Questões de Português - Flexão de voz (ativa, passiva, reflexiva) para Concurso
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Relacione as colunas abaixo.
( VA ) para Voz Ativa. I. ( ) A moça admirava-se no espelho.
(VPS) para Voz Passiva Sintética. II. ( ) Nunca se ouviram tantas queixas.
(VPA) para Voz Passiva Analítica. III. ( ) Os meninos admiram a locomotiva.
( VR ) para Voz Reflexiva. IV. ( ) O cabelo das meninas foram cortados.
Desculpe, David Luiz
Os EUA tiveram uma guerra civil que custou cerca de 600 mil vidas. A Alemanha foi derrotada duas vezes no período de 27 anos e a França foi ocupada pelos alemães. Outros países tiveram grandes traumas por terremotos e maremotos. Nossos traumas foram derrotas no futebol: para o Uruguai, em 16 de julho de 1950, e Alemanha, em 8 de julho de 2014. Sofremos por causa dos 7 a 1 no futebol, mas esquecemos dos 103 a zero para a Alemanha em prêmios Nobel.
A realidade social não nos traumatiza porque nossos grandes problemas foram banalizados.
Consideramos tragédia ter o quarto melhor time de futebol do mundo, mas não nos traumatiza quando, no dia 1º. de março de 2011, a Unesco divulgou que estamos em 88º lugar em educação; nem quando, em 15 de março de 2013, o PNUD divulgou que estamos em 85º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano; ou quando o Banco Mundial nos coloca como 8º pior país em concentração de renda; ou ainda quando soubemos que somos o 54º país em competitividade no mercado mundial; ou quando o IBGE divulgou, em 27 de setembro de 2013, o aumento do número de adultos analfabetos de 2011 a 2012.
(...) Ao ouvir David Luiz pedir desculpas porque não foi “capaz de fazer seu povo feliz, pelo menos no futebol", pensei que deveria pedir desculpas a ele, porque sou parte da seleção brasileira de líderes políticos e não consigo fazer o necessário para facilitar a vida de cada brasileiro em busca de sua felicidade.
(Cristovam Buarque, O Globo, 26/7/2014)
Essa frase do texto, se colocada na voz ativa, terá a seguinte forma:
Quem me dera um pouco de poesia, esta manhã, de simplicidade, ao menos para descrever a velhinha do Westfália! É uma velhinha dos seus setenta anos, que chega todos os dias ao Westfália (dez e meia, onze horas), e tudo daquele momento em diante começa a girar em torno dela. Tudo é para ela. Quem nunca antes a viu, chama o garçom e pergunta quem ela é. Saberá, então, que se trata de uma velhinha “de muito valor", professora de inglês, francês e alemão, mas “uma grande criadora de casos".
Não é preciso perguntar de que espécie de casos, porque, um minuto depois, já a velhinha abre sua mala de James Bond, de onde retira, para começar, um copo de prata, em seguida, um guardanapo, com o qual começa a limpar o copo de prata, meticulosamente, por dentro e por fora. Volta à mala e sai lá de dentro com uma faca, um garfo e uma colher, também de prata. Por último o prato, a única peça que não é de prata. Enquanto asseia as “armas" com que vai comer, chama o garçom e manda que leve os talheres e a louça da casa. Um gesto soberbo de repulsa.
O garçom (brasileiro) tenta dizer alguma coisa amável, mas ela repele, por considerar (tinha razão) a pronúncia defeituosa. E diz, em francês, que é uma pena aquele homem tentar dizer todo dia a mesma coisa e nunca acertar. Olha-nos e sorri, absolutamente certa de que seu espetáculo está agradando. Pede um filet e recomenda que seja mais bem do que malpassado. Recomenda pressa, enquanto bebe dois copos de água mineral. Vem o filet e ela, num resmungo, manda voltar, porque está cru. Vai o filet, volta o filet e ela o devolve mais uma vez alegando que está assado demais. Vem um novo filet e ela resolve aceitar, mas, antes, faz com os ombros um protesto de resignação.
Pela descrição, vocês irão supor que essa velhinha é insuportável. Uma chata. Mas não. É um encanto. Podia ser avó da Grace Kelly. Uma mulher que luta o tempo inteiro pelos seus gostos. Não negocia sua comodidade, seu conforto. Não confia nas louças e nos talheres daquele restaurante de aparência limpíssima. Paciência, traz de sua casa, lavados por ela, a louça, os talheres e o copo de prata. Um dia o garçom lhe dirá um palavrão? Não acredito. A velhinha tão bela e frágil por fora, magrinha como ela é, se a gente abrir, vai ver tem um homem dentro. Um homem solitário, que sabe o que quer e não cede “isso" de sua magnífica solidão.
(MARIA, Antônio. “Com Vocês, Antônio Maria". Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1964, p. 262.)
Caso a oração expressa na voz passiva do fragmento acima seja redigida na forma composta da voz ativa, uma forma de redação possível será:
Aristóteles, no ano 335 a.C., dissecou princípios e práticas da arte dramática em sua Poética. Para o filósofo, mestre supremo dos roteiristas, a tragédia era a forma mais perfeita e exaltada da arte dramática, a única capaz de proporcionar lições duradouras e catarses poderosas.
As tramas dramáticas, segundo ele, devem incluir elementos essenciais: um grande obstáculo ou reversão de fortuna, e uma lição a ser extraída da provação do protagonista. A reversão da fortuna deve provir de um erro do protagonista. Aristóteles usa a palavra grega hamartia − que vem da prática do arqueirismo e significa, literalmente, “errar o alvo” − para qualificar esse erro ou falha. Há algo de subjetivo, algo que vem da própria personalidade do protagonista, que o faz errar o alvo e, dessa forma, reverter sua fortuna. Ele é otimista demais, talvez altivo e arrogante, julgando-se, quem sabe, com o direito nato ao alvo. Nesse sentido, drama e comédia são os dois lados do mesmo espelho em que se debruça a alma humana. Nós, na plateia, que conhecemos bem flechas e alvos, somos purificados, do mesmo modo, por lágrimas ou risos.
(Adaptado de: Ana Maria Bahiana. Como ver um filme, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, formato ebook, 2012)
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será:
Cabeça nas nuvens
Quando foi convidado para participar da feira de educação da Microsoft, Diogo Machado já sabia que projeto desenvolver.
O estagiário de Informática da Escola Estadual Professor Francisco Coelho, em Cachoeiro de Itapemirim (ES), estava cansado de ouvir reclamações de alunos que perdiam arquivos no computador. Decidiu criar um sistema para salvar trabalhos na própria internet, como ele já fazia com seus códigos de programação. Dessa forma, se o computador desse pau, o conteúdo ficaria seguro e poderia ser acessado de qualquer máquina. A ideia do recém-formado técnico em Informática se baseava em clouding computing (ou computação em nuvem), tecnologia que é aposta de gigantes como Apple e Google para o armazenamento de dados no futuro.
Em três meses, Diogo desenvolveu o Escola na Nuvem (escolananuvem.com.br), um portal em que estudantes e professores se cadastram e podem armazenar e trocar conteúdos, como o trabalho de Matemática ou os tópicos da aula anterior. As informações ficam em um disco virtual, sempre disponíveis para consulta via web.
(Extraído da Revista Galileu, nº 241)
“Quando foi convidado..."
A forma verbal desse segmento está na voz passiva, que, nesse caso, traz a seguinte marca:
I. DESPEJAM UM BALDE DE ÁGUA NO TERRAÇO.
II. DESPEJA-SE UM BALDE DE ÁGUA NO TERRAÇO.
A questão refere-se ao trecho do poema a seguir.
Canção
(Camões)
Já a roxa manhã clara
do Oriente as portas vem abrindo,
dos montes descobrindo
a negra escuridão da luz avara.
O Sol, que nunca para,
de sua alegre vista saudoso,
trás ela, pressuroso,
nos cavalos cansados do trabalho, que respiram nas ervas
fresco orvalho,
se estende, claro, alegre e luminoso.
Os pássaros, voando
de raminho em raminho modulando,
com uma suave e doce melodia
o claro dia estão manifestando.
A manhã bela e amena,
seu rosto descobrindo, a espessura
se cobre de verdura,
branda, suave, angélica, serena.
Ó deleitosa pena,
ó efeito de Amor tão preeminente
que permite e consente
que onde quer que me ache, e onde esteja,
o seráfico gesto sempre veja,
por quem de viver triste sou contente!
Mas tu, Aurora pura,
de tanto bem dá graças à ventura,
pois as foi pôr em ti tão diferentes,
que representes tanta formosura.
A luz suave e leda
a meus olhos me mostra por quem mouro,
e os cabelos de ouro
não igual' aos que vi, mas arremeda:
esta é a luz que arreda
a negra escuridão do sentimento
ao doce pensamento;
o orvalho das flores delicadas
são nos meus olhos lágrimas cansadas,
que eu choro co prazer de meu tormento;
os pássaros que cantam
os meus espíritos são, que a voz levantam,
manifestando o gesto peregrino
com tão divino som que o mundo espantam.
Assim como acontece
a quem a cara vida está perdendo,
que, enquanto vai morrendo,
alguma visão santa lhe aparece;
a mim, em quem falece
a vida, que sois vós, minha Senhora, a
esta alma que em vós mora
(enquanto da prisão se está apartando)
vos estais juntamente apresentando
em forma da formosa e roxa Aurora.
Ó ditosa partida!
Ó glória soberana, alta e subida!
Se mo não impedir o meu desejo;
porque o que vejo, enfim, me torna a vida.
( . . . )
(Disponível em www.dominiopublico.gov.br)
O mesmo tipo de construção ocorre em:
Texto: Na canoa do antropólogo
A malária e o sol escaldante pontuaram a traumática experiência do jovem antropólogo que, entre os aweti, no Xingu, em 1971, fazia sua pesquisa de mestrado. Deitada “em um lago de sangue”, a índia foi declarada morta pelo pajé, enquanto seu bebê recém-nascido chorava perto do fogo. A criança, esclareceu um índio, seria enterrada viva junto com a mãe, enquanto as labaredas terminariam de consumir a oca e os pertences da falecida. Diante disso, consumido pela febre, o antropólogo agarrou o bebê e, auxiliado por sua mulher grávida, uma estudante universitária de antropologia, protegeu-o por dois dias em sua rede, à espera da canoa que os levaria ao posto indígena.
Deve-se violar uma prática tradicional em nome do princípio da vida? Essa pergunta, a mesma que atormenta até hoje o antropólogo George Zarur, um amigo dileto, ressurge sob outra forma na polêmica sobre o Projeto de Lei 1.057, destinado a coibir o infanticídio entre os índios. À primeira vista, o dilema envolve os conceitos de cultura e direitos humanos.
Numa canoa remada por índios remunerados por contas de colares, ao longo de 12 horas, o casal de antropólogos abrigou a criança “da chuva, do sol e dos ramos da beira dos canais que unem a aldeia Aweti ao Posto Leonardo Villas-Boas”. Finalmente, Marina Villas-Boas recolheu o indiozinho desidratado e o encaminhou para adoção. [...] O PL 1.057 ganhou a alcunha de Lei Muwaji para celebrar a índia amazonense Muwaji Suruwahá, que enfrentou sua tribo a fim de salvar a vida da filha nascida com paralisia cerebral.
[...] O infanticídio indígena vitima gêmeos e crianças cujas mães são solteiras ou morreram no parto, assim como as que nascem com deficiências. Na origem da norma encontram-se as estratégias de sobrevivência de grupos humanos acossados permanentemente pela escassez. Nesse contexto, o leite materno e os cuidados com os recém-nascidos são bens limitados e, portanto, valiosos. Há lógica na prática do infanticídio, mas isso não é motivo para perenizá-la.
A unidade indissolúvel entre mãe e filho, na vida e na morte, justifica-se sob a premissa do modo de vida tradicional. Mas o cenário altera-se por completo na hora em que o grupo indígena passa a interagir com a sociedade moderna circundante, que assume a obrigação de prover-lhe serviços essenciais de saúde, inclusive leite para os recém-nascidos, vacinação e tratamentos médicos.
O PL 1.057 foi aprovado na Câmara e tramita no Senado. Há quem a classifique como instrumento de criminalização dos índios. Mas, a Lei Muwaji diz que o dever das autoridades é demover o grupo indígena, “sempre por meio do diálogo”, da persistência na prática do infanticídio, protegendo a criança pela “retirada provisó- ria” do convívio do grupo antes de seu encaminhamento a programas de adoção. Além disso, obviamente, ela não cancela o princípio jurídico da inimputabilidade do indígena, que impede a criminalização de atos derivados da observância de normas entranhadas na tradição do grupo. Na verdade, ao estabelecer a obrigação de comunicar o risco da eliminação de crianças, o PL 1.057 não criminaliza os índios, mas os agentes públicos que, pela omissão deliberada, acobertam violações ultrajantes dos direitos humanos.
Eu, que não tenho religião, enxergo nessa crítica preconceituosa um outro tipo de fundamentalismo: a veneração da cultura como um totem imemorial. E, como tantos outros, religiosos ou não, prefiro ver na canoa que salvou o indiozinho do Xingu uma metáfora para o diálogo entre culturas.
Demétrio Magnoli. O Globo, 22/10/2015. Disponível em http://oglobo.globo.com/opiniao/nacanoa-do-antropologo-17842818#ixzz3xSXXFoDB. Adaptado.
O verbo justificar encontra-se flexionado na voz passiva sintética, assim como a forma verbal da seguinte frase:
Texto 1 – Um país em berço de sangue
O maior país da América Latina, com a maior população católica do mundo, não nasceu de forma tranquila. Neste livro, com o realismo dos documentos originais, vemos claramente a brutalidade do extermínio dos índios na costa brasileira, berço de sangue cujo marco determinante é a fundação da cidade do Rio de Janeiro.
O Brasil real começou a ser construído por homens como o degredado João Ramalho, que raspava os pelos do corpo para se mesclar aos índios e construiu um exército de mestiços caçadores de escravos mais poderoso que o da própria Coroa; personagens improváveis como o jesuíta Manoel da Nóbrega, padre gago incumbido de catequizar um povo de língua indecifrável, esteio da erradicação dos “hereges” antropófagos; líderes implacáveis como Aimberê, ex-escravo que tomou a frente da resistência e Cunhambebe, cacique “imortal”, que dizia poder devorar carne humana porque era “um jaguar”.
Incluindo protestantes franceses, que se aliaram aos índios para escapar dos portugueses e da Inquisição, além de mamelucos, os primeiros brasileiros verdadeiramente ligados à terra, que falavam tupi tanto quanto o português e partiram do planalto de Piratininga para caçar índios e estenderam a colônia sertão adentro, surge um povo que desde a origem nada tem da autoimagem do “brasileiro cordial”.
(Texto da orelha do livro A conquista do Brasil, de Thales Guaracy, Planeta, Rio de Janeiro, 2015)
SEXO, PENICILINA E ROCK'N'ROLL
Economista defende que remédio contra a sífilis foi o pontapé inicial para as
transformações vividas nos anos 1960
Era uma vez uma pílula que, ao ser ingerida, mudou de uma vez por todas nosso comportamento e sistema de valores, transformando a sociedade no século 20. Da pílula anticoncepcional nasceu a revolução sexual. Essa é a história conhecida. Mas, segundo o economista Andrew Francis, da Universidade Emory, nos Estados Unidos, o pontapé inicial da revolução sexual foi dado não pela pílula, mas pela penicilina. Descoberta em 1928 por Alexander Fleming, ela foi usada clinicamente pela primeira vez em 1941. Dois anos depois, constatou-se que a penicilina podia tratar uma das doenças mais temidas da época: a sífilis. "De 1947 a 1957, a incidência de sífilis caiu 95%, e as mortes, 75%", disse Francis a GALILEU. "Minha hipótese é que essa redução no impacto de contrair sífilis estimulou um comportamento sexual não tradicional nos anos de 1950".
Para testar a ideia, ele foi atrás dos indicadores da incidência de gonorreia (também sexualmente transmissível), do número de filhos ilegítimos e da ocorrência de gravidez na adolescência. À medida que a sífilis era controlada, esses indicadores subiam. Ou seja, quando a pílula surgiu, algumas mudanças já estavam em curso. Isso não tira, é claro, a importância do anticoncepcional nas transformações que vieram em seguida. Afinal, a penicilina não resolvia a questão da contracepção. "A mulher já estava no mercado de trabalho; exigia-se da medicina uma solução para que ela pudesse conciliar a vida profissional com a maternidade", afirma Carmita Abdo, coordenador do ProSex.
(Revista GALILEU, Editora Globo. Maio/2015 - Nº 286 - Por Amarilis Lage - Seção Dossiê Métodos contraceptivos, p. 36)
(VA) para Voz Ativa.
(VP) para Voz Passiva.
(VR) para Voz Reflexiva.
( ) Os dois falaram-se rapidamente.
( ) As crianças correram no parque.
( ) Nunca se ouviram queixas dele.
Assinale a opção que apresenta a classificação correta.
A SEGURANÇA PÚBLICA E A IMPORTÂNCIA DAS GUARDAS MUNICIPAIS
Englobando o país em que as pessoas clamam por uma segurança pública mais justa e eficiente, está dentre os agentes institucionais incumbidos dessa árdua missão, a figura das Guardas Municipais como boa opção de somação na tentativa de resgatar a confiança do povo nos seus órgãos de proteção para uma consequente melhora nesta problemática área social.
Com o recrudescimento da violência e o aumento estúpido da criminalidade em todo canto do país e, pelo fato de as Polícias não estarem sendo suficientes o bastante para conter o surto da marginalidade, precisamos além do apoio irrestrito da população, das ações relacionadas às Guardas Municipais neste importante mister de bem proteger a sociedade.
A sociedade brasileira é sabedora de que a Instituição Policial Militar tem as suas ações voltadas primordialmente para a prevenção em virtude de ser uma força fardada, uniformizada, enquanto que a Polícia Civil, a Polícia Judiciária é incumbida da repressão ao crime, ou seja, é responsável por construir o alicerce do Processo Criminal através da investigação policial, do inquérito policial, para levar os delinquentes às barras da Justiça.
(...)
A população quer solução para a questão da sua insegurança e não faz distinção entre Polícias. O povo reclama principalmente por policiamento ostensivo mais eficiente e presente em diversos lugares. A sociedade clama pela presença de Policiais uniformizados nas ruas, durante todo o dia e, notadamente, à noite, para a garantia da propriedade e da vida das pessoas.
A crítica da imprensa e o clamor da sociedade por uma segurança pública mais eficaz levam- -nos a um exame mais criterioso: o de que as Guardas Municipais devem realmente ultrapassar as suas atribuições constitucionais para tornarem-se força auxiliar da Polícia Militar.
O artigo 144 da Constituição Federal trata da questão da segurança pública como sendo dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, definindo como órgãos de proteção da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Ferroviária Federal, as Polícias Civis, as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares, deixando, entretanto, para os Municípios o poder de constituir as suas Guardas Municipais, destinadas somente a proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme o estatuído no § 8º do citado artigo.
Entretanto a interpretação do texto constitucional deve sempre buscar o melhor resultado social, a melhor opção para o povo, a melhor alternativa, e a alternativa plausível para a melhoria do nosso policiamento ostensivo está nas Guardas Municipais para todos os lugares como auxiliar da Polícia Militar.
Partindo do princípio de que quem guarda vigia, quem vigia policia e, quem policia é a Polícia que guarda e também vigia, logo se subentendem que as Polícias e as Guardas Municipais caminham pari passu, ou seja, estão no mesmo barco, na mesma tempestade e com a mesma finalidade: a proteção da sociedade através da manutenção da ordem, do cumprimento e aplicação das Leis vigentes no país.
(...)
Outro fato relevante é o de que as Guardas Municipais buscam sempre o policiamento em integração com o povo dos seus Municípios e isso é de suma importância para se fazer segurança pública, pois a população passa a ver a sua Guarda, que também é a sua Polícia, à luz do valor da amizade, virando sua parceira no combate ao crime.
Tais corpos municipais fortalecidos e expandidos para todas as cidades do país, por certo desafogariam as Polícias Militares e evitariam a expansão dos crimes nos seus municípios. Por sua vez, a Polícia Militar passaria a exercer em melhor patamar e plenitude a sua forte missão e, de tudo, haveria em consequência também o benefício para a Polícia Civil, ou seja, para a Polícia Judiciária que tem em seu acervo imensurável quantidade de procedimentos investigativos em todas as Delegacias de Polícia do país sempre em ascensão e que com o evidente freio ou diminuição dos crimes, estaria mais apta e solta para melhor investigar os ilícitos inevitáveis.
Assim como os Estados devem proceder com as suas Polícias, os Municípios devem investir e mais valorizar profissionalmente as suas Guardas Municipais, qualificar melhor os seus membros, tornar insistentes e bravos guerreiros defensores do cidadão de bem, soldados eficientes e respeitosos, ágeis e transparentes, honrosos e merecedores da confiança da sociedade, para enfim, como verdadeira força somatória, caminharmos todos juntos em busca da tão sonhada, almejada e esperada, real segurança pública dos brasileiros.
[...] Muitas pessoas se preocupam com o impacto dos atuais quase 7 bilhões de habitantes do mundo. Evidentemente o elevado número de pessoas no Planeta é um fator de pressão sobre o meio ambiente. Acontece que a população vai continuar crescendo até algo em torno de 9 bilhões de habitantes, pois o mundo ainda tem uma estrutura etária relativamente jovem. Somente com o aprofundamento da transição demográfica a população vai parar de crescer. Mas o meio ambiente não pode esperar a “inércia demográfica". O que fazer então?
Uma alternativa é diminuir o consumo. Mas, isto também não é simples, pois existem bilhões de habitantes que não possuem condições adequadas de sobrevivência e lutam por uma vida com mais conforto, com mais educação e saúde, com melhores condições de habitação e lazer etc. A China, por exemplo, é um país que controlou o crescimento da população, mas liberou o crescimento do consumo e já é o maior mercado para alimentos, moradias, eletrodomésticos, motocicletas, automóveis, celulares etc.
Uma população maior, com um consumo maior, gera uma montanha maior de lixo e resíduos. Desta forma, a produção e o consumo humanos agridem a natureza duplamente: primeiro sugam os recursos naturais, depois devolvem um volume imenso de lixo que volta para a natureza poluindo os rios, os oceanos, o ar, os terrenos e degradando o meio ambiente. Mesmo o lixo recolhido em aterros sanitários é fonte de poluição e ocupa terrenos e áreas cada vez maiores em torno das grandes cidades.
Sem dúvida precisamos reduzir o consumo supérfluo per capita da humanidade, em especial, daqueles e daquelas que têm alto padrão de consumo conspícuo. Também precisa haver uma melhor distribuição do acesso aos bens materiais entre e intra os países. Mas uma forma de mitigar e reduzir os danos do consumo médio excessivo da humanidade é por meio de um adequado tratamento e aproveitamento do lixo.
[...] Em alguns aterros, implantou-se um sistema de captação de gás metano para gerar energia. Existem usinas pilotos (Usinaverde) que são capazes de transformar 30 toneladas de lixo, por dia, em energia suficiente para atender 20 mil habitantes.
[...] A própria coleta do lixo requer um investimento adequado. O modelo implementado na cidade de Barcelona tem servido de exemplo para diversas outras cidades. O esquema catalão de coleta de lixo evita as sujeiras das ruas, causadas por latas de lixo, e evita a circulação de caminhões e a queima de óleo diesel, deixando a cidade mais agradável, silenciosa, limpa e até cheirosa. O sistema é simples (mas não barato), a população recolhe o lixo e o coloca em tubos ligados a um sugador subterrâneo, que leva o lixo até um centro de coleta, onde passa por uma triagem e é transportado para uma usina de reciclagem, afastada da cidade.
Desta forma, o aproveitamento e tratamento do lixo, desde as residências até as usinas de reciclagem e produção de energia, são uma forma de mitigar o impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente. Sem dúvida, a pegada ecológica humana pode ter uma redução considerável se o lixo deixar de ser tratado na velha acepção da palavra lixo (restos, entulhos, sujeira, imundície, coisa sem valor), e, sim, for tratado como insumo de materiais reciclados e como fonte de energia.
(José Eustáquio Diniz Alves. O aproveitamento e a reciclagem do lixo. Disponível em: http://www.ecodebate.com.br.)
Você sabe com quem está falando?
Não nos parece uma tarefa fácil conciliar desejos (que geralmente são ilimitados e odeiam controles) e a questão fundamental de cumprir regras, seguir leis e construir espaços públicos seguros e igualitários, válidos para todos, numa sociedade que também tem o seu lado claramente aristocrático e hierárquico. Um sistema que ama a democracia, mas também gosta de usar o “Você sabe com quem está falando?”. O nosso amor simultâneo pela igualdade e, a seu lado, o nosso afeto pelo familismo e pelo partidarismo governados pela ética de condescendência tão nossa conhecida, que diz: nós somos diferentes e temos biografia; para os amigos tudo, aos inimigos (e estranhos, os que não conhecemos) a lei!
O resultado dessa tomada de posição, básica numa democracia, é simples, mas muitas vezes ignorado entre nós: a minha liberdade teoricamente ilimitada tem de se ajustar à sua, e as duas acabam promovendo uma conformidade voluntária com limites, com fronteiras cívicas que não podem ser ultrapassadas, como a de furar a fila ou a de dar uma carteirada.
Na sua simplicidade, a fila é um dos melhores, se não for o melhor, exemplos de como operam os limites numa democracia. Seus princípios são simples e reveladores: quem chega primeiro é atendido em primeiro lugar. Numa fila, portanto, não vale o oculto. Ou temos uma clara linha de pessoas, umas atrás das outras, ou a vaca vai para o brejo. Quando eu era menino, lembro-me bem de como era impossível ter uma fila no Brasil.As velhas senhoras e as pessoas importantes (sobretudo os políticos) não se conformavam com suas regras e traziam como argumento para serem atendidos, passando na frente dos outros, ou a idade, ou o cargo, ou conhecimento com quem estava atendendo, ou algum laço de família. Hoje, sabemos que idosos e deficientes não entram em fila. Mas estamos igualmente alertas para o fato de que um cargo ou um laço de amizade não faz de alguém um supercidadão com poderes ilimitados junto aos que estão penando numa fila por algumas horas.
Do mesmo modo e pela mesma lógica, ninguém pode ser sempre o primeiro da fila (e nem o último), como ninguém pode ser campeão para sempre. Se isso acontece, ou seja, se um time campeão mudar as regras para ser campeão para sempre, então o futebol vai pros quintos dos infernos. Ele simplesmente acaba com o jogo como uma disputa. Na disputa, o adversário não é um inimigo; numa fila, quem está na frente não é um superior. O poder ilimitado e congelado ou fixo em pessoas ou partidos, como ocorre nas ditaduras, liquida a democracia justamente porque ele usurpa os limites nos quais se baseia a fila.
DA MATTA, Roberto
(Adaptado de revistatrip.uol.com.br.)