos, de como pensamos o mundo, de como nos dirigimos ao outro”.

A importância da língua é fortalecida ao se constatar que, por meio dela, é possível reconhecer os sujeitos dos diferentes agrupamentos, sua idade, os estratos sociais a que pertencem, o grau de escolaridade, entre outros aspectos, já que, no ato da fala, são expressas aos ouvintes indicações sobre nossas origens e o tipo de pessoas que somos. Nossa escolha lexical mostra se somos jovens, conservadores ou urbanos. Também por meio da escolha dos vocábulos podemos dar mostras de nossa profissão, e é pelo sotaque que podemos indicar o lugar de onde viemos ou em que vivemos. Além da origem, nosso comportamento linguístico é frequentemente submetido a diversas influências relacionadas à nossa identidade social, como sexo, idade, inserção no sistema de produção e pertencimento a grupos.

Aguilera (2008, p. 105) corrobora tal afirmação ao mencionar que “a atitude linguística assumida pelo falante implica a noção de identidade, que se pode definir como a característica ou o conjunto de características que permitem diferenciar um grupo de outro, uma etnia de outra, um povo de outro”.

Dentro desse entendimento, e cientes de que as línguas variam no espaço, no tempo, de um grupo social para outro, de uma situação comunicacional a outra e de acordo com a faixa etária, neste trabalho discutimos o uso da linguagem como marca de identidade em um grupo especial de indivíduos – os adolescentes – observando como a variedade linguística por eles utilizada lhes confere singularidade.


OLIVEIRA, Eliane Vitorino de Moura; BARONAS, Joyce Elaine de Almeida. A identidade adolescente e a variação linguística. Polifonia, Cuiabá, MT, v. 18, n. 23, p. 193-208, jan./jun., 2011 (adaptado).
Leia este trecho do texto I.

Não obstante, conforme relata Castilho (2010, p. 31), “é na língua que se manifestam os traços mais profundos do que somos, de como pensamos o mundo, de como nos dirigimos ao outro”.

Em relação à análise dos termos usados nesse trecho, assinale a alternativa incorreta.
Alternativas
Q2279867 Português
Texto 1 – Bia Haddad se cobra após vitória inédita: "Fiquei um pouco insatisfeita" (adaptado)
Paulista supera Jaqueline Cristian, carimba vaga na terceira rodada – seu melhor resultado no Grand Slam –, mas não fica satisfeita com o próprio desempenho em quadra
Por Redação do GE — Londres, Inglaterra

A vitória sobre Jaqueline Cristian, por 2 sets a 1, nesta quintafeira, alçou Bia Haddad Maia a uma inédita terceira rodada em Wimbledon. A paulista, porém, não ficou satisfeita com a própria performance na quadra: ela admite que precisou ser conservadora para conquistar o resultado e promete melhorar na próxima fase.

— Estou na terceira rodada em Wimbledon pela primeira vez. Estou feliz pela minha luta, pela briga, mas fiquei um pouco insatisfeita com meu nível de tênis. Quero parabenizar minha adversária, que jogou em alto nível bastante tempo, foi mais competitiva durante todo o jogo. Estou feliz pela minha luta, consegui dar um jeito de ganhar não me sentindo bem. Fui resultadista, o que fez meu nível baixar bastante. Fui bastante conservadora. Tenho a oportunidade de melhorar meu tênis. Quero agradecer a todo mundo pelo apoio e pela torcida – declarou a jogadora, que anotou sua nona vitória de virada em 2023, via assessoria de imprensa.

Décima terceira colocada do ranking, Bia Haddad vai enfrentar a romena Sorena Cirstea – que ocupa o 37º lugar – na terceira rodada, em data a ser anunciada pela organização.


Disponível em: https://ge.globo.com/tenis/noticia/2023/07/06/bi a-haddad-diz-que-foi-conservadora-mas-frisa-tenhooportunidade-de-melhorar.ghtml
O texto 1 está redigido em registro semiformal. Isso significa que, embora predominantemente formal, ele contém marcas que o afastam de um nível extremo de formalidade.

Uma dessas marcas está corretamente identificada e exemplificada na seguinte alternativa:
Alternativas
Q2279841 Português
A questão refere-se ao texto abaixo.


Brasil está despreparado para a mutação do trabalho na era digital


      Até 2027, serão criados no mundo 69 milhões de postos de trabalho e eliminados 83 milhões, de acordo com levantamento sobre o futuro do emprego feito pelo Fórum Econômico Mundial. Esses 14 milhões de postos de trabalho deverão ser ceifados pelo avanço da automação e da inteligência artificial (IA). As novas tecnologias criarão outras alternativas de trabalho, mas a sociedade precisará estar qualificada para se adaptar à nova realidade e aproveitar as oportunidades que surgirem.

      Entre os setores com mais potencial de impulsionar novos empregos estão, segundo o estudo, energia e materiais; tecnologia da informação (TI) e comunicação digital. A transição verde para uma economia de baixo carbono será também fonte importante de novos empregos. Eles surgem da necessidade de aumentar a geração de energia de fontes renováveis, com investimentos em parques solares ou eólicos.

      A China lidera esse mercado de trabalho, tendo criado 42% dos empregos mundiais. Nos Estados Unidos, o governo Biden aprovou no Congresso uma lei que destina US$ 370 bilhões à transição da economia americana para energia limpa. Desde agosto, surgiram 100 mil novos empregos no segmento. Nas áreas de TI e comunicação digital, de acordo com o estudo, cada emprego gera cinco noutras áreas.

      Para qualquer país usufruir a revolução tecnológica será fundamental dispor de mão de obra qualificada. Isso se traduz em forte estrutura educacional. Nesse requisito, o Brasil ainda patina, apesar dos avanços no início do ciclo fundamental. Falta conhecimento para obter resultados satisfatórios no segundo ciclo do fundamental, portanto os resultados demoram a aparecer no ensino médio. Ao anunciar a suspensão da reforma do ensino médio, o governo contribui para atrasar ainda mais a formação voltada a cursos profissionalizantes e ao ensino superior.

      Será preciso também pensar em retreinamento de profissionais para atender às necessidades do novo sistema de produção. Na conferência que o Fórum Econômico Mundial promoveu no mês passado na Suíça para debater o mercado de trabalho do futuro, foi revelado que, na Europa, falta 1 milhão de engenheiros apenas para atender à demanda por painéis solares.

      Será, por fim, essencial requalificar aqueles cujos empregos desaparecerão porque suas funções não serão mais necessárias. Já está em declínio a busca por cargos de secretaria executiva e administrativa, guardas de segurança, caixas de banco, vendedores de tíquetes ou carteiros. Dezenas de outras funções ficarão obsoletas. Sua manutenção só contribuirá para reduzir a produtividade da economia, como já ocorre com porteiros, cobradores de ônibus, flanelinhas e tantos outros postos.

      É evidente que o Brasil está atrasado para se adequar a um tipo de sociedade que começou a surgir faz tempo e agora acelera as transformações. Educação básica, retreinamento, requalificação, tudo se tornou urgente para o país. Infelizmente, nem o Executivo nem o Legislativo parecem preocupados — ou mesmo preparados — para o desafio.


Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 19 jun. de 2023.
Para responder à questão, analise o período abaixo.


      As novas tecnologias criarão outras alternativas de trabalho, mas a sociedade precisará estar qualificada para se adaptar à nova realidade e aproveitar as oportunidades que surgirem.

A conjunção “mas” foi utilizada para
Alternativas
Q2279706 Português

A questão refere-se ao texto a seguir.



Como frear os massacres nas escolas


 Alexandre Carvalho


     Luz, câmeras do circuito interno preparadas… e ação! Um adolescente de 17 anos saca uma arma de fogo e dispara contra ex-colegas. Segundos depois, seu cúmplice, de 25, usa um machado para atingir vítimas já caídas no chão. Cinco alunos, uma coordenadora pedagógica e uma inspetora do colégio foram assassinados. Antes do ataque, um dos atiradores fez questão de se exibir na internet: publicou 20 fotos suas no Facebook, alternando entre o rosto zangado à mostra e coberto com uma máscara de caveira – a mesma que ele usou no que ficaria conhecido como o “Massacre de Suzano”.


      As cenas registradas na escola da Região Metropolitana de São Paulo, em março de 2019, foram exibidas à exaustão nos portais de internet e telejornais. Os espectadores assistiram às armas apontadas, aos golpes de machado em cabeças com a imagem distorcida – para não ferir (ainda mais) a sensibilidade da audiência. Viram as crianças pulando o muro da escola em desespero; ouviram seus gritos, choros e ligações para o celular dos pais, implorando socorro. Uma edição de cenas idênticas às dos filmes de ação mais eletrizantes. Mas era um terror real.


      Eis que um salto de quatro anos nos leva à tragédia do dia 28 de março agora. Um adolescente assassinou com facadas sua professora de 71 anos numa escola da Vila Sônia, zona oeste paulistana. Também feriu colegas até ser imobilizado e desarmado por duas mulheres. Em depoimento à polícia, o garoto confessou: “Fui inspirado pelo Massacre de Suzano”. Não à toa, usava a mesma máscara com imagem de caveira que um de seus ídolos ostentava na internet. E seguiu o padrão de se gabar. Horas antes do ataque, publicou no Twitter: “Irá acontecer hoje, esperei por esse momento a vida inteira”. Em seu perfil nessa rede social, usava o sobrenome de um dos atiradores de Suzano.


      A influência por trás desse adolescente assassino se encaixa na descrição do “efeito copycat”: o interesse de alguém no sensacionalismo em torno de crimes violentos (ou suicídios) a ponto de cometer atos semelhantes. No caso de criminosos em potencial, é gente que quer a mesma celebridade de seus malvados favoritos.


      Mas por que a publicidade de crimes geraria mais crimes? A resposta passa primeiro pela nossa própria essência: a linha entre civilização e barbárie é mais tênue do que Homo sapiens modernos tendem a crer. Freud tinha uma explicação para isso. Ele afirmava que a pressão civilizatória para a vida em sociedade trouxe um mal-estar para o que se esconde no nosso cérebro primitivo, confortável com o comportamento violento. Afinal, a humanidade passou o grosso de sua história lidando com assassinatos como parte do dia a dia. O psicólogo Steven Pinker, que estudou as razões do declínio da violência através dos tempos, escreveu: “Até recentemente, a maioria das pessoas não achava que havia algo particularmente errado com elas”.


      A sociedade mudou, mas bem mais rapidamente do que o funcionamento do órgão que temos na caixa craniana. Lá no fundo, esse instinto homicida ainda existe e quer se manifestar – e nem sempre à sombra do olhar da Justiça. Afinal, a notoriedade de um assassinato pode ser favorável a quem quer ser temido ou aceito pelo grupo (pense em grupos que dominavam outros à base da força). E, até hoje, acaricia o ego dos que desejam pôr a cabeça para fora da maioria.


      Veja o caso da morte de John Lennon. O beatle teve de escrever muitas das melhores composições da música pop para se estabelecer como um superstar. Seu assassino só precisou de cinco disparos para ter seu rosto estampado pelo mundo, e ver seu nome se tornar quase tão conhecido quanto o de sua vítima.


      O massacre da Columbine High School, de 1999, no qual dois adolescentes mataram 13 pessoas a tiros e se suicidaram em seguida, tornou os rostos e nomes dos assassinos conhecidos mundialmente. Virou filme, documentário. E levou a uma corrente de atos parecidos mundo afora. Só nos EUA, houve 377 ataques em escolas desde então.


      Com as redes sociais, o estrelato psicótico ficou ainda mais acessível. E a própria evolução no número de massacres americanos mostra isso. Em 2000, um ano após Columbine, e com a internet ainda na infância, aconteceram 12 tiroteios em escolas. Em 2018, o ano em que o TikTok se tornou o app mais baixado dos EUA, foram 30 ataques com armas de fogo. No ano passado, 46 – o recorde até agora. Um estudo da Temple University (EUA) vai ao encontro dessa ligação entre os massacres e a ascensão das redes: mostrou que adolescentes se tornam cinco vezes mais propensos a cometer crimes se sabem que seus colegas estão vendo.


      No mundo pré-internet, era mais difícil para alguém com pendor para a prática criminosa encontrar grupos com interesses idênticos. Com redes sociais é diferente: aqueles com tendências violentas acham seus semelhantes com facilidade, mesmo que estejam em cidades, estados ou países diferentes. E um agressor em potencial mais ousado estimula o outro.


      Há caminhos para minimizar essa tendência. Se o descontrole no acesso ao conteúdo está na essência das redes sociais, um relatório do Crest, consultoria britânica especializada em crime e Justiça, traz algumas recomendações. Estamos falando de treinamento de crianças como espectadores de mídia social, para orientá-las sobre como identificar (e dar um alerta) se algo parecer levar à violência. Outra seria criar uma escala de classificação para plataformas de rede social, indicando o quão seguras elas são para crianças – já que isso pressionaria as próprias redes a abolir conteúdo impróprio de forma mais eficiente. No Brasil, o Ministério da Justiça anunciou a ampliação de 10 para 50 o número de policiais do grupo de monitoramento da dark web, a terra sem lei onde comunidades de criminosos se sentem em casa.


      Mas talvez a mais importante das iniciativas seja algo simples. E que está começando a ser defendida (e posta em prática) no Brasil com ênfase depois que, poucos dias após o assassinato na Vila Sônia, um homem de 25 anos invadiu uma creche em Blumenau (SC) e matou quatro crianças com uma machadinha. É não dar o que alguns desses matadores mais querem: a celebridade.


      No mesmo dia do massacre dessas meninas e meninos, William Bonner anunciou no Jornal Nacional que os nomes e as imagens de autores de ataques, assim como vídeos dos crimes, não seriam mais divulgados na Globo. Outros órgãos de imprensa adotaram a mesma abordagem. E é o que fizemos neste artigo, incluindo casos do passado. Glamourizar assassinos, afinal, equivale a pedir por mais assassinatos.



Disponível em:< https://super.abril.com.br/sociedade>. Acesso em 25 jun. 2023.

Leia o período a seguir.


Lá no fundo, esse instinto homicida ainda existe e quer se manifestar – e nem sempre à sombra do olhar da Justiça.


A conjunção e foi empregada com valor

Alternativas
Q2279353 Português
O que é, exatamente, a felicidade?

    Eis aí uma pergunta que só parece simples. Ela é formada por alegria, otimismo, calma, prazer e diversos outros ingredientes, mas é muito mais do que a soma deles – da mesma forma que um bolo de chocolate não é uma simples pilha de manteiga, cacau e açúcar.

    O melhor caminho para entender a felicidade parece estar em dois conceitos propostos por Aristóteles na Grécia do século 4 a.C.: hedonia e eudaimonia.

    A hedonia é imediata, e se manifesta em situações pontuais: reencontrar um filho que volta de viagem, ver pela décima vez o seu filme favorito ou comer aquele prato que você adora. Ela é aquela sensação súbita de felicidade após fazer ou viver algo bom.

    Já a eudaimonia é de longo prazo – um estado de espírito baseado em viver bem a vida, seguindo critérios éticos e morais e buscando evoluir como indivíduo. É a combinação dessas duas coisas que, para Aristóteles, compõem a felicidade.     

    Quando você pergunta a si mesmo se é feliz, na verdade está pensando na eudaimonia. E ela é o saldo das experiências e emoções vividas. Ou seja, das suas memórias. Ao gravá-las, o cérebro atribui a cada uma delas uma “valência emocional”. E isso, no futuro, acaba influindo diretamente sobre a felicidade. Imagine o seguinte cenário. Você está jantando na sua lanchonete preferida, aonde vai sempre com seu namorado ou namorada. Agora pense no cheiro delicioso daquele hambúrguer.

    Foi uma lembrança feliz, certo? Aquela memória tem valência positiva. Agora imagine que você levou um pé na bunda, justo naquela lanchonete. Nunca mais volta lá, por razões óbvias. Mas tempos depois está na casa de um amigo que pede aquele mesmo lanche por delivery.

    Desta vez, o sanduíche evoca em você uma memória ruim – com valência emocional negativa. Percebeu? A lembrança do hambúrguer em si não mudou (você continua sabendo exatamente que gosto, cheiro e textura ele tem), mas seu significado sim.
    
    Quanto mais memórias positivas você acumula, mais perto da felicidade estará. Isso é óbvio. O que não é óbvio: aparentemente, o cérebro gasta mais energia para carimbar uma memória como positiva – e, por isso, ele pode ser naturalmente pessimista.

    A felicidade não é sólida; ela oscila, momento a momento. Uma hora nos sentimos felizes e outra não, mesmo quando não há estímulos claramente negativos – aquele hambúrguer que hoje nos parece delicioso, amanhã pode não satisfazer (mesmo não havendo um fim de relacionamento envolvido na história).

Texto adaptado da Revista Superinteressante: <https://super.abril.com.br/ciencia/a-quimica-da-felicidade/>


Com base no Texto “O que é, exatamente, a felicidade?”, analise as afirmativas a seguir: I. No trecho: “Quanto mais memórias positivas você acumula, mais perto da felicidade estará. Isso é óbvio”, é correto afirmar que as palavras destacadas “Quanto mais”, “Isso” e “óbvio” são morfologicamente classificadas como conjunção proporcional, pronome demonstrativo e adjetivo, respectivamente.
II. No trecho: “Quanto mais memórias positivas você acumula, mais perto da felicidade estará. Isso é óbvio”, é correto afirmar que a palavra destacada “Isso” se refere à oração anterior inteira”. Marque a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q2279351 Português
O que é, exatamente, a felicidade?

    Eis aí uma pergunta que só parece simples. Ela é formada por alegria, otimismo, calma, prazer e diversos outros ingredientes, mas é muito mais do que a soma deles – da mesma forma que um bolo de chocolate não é uma simples pilha de manteiga, cacau e açúcar.

    O melhor caminho para entender a felicidade parece estar em dois conceitos propostos por Aristóteles na Grécia do século 4 a.C.: hedonia e eudaimonia.

    A hedonia é imediata, e se manifesta em situações pontuais: reencontrar um filho que volta de viagem, ver pela décima vez o seu filme favorito ou comer aquele prato que você adora. Ela é aquela sensação súbita de felicidade após fazer ou viver algo bom.

    Já a eudaimonia é de longo prazo – um estado de espírito baseado em viver bem a vida, seguindo critérios éticos e morais e buscando evoluir como indivíduo. É a combinação dessas duas coisas que, para Aristóteles, compõem a felicidade.     

    Quando você pergunta a si mesmo se é feliz, na verdade está pensando na eudaimonia. E ela é o saldo das experiências e emoções vividas. Ou seja, das suas memórias. Ao gravá-las, o cérebro atribui a cada uma delas uma “valência emocional”. E isso, no futuro, acaba influindo diretamente sobre a felicidade. Imagine o seguinte cenário. Você está jantando na sua lanchonete preferida, aonde vai sempre com seu namorado ou namorada. Agora pense no cheiro delicioso daquele hambúrguer.

    Foi uma lembrança feliz, certo? Aquela memória tem valência positiva. Agora imagine que você levou um pé na bunda, justo naquela lanchonete. Nunca mais volta lá, por razões óbvias. Mas tempos depois está na casa de um amigo que pede aquele mesmo lanche por delivery.

    Desta vez, o sanduíche evoca em você uma memória ruim – com valência emocional negativa. Percebeu? A lembrança do hambúrguer em si não mudou (você continua sabendo exatamente que gosto, cheiro e textura ele tem), mas seu significado sim.
    
    Quanto mais memórias positivas você acumula, mais perto da felicidade estará. Isso é óbvio. O que não é óbvio: aparentemente, o cérebro gasta mais energia para carimbar uma memória como positiva – e, por isso, ele pode ser naturalmente pessimista.

    A felicidade não é sólida; ela oscila, momento a momento. Uma hora nos sentimos felizes e outra não, mesmo quando não há estímulos claramente negativos – aquele hambúrguer que hoje nos parece delicioso, amanhã pode não satisfazer (mesmo não havendo um fim de relacionamento envolvido na história).

Texto adaptado da Revista Superinteressante: <https://super.abril.com.br/ciencia/a-quimica-da-felicidade/>


Com base no Texto “O que é, exatamente, a felicidade?”, analise as afirmativas a seguir: I. No trecho: “Eis uma pergunta que só parece simples”, é certo afirmar que os termos destacados “” e “que“ são morfologicamente classificados como advérbio e conjunção integrante respectivamente.
II. No trecho: “Eis aí uma pergunta que parece simples”, é certo afirmar que os termos destacados “uma” e “só” são artigo definido e advérbio respectivamente.
III. No trecho: “Ou seja, das suas memórias. Ao gravá-las, o cérebro atribui a cada uma delas uma “valência emocional”, é correto afirmar que os termos destacados “Ou seja” e “las” operam como locução conjuntiva com função explicativa e pronome pessoal oblíquo com função anafórica respectivamente. Marque a alternativa CORRETA
Alternativas
Q2279185 Português
Você é um número


    Se você não tomar cuidado, vira número até para si mesmo. Porque a partir do instante em que você nasce, classificam-no com um número. O registro civil é um número. Seu título de eleitor é um número. Profissionalmente falando você também é. Para ser motorista, tem carteira com número e chapa de carro. No Imposto de Renda, o contribuinte é identificado com um número. Seu prédio, seu telefone, seu número de apartamento — tudo é número.

    Se abre crediário, para eles você é um número. Se tem propriedade, também. Se é sócio de um clube, tem um número. Se é imortal da Academia Brasileira de Letras, tem o número da cadeira.

    Se é contribuinte de qualquer obra de beneficência, também é solicitado por um número. Se faz viagem de passeio ou de negócio, também recebe um número. Para tomar um avião, dão-lhe um número. Se possui ações, também recebe um. É claro que você é um número de recenseamento. Se é católico, recebe número de batismo. No registro civil ou religioso, você é numerado. Se possui personalidade jurídica, tem. E quando morre, no jazigo, tem um número. E a certidão de óbito também.

    Nós não somos ninguém? Protesto. Aliás, é inútil o protesto. E vai ver meu protesto também é número.

    Uma amiga minha contou que no Alto Sertão de Pernambuco uma mulher estava com o filho doente, desidratado, foi ao Posto de Saúde. E recebeu a ficha número 10. Mas dentro do horário previsto pelo médico a criança não pôde ser atendida porque só atenderam até o número 9. A criança morreu por causa de um número. Nós somos culpados.

    Se há uma guerra, você é classificado por um número. Numa pulseira com placa metálica, se não me engano.

    Nós vamos lutar contra isso. Cada um é um, sem número. O si-mesmo é apenas o si-mesmo.

    Vamos ser gente, por favor. Nossa sociedade está nos deixando secos como um número seco, como um osso branco seco exposto ao sol. Meu número íntimo é 9. Só. 8. Só. 7. Só. Sem somá-los nem transformá-los em novecentos e oitenta e sete. Estou me classificando como um número? Não, a intimidade não deixa. Veja, tentei várias vezes na vida não ter número e não escapei. O que faz com que precisemos de muito carinho, de nome próprio, de genuinidade. Vamos amar que amor não tem número. Ou tem?


(LISPECTOR, Clarice — adaptado.)
Analisar a oração a seguir e, em seguida, assinalar a alternativa que apresenta a indicação CORRETA das classes a que pertencem as palavras sublinhadas, na ordem em que aparecem:

A criança morreu por causa de um número.
Alternativas
Q2278488 Português

Felicidade em primeiro lugar


Por Fernando Mantovani







(Disponível em: exame.com/colunistas/sua-carreira-sua-gestao/felicidade-em-primeiro-lugar/ – texto adaptado especialmente para esta prova).

A expressão “mas também” (l. 27) transmite uma relação de: 
Alternativas
Q2278487 Português

Felicidade em primeiro lugar


Por Fernando Mantovani







(Disponível em: exame.com/colunistas/sua-carreira-sua-gestao/felicidade-em-primeiro-lugar/ – texto adaptado especialmente para esta prova).

Sobre o texto, analise as assertivas a seguir:
I. O vocábulo “porém” (l. 10) introduz um sentido de adição ao que foi mencionado anteriormente no texto.

II. A expressão “já que” (l. 30) poderia ser substituída por “contudo” sem alteração de sentido na frase em que se encontra.

III. A expressão “No entanto” (l. 34) poderia ser substituída por “todavia” sem alteração de sentido na frase em que se encontra.

Quais estão corretas?
Alternativas
Q2278485 Português

Felicidade em primeiro lugar


Por Fernando Mantovani







(Disponível em: exame.com/colunistas/sua-carreira-sua-gestao/felicidade-em-primeiro-lugar/ – texto adaptado especialmente para esta prova).

Tendo em vista o trecho “Note que o número é quase metade do total de profissionais ouvidos”, assinale a alternativa que apresenta, correta e respectivamente, a classificação dos termos sublinhados. 
Alternativas
Q2278443 Português

Após a renegociação de dívidas, o próximo passo é o planejamento


Por Agência Brasil






(Disponível em: exame.com/invest/minhas-financas/renegociou-dividas-com-o-desenrola-proximo-passo-eplanejamento-apontam-especialistas/ – texto adaptado especialmente para esta prova).

A conjunção “Se” (l. 24) expressa a ideia de ___________ e poderia ser substituída por ___________, ___________ necessárias alterações no período a fim de que se mantenha a sua correção.

Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do trecho acima.
Alternativas
Q2276765 Português
Procrastinação: entenda essa inimiga. E livre-se dela.

Adiar tarefas importantes em prol de atividades inúteis é uma tendência universal, com raízes biológicas.
Mas quando o problema se torna crônico pode (e vai) arruinar sua carreira. Conheça as causas
da procrastinação e veja estratégias científicas para combatê-la. Só não deixe para ler depois.

    “O homem que adia o trabalho está sempre a lutar com desastres.” A frase é da obra “Os trabalhos e os dias”, do poeta grego Hesíodo, que viveu e escreveu no século 8 a.C. No texto em questão, ele aconselha o seu irmão Perses, com quem tem desavenças, sobre a questão do trabalho – alertando-o para nunca deixar as tarefas importantes para depois.
    “Não adies para amanhã nem depois de amanhã, pois não enche o celeiro o homem negligente, nem aquele que adia: a atenção faz o trabalho prosperar”, continua o poeta.
     A obra grega em questão é tão antiga quanto os trechos mais ancestrais da Bíblia, escritos na mesma época. E registra a luta da humanidade contra um demônio persistente: a procrastinação – o ato de não deixar para amanhã aquilo que pode ser feito depois de amanhã.
    Pior. Tecnologias que facilitam a vida sempre trouxeram como efeito colateral um convite ao adiamento sem fim. Em 1920, por exemplo, a escritora inglesa Virginia Woolf reclamou sobre estar perdendo tempo demais com as novidades de sua época em vez de se concentrar naquilo que realmente importava. “Planejei uma manhã de escrita tão boa, e gastei a nata do meu cérebro no telefone”, escreveu em seu diário.
      Tudo bem, Mrs. Woolf. Até este texto foi finalizado poucas horas antes do prazo derradeiro – em parte por conta da procrastinação deste que vos escreve.
     A culpa não é (só) nossa. A procrastinação é um fenômeno universal e atemporal porque tem causas biológicas, psicológicas e sociais. Embora alguns sofram mais com ela do que outros, ninguém consegue fugir totalmente da tentação de adiar tarefas.
      Na dúvida, culpe Darwin. Humanos não são muito afeitos a tarefas cuja recompensa só vem em longo prazo. “Nosso cérebro é bom em escolher o que nos traz benefício no aqui e agora”, explica Claudia Feitosa-Santana, neurocientista pela Universidade de São Paulo (USP) e autora do livro “Eu controlo como eu me sinto” (2021). “Tudo que é visto como algo que está lá no futuro, o cérebro é bom em literalmente não escolher”.
       Curtir memes no TikTok, jogar um game ou ver aquele episódio a mais de uma série na Netflix à 1h da manhã trazem doses de prazer e felicidade instantaneamente. Adiantar o relatório, estudar para a prova ou organizar o guarda-roupas são tarefas que, além de desagradáveis, seguem uma lógica de longo prazo – e podem (quase) sempre ser deixadas para depois. O lado primitivo do seu cérebro sempre vai preferir gastar energia e atenção com algo que traga resultado imediato.
       Os primatas do gênero Homo, que deram origem à nossa espécie, evoluíram por dois milhões de anos em ambiente selvagem. Nossa massa cinzenta foi forjada ali, não no relativo conforto da civilização. E segue programada para viver sob aquelas condições. Gastar energia com tarefas que só trarão algum benefício lá na frente simplesmente não é a melhor opção para um cérebro que está a todo momento tentando achar comida e fugir de predadores. O melhor mesmo é focar no agora.
      Mas claro que nosso cérebro também tem um lado 100% racional – é o córtex pré-frontal, a parte que, como o nome diz, fica bem na frente da nossa cabeça. Ele é responsável por aquilo que nos diferencia dos animais – o pensamento a longo prazo, o planejamento. O córtex pré-frontal sabe que estudar matemática, ler um pouquinho por dia e adiantar o trabalho para não deixar acumular em cima do prazo são decisões importantes.
       A procrastinação, no fim das contas, é o resultado de uma briga entre a parte primitiva do cérebro, que quer guardar sua energia para missões mais imediatistas, e a parte racional, que puxa para empreitadas desagradáveis, mas necessárias. E o resultado às vezes é um “bug” que faz a gente travar, sem saber se inicia ou não a tarefa – tudo isso enquanto sente culpa e tensão, porque seu córtex pré-frontal faz questão de te lembrar que deveria estar na ação.
      Mas, para ser justo, apontar o dedo para Darwin não é lá a melhor desculpa. É que as origens biológicas são apenas uma parte da causa – e nem são as mais relevantes. O vício de adiar até o último momento não afeta todo mundo de maneira igual. “Embora todo mundo procrastine, nem todo mundo é um procrastinador”, diz Joseph Ferrari, professor de psicologia da Universidade de Chicago (EUA).
        Uma das estratégias mais indicadas para vencer a procrastinação é tentar vencer a ideia de que as tarefas são difíceis ou desafiadoras demais. Lembra daquele conceito de que, quanto mais procrastinamos, mais a bola de neve aumenta e parece ameaçadora? Para evitar isso, quebre as obrigações em missões menores, e vá cumprindo-as uma a uma ao longo de todo o prazo. Ao vencer as primeiras etapas, as restantes vão se tornando menos e menos amedrontadoras – afinal, você percebe que consegue cumpri-las mais rápido do que pensava. 
        Nessa mesma lógica, é preciso elencar o que fazer primeiro. Gastar tempo com atividades fáceis e deixar o grosso para o final do prazo é justamente uma estratégia de procrastinação. E fazer o mais difícil primeiro serve de incentivo para matar o resto – na lógica do “o pior já passou”. Também dá para aplicar a estratégia das recompensas aqui. Para cada “etapa” da empreitada cumprida com antecedência, se dê algum benefício – uma pausa maior, um episódio da série, uma partida de seu game favorito etc. Se você estiver numa posição de liderança, considere o mesmo para toda a equipe.
        Para aquelas tarefas pequenas e simples, a dica é encaixá-las nos momentos em que a produção de outras atividades já está rolando, de modo que elas não fiquem sendo eternamente procrastinadas.
       Outra dica realista é aceitar um pouco de procrastinação. Como vimos, ela é um comportamento universal, que não será 100% evitável. Mesmo rotinas saudáveis e organizadas, com períodos de descanso e lazer bem encaixados, vão eventualmente encontrar a tentação de deixar atividades para depois do planejado inicialmente.

(Bruno Carbinatto. Disponível em: https://vocesa.abril.com.br/desenvolvimento-pessoal/procrastinacao-entenda-essa-inimiga-e-livre-se-dela/. Acesso em: 20/07/2023. Fragmento.)
Os elementos coesivos desempenham funções primordiais na construção das relações semânticas. No trecho “O vício de adiar até o último momento não afeta todo mundo de maneira igual. ‘Embora todo mundo procrastine, nem todo mundo é um procrastinador’, diz Joseph Ferrari, professor de psicologia da Universidade de Chicago (EUA).” (13º§), o operador argumentativo “embora” estabelece, entre as duas orações, uma relação:
Alternativas
Q2275915 Português

O ChatGPT é um bom papo






(Disponível em: gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/cristina-bonorino/noticia/2023/02/o-chatgpt-e-um-bom-

papo-cldx2owri001t0157ci60utf6.html – texto adaptado especialmente para esta prova). 

Considerando o fragmento “Me diverti horrores fazendo isso”, assinale a alternativa que apresenta, correta e respectivamente, a classificação das palavras sublinhadas. 
Alternativas
Q2273800 Português
FOTOSSÍNTESE PODE ESTAR FALHANDO À MEDIDA QUE TEMPERATURAS AUMENTAM

Em meio às mudanças climáticas e às cada vez mais frequentes ondas de calor extremo, um grupo de pesquisadores sugere que o planeta pode começar a sofrer com um novo problema: as falhas na fotossíntese. Segundo o estudo - publicado nesta quarta-feira (23) na revista Nature -, as altas temperaturas parecem dificultar o processo de respiração das árvores, em especial nas florestas tropicais, consideradas, "os pulmões da Terra".

A fotossíntese é um processo no qual a luz do sol é convertida em energia para a planta. Isso se dá a partir de uma reação entre a água captada pelas raízes com o dióxido de carbono (CO2) absorvido pelas folhas, que resulta em glicose (açúcares que servem para o funcionamento do organismo vegetal) e gás oxigênio (O2), que é liberado para a atmosfera.

Como qualquer realçai química, essa troca elementar funciona melhor dentro de uma faixa de temperatura ideal, fora da qual o maquinário fotossintético de uma árvore pode falhar. Por conta do aumento das temperaturas globais, descobriu-se que uma parte das folhas nas copas das florestas tropicais já pode ter atingido um limite.

Compilado. Disponível em [http://reistagalileu.globo.com/um-so-planeta/noticia/2023/fotossintese-pode-estar-falhando-a-medida-que-temperaturas-aumentam.ghtml]. Consultado em 24.8.2023.
Da leitura do texto a seguinte relação de causa e consequência pode ser inferida:
Alternativas
Q2273004 Português

TEXTO II




Disponível em: <https://vestibulares.estrategia.com/portal/materias/portugues/ambiguidade/ >. Acesso em: 13 jul. 2023.

Em relação ao Texto II, assinale a alternativa CORRRETA:
Alternativas
Q2272212 Português
Assinale o período em que a conjunção “e” evidencia relação lógica de causa e consequência.
Alternativas
Respostas
821: C
822: D
823: B
824: B
825: D
826: E
827: A
828: C
829: A
830: C
831: E
832: A
833: C
834: E
835: E
836: C
837: A
838: D
839: B
840: C