Questões de Português - Crase para Concurso

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Q2239736 Português
A velha contrabandista

      Diz que era uma velhinha que andava de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na lambreta, com um saco atrás. O pessoal da alfândega — tudo malandro velho — começou a desconfiar dela.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega mandou parar. A velhinha parou e então ele perguntou para ela:
      — Escuta aqui, vovo__inha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
      A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os que ela adquirira no odontólogo e respondeu:
      — É areia!
      Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era e mandou a velhinha saltar da lambreta para verificar o saco. Ela saltou, o fiscal esva__iou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
      Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que levava no saco e ela respondeu que era areia! O fiscal e__aminou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia. Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
      — Olha, vovó, eu sou fiscal de alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
      — Mas no saco só tem areia! — insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
      — Eu prometo à senhora que deixo passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
      — O senhor promete que não “espáia”? — quis saber a velhinha.
      — Juro — respondeu o fiscal.
      — É lambreta.
(PONTE PRETA, Stanislaw. A velha contrabandista — adaptado.)
Sobre o uso da crase, analisar os itens abaixo:
I. Em “[...] ordenou à velhinha que fosse em frente”, se o verbo sublinhado fosse substituído por “indicou”, seria necessário retirar o acento indicativo da crase. II. No trecho “Eu prometo à senhora que deixo passar”, o raciocínio que justifica o emprego do sinal indicativo da crase é o seguinte: “quem promete, promete a alguém” (“a” é preposição); “senhora” é uma palavra feminina (portanto, admite artigo feminino “a”). Então, ocorre a fusão de “a” preposição + “a” artigo definido feminino, por isso a presença da crase (“à”). III. Em “[...] não conto nada a ninguém”, caso “ninguém” fosse substituído por “professora”, além de haver mudança de sentido, seria necessário que “a” recebesse o acento indicativo da crase “à”.
Está(ão) CORRETO(S): 
Alternativas
Q2239591 Português
Considerando-se o emprego do acento indicativo de crase, marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
(_) Sua requisição foi enviada à autoridade competente. (_) No dia à dia, há muitos imprevistos. (_) O documento foi enviado à um oficial de alta patente.
Alternativas
Q2238899 Português
Preservar a saúde mental compensa,
e não só para o bolso

Mais do que melhorias socioeconômicas, investir em saúde
mental é questão moral.

    O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, é assertivo ao dizer que saúde mental não é algo independente, isolado: está inextricavelmente ligada à saúde pública, a direitos humanos e a desenvolvimento socioeconômico, o que significa que, para quem sofre de algum transtorno mental —um bilhão de pessoas no mundo, de acordo com anúncio da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2022, com 25% de crescimento global no primeiro ano da pandemia de Covid-19 — recorrer a atendimento médico especializado é medida necessária, mas não suficiente.
    Desigualdades socioeconômicas também pesam, e muito — se o que se pretende é chegar a uma realidade que não seja intolerável para um número enorme e crescente de pessoas.
    Pobreza, violência física e preconceitos de gênero afetam a saúde mental de adolescentes — mostrou uma pesquisa recente da ONG Plan International. Emprego, ensino, saneamento básico, acesso a serviços de saúde de qualidade são componentes de uma vida digna, que não deveriam faltar a ninguém. Providenciá-los, porém, exige políticas públicas estruturantes que minimizem (mirando na eliminação completa) a pobreza extrema. É meta da Organização das Nações Unidas (ONU) ver dissociados crescimento econômico e pobreza, com esta última sendo erradicada até 2030.
    Mas em uma escala mais “micro”, há um outro obstáculo a vencer também: o tabu que estranha e irritantemente marca a busca por ajuda psicológica. Soa mesmo a crueldade que pessoas que encontram no recurso à terapia e a um psicólogo alívio para as angústias que sofrem sejam alvo de preconceito justamente por buscar essa ajuda. Isso vem deixando de acontecer aos poucos, e não seria nada mau que pudesse acontecer um pouco mais rápido. Isso, no entanto, envolve uma mudança de cultura: é preciso deixar de se ver terapia como serviço de luxo ou frivolidade e quem a procura como pessoas fracas.
    As empresas já entenderam que investir em programas de ajuda psicológica para seus quadros é algo que se reverte em ganho para elas mesmas. Uma pesquisa da FIEMG (Federação das Indústrias de Minas Gerais) mediu e divulgou recentemente que transtornos mentais derrubam o faturamento das empresas em mais de 390 bilhões de reais a cada ano e, na economia como um todo, a perda chega a 4,7% do PIB. Preservar o bem-estar mental de colaboradores é pensar em saúde financeira para as empresas.
    Pensar no preço, mais que no valor, é marca de cinismo, como diria Oscar Wilde. No mundo pós-Covid, todos tivemos a sanidade afetada. Muitas telas diante dos olhos muitas horas por dia; expedientes que se espalham pelo dia todo; uma sensação de irrealização que invade tantos, seja na vida pessoal, no trabalho, nos estudos. Há muito a pressionar a saúde mental — que nunca foi um luxo, pelo contrário. Se governos e empresas aproveitarem o momento em que o tema está no centro das atenções para agir, poderemos não só ver ganhos econômicos, mas também — e o que tem muito mais valor — uma abertura para que as pessoas não vivam sob permanente risco de depressão, ansiedade e outros transtornos, e capazes de encontrar o caminho para viverem realizadas e felizes.

(Cláudio Lottenberg. Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/ coluna-claudio-lottenberg/preservar-a-saude-mental-compensa-e-naoso-para-o-bolso. Acesso em: 06/06/2023.)
No trecho “[...]saúde mental não é algo independente, isolado: está inextricavelmente ligada à saúde pública, a direitos humanos e a desenvolvimento socioeconômico, [...]” (1º§), a palavra “ligada” requer preposição que se une ao artigo “a”, ocorrendo assim a fusão denominada crase. Assinale a afirmativa que justifica corretamente a ausência do acento grave indicador de crase em “a direitos humanos” e “a desenvolvimento socioeconômico”. 
Alternativas
Q2238437 Português

Divórcio da Alma

Por Mario Corso




(Disponível em: gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/mario-corso/noticia/2023/01/divorcio-da-almacldkmtll20039014sa9scc5vb.html – texto adaptado especialmente para esta prova).

Considerando o emprego do acento indicativo de crase, assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas tracejadas das linhas 02, 15 e 21.
Alternativas
Q2238393 Português
Leia o texto para responder às questão.

Ausências Alienígenas

        O comando militar dos EUA voltou a divulgar não haver evidência de que sejam extraterrestres os tais objetos voadores não identificados (óvnis, em português, ou UFOs, em inglês) – que seus investigadores preferem chamar de fenômenos aéreos não identificados (UAPs, na língua estrangeira).
        Para tentar dirimir as dúvidas remanescentes, o Pentágono se deu ao trabalho de abrir um Escritório de Resolução de Anomalias de Todos os Domínios (AARO). Seis meses depois, deu-se a primeira entrevista coletiva para tratar dos UAPs.
         Sean Kirkpatrick, diretor do órgão, permaneceu fiel à lógica truísta ao admitir não ter como descartar a possibilidade de vida extraterrestre. Tudo que se pode fazer, argumentou, é manter uma atitude científica diante da questão. 
        Pragmáticos, os militares concentram sua atenção em ocorrências suspeitamente próximas de suas instalações. Fazem isso com base na hipótese menos improvável de que os artefatos a sobrevoar as bases sejam russos, chineses e mesmo americanos (guiados por outras agências governamentais), e não naves intergalácticas.
        Em 2021, o governo anunciou ter mais de 140 casos registrados. Um deles era um balão meteorológico em queda, enquanto os demais seguiam inexplicáveis – tendo em vista as trajetórias, os dados de radares e as tecnologias conhecidas.
         Depois desse primeiro relatório, centenas de outros episódios teriam chegado ao conhecimento do AARO. Passarão pelo mesmo processo rigoroso de escrutínio, mas os crédulos não se darão por satisfeitos – afinal, como professava o agente Fox Mulder na série de TV Arquivo X, eles querem acreditar.
        Estariam melhor se aderissem a outra máxima científica: hipóteses extraordinárias exigem provas extraordinárias. Até agora, ETs só se comunicam com humanos nas telas de cinema. Como há quem acredite até na inoculação de chips por vacinas, a fábula alienígena segue em propulsão fantástica.

(Editorial. Folha de S.Paulo, 24.12.2022. Adaptado)
A regência verbal e o emprego do acento indicativo da crase estão em conformidade com a norma-padrão com o enunciado reescrito do texto em:
Alternativas
Respostas
641: D
642: A
643: D
644: C
645: D