Questões de Português - Morfologia para Concurso
Foram encontradas 14.583 questões
Texto I
São dez horas da manhã. O carreto que contratei para transportar minhas coisas acaba de chegar. Vejo sair a mesa, a cadeira, o arquivo, uma estante, meia dúzia de livros, a máquina de escrever. Quatro retratos de criança emoldurados. Um desenho de Portinari, outro de Pancetti. Levo também este cinzeiro. E este tapete, aqui em casa ele não tem serventia. E esta outra fotografia, ela pode fazer falta lá.
A mesa é velha, me acompanha desde menino: destas antigas, com uma gradinha de madeira em volta, como as de tabelião do interior. Gosto dela: curti na sua superfície muita hora de estudo para fazer prova no ginásio; finquei cotovelos em cima dela noites seguidas, à procura de uma ideia. Foi de meu pai. É austera, simpática, discreta, acolhedora e digna: lembra meu pai.
Esta cadeira foi presente de Hélio Pellegrino, que também me acompanha desde a infância: é giratória e de palhinha. Velha também, mas confortável como as amizades duradouras. Mandei reformá-la, e tem prestado serviços, inspirando-me sempre a sábia definição de Sinclair Lewis sobre o ato de escrever: é a arte de sentar-se numa cadeira.
— Mais alguma coisa? — pergunta o homem que faz o carreto.
— Mais nada — respondo, um pouco humilhado.
E lá vai ele, puxando a sua carroça, no cumprimento da humilde profissão. Vou atrás, cioso das coisas que ele carrega, as minhas coisas; parte de minha vida, pelo menos parte material, no que sobrou de tanta atividade dispersa: o meu cabedal.
Adaptado de https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/15843/burro-sem-rabo
Leia o texto a seguir:
Visita médica
Num evento em São Paulo, onde fui fazer uma fala, fiz um novo amigo: o dr. Milton de Arruda Martins, professor da USP. Ele é um desses professores raros, que vive para ensinar aos seus alunos, além da competência técnica, a ética e os sentimentos humanos que devem fazer parte do caráter de um médico. Tem tentado reformular a educação médica, inclusive a visita hospitalar, aquela em que o professor e seus alunos passam pelos doentes para estudar os seus casos. Fizeram uma classificação das visitas em três tipos. No primeiro tipo de visita, o professor e os alunos passam pelo enfermo, observam-no e o apalpam, sem nada dizer. Vão discutir o caso num outro lugar. O paciente fica mergulhado no mistério. No segundo tipo, professor e alunos discutem o caso na presença do doente, como se ele não estivesse presente, usando todas as palavras científicas que só os iniciados entendem. Como o doente não sabe o que elas significam, ele fica pensando que vai morrer. No terceiro tipo, o professor e os alunos conversam com o paciente e o chamam pelo nome. “O que é que o senhor acha que tem?” Todo doente tem ideias sobre a sua doença e formas de explicá-la. “O que é que o senhor espera de nós?” As respostas dos doentes são surpreendentes. Lembro-me de um filme em que a visita do segundo tipo estava acontecendo. Os alunos faziam todo tipo de perguntas ao professor. Mas ninguém se dirigia ao doente. Foi então que um dos estudantes, o Robin Williams, levantou a mão e perguntou: “Qual é o nome do paciente?”. Ninguém sabia.
Fonte: Alves, Rubem. Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Editora Planeta do Brasil,
2008, p. 99.
Leia o texto a seguir:
Visita médica
Num evento em São Paulo, onde fui fazer uma fala, fiz um novo amigo: o dr. Milton de Arruda Martins, professor da USP. Ele é um desses professores raros, que vive para ensinar aos seus alunos, além da competência técnica, a ética e os sentimentos humanos que devem fazer parte do caráter de um médico. Tem tentado reformular a educação médica, inclusive a visita hospitalar, aquela em que o professor e seus alunos passam pelos doentes para estudar os seus casos. Fizeram uma classificação das visitas em três tipos. No primeiro tipo de visita, o professor e os alunos passam pelo enfermo, observam-no e o apalpam, sem nada dizer. Vão discutir o caso num outro lugar. O paciente fica mergulhado no mistério. No segundo tipo, professor e alunos discutem o caso na presença do doente, como se ele não estivesse presente, usando todas as palavras científicas que só os iniciados entendem. Como o doente não sabe o que elas significam, ele fica pensando que vai morrer. No terceiro tipo, o professor e os alunos conversam com o paciente e o chamam pelo nome. “O que é que o senhor acha que tem?” Todo doente tem ideias sobre a sua doença e formas de explicá-la. “O que é que o senhor espera de nós?” As respostas dos doentes são surpreendentes. Lembro-me de um filme em que a visita do segundo tipo estava acontecendo. Os alunos faziam todo tipo de perguntas ao professor. Mas ninguém se dirigia ao doente. Foi então que um dos estudantes, o Robin Williams, levantou a mão e perguntou: “Qual é o nome do paciente?”. Ninguém sabia.
Fonte: Alves, Rubem. Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Editora Planeta do Brasil,
2008, p. 99.
No trecho “Assim também ocorre quando vemos no palco o cantor dar seus agudos invejáveis”, o adjetivo destacado não tem seu sentido alterado caso seja anteposto ao substantivo a que se refere.
A opção em que isso não acontece, ou seja, em que mudança de
posição do adjetivo em relação ao substantivo altera o sentido do
enunciado é:
Entre as categorias mais populares, a tradicional cerveja lidera com 44%, seguida de perto pelo vinho, com 37%; destilados, com 36%; as prontas para consumo, com 26%; e outras opções somando 24%. Para os especialistas, o estudo mostra uma mudança de paradigmas [...]” (3º parágrafo)
Quais são, respectivamente, os valores semânticos da preposição citada nesse excerto?
Julgue o item subsequente.
Os afixos são elementos que se acrescem aos radicais
com a finalidade de formar novas palavras e são
classificados em a) prefixos: são os afixos que vêm
depois do radical; b) sufixos: são os afixos que vêm antes
do radical.
Julgue o item que se segue.
Os afixos são elementos que se acrescem aos radicais
com a finalidade de formar novas palavras e são
classificados em a) prefixos: são os afixos que vêm
depois do radical; b) sufixos: são os afixos que vêm antes
do radical.
( ) A forma verbal existe está na terceira pessoa do singular, porque o verbo existir atua, nessa frase, como verbo impessoal.
( ) A palavra não funciona como advérbio na frase, e em outras situações linguísticas pode ser substantivo, como em Dei-lhe um sonoro não.
( ) A palavra dia é um substantivo comum que não sofre flexão de gênero, mas sim de número.
( ) A palavra ruim é um adjetivo, flexiona-se quanto ao gênero e número.
Assinale a sequência correta.