Questões de Concurso
Comentadas sobre figuras de linguagem em português
Foram encontradas 903 questões
1. A publicidade comercial explora o uso de uma linguagem agradável com substantivos e adjetivos que insinuam efeitos inverificáveis, mas atraente como “status” ou “raro prazer”.
2. O uso de eufemismos, isto é, expressões que sem alterar o significado, amenizam algo desfavorável ou desagradável.
3. As diversas formas de manipulação da linguagem parecem indicar que existem duas realidades bastante diferentes: a realidade objetiva e a realidade reconstruída pelo discurso da comunicação.
Esse pensamento se apoia em uma metáfora de equitação. Assinale o único termo que não faz parte dessa metáfora.
Já ia para três anos, ou mais qualquer coisa, que as lâmpadas feriavam. Mas até que as ruas estavam claras naquela noite. Era uma Lua bonita!... Palha de Arroz, tranquila, parecia um arraial antigo dentro da madrugada. Lá no meio do céu, redonda e bonita, a Lua parecia um disco. Um disco cantando uma canção. Uma canção que poetas não escreveram nem músicos compuseram. Canção de luar de lua cheia por cima duma capital sem luz elétrica. Do tamanho mesmo da lua cheia em pleno e bruto sertão bravio. Daí aqueles pensamentos dançando nos corredores da cabeça do negro Pau de Fumo. Uma canção de luar com a mesma poesia de paragem que nunca sequer ao menos alguém sonhou com eletricidade.
Madrugada madura. Palha de Arroz tranquila mesma, serena. Calma. Dava-se que o movimento agora estava passando uns dias lá no outro lado do rio – bem ali em Timon.
Canoeiros atravessando o pessoal para o festejo. Novenas de S. José. Outrora a cidade se chamava S. José das Flores. Mais conhecida mesmo só por Flores, nome que aliás o povo ainda chamava mesmo depois de mudado o nome para Timon.
(Fontes Ibiapina: Palha de Arroz. Teresina: Corisco, 2002, p. 52-3)
Duas vezes o narrador usa o adjetivo “tranquila” quando se refere a Palha de Arroz. Na verdade uma cidade ou um bairro só pode ser chamado de “tranquilo” quando se faz um deslocamento na atribuição do adjetivo, pois “tranquilo” é a rigor uma qualidade humana e não poderia do ponto de vista lógico se relacionar com o nome do lugar, Palha de Arroz. Esse recurso se enquadra nas características de uma figura de linguagem denominada
“Pegue uma cebola e corte-a ao meio. Olhe bem para ela com olhos de criança. Se você não sabe o que é o olhar de uma criança leia o poeta Alberto Caeiro para aprender… Uma paciente minha, dos tempos em que eu exercia a psicanálise, olhou para uma cebola cortada ao meio com olhos de criança e ficou tão espantada com o que viu que pensou que estava ficando louca. Uma cebola cortada é um espanto. Todos aqueles anéis, perfeitos, agarradinhos uns nos outros, sem folgas intermediárias… A natureza tem alma de artista.”
Assinale a alternativa que apresenta e define corretamente a figura de linguagem presente na frase “leia o poeta Alberto Caeiro”.
Era tão certo quanto Natal e Ano-Novo. A família de Fabrício se reunia na véspera das aulas para encapar os cadernos. Sentavam-se todos os irmãos e a mãe ao redor da mesa para colocar uma capa transparente e uma estampa que sobrava dos presentes. Um dos únicos dias do ano em que dormiam tarde, atravessando de longe a meia-noite, morrendo de alegria. Estudar significava um prêmio. Não podiam chegar de qualquer jeito à escola. Não era permitido que o uniforme não estivesse limpo, apesar de gasto. Não se permitia que nenhum livro viesse desencapado. Tinha que durar. Tinha que sobreviver aos sanduíches do recreio. Tinha que aguentar as viradas de página e o manuseio infinito. A mãe transformava a tarefa em festa. Ela os ensinava a embrulhar devagar, a preencher o nome e a série, colocava durex com o nome dos filhos nos objetos que iam no estojo de madeira. Estimulava os filhos a terem orgulho da letra e do capricho. Nenhum dos filhos tinha caderno diferente de outro irmão. Tudo igual, para não gerar ciúme e competição. Fabrício amava aquele tempo de expectativa, de preparação para momentos importantes da vida. Existia uma paciência que não existe hoje, de esperar a televisão aquecer até vir a imagem, de escrever cartas, de ir até o orelhão para falar com um parente do interior, de pensar como seríamos felizes se fôssemos aprovados em mais um ano escolar. (Fabrício Carpinejar. Amizade é também amor. Rio de Janeiro: Bertrand, 2017. Adaptado)
Assinale a alternativa em que há palavra empregada em sentido figurado.
Aula de Português
(Carlos Drummond de Andrade, fragmento)
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis1 , ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.[...]
1 – Gramático
Nesse poema, Drummond sintetiza o conflito de um aluno diante das variantes da língua. Ampliando o caráter expressivo do texto, no verso “o amazonas de minha ignorância.”, apreende-se a combinação de duas figuras de linguagem. São elas:
TEXTO 2
Polícia descobre ponto de distribuição de drogas em bairro nobre de SP
A Polícia Civil de São Paulo descobriu um esquema de distribuição de drogas que funcionava em um escritório comercial nos Jardins, uma das áreas mais nobres de São Paulo. Cinco pessoas foram presas, e 30 tijolos de cocaína, duas armas e R$ 263 mil foram apreendidos.
Os policiais Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) investigavam a dona de uma empresa de webdesign instalada em um escritório na alameda Santos, próximo do Parque Trianon. No local, havia grande movimentação de veículos de luxo.
Os agentes interceptaram um táxi que saía do estacionamento do prédio na noite desta quinta-feira (10). Com o motorista, encontraram uma bolsa com sete tijolos de cocaína, que teriam como destino o Guarujá, no litoral do estado.
Os policiais entraram no prédio e perguntaram pela empresária, que estava em uma sala de reuniões no primeiro andar. Além da mulher, mais três homens estavam no local, que foi cercado. Havia duas bolsas sobre a mesa da sala, uma com 23 tijolos de cocaína e outra com R$ 263 mil em dinheiro.
Os cinco presos foram autuados por tráfico de drogas e por associação para tráfico.
(Fonte: Folha de São Paulo, 11/10/2019)
TEXTO II
Disponível em: https://twitter.com/Metropoles

Disponível em: https://www.pinterest.pt/pin/248894316886353714/Acesso em 28 de Dezembro de 2017.
A fala da personagem Mafalda faz uma alusão à campanha de vacina contra raiva em animais domésticos. Classificamos esse recurso linguístico como:
TEXTO II
[4 de novembro de 1855]
Desejava dirigir uma pergunta aos meus leitores.
Mas uma pergunta é uma coisa que não se pode fazer sem um ponto de interrogação.
Ora, eu tenho uma birra muito séria a esta figurinha de ortografia, a esta espécie de corcundinha que parece estar sempre chasqueando e zombando da gente.
Com efeito, o que é um ponto de interrogação?
Se fizerdes esta pergunta a um gramático, ele vos atordoará os ouvidos durante uma hora com uma dissertação de arrepiar os cabelos.
Entretanto, não há coisa mais simples de definir do que um ponto de interrogação; basta olhar-lhe para a cara.
Vede: ?
É um pequeno anzol.
Ora, para que serve o anzol?
Para pescar.
Portanto, bem definido, o ponto de interrogação é uma parte da oração que serve para pescar.
Exemplo:
1º Quereis pescar um segredo que o vosso amigo vos oculta, e que desejais saber; deitais o anzol disfarçadamente com a ponta da língua:
– Meu amigo, será verdade o que me disseram, que andas apaixonado?
2º Quereis pescar na algibeira de algum sujeito uma centena de mil réis; preparais o cordel e lançais o anzol de repente:
– O Sr. pode emprestar-me uns duzentos mil réis aí?
3º Quereis pescar algum peixe ou peixãozinho: requebrais os olhos, adoçai a voz, e, por fim, deitais o anzol:
– Uma só palavra: tu me amas?
É preciso, porém, que se advirta numa coisa. O ponto de interrogação é um anzol, e por conseguinte serve para pescar; mas tudo depende da isca que se lhe deita.
Nenhum pescador atira à água o seu anzol sem isca; ninguém portanto diz pura e simplesmente:
– Empresta-me trezentos mil réis?
Não; é preciso que o anzol leve isca e que esta isca seja daquelas que o peixe que se quer pescar goste de engolir.
Alguns pescadores costumam deitar um pouco de mel, e outros seguem o sistema dos índios que metiam dentro d’água certa erva que embebedava os peixes.
Assim, ou dizem:
– Meu amigo, o senhor, que é o pai dos pobres, (isca) empresta-me trezentos mil réis? (anzol).
Ou então empregam o segundo meio:
– Será possível que o benfeitor da humanidade, o homem que todos apregoam como a generosidade personificada, que o cidadão mais popular e mais estimado desta terra, que o negociante que revolve todos os dias um aluvião de bilhetes do banco, me recuse a miserável quantia de trezentos mil réis?
No meio do discurso, já o homem está tonto de tanto elogio, de maneira que, quando o outro lhe lança o anzol, é, com certeza, de trazer o peixe.
Ainda tinha muita coisa a dizer sobre esta arte de pescar na sociedade, arte que tem chegado a um aperfeiçoamento miraculoso. Fica para outra ocasião.
Por ora basta que saibam os meus leitores que o ponto de interrogação é um verdadeiro anzol.
O caniço desta espécie de anzol é a língua, e o fio ou cordel a palavra; fio elástico como não há outro no mundo. […]
Adaptado de: ALENCAR, José de. Ao correr da pena. Edição preparada
por João Roberto Faria. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
“Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem pode a árvore ruim dar bons frutos.”
Essa frase se apoia em antíteses (vocábulos de sentido oposto). Assinale a opção em que ocorre o mesmo.
Leia o texto para responder a questão:
A tecnologia ajuda, mas, no Japão, não são os sensores e as câmeras os principais protagonistas da segurança pública. É uma combinação bem-sucedida de leis rigorosas, policiamento preventivo, ações comunitárias e educativas que têm garantido ao país uma posição de destaque entre os lugares mais seguros do mundo.
Segundo a Agência Nacional de Polícia do Japão, houve, em 2017, apenas 22 crimes cometidos com armas de fogo – deixando 3 mortos e 5 feridos.
A título de comparação, no mesmo período, houve 15612 mortes por armas de fogo nos Estados Unidos, segundo a organização Gun Violence Archive. Isso dá uma média de 42 mortes por armas de fogo por dia nos EUA, contra um total de 44 mortes do tipo no Japão nos últimos oito anos até abril de 2018.
Num país repleto de leis rígidas como o Japão, não é de estranhar que policiais façam suas rondas ostensivas de bicicleta e abordagem sem o uso de armas de fogo, recorrendo a movimentos de artes marciais ou até mesmo redes e cobertores quando é necessário conter um suspeito.
Se você quer comprar uma arma no Japão, é preciso paciência e determinação. É necessário um dia inteiro de aulas, passar numa prova escrita e em outra de tiro ao alvo com um resultado mínimo de 95% de acertos.
As forças policiais têm de ser informadas sobre onde a arma e a munição ficam guardadas – e ambas devem estar em locais distintos, trancadas. Uma vez por ano, a polícia inspecionará a arma. Tudo isso ajuda a explicar por que os tiroteios e massacres com armas de fogo são muito raros no Japão. Quando um massacre ocorre no país, geralmente o criminoso utiliza facas.
(Fatima Kamata. Como tolerância zero a armas e álcool tornou o Japão um dos países mais seguros do mundo. www.bbc.com, 05.03.2019. Adaptado)
Com base na imagem ao lado, é correto afirmar que a figura de linguagem utilizada pela personagem é:
Leia o trecho inicial da crônica de Moacyr Scliar para responder à questão.
Um dia na vida do cartão inteligente
“Preço menor viabiliza cartão inteligente.”
(Folha de S. Paulo, 26 ago.1999)
Não eram ainda dez horas quando ele recebeu, pelo correio especial, o seu novo cartão inteligente. Foi com emoção que ele abriu o envelope – não tinha a menor ideia de como seria esse novo cartão, que, dizia a publicidade, inovava tudo o que se conhecia em matéria de cartões de crédito.
E era diferente mesmo. Não apenas pelo formato – um pouco maior do que os cartões comuns – como também pelo mostrador, semelhante ao das calculadoras. Havia ali uma mensagem: “Bom dia. Sou o seu cartão inteligente. Aqui estou para lhe prestar todos os serviços de que necessite”.
Entusiasmado, ele resolveu ir às compras. Foi ao shopping, passou por diversas lojas. De repente, avistou um belo paletó, um paletó importado, elegantíssimo. Entrou, experimentou. Caiu-lhe muito bem. Sacou do bolso o cartão inteligente e já ia entregá-lo ao vendedor, quando no mostrador apareceu uma mensagem: “Não compre esse paletó. Você não precisa dele. Você já tem muitos paletós e, além disso, o preço está exagerado. Não compre”.
Perturbado, guardou o cartão no bolso, deu uma desculpa qualquer ao intrigado vendedor e bateu em retirada.
[...]
(O imaginário cotidiano. São Paulo, Global, 2013.)