Questões de Português - Morfologia para Concurso

Foram encontradas 10.522 questões

Q2317546 Português

Julgue o item que se segue.


O substantivo é a classe de palavras usada para dar nome aos seres, aos objetos, aos fenômenos, aos lugares, às qualidades, às ações etc. São exemplos dessa classe gramatical os seguintes vocábulos: menino, João, Portugal, caneta, ventania, coragem, corrida.

Alternativas
Q2317446 Português

Julgue o item a seguir. 


O substantivo é a classe de palavras usada para dar nome aos seres, aos objetos, aos fenômenos, aos lugares, às qualidades, às ações etc. São exemplos dessa classe gramatical os seguintes vocábulos: menino, João, Portugal, caneta, ventania, coragem, corrida.

Alternativas
Q2316816 Português

Julgue o item a seguir.


Os substantivos são considerados comuns se eles dão nome a seres de forma genérica. Por exemplo: pessoa, gente, país.

Alternativas
Q2316571 Português

Julgue o item que se segue. 


Os substantivos são considerados comuns se eles dão nome a seres de forma genérica. Por exemplo: pessoa, gente, país. 

Alternativas
Q2316442 Português
Os vira-latas de Tiradentes



1 Anos atrás não havia problema em não curtir cachorro. Era como não comer jiló ou não jogar gamão. Gosto pessoal. Hoje, sou visto quase como um pária por não achar graça em interagir com quadrúpedes, em ter as costas das mãos babadas ou a blusa tatuada por patas de cães desconhecidos. Creem que seja falta de empatia — e provavelmente acham que, na etimologia de "empatia", esteja a palavra "pata".


2 Numa das últimas eleições havia um candidato a deputado que propunha destinar verbas do SUS para cachorros. Todos sabemos que as verbas públicas são finitas. Falta dinheiro pra tudo, inclusive pra saúde. Dar dinheiro do SUS pra tratar sarna de um basset significa, portanto, tirar dinheiro de gente. O que estava por trás da proposta — nem tão por trás, na verdade — era que entre uma pessoa e um cachorro, devemos optar pelo cachorro.


3 Ainda não li nenhuma obra de sociologia que explique o fenômeno, mas acredito que haja uma ligação direta entre o esgarçamento dos laços sociais e a ascensão dos lulus-da-pomerânia. Culpamos Zuckerberg por tudo, mas há de se considerar que parte da responsabilidade pelo murundu contemporâneo seja da Cobasi.


4 No meu bairro, onde 20 anos atrás havia duas videolocadoras excelentes, agora há dois pet shops — e ninguém vai me convencer de que trocar Fellini por Royal Canin faz da Terra um lugar melhor. São quase antípodas, o cinema e o totó. O primeiro nos faz refletir sobre o mundo, problematiza a realidade, traz uma questão para o nosso sábado à noite. O segundo é um red-bull do narcisismo, um viés de confirmação para nossa estropiada autoestima.


5 Vira-latas, porém, são outra história. Estou há dois dias em Tiradentes para participar da FLITI, uma feira literária. De longe admiro, trupicando pelo calçamento de pedras, entre os sobrados centenários, velhos ídolos da pena. Nestas últimas 48 horas, porém, tenho idolatrado mesmo é a turma dos cachorros.


6 Um bando de vira-latas está para os bichos de estimação como o bando de Lampião está para uma reunião de condomínio. Tô nem aí pra bicho de estimação. Sou fã dos cachorros de Tiradentes. Ontem à tarde estavam Reinaldo Moraes e Bob Wolfenson no meio da maior discussão sobre o erotismo na fotografia e na literatura, um vira-latas caramelo adentrou o palco na maior malemolência, parou na frente dos dois e passou a lamber suas partes íntimas.


7 Ninguém se incomoda com eles — e por que deveríamos? Sabemos — e eles, mais ainda— que são os donos da cidade. Aquele filho de pastor com fox paulistinha é um barão, você pensa. O salsicha com boxer é visconde. O supracitado caramelo, de raça indefinida, manco, certamente é um conde — se fosse ser humano, usaria uma bengala de ouro e marfim.


8 Ainda não li nenhuma obra de sociologia que trate do assunto, mas acredito que haja uma ligação direta e inversa entre as redes sociais e os vira-latas. Eles são uma espécie de anti-Instagram. A expressão física do #nofilter. Um aprazível #TBT todos os dias da semana.


9 Ontem de madrugada, chegando de uma festa — sob o mesmo teto em que, há uns 150 anos, provavelmente, Joaquim José da Silva Xavier trocou suas inconfidências — avistei o vira-latas caramelo. A rua estava vazia. Só uma cigarra, distante, quebrava o silêncio. Ao nos cruzarmos eu disse "boa-noite". Ele, sem nem me olhar, abanou o rabo. Dormi o sono dos justos, recém-intitulado grão-duque de São José do Rio das Mortes, capitania de Minas Gerais, reino de Portugal. 


Extraído de: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2023/10/os-vira-latas-de-tiradentes.shtml
Em “São quase antípodas, o cinema e o totó.” (4º parágrafo), a palavra destacada funciona morfologicamente na frase como: 
Alternativas
Q2316316 Português

Julgue o item subsequente. 


Os substantivos são considerados comuns se eles dão nome a seres de forma genérica. Por exemplo: pessoa, gente, país. 

Alternativas
Q2316270 Português

Julgue o item que se segue.


Na morfologia, a palavra "superfaturamento" é formada por derivação prefixal.

Alternativas
Q2316191 Português
Assinale a opção em que a palavra formada com o sufixo “-mente” é classificada como advérbio de modo.
Alternativas
Q2316184 Português
Assinale a opção em que, pela omissão ou repetição do artigo definido, pode ocorrer ambiguidade.
Alternativas
Q2315926 Português

Julgue o item subsequente. 


O substantivo é a classe de palavras usada para dar nome aos seres, aos objetos, aos fenômenos, aos lugares, às qualidades, às ações etc. São exemplos dessa classe gramatical os seguintes vocábulos: menino, João, Portugal, caneta, ventania, coragem, corrida. 

Alternativas
Q2315677 Português

Texto para responder à questão. Leia-o atentamente.


      Desde a Constituição Federal de 1988, a língua portuguesa é definida como língua oficial majoritária do Brasil, reconhecidas que foram, ao lado do português, como línguas nacionais, as várias línguas indígenas, minoritárias, que convivem no território brasileiro com a língua oficial, e também materna, majoritária do nosso país.

          Concentrando-se aqui na língua oficial e materna, amplamente majoritária do Brasil, queria, antes de mais, afirmar que, o que se designa de “ensino de língua materna”, recobre uma imprecisão teórica e real, já que, em princípio, não se “ensina” a língua materna, ela se adquire naturalmente no processo de aquisição na primeira infância, tanto que, no caso do português no Brasil, como é do conhecimento geral, muitos sabem o português sem nunca terem tido a possibilidade de o “aprenderem” através do sistema escolar, já que não têm ainda como dele participar.

         A meu ver, então, o objetivo do ensino do português na escola brasileira será a elaboração do já adquirido naturalmente e oralmente, pela maioria dos brasileiros, em diversificados contextos de aquisição, a depender da história individual e social de cada um. O que estou designando de elaboração se refere ao que, no processo de escolarização, no âmbito da disciplina Língua Portuguesa no Brasil, abrange obviamente a aquisição do uso escrito, tanto no processo de produção da escrita como de sua recepção na leitura, e o aperfeiçoamento, não só do escrito como também dos usos orais, tanto na sua produção como recepção, para cumprirem funções sociais diversificadas e adequadas às múltiplas situações comunicativo-expressivas necessárias ao convívio e à situação social.


(Rosa Virgínia Mattos e Silva. Língua portuguesa em debate: conhecimento e ensino. José Carlos de Azeredo: organizador. 4.ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.)

No texto, os advérbios foram empregados para a construção de sentidos como modalizadores do discurso expresso no texto. A respeito desse emprego, pode-se afirmar que os trechos destacados a seguir exemplificam o exposto anteriormente, com EXCEÇÃO de:
Alternativas
Q2315572 Português
Entre as diversas palavras de nossa língua há algumas que foram classificadas à parte como palavras denotativas, com diversos valores.
Assinale a opção que apresenta a frase em que a palavra sublinhada é um advérbio e não uma palavra denotativa.
Alternativas
Q2315371 Português
Sobre o grau dos substantivos e adjetivos, é correto o que se afirma em:
Alternativas
Q2315103 Português
Por que as pessoas consomem álcool e cigarros?


Apesar de conhecerem os malefícios que o consumo de álcool e cigarro pode causar à saúde do organismo, muitas pessoas acabam aderindo a esse hábito ou não conseguem parar com ele.


Muitos fatores podem levar ao tabagismo e alcoolismo, sobretudo questões relacionadas à saúde mental. Ansiedade, depressão, baixa autoestima e estresse, entre outros problemas, afetam a maneira como o indivíduo lida com a vida, que pode se tornar pouco prazerosa.


As substâncias presentes no álcool e no tabaco aliviam esses sentimentos, devido aos efeitos neuroquímicos que causam. Após o consumo desses produtos, o cérebro libera substâncias químicas para a corrente sanguínea que levam a uma sensação momentânea de prazer e bem-estar.


Tanto o álcool quanto o tabaco podem causar tolerância às suas substâncias. Ou seja, ao longo do tempo, serão necessárias quantidades cada vez maiores para se obter a mesma sensação de prazer. E isso pode levar à dependência química, caracterizada pela vontade incontrolável pela substância a qual se é dependente e pelo seu consumo abusivo. Além disso, está associada a sintomas de abstinência.


Entretanto, não apenas as condições emocionais podem influenciar o consumo de álcool e cigarro. Os fatores ambientais que aumentam o risco de tabagismo e alcoolismo incluem o ambiente familiar, contexto cultural, incentivo de amigos e o consumo precoce desses produtos.


Disponível em: < https://www.genera.com.br/blog/tabagismo-
alcoolismo-genetica/>. Acesso em: 16 de out. 2023. Fragmento adaptado.
Assinale a alternativa correta.
Alternativas
Ano: 2023 Banca: CONSULPLAN Órgão: CORE-PE Prova: CONSULPLAN - 2023 - CORE-PE - Fiscal |
Q2315071 Português
Texto para responder a questão 

35 anos de ambição democrática 

A Constituição brasileira está sob ameaça dos gabinetes, dos porões e da hermenêutica.


    Aniversários da Constituição de 1988 costumam ter, entre juristas, um certo tom triunfalista. Mesmo que reconheçam frustrações, balanços quinquenais raramente deixavam de enfatizar uma linha de progresso no desenvolvimento constitucional do país. Sua longevidade (a terceira maior da nossa história) seria fruto da virtude da resiliência e do compromisso com o Estado de Direito.

    Essas convicções, se um dia fizeram sentido, estão abaladas neste 5 de outubro de 2023. O senso de retrocesso e de risco de ruptura cresceram na última década. Até entre juristas pollyanna, que olham para o mundo real e só enxergam avanços, o cenário já não está tão cor-de-rosa. 

    Produto da Assembleia Constituinte mais democrática que já tivemos, apesar de um Congresso pouco representativo, o texto final foi impactado pela participação de movimentos sociais. Para o bem. Houve também concessões às corporações. Para o mal.

     Nessa Constituição heterodoxa e sincrética, um acordo possível acima de partidos, havia mensagem de rechaço ao passado e olhar de mudança para o futuro. A promessa de valorização da vida, da liberdade, da igualdade e da não discriminação não foi só retórica e simbólica. O texto previu motores para implementação de direitos. O SUS e o sistema de educação pública, subfinanciados, foram as maiores conquistas civilizatórias, ao lado da proteção ambiental, de comunidades indígenas e quilombolas.

   O PIBB (Produto Interno da Brutalidade Brasileira) segue crescendo. A sociedade que se pretendia “fraterna, pluralista e sem preconceitos” mata como nunca. Os números de homicídios giram em torno de 50 mil por ano (quase 80% de pessoas negras). Como em nenhum outro lugar, a polícia continua a matar (quase 7.000 em 2022) e a morrer (161 policiais). Fomos vice- -campeões em assassinatos de ambientalistas no ano passado. Em assassinatos de jornalistas, fomos melhores que Haiti, México e Ucrânia. Estamos entre os cinco que mais matam mulheres e crianças. Matamos pessoas trans como nenhum país. 

   A população carcerária cresceu 20% nos últimos cinco anos. É a terceira do mundo em números absolutos e a 14ª per capita. Prisões têm sido centros de treinamento gratuitos para o crime organizado, que expande seus membros no sistema político. O STF continua a manter ladrão de shampoo na prisão. 

    A Constituição de 1988 ainda busca mais operadores que lhe façam justiça. Afinal, não basta um bom texto, bons valores, boa arquitetura. O constitucionalismo precisa de autoridades que abracem a missão com apuro moral e jurídico. Nossas Casas parlamentares continuam a ser, em índices de exclusão, comparáveis a países fundamentalistas.

(Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, doutor em direito e ciência política e membro do Observatório Pesquisa, Ciência e Liberdade – SBPC. Folha de São Paulo. Acesso em: 04/10/2023.)
 
“Essas convicções, se um dia fizeram sentido, estão abaladas neste 5 de outubro de 2023.” (2º§). Considerando os aspectos morfológico e semântico da partícula em destaque, assinale a afirmativa de resposta em que a partícula “se” possui o mesmo sentido. 
Alternativas
Q2314881 Português
Viúva na praia


          Ivo viu a uva; eu vi a viúva. Ia passando na praia, vi a viúva, a viúva na praia me fascinou. Deitei-me na areia, fiquei a contemplar a viúva.
          O enterro passara sob a minha janela; o morto eu o conhecera vagamente; no café da esquina. A gente se cumprimentava às vezes, murmurando “bom dia”; era um homem forte, de cara vermelha; as poucas vezes que o encontrei com a mulher ele não me cumprimentou, fazia que não me via; e eu também. Lembro-me de que uma vez perguntei as horas ao garçom, e foi aquele homem que respondeu; agradeci; este foi nosso maior diálogo. Só ia à praia aos domingos, mas ia de carro, um “Citroen”, com a mulher, o filho e a barraca, para outra praia mais longe. A mulher ia às vezes à praia com o menino, em frente à minha esquina, mas só no verão. Eu passava de longe; sabia quem era, que era casada, que talvez me conhecesse de vista; eu não a olhava de frente.
        A morte do homem foi comentada no café; eu soube, assim, que ele passara muitos meses doente, sofrera muito, morrera muito magro e sem cor. Eu não dera por sua falta, nem soubera de sua doença.
            E agora estou deitado na areia, vendo a sua viúva. Deve uma viúva vir à praia? Nossa praia não é nenhuma festa; tem pouca gente; além disso, vamos supor que ela precise trazer o menino, pois nunca a vi sozinha na praia. E seu maiô é preto. Não que o tenha comprado por luto; já era preto. E ela tem, como sempre, um ar decente; não olha para ninguém, a não ser para o menino, que deve ter uns dois anos.
             Se eu fosse casado, e morresse, gostaria de saber que alguns dias depois minha viúva iria à praia com meu filho – foi isso o que pensei, vendo a viúva. É bem bonita, a viúva. Não é dessas que chamam a atenção; é discreta, de curvas discretas, mas certas. Imagino que deve ter 27 anos; talvez menos, talvez mais, até 30. Os cabelos são bem negros; os olhos são um pouco amendoados, o nariz direito, a boca um pouco dentucinha, só um pouco; a linha do queixo muito nítida.
              Ergueu-se, porque, contra suas ordens, o garoto voltou a entrar n’água. Se eu fosse casado, e morresse, talvez ficasse um pouco ressentido ao pensar que, alguns dias depois, um homem – um estranho, que mal conheço de vista, do café – estaria olhando o corpo de minha mulher na praia. Mesmo que olhasse sem impertinência, antes de maneira discreta, como que distraído.
            Mas eu não morri; e eu sou o outro homem. E a ideia de que o defunto ficaria ressentido se acaso imaginasse que eu estaria aqui a reparar no corpo de sua viúva, essa ideia me faz achá-lo um tolo, embora, a rigor, eu não possa lhe imputar essa ideia, que é minha. Eu estou vivo, e isso me dá uma grande superioridade sobre ele.
            Vivo! Vivo como esse menino que ri, jogando água no corpo da mãe que vai buscá-lo. Vivo como essa mulher que pisa a espuma e agora traz ao colo o garoto já bem crescido. O esforço faz-lhe tensos os músculos dos braços e das coxas; é bela assim, marchando com a sua carga querida.
                Agora o garoto fica brincando junto à barraca e é ela que vai dar um mergulho rápido, para se limpar da areia. Volta. Não, a viúva não está de luto, a viúva está brilhando de sol, está vestida de água e de luz. Respira fundo o vento do mar, tão diferente daquele ar triste do quarto fechado do doente, em que viveu meses. Vendo seu homem se finar; vendo-o decair de sua glória de homem fortão de cara vermelha e de seu império de homem da mulher e pai do filho, vendo-o fraco e lamentável, impertinente e lamurioso como um menino, às vezes até ridículo, às vezes até nojento…
           Ah, não quero pensar nisso. Respiro também profundamente o ar limpo e livre. Ondas espoucam ao sol. O sol brilha nos cabelos e na curva de ombro da viúva. Ela está sentada, quieta, séria, uma perna estendida, outra em ângulo. O sol brilha também em seu joelho. O sol ama a viúva. Eu vejo a viúva.

(BRAGA, Rubem. Rio, setembro, 1958. Texto extraído do livro Ai de ti, Copacabana. Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1960, pág. 129.)
Assinale a alternativa em que a expressão assinalada NÃO pertence à classe gramatical das demais.
Alternativas
Q2314878 Português
Viúva na praia


          Ivo viu a uva; eu vi a viúva. Ia passando na praia, vi a viúva, a viúva na praia me fascinou. Deitei-me na areia, fiquei a contemplar a viúva.
          O enterro passara sob a minha janela; o morto eu o conhecera vagamente; no café da esquina. A gente se cumprimentava às vezes, murmurando “bom dia”; era um homem forte, de cara vermelha; as poucas vezes que o encontrei com a mulher ele não me cumprimentou, fazia que não me via; e eu também. Lembro-me de que uma vez perguntei as horas ao garçom, e foi aquele homem que respondeu; agradeci; este foi nosso maior diálogo. Só ia à praia aos domingos, mas ia de carro, um “Citroen”, com a mulher, o filho e a barraca, para outra praia mais longe. A mulher ia às vezes à praia com o menino, em frente à minha esquina, mas só no verão. Eu passava de longe; sabia quem era, que era casada, que talvez me conhecesse de vista; eu não a olhava de frente.
        A morte do homem foi comentada no café; eu soube, assim, que ele passara muitos meses doente, sofrera muito, morrera muito magro e sem cor. Eu não dera por sua falta, nem soubera de sua doença.
            E agora estou deitado na areia, vendo a sua viúva. Deve uma viúva vir à praia? Nossa praia não é nenhuma festa; tem pouca gente; além disso, vamos supor que ela precise trazer o menino, pois nunca a vi sozinha na praia. E seu maiô é preto. Não que o tenha comprado por luto; já era preto. E ela tem, como sempre, um ar decente; não olha para ninguém, a não ser para o menino, que deve ter uns dois anos.
             Se eu fosse casado, e morresse, gostaria de saber que alguns dias depois minha viúva iria à praia com meu filho – foi isso o que pensei, vendo a viúva. É bem bonita, a viúva. Não é dessas que chamam a atenção; é discreta, de curvas discretas, mas certas. Imagino que deve ter 27 anos; talvez menos, talvez mais, até 30. Os cabelos são bem negros; os olhos são um pouco amendoados, o nariz direito, a boca um pouco dentucinha, só um pouco; a linha do queixo muito nítida.
              Ergueu-se, porque, contra suas ordens, o garoto voltou a entrar n’água. Se eu fosse casado, e morresse, talvez ficasse um pouco ressentido ao pensar que, alguns dias depois, um homem – um estranho, que mal conheço de vista, do café – estaria olhando o corpo de minha mulher na praia. Mesmo que olhasse sem impertinência, antes de maneira discreta, como que distraído.
            Mas eu não morri; e eu sou o outro homem. E a ideia de que o defunto ficaria ressentido se acaso imaginasse que eu estaria aqui a reparar no corpo de sua viúva, essa ideia me faz achá-lo um tolo, embora, a rigor, eu não possa lhe imputar essa ideia, que é minha. Eu estou vivo, e isso me dá uma grande superioridade sobre ele.
            Vivo! Vivo como esse menino que ri, jogando água no corpo da mãe que vai buscá-lo. Vivo como essa mulher que pisa a espuma e agora traz ao colo o garoto já bem crescido. O esforço faz-lhe tensos os músculos dos braços e das coxas; é bela assim, marchando com a sua carga querida.
                Agora o garoto fica brincando junto à barraca e é ela que vai dar um mergulho rápido, para se limpar da areia. Volta. Não, a viúva não está de luto, a viúva está brilhando de sol, está vestida de água e de luz. Respira fundo o vento do mar, tão diferente daquele ar triste do quarto fechado do doente, em que viveu meses. Vendo seu homem se finar; vendo-o decair de sua glória de homem fortão de cara vermelha e de seu império de homem da mulher e pai do filho, vendo-o fraco e lamentável, impertinente e lamurioso como um menino, às vezes até ridículo, às vezes até nojento…
           Ah, não quero pensar nisso. Respiro também profundamente o ar limpo e livre. Ondas espoucam ao sol. O sol brilha nos cabelos e na curva de ombro da viúva. Ela está sentada, quieta, séria, uma perna estendida, outra em ângulo. O sol brilha também em seu joelho. O sol ama a viúva. Eu vejo a viúva.

(BRAGA, Rubem. Rio, setembro, 1958. Texto extraído do livro Ai de ti, Copacabana. Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1960, pág. 129.)
A opção em que o advérbio destacado NÃO está determinando um verbo é:
Alternativas
Q2314876 Português
Viúva na praia


          Ivo viu a uva; eu vi a viúva. Ia passando na praia, vi a viúva, a viúva na praia me fascinou. Deitei-me na areia, fiquei a contemplar a viúva.
          O enterro passara sob a minha janela; o morto eu o conhecera vagamente; no café da esquina. A gente se cumprimentava às vezes, murmurando “bom dia”; era um homem forte, de cara vermelha; as poucas vezes que o encontrei com a mulher ele não me cumprimentou, fazia que não me via; e eu também. Lembro-me de que uma vez perguntei as horas ao garçom, e foi aquele homem que respondeu; agradeci; este foi nosso maior diálogo. Só ia à praia aos domingos, mas ia de carro, um “Citroen”, com a mulher, o filho e a barraca, para outra praia mais longe. A mulher ia às vezes à praia com o menino, em frente à minha esquina, mas só no verão. Eu passava de longe; sabia quem era, que era casada, que talvez me conhecesse de vista; eu não a olhava de frente.
        A morte do homem foi comentada no café; eu soube, assim, que ele passara muitos meses doente, sofrera muito, morrera muito magro e sem cor. Eu não dera por sua falta, nem soubera de sua doença.
            E agora estou deitado na areia, vendo a sua viúva. Deve uma viúva vir à praia? Nossa praia não é nenhuma festa; tem pouca gente; além disso, vamos supor que ela precise trazer o menino, pois nunca a vi sozinha na praia. E seu maiô é preto. Não que o tenha comprado por luto; já era preto. E ela tem, como sempre, um ar decente; não olha para ninguém, a não ser para o menino, que deve ter uns dois anos.
             Se eu fosse casado, e morresse, gostaria de saber que alguns dias depois minha viúva iria à praia com meu filho – foi isso o que pensei, vendo a viúva. É bem bonita, a viúva. Não é dessas que chamam a atenção; é discreta, de curvas discretas, mas certas. Imagino que deve ter 27 anos; talvez menos, talvez mais, até 30. Os cabelos são bem negros; os olhos são um pouco amendoados, o nariz direito, a boca um pouco dentucinha, só um pouco; a linha do queixo muito nítida.
              Ergueu-se, porque, contra suas ordens, o garoto voltou a entrar n’água. Se eu fosse casado, e morresse, talvez ficasse um pouco ressentido ao pensar que, alguns dias depois, um homem – um estranho, que mal conheço de vista, do café – estaria olhando o corpo de minha mulher na praia. Mesmo que olhasse sem impertinência, antes de maneira discreta, como que distraído.
            Mas eu não morri; e eu sou o outro homem. E a ideia de que o defunto ficaria ressentido se acaso imaginasse que eu estaria aqui a reparar no corpo de sua viúva, essa ideia me faz achá-lo um tolo, embora, a rigor, eu não possa lhe imputar essa ideia, que é minha. Eu estou vivo, e isso me dá uma grande superioridade sobre ele.
            Vivo! Vivo como esse menino que ri, jogando água no corpo da mãe que vai buscá-lo. Vivo como essa mulher que pisa a espuma e agora traz ao colo o garoto já bem crescido. O esforço faz-lhe tensos os músculos dos braços e das coxas; é bela assim, marchando com a sua carga querida.
                Agora o garoto fica brincando junto à barraca e é ela que vai dar um mergulho rápido, para se limpar da areia. Volta. Não, a viúva não está de luto, a viúva está brilhando de sol, está vestida de água e de luz. Respira fundo o vento do mar, tão diferente daquele ar triste do quarto fechado do doente, em que viveu meses. Vendo seu homem se finar; vendo-o decair de sua glória de homem fortão de cara vermelha e de seu império de homem da mulher e pai do filho, vendo-o fraco e lamentável, impertinente e lamurioso como um menino, às vezes até ridículo, às vezes até nojento…
           Ah, não quero pensar nisso. Respiro também profundamente o ar limpo e livre. Ondas espoucam ao sol. O sol brilha nos cabelos e na curva de ombro da viúva. Ela está sentada, quieta, séria, uma perna estendida, outra em ângulo. O sol brilha também em seu joelho. O sol ama a viúva. Eu vejo a viúva.

(BRAGA, Rubem. Rio, setembro, 1958. Texto extraído do livro Ai de ti, Copacabana. Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1960, pág. 129.)
Apesar de não desempenharem função sintática, as preposições são importantes para a construção do texto, pois atuam como conectivos, elementos indispensáveis para a coesão textual. Em determinadas situações, as preposições serão fundamentais para a compreensão da frase ou da oração. Assinale a alternativa cujo fragmento NÃO apresenta preposição essencial. 
Alternativas
Q2314823 Português
Ah, Isoldaxina!


         Era suave o semblante da jovem Isoldaxina. Exceto quando tinha de pronunciar seu nome. Morria de vergonha toda vez que precisava preencher algum cadastro na cidade. Para ela, Isoldaxina faria muito mais sentido se estivesse escrito em uma caixa de remédios.
         O sobrenome também não ajudava: Misântera. E quanto aos apelidos… melhor nem comentar.
        Certo dia, conheceu um homem gentil, de olhar cândido e palavras tênues. Ele lhe ofereceu uma bebida e perguntou o nome dela. Isoldaxina ruborizou. E agora? Será que ele faria uma cara de estranheza? Tentaria segurar o riso?
        Quando ela criou coragem e disse “Isoldaxina”, ele sorriu. Um sorriso gentil e amável. Em seguida, apresentou-se: Rufólgeno Duarte.
         Foram felizes para sempre!

(MARTINS, Juliano. Disponível em: https://corrosiva.com.br/cronicas/isoldaxina/. Acesso em: 26/07/2023.)
Tendo em vista os trechos a seguir, assinale a alternativa em que a palavra sublinhada se DISTINGUE das demais do gênero feminino.
Alternativas
Q2314744 Português
Os substantivos sobrecomuns são substantivos que nomeiam pessoas e apresentam um só gênero para o masculino e o feminino. Por exemplo: cafeteira, cachorro e confinar.
Alternativas
Respostas
1341: C
1342: C
1343: C
1344: C
1345: D
1346: C
1347: C
1348: C
1349: B
1350: C
1351: D
1352: B
1353: D
1354: D
1355: B
1356: C
1357: A
1358: B
1359: B
1360: E