Questões de Concurso
Comentadas sobre formação das palavras: composição, derivação, hibridismo, onomatopeia e abreviação em português
Foram encontradas 1.384 questões
O texto seguinte servirá de base para responder às questões de 1 a 15.
Texto 01:
Sinais de consentimento forçado
O esforço do geneticista e bioinformata Yves Moreau, da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, já levou à retratação de 30 artigos científicos desde 2019. Em comum, os estudos cancelados utilizavam dados genéticos ou biométricos de minorias étnicas e grupos populacionais vulneráveis da China, cuja coleta foi realizada em condições nebulosas. Em alguns casos, não foi possível assegurar que os sujeitos da pesquisa forneceram material biológico de forma voluntária ou que o estudo foi aprovado pelo comitê ético de alguma instituição científica reconhecida. Já outros papers estão lastreados por termos de consentimento informado, nos quais os participantes declaram que foram avisados sobre o escopo da pesquisa e que aceitaram participar dela, mas há a possibilidade de que a coleta de dados tenha sido forçada e os documentos de anuência obtidos sob coação, o que os tornaria inúteis. Essa suspeita se baseia no ambiente de repressão política em que as pesquisas foram feitas e na presença de agentes de segurança do Estado entre os coautores dos artigos.
Segundo Moreau, a polícia chinesa se vale de uma base de dados nacional de DNA, de informações biométricas e de métodos de vigilância − tais como câmeras de vídeo e reconhecimento facial − para monitorar a minoria muçulmana uigur na província de Xinjiang, no noroeste do país. A mesma estratégia vale para os habitantes das montanhas do Tibete, região controlada pela China desde a década de 1950. "Isso faz parte da arquitetura do controle social e é uma ferramenta de pressão psicológica eficaz", disse Moreau ao jornal The Washington Post.
Em fevereiro, a revista Molecular Genetics & Genomic Medicine anunciou a retratação de 18 artigos apontados como suspeitos por Moreau, reconhecendo "inconsistências entre a documentação de consentimento e a pesquisa relatada". Outra retratação recente envolveu um trabalho publicado em 2022 na revista PLOS ONE , em que pesquisadores chineses coletaram amostras de sangue de centenas de tibetanos e concluíram que marcadores genéticos de seus cromossomos X poderiam ser úteis para identificação forense e testes de paternidade. Moreau alertou os editores da PLOS ONE que forças de segurança chinesas podem ter participado da coleta de dados, uma vez que organizações de defesa dos direitos humanos haviam denunciado a existência de um programa de coleta compulsória de amostras de DNA de populações tibetanas. O pesquisador pediu que investigassem se houve mesmo o consentimento informado dos indivíduos que cederam amostras de sangue. O artigo foi retratado apenas três meses após o alerta. Segundo nota divulgada pelo periódico, documentos fornecidos pelos autores não foram suficientes para afastar dúvidas sobre a autenticidade do consentimento informado e garantir que o estudo recebeu aprovação ética de comitê regularmente estabelecido.
A rapidez da PLOS ONE em analisar o caso não é um padrão entre as revistas científicas. Moreau e seu grupo fizeram alertas semelhantes sobre mais de uma centena de artigos e ao menos 70 deles seguem sendo investigados há mais de dois anos, sem que as publicações cheguem a uma conclusão sobre se devem ser retratados − o argumento é de que os casos são complexos. "A demora excessiva de editores em proferir decisões equivale à má conduta editorial", disse Moreau, em uma longa reportagem sobre seu trabalho publicada em janeiro na revista Nature.
Houve casos em que os editores consideraram a suspeita infundada e encerraram as investigações. A editora MDPI declarou não ter encontrado falhas éticas em sete artigos questionados por Moreau, publicados na revista Genes. Um dos artigos investigou as origens genéticas do povo Hui, outro grupo étnico muçulmano do norte da China. Vários autores trabalham para a Academia de Ciências Forenses de Xangai, que é parte do Ministério da Justiça da China. Em um outro artigo, autores eram afiliados ao Departamento de Investigação Criminal da província de Yunnan e ao Gabinete de Segurança Pública da cidade de Zibo, na China. "Não é incomum que a polícia ajude a facilitar a pesquisa forense de genética populacional", afirmou à Nature Dennis McNevin, da Universidade de Tecnologia de Sydney, na Austrália, coautor de um artigo apontado como suspeito por Moreau. O trabalho em questão foi publicado em 2018 na revista Scientific Reports e se baseava na análise genética de 1.842 pessoas de quatro grupos étnicos da China. O artigo segue válido, mas em 2022 a editora Springer Nature fez uma correção removendo dados (anonimizados) de participantes que constavam nas informações suplementares do paper, porque não havia consentimento para divulgá-los.
O engajamento de Moreau no combate ao que ele chama de "vigilância genômica" de minorias étnicas começou em 2016, quando soube que o governo do Kuwait lançara um programa para coletar e catalogar perfis genéticos de seus cidadãos e de visitantes. Ele levou o caso à Sociedade Europeia de Genética Humana e pediu que se pronunciasse contra a medida. Com a repercussão negativa, o programa acabou revogado pelo Parlamento do país. No mesmo ano, foi informado de que um programa de catalogação de DNA estava sendo implantado como parte do processo de registro de passaporte em Xinjiang, onde os uigures têm sido alvo de vigilância e detenções em massa. Ele fez um levantamento da literatura científica e encontrou dezenas de artigos que descrevem o perfil genético de grupos étnicos minoritários na China. Também observou que mais de 20% das pesquisas publicadas sobre genética forense populacional na China entre 2011 e 2018 concentraram-se nos uigures, embora eles representem menos de 1% da população.
Retirado e adaptado de: MARQUES, Fabrício. Sinais de consentimento forçado. Revista Pesquisa FAPESP.
Disponível em:
https://revistapesquisa.fapesp.br/sinais-de-consentimento-forcado/ Acesso em: 19 abr., 2024.
Texto 02: Trecho da Resolução n.º 466, de 12 de dezembro de 2012
[...] II - DOS TERMOS E DEFINIÇÕES
A presente Resolução adota as seguintes definições:
II.2 - assentimento livre e esclarecido - anuência do participante da pesquisa, criança, adolescente ou legalmente incapaz, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação. Tais participantes devem ser esclarecidos sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa lhes acarretar, na medida de sua compreensão e respeitados em suas singularidades [...];
II.5 - consentimento livre e esclarecido - anuência do participante da pesquisa e/ou de seu representante legal, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação, após esclarecimento completo e pormenorizado sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar [...];
II.10 - participante da pesquisa - indivíduo que, de forma esclarecida e voluntária, ou sob o esclarecimento e autorização de seu(s) responsável(eis) legal(is), aceita ser pesquisado. A participação deve se dar de forma gratuita, ressalvadas as pesquisas clínicas de Fase I ou de bioequivalência [...];
II.12 - pesquisa - processo formal e sistemático que visa à produção, ao avanço do conhecimento e/ou à obtenção de respostas para problemas mediante emprego de método científico [...];
II.14 - pesquisa envolvendo seres humanos - pesquisa que, individual ou coletivamente, tenha como participante o ser humano, em sua totalidade ou partes dele, e o envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo de seus dados, informações ou materiais biológicos [...];
II.23 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE - documento no qual é explicitado o consentimento livre e esclarecido do participante e/ou de seu responsável legal, de forma escrita, devendo conter todas as informações necessárias, em linguagem clara e objetiva, de fácil entendimento, para o mais completo esclarecimento sobre a pesquisa a qual se propõe participar;
II.24 - Termo de Assentimento - documento elaborado em linguagem acessível para os menores ou para os legalmente incapazes, por meio do qual, após os participantes da pesquisa serem devidamente esclarecidos, explicitarão sua anuência em participar da pesquisa, sem prejuízo do consentimento de seus responsáveis legais.
II.25 - vulnerabilidade - estado de pessoas ou grupos que, por quaisquer razões ou motivos, tenham a sua capacidade de autodeterminação reduzida ou impedida, ou de qualquer forma estejam impedidos de opor resistência, sobretudo no que se refere ao consentimento livre e esclarecido.
Retirado e adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. RESOLUÇÃO Nº 466, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012.Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0 466_12_12_2012.html Acesso em: 20 abr., 2024.
Sobre processos de formação de palavras, analise as afirmações a seguir:
I. A palavra "geneticista" foi formada pelo processo de ___________.
II. A palavra "bioinformata" foi formada pelo processo de ___________.
III. A palavra "pesquisa" foi formada pelo processo de ___________.
IV. A palavra "minoritários" foi formada pelo processo de ___________.
Assinale a alternativa que correta e respectivamente preenche as lacunas nos excertos:
'Empresas já leem nossas mentes e vão saber ainda mais com neurotecnologia', diz pesquisadora
Alguns anos atrás, a ideia de "ameaça à privacidade de pensamento" estava mais para 1984, de George Orwell, e para o terreno da ficção científica distópica. Para Nita Farahany, professora da Universidade Duke (EUA) que se especializou em pesquisar as consequências das novas tecnologias e suas implicações éticas, essa ameaça já é presente hoje e deve ser levada a sério.
A iraniana-americana lançou neste ano o livro The Battle for your Brain: Defending the Right to Think Freely in the Age of Neurotechnology ("A Batalha pelo seu Cérebro: Defendendo o Direito de Pensar Livremente na Era da Neurotecnologia", em tradução livre, sem edição brasileira). Mas como é possível ler o nosso cérebro? Bem, de fato ainda não existe — como na ficção — uma supermáquina que entra na cabeça de uma pessoa e entrega uma lista completa de ideias e conceitos. Na verdade, explica Farahany, as defesas da nossa privacidade de pensamento começaram a ser derrubadas sem a necessidade de examinar diretamente o cérebro. Isso foi possível com a vasta quantidade de dados pessoais compartilhada em redes sociais e outros apps, que é analisada por algoritmos e depois monetizada.
Hoje as companhias de tecnologia detêm informações importantes sobre nós: quem são nossos amigos, qual conteúdo gera emoção (e, importante, que tipo de emoção), as preferências políticas, em quais produtos clicamos, por onde circulamos ao longo do dia e algumas das transações financeiras. "Tudo isso está sendo usado por empresas para criar perfis muito precisos sobre quem somos e assim entender nossas preferências e nossos desejos", diz Farahany em entrevista à BBC News Brasil. "É importante as pessoas entenderem que elas já estão em um mundo onde mentes são lidas."
Outra fronteira do nosso funcionamento interno começa a ser explorada com a popularização de smartwatches (relógios inteligentes), que reúnem dados sobre batimento cardíaco, níveis de estresse, qualidade do sono e muito mais. Mas o avanço da neurotecnologia, com equipamentos em contato direto com a cabeça, leva tudo isso a um novo patamar, com mais dados e mais precisão. Ela explica que sensores cerebrais são justamente parecidos com sensores de frequência cardíaca encontrados nos smartwatches ou em anéis que medem a temperatura do corpo quando captam a atividade elétrica no cérebro. "E toda vez que você pensa, ou toda vez que sente algo, os neurônios disparam em seu cérebro, emitindo pequenas descargas elétricas. Padrões característicos podem ser usados para tirar conclusões", afirma. "Por exemplo, se você vê uma propaganda e sente alegria ou estresse ou raiva, tédio, envolvimento... todas essas reações podem ser captadas por meio da atividade elétrica em seu cérebro e decodificadas com a inteligência artificial mais avançada." Ou seja, esses sinais cerebrais transmitem o que sentimos, observamos, imaginamos ou pensamos. Farahany afirma que as pessoas precisam compreender e aceitar que o cérebro "não é inteiramente delas".
Essa situação leva a própria filosofia a questionar o conceito de livre arbítrio, ou seja, o poder de um indivíduo de optar por suas ações. "Imagine que você se proponha no começo da semana a não passar mais de uma hora por dia nas redes sociais. Aí você descobre no final que você gastou quatro horas por dia. O que aconteceu?", pondera a professora de Direito e Filosofia na Duke. "Se existem algoritmos projetados para te capturar quando você quer se desconectar, se existem notificações quando você fica muito tempo fora do celular, se você quer assistir a só um episódio da série e o próximo começa automaticamente, você usou seu livre arbítrio? São ferramentas e técnicas projetadas para prejudicar aquilo com que você se comprometeu."
Farahany, ao contrário do que se possa pensar, é uma grande entusiasta dos avanços da neurotecnologia. Ela enumera ao longo de The Battle for Your Brain uma longa lista de contextos em que o monitoramento cerebral poderia melhorar a humanidade e salvar vidas. "O que eu proponho é um equilíbrio. É tanto uma forma de as pessoas enxergarem os aspectos positivos da tecnologia, mas também de estarem protegidas contra os riscos mais significativos", diz. "Para chegar lá, é necessário mudar a forma como pensamos a nossa relação com a tecnologia. A tecnologia raramente é o problema. Quase sempre é o mau uso."
"Não se trata de encampar posições absolutas do tipo 'tudo isso é ruim' ou 'tudo isso é ótimo', mas tentar definir quais são as funcionalidades dessa tecnologia para o bem comum e quais são os riscos de uso indevido." (...)
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c88jmpl902lo (Adaptado).
Em relação à estrutura das palavras, assinale a alternativa abaixo em que há um vocábulo, retirado do texto, constituído de mais de um radical:
“Por essas características e pela incapacidade do poder público em regulá-la, a grilagem tornou-se, também, um dos motores da concentração fundiária no país.”
Considerando o trecho acima, é CORRETO afirmar que:
TEXTO 2
Contribuições da Psicologia e Pedagogia para o Trânsito Seguro
A psicologia do trânsito teve seu marco no Brasil, em 1913, pelas mãos do engenheiro Roberto Mange, que importou de Zurique - Suíça -, testes e técnicas para avaliar os ferroviários da Estrada de Ferro Sorocabana. Até o advento da profissão de psicologia em 1962, essa era uma disciplina da área da educação.
Os pedagogos e os “educadores de trânsito”, devido à ausência de uma doutrina oficial, estabeleciam a partir de suas vivências e suas convicções os conceitos e ações de educação para o trânsito. Somente no Código de Trânsito Brasileiro – CTB, Lei nº 9.503 de 23 de setembro de 1997, que regulamenta no capítulo VI – DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO, que foram oficializadas as possíveis ações. A partir daí, trazendo, também, avanços para a segurança viária e foco no comportamento humano.
A Educação para o trânsito está prevista no art. 76 do CTB, o qual norteia e estabelece a necessidade de incluir os conteúdos programáticos de forma transversal dentro de Ética, Cidadania, Saúde e Meio Ambiente, com equipe multidisciplinar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, teve uma alteração em 2017, definindo Base Nacional Comum Curricular – BNCC, como a nomenclatura para direitos e objetivos de aprendizagem. Através de seus temas contemporâneos, em Cidadania e Civismo, também contempla Educação para o Trânsito. Dessa forma, os pedagogos e educadores de trânsito já possuem referenciais teóricos para suas práticas.
Pedagogos e psicólogos trabalham em equipe, cada um dentro de suas peculiaridades, mas, a profissão de psicólogo foi regulamentada no Brasil somente em 1962, passando a integrar o setor da saúde. A psicologia do trânsito foi uma das primeiras áreas de atuação do psicólogo desde seu reconhecimento. Os estudos científicos do professor Reinier Rozestraten elevaram a psicologia do trânsito a outro patamar, envolvendo outras áreas como a Engenharia, analisando o comportamento humano e fatores de percepção de risco. Em 1983 foi criado o primeiro grupo de pesquisa em psicologia do trânsito, pela Universidade Federal de Uberlândia, concedendo as primeiras disciplinas e cursos de especialização na área.
A psicologia do trânsito conversa com outras áreas e o campo do saber é vasto, mas bem definido. Foi um processo demorado, definindo competências, habilidades e responsabilidades desta profissão, tão importante e imprescindível.
Disponível em: https://www.onsv.org.br/comunicacao/artigos/contribuicoe s-da-psicologia-e-pedagogia-para-o-transito-seguro. Acesso: 12 out. 2023.
Com base no texto “Contribuições da Psicologia e Pedagogia para o Trânsito Seguro”, analise as afirmativas a seguir:
I. Em: “A psicologia do trânsito teve seu marco no Brasil, em 1913, pelas mãos do engenheiro Roberto Mange”, o referencial do pronome possessivo “seu” não está claro, pois o pronome em questão está gerando ambiguidade no período.
II. Em: “A partir daí, trazendo, também, avanços para a segurança viária e foco no comportamento humano.”, o advérbio “também” assume a mesma função de uma conjunção subordinada aditiva.
III. Em: “Através de seus temas contemporâneos, em Cidadania e Civismo, também contempla Educação para o Trânsito.”, do adjetivo “contemporâneo” forma-se o substantivo “contemporaneidade” a partir da adição do sufixo “-dade”.
Marque a alternativa correta:
Leia o excerto de Fiquei afásica, artigo de divulgação científica, publicado na Roseta (em 2022), revista de popularização da ciência, e responda às questões de 10 a 15.
Texto 4:
Fiquei afásica
O cérebro de uma pessoa afásica trabalha de forma diferente de uma pessoa não afásica, o que afeta, na maioria das vezes, o uso linguístico.
Lou-Ann Kleppa
Perdi as palavras de um dia
pro outro
Não uso mais “enfim”, “sabe?”
Entendo o que me dizem, mas
se tento falar
Só sai TISSA TISSA TISSA TÁ
Fiquei afásica
Perdi o controle da escolha
Só me resta o gesto
Não uso mais “obrigado”, “até”
O som que sai não é sequer uma palavra
dessa língua
Só sai TISSA TISSA TISSA TÁ
Fiquei afásica
Depois do AVC
minha vida para/pa-ra-li-sou
Sou paciente, passiva, sujeito sem ação
Quero voltar pra mim
inventar nova comunicação
Por enquanto só sai TISSA TISSA TISSA TÁ
Fiquei afásica
Você já tentou passar um dia inteiro sem dizer qualquer palavra? A não ser que você esteja socialmente isolado ou tenha feito voto de silêncio, se você conseguir desenvolver suas atividades rotineiras sem dizer uma palavra ao longo de 24h, então isso foi uma opção e provavelmente não uma imposição. Agora imagine uma pessoa que, da noite pro dia, não seja mais capaz de usar as palavras da sua língua materna.
Para preservar a identidade da pessoa afásica, chamaremos de Liliane uma moça que, aos 33 anos de idade, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC, popularmente conhecido como derrame). Este episódio neurológico fez com que um pedacinho do hemisfério esquerdo do cérebro de Liliane parasse de receber fluxo de sangue. E isto deixou duas sequelas marcantes nela: os membros do lado direito do corpo perderam força e mobilidade e a linguagem dela foi afetada.
A perna direita arrastava na caminhada e a mão direita não segurava mais objetos (escrever com caneta ou lápis deixou de ser possível), mas isso não a impedia de digitar no celular. Perceba que Liliane conseguiu se adaptar a uma limitação do seu corpo digitando no celular com a mão esquerda.
A princípio, sua linguagem falada se reduzia a um automatismo: espontaneamente (quando não lia ou repetia palavras), ela só produzia TISSA (TÁ). Chegaram até a chamá-la de Ticiane, tão característico tinha virado o TISSA dela. “Oi, tudo bem?” “TISSA.” “Aceita mais uma fatia de bolo?” “TISSA”, Liliane procurou tratamento fonoaudiológico e entendeu que sua dificuldade não era mecânica: era a linguagem dela que estava afetada.
Gestos como descascar frutas, cortar alimentos ou desenhar algo podem estar preservados. O problema não é articulatório (localizado na boca ou na mão), mas afeta as funções da linguagem no cérebro.
Liliane procurou um grupo de extensão universitária e foi acolhida num grupo interdisciplinar em que atuavam fonoterapeutas, terapeutas ocupacionais e linguistas. Lá ela conheceu pessoas com os mais diversos tipos de afasias e seus acompanhantes. Alino grupo, ela entendeu que a afasia é uma decorrência de lesão cerebral. [...]
Há casos de pessoas com afasia que acompanham um grupo como esses por 10 anos, por exemplo. Voltar não só para a linguagem, mas para as atividades linguageiras e se sentir aceito na sociedade novamente demanda tempo e paciência. [...]
Ao saber que neologismos são palavras formadas, sobremodo, a partir das necessidades culturais, analise a formação das palavras no poema exposto no Texto 4. Assinale a alternativa com a análise CORRETA.
Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 5.
A forma que enxergamos as cores muda conforme envelhecemos, diz estudo
Quando expostas ao aumento de luminosidade e da saturação cromática, as pupilas se contraem. Mas há uma diferença nesse movimento entre jovens e idosos – o que resulta em percepções diferentes da mesma cor. Isso é o que mostra um estudo publicado na revista Scientific Reports e divulgado em 22 de janeiro.
A pesquisa contou com dois grupos: um de 17 pessoas com idade média de 27,7 anos e outro de 20 indivíduos com idade média de 64,4 anos. Os pesquisadores colocaram os voluntários em uma sala com blecaute e lhes mostraram 26 cores diferentes enquanto mediam o diâmetro de suas pupilas usando uma câmera de rastreamento ocular altamente sensível. Cada tonalidade aparecia na tela por 5 segundos. Foram exibidos tons escuros, suaves, saturados e claros de magenta, azul, verde, amarelo e vermelho, além de dois tons de laranja e quatro opções de cinza. O aparelho, que captava o diâmetro das pupilas mil vezes por segundo, permitiu observar que as pupilas de pessoas idosas saudáveis se contraiam menos do que a de adultos jovens em resposta ao aumento na saturação das cores. Essa diferença foi mais acentuada em relação ao verde e ao magenta. Já mudanças na claridade ou luminosidade das tonalidades provocaram respostas semelhantes nos dois grupos.
“Esse trabalho questiona a crença antiga entre os cientistas de que a percepção das cores permanece relativamente constante ao longo da vida. Em vez disso, ela sugere que as cores desaparecem lentamente à medida que envelhecemos”, explicou Janneke van Leeuwen, do Instituto de Neurologia da University College London (UCL), na Inglaterra, em comunicado.
Os cientistas acreditam que, conforme as pessoas envelhecem, haja um declínio na sensibilidade do corpo aos níveis de saturação das cores no córtex visual primário (parte do cérebro responsável por receber, integrar e processar as informações visuais captadas pelas retinas). Pesquisas anteriores já demonstraram que essa característica também está presente em pessoas que apresentam uma forma rara de demência chamada atrofia cortical posterior (ACP), caso em que dificuldades e anormalidades com relação à percepção de cores podem ocorrer devido a um declínio na sensibilidade do cérebro a determinados tons no córtex visual primário e em suas redes. “Pessoas com demência podem apresentar alterações nas preferências de cores e outros sintomas relacionados ao cérebro visual. Para interpretar esses dados corretamente, primeiro precisamos avaliar os efeitos do envelhecimento saudável na percepção das cores", afirmou Jason Warren, professor do Instituto de Neurologia da UCL. “Portanto, são necessárias mais pesquisas para delinear a neuroanatomia funcional de nossas descobertas, já que áreas corticais superiores também podem estar envolvidas.”
Esse é o primeiro estudo a usar pupilometria para demonstrar que o cérebro se torna menos sensível à intensidade das cores conforme envelhecemos, além de complementar pesquisas anteriores que demonstram que adultos mais velhos percebem as cores menos saturadas do que os mais jovens.
Revista Galileu. (Adaptado). Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/ciencia/noticia /2024/01/a-forma-que-enxergamos-as-cores-muda-conforme-envelhecemos-diz-estudo.ghtml>
As palavras a seguir foram retiradas do texto. Analise-as e assinale a alternativa em que um dos processos de formação da palavra dada é a derivação parassintética.
Textualidade é a característica fundamental dos textos, orais ou escritos, que faz com que sejam percebidos como tal. Ou seja, uma determinada sequência de palavras apresenta textualidade quando atende a condições denominadas fatores ou elementos da textualidade. Entre esses fatores está a intencionalidade, propriedade que pode ser definida como
O Texto I serve de base para as questões de 01 a 03.
TEXTO I
A FAXINA CORPORAL E A MORANGOTERAPIA
Nina Lemos
01 ____ Morangoterapia é um banho de morango que promete cuidar da
pele e da alma. Por aqui, nos perguntamos: quem tem tempo (e dinheiro)
para isso?
____ Uma coisa que não falta no momento é terapia. A mulher
05 contemporânea faz terapia para tudo. Para aprender a dirigir, para perder
o medo de dirigir, para conseguir engravidar, para perder as gorduras
depois que engravidou. E existe todo tipo de terapia. Mas a gente ainda
se surpreende nesta vida. Por isso, demos boas gargalhadas quando
recebemos um release (o material de divulgação usado pelas
10 assessorias de imprensa) com o seguinte título: “Morangoterapia destaca
benefícios do morango”.
Na hora, nos imaginamos sentadas em um divã conversando com
um morango gigante. Mas não é nada disso. Segundo a tal assessoria,
“o morango é doce e suculento e uma das frutas mais apreciadas pelos
15 brasileiros”. E o que isso tem a ver com terapia?
Bem, o morango também é rico em vários nutrientes, por isso, a
tal clínica desenvolveu todo um tratamento à base de morangos.
Segundo eles, tomar uns banhos de morango e passar uns cremes feitos
com a fruta no rosto promove “uma verdadeira faxina corporal”.
20 ____ Bem, a pessoa deve sair da tal morangoterapia se sentindo um
morango ambulante. E, nos perguntamos, sinceramente, quem tem
tempo (e dinheiro) para essas coisas? Quando estamos estressadas,
além das nossas terapias normais, preferimos fazer:
• Unha terapia – Fazer a unha, simples assim. Dá uma sensação
25 de ordem na vida.
• Fofocaterapia – Você esquece de coisas importantes, como
“quem sou eu, para onde vou” e se foca em coisas mundanas.
• Carasterapia – Uma ex-diretora de arte da Tpm dizia que ler a
Caras era melhor do que meditar. Não sabemos se é melhor. Mas que
30 relaxa relaxa.
P.S. Na hora em que a autora colocava um ponto-final neste texto,
ela recebeu um outro release com o título: “Abacaxi é aliado contra a
tristeza”. É verdade. A gente jura.
Disponível em: https://https://revistatrip.uol.com.br/tpm/a-faxina-corporal-e-a-morangoterapia. Acesso em: 20 set. 2022
Quando uma palavra é formada pela combinação de dois radicais, chamamos a esse processo de composição. No Texto I, esse processo ocorre com a palavra “morangoterapia”. Sobre o processo de formação de palavras, é CORRETO afirmar que:
Sexismo linguístico
Antes de entender o movimento por uma linguagem neutra ou inclusiva, é preciso argumentar por que a linguagem do dia-a-dia não pode ser chamada de inclusiva. Segundo a professora Raquel Freitag, existe uma concepção de que a língua é sexista. “Uma língua não existe senão em uma sociedade. Se a sociedade é sexista, como o é a nossa, a língua apenas reflete esse sexismo”, explica. Nesse sentido também discursa Guilherme Ribeiro Colaço Mäder em seu artigo “Masculino genérico e sexismo gramatical”.
No português, assim como na grande maioria das línguas do mundo, o masculino é considerado o gênero não marcado, aquele utilizado como genérico para se referir a um grupo de várias identidades. Em oposição, o gênero feminino é considerado marcado, ou seja, só remete a pessoas que se identificam com o pronome feminino. Porém, como é avaliado no artigo, a própria convenção do masculino genérico é um reflexo do machismo na sociedade e, por isso, caracteriza um “falso” neutro.
Apesar disso, é comum o uso do feminino genérico em determinadas situações, principalmente de maneira pejorativa. Enquanto “médicos”, no masculino, é usado genericamente, “enfermeiras”, no feminino, tem sentido genérico. Isso também acontece com as palavras “executivo” e “secretária”, por exemplo. O comum, nessas situações, é que profissões consideradas mais importantes são referidas no masculino, enquanto outras, desvalorizadas, são expressas no feminino, reforçando estereótipos.
Na manchete do artigo publicado na Istoé, Enfermeiras e médicos, os ‘heróis’ da batalha contra o novo coronavírus, apesar do masculino ser usado como genérico para as palavras “médicos” e “heróis”, o termo feminino “enfermeiras” foge à regra e também é utilizado como genérico.
(Autora: Sarah Rabelo. Disponível em https://blogfca.pucminas.br/colab/linguagemneutra/)
Para criação de novas palavras na Língua Portuguesa, existem alguns processos de criação como derivação, composição, hibridismo, onomatopeia e abreviação. Marque a alternativa que contém uma opção com exemplo de palavra advinda do hibridismo:
Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.
Os atrativos da formação técnica profissionalizante
Por Sônia Christo Aleixo Brito e Talisson de Sousa Lopes
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1 ............O ensino é fundamental para a formação de um bom profissional. É através dos estudos que
2 o aluno obtém conhecimento e prática para enfrentar os desafios da carreira. São várias opções
3 de ensino para quem quer seguir uma profissão: cursos de graduação, técnicos e tecnólogos são
4 algumas delas. Com um período menor do que um curso superior, porém apresentando um
5 conteúdo e prática voltados diretamente para o mercado de trabalho, os cursos técnicos
6 ganharam espaço entre os alunos que buscam uma carreira profissional, mas não querem
7 esperar tanto tempo para começar a trabalhar. Há muito tempo, o ensino superior não é o único
8 caminho para o desenvolvimento de uma nova carreira. Hoje, os cursos técnicos qualificam os
9 estudantes em diversas habilidades técnicas, acadêmicas e de empregabilidade.
10 Independentemente de o estudante desejar seguir para uma faculdade ou para um emprego,
11 esse tipo de educação o ajudará na preparação para o futuro, um futuro em que o mercado de
12 trabalho estará cada vez mais exigente, competitivo e mutável. A certificação técnica é um
13 grande chamariz para qualquer currículo. Os cursos técnicos têm duração média de um ano
14 meio, o que garante um acesso mais rápido a um diploma em diversas áreas que apresentam
15 carência de profissionais. A educação técnica também pode ser realizada durante o ensino médio
16 ou logo após a sua conclusão. Com isso, quem busca um curso técnico demonstra que se
17 preocupa com a sua carreira, estando disposto a gastar tempo, dinheiro e esforço para maximizar
18 os seus conhecimentos, habilidades e competências.
19 O investimento em educação profissional é imprescindível para o aumento da competitividade
20 do país, para a retomada do crescimento da economia num ritmo mais vigoroso e para a criação
21 de melhores oportunidades de emprego. A qualificação técnica adequada se torna ainda mais
22 importante no momento em que uma série de adaptações são exigidas das empresas e dos
23 trabalhadores. O ensino técnico permite que os estudantes sejam protagonistas de seu futuro,
24 com a escolha do caminho que mais atenda às suas necessidades. Com a recente reforma do
25 ensino médio, iniciou-se um longo processo para alinhar o sistema educacional às melhores
26 experiências internacionais, com a flexibilização e a diversificação do currículo regular. Nações
27 desenvolvidas perceberam essa necessidade há muito tempo e partiram na frente, investindo
28 pesadamente em educação profissional. Os países da União Europeia têm, em média, 50,4% dos
29 estudantes do ensino médio também matriculados em cursos profissionalizantes. Na Áustria,
30 esse coeficiente é de 69,8%; na Finlândia, de 70,4%. No Brasil, o indicador é de apenas 11,1%,
31 proporção que dificulta a inserção dos brasileiros no mercado de trabalho.
32 A formação técnica tem claros efeitos na renda. Um curso profissionalizante pode ser o
33 primeiro passo de um plano de carreira que não exclua a obtenção de um diploma universitário.
34 Para alguns jovens, a inserção rápida no mercado de trabalho é o passaporte para a conquista
35 da cidadania e a continuação dos estudos. A educação profissional no Brasil é uma das principais
36 apostas para melhoria da competitividade da indústria brasileira.
37 Diante dos desafios que temos pela frente, urge preparar jovens e adultos para um mercado
38 em profunda mutação tecnológica e de cultura organizacional. A educação profissional deve ser
39 vista como fator de desenvolvimento e fortalecida como um investimento do país no futuro. Os
40 cursos técnicos podem transformar a vida de um jovem. Com eles, o aluno pode conquistar seu
41 espaço e abrir várias portas no mercado de trabalho. As escolas técnicas oferecem uma grande
42 variedade de cursos técnicos para quem sonha ingressar no mercado com rapidez e qualidade.
43 Um dos grandes benefícios que o curso técnico pode trazer é o aluno aprender a profissão, já
44 que o conteúdo será voltado para a área profissional e suas principais funções. Com essas
45 qualificações, ele ganha experiência e tem mais facilidade de entrar no mercado de trabalho.
(Disponível em: chromeextension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2021/– texto adaptado especialmente para esta prova).
O termo “trabalhar” é decorrente do processo de formação de palavras denominado derivação:
Considere o discurso a seguir, proferido na Câmara dos Deputados, em homenagem póstuma ao presidente americano John Kennedy, para responder as próximas questões.
"Foi como se uma luz se tivesse apagado, de repente, no mundo. Foi como se uma noite de angústia e de soturnos íncubos tivesse baixado, repentinamente, sobre a face da Terra. Foi como se um pesadelo e uma delirante alucinação tivesse, inesperadamente, dilacerado nas suas garras de loucura o coração de milhões de homens. Eram aquelas horas mansas e preguiçosas, quando a tarde escorre, plácida, para os braços do crepúsculo, velho e cansado porteiro da noite; mas aquele dia, a noite se antecipou. la descer primeiro sobre os corações; depois, sobre o mundo. A noite com o seu mistério, a noite com os seus fantasmas, a noite com o seu pavor, a noite com a sua mentira, a noite com as suas armadilhas sagazes e as suas emboscadas traiçoeiras, a noite com os seus laços bem urdidos e os seus venenos sutis, com os seus gritos solitários e os seus uivos lancinantes, a noite que gela o coração e acoberta o crime, a noite que atrai vítima desprevenida e empresta à morte o seu regaço de sombra para a solerte tocaia; aquele dia, a noite chegou inesperada, trazendo no seu bojo a gargalhada sinistra que, num átimo - num átimo quase eterno, num átimo que fixou o tempo e estancou o fluxo da história -, ecoou pelos quatro cantos do mundo, como que desafiando a mais tenaz capacidade de crer, zombando da mais desesperada esperança e deixando escorrer a baba envenenada do ódio inimaginável, do ódio que se julgara proscrito, para sempre, da conveniência humana. Com os olhos vendados pela súbita escuridão e velados pelas primeiras lágrimas que nenhuma força humana consegue reter, homens e mulheres de todas as raças e de todas as crenças tentaram agarrar-se a alguma coisa que lhes permitisse não crer, que desmentisse as palavras sinistras que, àquela hora, já se atropelavam nas asas das ondas velozes por sobre montanhas e mares, cidades e vales, até a última fronteira do mundo. Mas, ai de nós, a verdade temida, a verdade terrível, a verdade jamais pressentida, era, desgraçadamente, a verdade verdadeira. A milhares de quilômetros, numa cidade embandeirada em festa, entre flores e aclamações, entre os gritos dos peões na pradaria sem fim, ao cheiro acre do petróleo brotando aos borbotões do solo esturricado, alguém fechara a derradeira porta à compreensão e à fraternidade, e uma janela se abrira ao ódio assassino, covarde e desvairado. Sobre ela a morte se debruçara paciente e tranquila, fria e calculada. Como quem sabe que a presa não lhe fugirá. Como quem não tem pressa, porque conhece a sua hora. Como o caçador previdente a quem o instinto não engana e sabe que a flecha da sua aljava é ligeira, e certeiro seu olho experimentado. Como o encenador que prepara a tragédia para que o herói caia, entre o céu e a terra, ao som das tubas gloriosas, ao rufar de místicos tambores, ante o espanto da multidão colhida de surpresa e as vozes do coro que justifica, soturno, a catástrofe."
(Deputado Padre Godinho, Homenagem póstuma a John Kennedy, 1963, com adaptações).
No trecho que se inicia com "A noite com o seu mistério ... ", o autor repete várias vezes a expressão "a noite com". Tal recurso estilístico é característico de uma figura de linguagem, a qual é denominada:
Atenção: Leia o texto abaixo para responder às questões de números 6 a 10.
Luís Bernardo Honwana é um dos precursores da literatura moçambicana e um dos maiores intérpretes da moçambicanidade. Quando tinha 22 anos, em 1964, fez publicar uma obra seminal e fundadora da moderna ficção moçambicana - Nós Matamos o Cão Tinhoso. O início desta obra é um dos mais belos que se podem cotejar entre nós: "O Cão Tinhoso tinha uns olhos azuis que n/lo tinham brilho nenhum, mas eram enormes e estavam sempre cheios de lágrimas, que lhe escorriam pelo focinho. Metiam medo aqueles olhos, assim tão grandes, a olhar como uma pessoa a pedir qualquer coisa sem querer dizer".
O Jovem autor de Nós Matamos o Cão Tinhoso redigira uma nota biográfica Igualmente singular: "Não sei se sou realmente escritor. Acho que apenas escrevo sobre coisas que, acontecendo à minha volta, se relacionem Intimamente comigo ou traduzam fatos que me pareçam decentes. Este livro de histórias é o testemunho em que tento retratar uma série de situações e procedimentos que talvez interesse conhecer".
A realidade que estas histórias narram ultrapassa, em muito, a circunstância da mera biografia. Estes textos denunciavam, de forma resoluta e corajosa, uma realidade social profundamente injusta e desigual. Textos breves, quase todos, à exceção daquele que nomeia o volume. Este livro é uma surpreendente obra literária e é um libelo acusatório virulento. Provavelmente, a grande literatura seja Isso mesmo: a combinação entre as faculdades da arte em si e o poder de esta nos Interpelar com a realidade que ilustra ou denuncia.
(Disponível em: https://opais.co.mz. Adaptado)
Um sufixo é um afixo que se acrescenta ao final de uma palavra para formar novas palavras. O substantivo formado por sufixação a partir de um outro substantivo está sublinhado em:
Texto para as questões 1 a 5.
Órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia proíbe uso de animais em pesquisas sobre cosméticos
1 O Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal) proibiu o uso de
animais, exceto seres humanos, na realização de pesquisa para desenvolvimento de cosméticos,
produtos de higiene e perfumes.
O órgão é vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e a decisão foi publicada no
5 Diário Oficial da União desta quarta-feira (1º.).
A medida afirma que é obrigatória no Brasil a adoção de métodos alternativos que reduzam
o uso de animais nesse tipo de estudo.
"Fica proibido o uso de animais vertebrados, exceto seres humanos, em pesquisa científica
e no desenvolvimento e controle da qualidade de produtos de higiene pessoal, cosméticos e
10 perfumes que utilizem em suas formulações ingredientes ou compostos com segurança e eficácia já
omprovadas cientificamente", diz a norma.
A aprovação nesta quarta (1°) ocorre após a publicação de uma série de resoluções
normativas pelo conselho nos últimos oito anos reconhecendo a aplicação de métodos alternativos
para pesquisas em animais.
15 Entre os métodos reconhecidos são 17 alternativas divididas em sete desfechos (o que se
procura investigar na pesquisa): avaliação de irritação e corrosão da pele; irritação e corrosão ocular;
potencial de fototoxicidade (danos após exposição à luz solar); avaliação da absorção cutânea;
potencial de sensibilização cutânea; toxicidade aguda; e genotoxicidade (possibilidade de induzir
alterações genéticas no organismo).
20 As técnicas de uso alternativo existem desde o final dos anos 1990 e início dos anos 2000,
quando cresceu a preocupação de entidades de proteção aos animais e comitês de ética em
pesquisa internacionais sobre os estresses e danos causados aos animais em laboratório.
Nos últimos anos, houve avanço nas novas técnicas que podem substituir os animais em
pesquisas, como os órgãos em chips e os organoides 3D.
25 No Brasil, todas as instituições de pesquisa e ensino que realizam estudos em organismos
vivos devem apresentar comissões de ética do uso animal (Ceuas) que avaliam o uso de animais em
laboratório para pesquisas científicas.
No fim do ano passado, o Senado Federal já havia aprovado um projeto similar. A matéria,
porém, ainda está na Câmara.
30 A aprovação da medida no Legislativo poderia reforçar a proibição ao uso de animais, mas
a norma do Concea já tem o poder de vetar essa possibilidade.
O veto ao uso de animais nessas pesquisas é defendido por diversas organizações não governamentais que militam na causa animal.
(Matheus Teixeira e Ana Bottallo. https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2023/03/orgao-do-ministerio-de-ciencia-e-tecnologia-proibe-uso-de-animais-em-pesquisas-sobre-cosmeticos.shtml. 1º.mar.2023)
Assinale a alternativa em que a palavra, no texto, tenha sido formada por composição.
Leia o texto a seguir e responda às questões propostas
Instapoetas, o fenômeno que tirou a poeira da poesia
Existe amor (em forma de poesia) nas redes sociais. [...] A internet também foi tomada por um movimento crescente de jovens poetas, que cravaram seu espaço no online com textos curtos, compartilháveis e fáceis de se relacionar, e acabaram refletidos com muito sucesso na literatura tradicional.
Pela força no Instagram, os escritores acabaram apelidados de instapoetas. Nomes como João Doederlein, Ryane Leão, Lucão e Zack Magiezi exploram de forma engenhosa temas como amor, decepção, saudade e autoestima, a maioria com caráter motivacional, bebendo de fontes filosóficas e do velho formato dos provérbios, enquanto ainda se arriscam na tendência metalinguística – que fala sobre a própria poesia e a arte de escrever.
Com centenas de milhares de seguidores, os poetas do Instagram migraram para o papel e, rapidamente, chegaram à lista de best-sellers. Na comparação entre os meses de janeiro a agosto de 2017 com o mesmo período de 2018, os livros de poesia nacionais cresceram em venda 107%, fenômeno diretamente causado pelos autores virtuais.
CARNEIRO, Raquel; KUSUMOTO, Meire. Instapoetas, o fenômeno que tirou a poeira da poesia. Veja, 12 out. 2018. Disponível em: https://veja.abril.com.br/especiais/instapoetas-o-fenomeno-que-tirou-a-poeira-da-poesia/. Acesso em 16/03/2023.
O vocábulo “instapoetas”:
A mulher sozinha
Era magra, feia, encardida, sempre com o mesmo vestido preto e rasgado. Usava um paletó de lã xadrez, meias grossas e chinelos de feltro, velhíssimos. Ela própria parecia velhíssima, vista assim ao passar, embora de perto mostrasse, sob a sujeira e as rugas, um rosto que era apenas maduro, gasto pela miséria e talvez pelo delírio.
Acostumei-me a vê-la sentada, de manhã e de tarde, naquele canto, sobre o cimento cheio de poeira do átrio. Os que entravam apressados na igreja praticamente a ignoravam, e só reparavam nela depois da missa, quando saíam devagar. Tiravam então da bolsa ou do bolso uma nota, algumas moedas e, com um gesto rápido, de vaga repugnância, deixavam cair a esmola na cestinha de vime que a mulher colocara à sua frente. Ela resmungava uma espécie de bênção, em voz surda e monótona, e eles se afastavam sem olhá-la, com a alma levemente intranquila.
Passando diante da igreja duas vezes por dia, uma certa cumplicidade criou-se entre nós duas: a princípio nos cumprimentávamos com a cabeça, sorríamos uma para a outra; depois, quando eu tinha tempo e ela não estava agradecendo as esmolas, conversávamos. Contou-me de maneira sucinta que vivia no outro extremo da cidade, sob as colunas de um átrio em San Isidro: fazia uma longa caminhada, cedinho, até a estação, para tomar o trem, e outra até o lugar onde nos encontrávamos. Não me explicou por que escolhera um bairro tão distante para mendigar, em vez de fazê-lo no próprio pátio onde dormia, e nada lhe perguntei a respeito, receando ferir-lhe a intimidade ou introduzir-me em seu segredo. Nunca me confessou como se chamava.
Há uns dois meses encontrei-a radiante, com um pequeno vulto escuro entre os braços. Pensei de início que carregava um bebê, envolto num cobertor manchado, mas percebi, ao aproximar-me, que se tratava de um cachorrinho. Ou melhor, de uma cachorrinha recém-nascida, Maria Isabel, que a mulher ninava e acarinhava com deslumbramento. Disse-me que a recolhera na véspera de uma lata de lixo e a batizara logo. Da sacola de palha que sempre trazia consigo retirou uma garrafa d'água e uma colherinha e, com infinita delicadeza, foi entornando algumas gotas na goela da bichinha, que gania baixo, ainda de olhos fechados.
Levei-lhe uma mamadeira de boneca e outra sacola acolchoada, que serviria de berço para o animal. O jornaleiro da banca em frente trouxe leite e pedacinhos de pão; as senhoras da vizinhança deram-lhe uma colcha de criança e retalhos de flanela.
Maria Isabel começou a crescer, a criar pelos e forma, a pular, cheia de graça. A mulher não desgrudava os olhos dela e, remoçada pela alegria e atenção que a cachorrinha ofertava e exigia, deu até para cantar uma toada confusa e antiga. Era bom vê-las juntas, íntimas, companheiras, mãe e filha. Chegavam sobras de comida, brinquedos velhos de borracha; até um osso de couro apareceu por ali. O canto do átrio ficou menos cinzento, mais bonito. As pessoas se detinham, antes de entrar na igreja, para brincar com o animalzinho preto ou para jogar-lhe um punhadinho de carne moída, um resto do bife do almoço. O sentimento de repulsa que a sua dona provocara foi substituído por outro, feito de emoção, prazer e aconchego. A cestinha de vime estava sempre com dinheiro, e a mulher, suja e despenteada como sempre, adquirira um jeito novo, diferente, mais humano. Ao seu lado, Maria Isabel pulava e perseguia o próprio rabo.
As duas não apareceram na última semana. Estranhei e fui atrás do jornaleiro, que também se mostrou surpreendido: desde que se instalara ali, há mais de três anos, a mulher nunca deixara de vir, nunca se atrasara, nem sequer quando chovia. E parece que fora assim desde o primeiro dia, embora ninguém soubesse dizer com exatidão quando é que ela começara a se sentar naquele canto do pátio. Senti apreensão e uma estranha nostalgia: o átrio estava maior, mais escuro e impessoal.
Até que ontem o jornaleiro, compungido, contou-me uma das histórias mais tristes que já ouvi. Maria Isabel se transformara numa vira-lata peluda, encantadora, de focinho redondo e olhos de açúcar. Tão linda, que um malvado achou de roubá-la. Foi na estação, quando a mulher soltou-a no chão, para ir comprar o sanduíche de pão francês que costumavam dividir. Um segundo, e o bichinho sumiu, sem latir. Alguém viu um rapaz de tênis sair correndo com o animal nos braços. A mulher passou a noite atrás da cadela, de um lado para o outro da estação, chorando, gemendo, chamando-a por nomes doces e implorantes. Depois sentou-se num banco e ali ficou imóvel, em silêncio, até o dia clarear. Quando o primeiro trem vinha entrando, ela, de um bote, atirou-se debaixo da locomotiva. A velocidade era pequena e o maquinista conseguiu frear. A mulher arranhou-se um pouco, feriu ligeiramente a testa, e ficou mais desgrenhada, com o rosto imundo de lágrimas e fuligem. Não tinha nenhum documento e negou-se terminantemente a comentar o sucedido ou a defender-se diante dos que a acusavam de irresponsável e perigosa. A polícia levou-a no camburão para a delegacia.
Segundo a última notícia, ainda não confirmada, a mulher está num hospício do subúrbio.
(Coleção Melhores Crônicas: Maria Julieta Drummond de Andrade. Seleção e prefácio de Marcos Pasche, Global, 2012, pp. 82-84. Publicada no livro O valor da vida, 1982.)
Considere os termos sublinhados nas reproduções de passagens do texto a seguir. A alternativa que apresenta sublinhado um termo formado por justaposição se dá em:
Leia a letra da música a seguir e responda as questões de 01 a 07.
Mais uma vez
Renato Russo
Mas é claro que o sol
Vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem
Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança
[...]
Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança
A palavra “endoidecer” é formada pelo processo de derivação parassintética. Isso ocorre também em:
Considere as convenções a seguir.
Coluna 1 Processo de formação
1. Derivação por sufixação
2. Derivação por prefixação
3. Composição por aglutinação
4. Hibridismo
5. Parassíntese
Coluna 2 Palavras
( ) desalmado
( ) adjunto
( ) opúsculo
( ) altímetro
( ) vinagre
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
Considere as palavras I. enlouquecer, II. apaziguar e III. entardecer. As palavras dadas são formadas pelo processo de: