Questões de Concurso
Comentadas sobre noções gerais de compreensão e interpretação de texto em português
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No começo do mês, estive em Nova York. Durante as semanas que antecederam a viagem, fui anotando dicas de amigos em folhas de caderno, guardanapos, o que tivesse à mão. Só de “o melhor hambúrguer do mundo”, consegui umas sete sugestões; de “o cheesecake original”, quatro; e, com os endereços para comer sanduíches, enchi frente e verso de um papel A4.
Como amizade e comida boa são duas coisas que respeito muito, em dez dias nos Estados Unidos eu gabaritei as anotações: voltei dois quilos mais gordo e, ainda no avião, fiz a promessa de, nos próximos seis meses, não chegar a menos de dez metros de uma batata frita.
O que de mais saboroso provei por lá, contudo, não foi fast-food nem era uma especialidade local. Trata-se de um vegetal. Ou, para ser mais exato, um fruto: uma dádiva dos deuses que, infelizmente, não a encontramos por aqui. Chama-se tomate.
Assemelha-se bastante, por fora, àquele fruto ao qual, em nosso país, também damos o nome de tomate, mas uma vez que seus dentes penetram a carne macia, o suco abundante escorre pelo queixo e o doce naturalmente se mescla ao sal em sua língua, você entende que está diante de um alimento completamente diferente.
Acontece que a qualidade do tomate está ligada, entre outros fatores, à quantidade de água nele contida. Quanto mais líquido, mais macio e saboroso. O problema é que a maior presença de suco aumenta o sabor na mesma medida em que reduz a durabilidade. Os agricultores, pensando mais na performance de seu produto dentro dos caminhões do que em cima dos pratos, passaram a priorizar os frutos mais “secos”, foram cruzando-os e manipulando suas características até que os transformaram nesse tímido vegetal que aguenta todos os trancos da estrada, dura séculos na geladeira e quase chega a ser crocante em nossos dentes.
Dou-me conta de que há questões mais urgentes a serem tratadas em nosso país: levar água encanada para cinquenta milhões de pessoas, criar escolas que ensinem a ler e escrever de verdade, evitar que a gente morra de bala perdida ou picada de mosquito. Mas queria pedir às autoridades competentes, sejam elas públicas ou privadas, que, depois de resolvidos os pepinos e descascados os abacaxis, ajudem a plantar tomates de verdade no Brasil. A vida é curta, meus caros, e não podemos medir esforços para deixá-la mais doce, macia e suculenta.
(Antonio Prata. Fruto proibido. www.estadao.com.br, 13.12.2010. Adaptado)
No começo do mês, estive em Nova York. Durante as semanas que antecederam a viagem, fui anotando dicas de amigos em folhas de caderno, guardanapos, o que tivesse à mão. Só de “o melhor hambúrguer do mundo”, consegui umas sete sugestões; de “o cheesecake original”, quatro; e, com os endereços para comer sanduíches, enchi frente e verso de um papel A4.
Como amizade e comida boa são duas coisas que respeito muito, em dez dias nos Estados Unidos eu gabaritei as anotações: voltei dois quilos mais gordo e, ainda no avião, fiz a promessa de, nos próximos seis meses, não chegar a menos de dez metros de uma batata frita.
O que de mais saboroso provei por lá, contudo, não foi fast-food nem era uma especialidade local. Trata-se de um vegetal. Ou, para ser mais exato, um fruto: uma dádiva dos deuses que, infelizmente, não a encontramos por aqui. Chama-se tomate.
Assemelha-se bastante, por fora, àquele fruto ao qual, em nosso país, também damos o nome de tomate, mas uma vez que seus dentes penetram a carne macia, o suco abundante escorre pelo queixo e o doce naturalmente se mescla ao sal em sua língua, você entende que está diante de um alimento completamente diferente.
Acontece que a qualidade do tomate está ligada, entre outros fatores, à quantidade de água nele contida. Quanto mais líquido, mais macio e saboroso. O problema é que a maior presença de suco aumenta o sabor na mesma medida em que reduz a durabilidade. Os agricultores, pensando mais na performance de seu produto dentro dos caminhões do que em cima dos pratos, passaram a priorizar os frutos mais “secos”, foram cruzando-os e manipulando suas características até que os transformaram nesse tímido vegetal que aguenta todos os trancos da estrada, dura séculos na geladeira e quase chega a ser crocante em nossos dentes.
Dou-me conta de que há questões mais urgentes a serem tratadas em nosso país: levar água encanada para cinquenta milhões de pessoas, criar escolas que ensinem a ler e escrever de verdade, evitar que a gente morra de bala perdida ou picada de mosquito. Mas queria pedir às autoridades competentes, sejam elas públicas ou privadas, que, depois de resolvidos os pepinos e descascados os abacaxis, ajudem a plantar tomates de verdade no Brasil. A vida é curta, meus caros, e não podemos medir esforços para deixá-la mais doce, macia e suculenta.
(Antonio Prata. Fruto proibido. www.estadao.com.br, 13.12.2010. Adaptado)
(Bill Watterson. O melhor de Calvin, 26.10.2019. https://cultura.estadao.com.br)
(Bill Watterson. O melhor de Calvin, 26.10.2019. https://cultura.estadao.com.br)
(Bill Watterson. O melhor de Calvin, 26.10.2019. https://cultura.estadao.com.br)
Vocação: cronista
A crônica é um gênero muito colado ao autor. É diferente
do romance, que pode ter personagens como um assassino,
uma nuvem, um pé-de-meia, que não têm nada a ver com
o escritor no sentido mais óbvio. Escrevo narrativas em
primeira pessoa e falo de coisas que se parecem com as
que acontecem na minha vida. Então, quando falo com
o público, ele já tem conhecimento de quem eu sou. Claro
que o narrador da crônica não sou exatamente eu, e o que
acontece na crônica na maioria das vezes não aconteceu
comigo. Considero crônica um gênero de ficção. Se digo
“eu fui à padaria” não significa que eu tenha ido à padaria.
Não. Eu estava em casa escrevendo uma crônica em que o
narrador foi à padaria. Mas é próximo de mim.
(Trecho de entrevista com Antônio Prata. https://livrariadavila.com.br. Adaptado)
Vocação: cronista
A crônica é um gênero muito colado ao autor. É diferente
do romance, que pode ter personagens como um assassino,
uma nuvem, um pé-de-meia, que não têm nada a ver com
o escritor no sentido mais óbvio. Escrevo narrativas em
primeira pessoa e falo de coisas que se parecem com as
que acontecem na minha vida. Então, quando falo com
o público, ele já tem conhecimento de quem eu sou. Claro
que o narrador da crônica não sou exatamente eu, e o que
acontece na crônica na maioria das vezes não aconteceu
comigo. Considero crônica um gênero de ficção. Se digo
“eu fui à padaria” não significa que eu tenha ido à padaria.
Não. Eu estava em casa escrevendo uma crônica em que o
narrador foi à padaria. Mas é próximo de mim.
(Trecho de entrevista com Antônio Prata. https://livrariadavila.com.br. Adaptado)
Aí por volta das cinco da tarde, Dalila entra no escritório e fica olhando para mim. Não late, não gane, não esperneia. Apenas espera. Se insisto em continuar diante do computador, ela eriça as orelhas numa repreensão muda. Levanto-me, passo a coleira em torno do seu pescoço e desço com ela as escadas.
Dalila passa o dia em casa aguardando esses 10 ou 15 minutos de passeio na rua, quando pode percorrer um espaço maior e cheirar à vontade. Um palmo de terreno, monótono e insípido para nós, pode ser para ela uma excursão turística de cheiros. Seu olfato capta gradações que ultrapassam de muito os limites para os quais nossas narinas estão equipadas.
Ela me puxa pela coleira e vai sugando o chão com as narinas. Parece um aspirador vivo na ânsia de absorver os menores resíduos olfativos da paisagem, e sairá dessa experiência plenificada. Enquanto isso, eu me desligo das sensações em volta, pensando. Tudo para depois, friamente, redigir um texto diante do computador.
(Chico Viana. Cheiros e choro. https://cronicascariocas.com, 13.10.2019. Adaptado)
Aí por volta das cinco da tarde, Dalila entra no escritório e fica olhando para mim. Não late, não gane, não esperneia. Apenas espera. Se insisto em continuar diante do computador, ela eriça as orelhas numa repreensão muda. Levanto-me, passo a coleira em torno do seu pescoço e desço com ela as escadas.
Dalila passa o dia em casa aguardando esses 10 ou 15 minutos de passeio na rua, quando pode percorrer um espaço maior e cheirar à vontade. Um palmo de terreno, monótono e insípido para nós, pode ser para ela uma excursão turística de cheiros. Seu olfato capta gradações que ultrapassam de muito os limites para os quais nossas narinas estão equipadas.
Ela me puxa pela coleira e vai sugando o chão com as narinas. Parece um aspirador vivo na ânsia de absorver os menores resíduos olfativos da paisagem, e sairá dessa experiência plenificada. Enquanto isso, eu me desligo das sensações em volta, pensando. Tudo para depois, friamente, redigir um texto diante do computador.
(Chico Viana. Cheiros e choro. https://cronicascariocas.com, 13.10.2019. Adaptado)
Aí por volta das cinco da tarde, Dalila entra no escritório e fica olhando para mim. Não late, não gane, não esperneia. Apenas espera. Se insisto em continuar diante do computador, ela eriça as orelhas numa repreensão muda. Levanto-me, passo a coleira em torno do seu pescoço e desço com ela as escadas.
Dalila passa o dia em casa aguardando esses 10 ou 15 minutos de passeio na rua, quando pode percorrer um espaço maior e cheirar à vontade. Um palmo de terreno, monótono e insípido para nós, pode ser para ela uma excursão turística de cheiros. Seu olfato capta gradações que ultrapassam de muito os limites para os quais nossas narinas estão equipadas.
Ela me puxa pela coleira e vai sugando o chão com as narinas. Parece um aspirador vivo na ânsia de absorver os menores resíduos olfativos da paisagem, e sairá dessa experiência plenificada. Enquanto isso, eu me desligo das sensações em volta, pensando. Tudo para depois, friamente, redigir um texto diante do computador.
(Chico Viana. Cheiros e choro. https://cronicascariocas.com, 13.10.2019. Adaptado)
(Alexandre Beck. Armandinho. https://tirasarmandinho.tumblr.com)
Nobel de Economia vai para trio que
pesquisa formas de reduzir a pobreza
Neste ano, o comitê do Prêmio Nobel de Economia concedeu a honraria a três pesquisadores da área: Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer.
Segundo os organizadores, os especialistas têm como mérito terem encontrado maneiras eficazes de combater a pobreza no mundo. Eles fizeram isso, cada um à sua maneira, dividindo um problema global em questões menores, o que facilita o gerenciamento.
Em meados dos anos 1990, o norte-americano Michael Kremer foi a campo testar intervenções que poderiam melhorar o desempenho escolar de crianças no oeste do Quênia. A francesa Esther Duflo e o indiano Abhijit Banerjee (que são casados) realizaram estudos semelhantes em outros países. Na Índia, por exemplo, mais de 5 milhões de crianças se beneficiaram de programas de reforço em salas de aula. A saúde também está no trabalho dos laureados. Seus estudos mostraram como populações mais pobres são sensíveis a elevações de preços nos gastos com saúde preventiva.
Dentre o trio de laureados, vale destacar Esther Duflo: ela é a segunda mulher e a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel de Economia.
(https://revistagalileu.globo.com, 14.10.2019. Adaptado)
Este trecho do último parágrafo “... vale destacar Esther Duflo: ela é a segunda mulher e a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel de Economia.” está corretamente reescrito, conforme a norma-padrão da língua portuguesa e com o sentido preservado, em:
... vale destacar Esther Duflo,
Nobel de Economia vai para trio que
pesquisa formas de reduzir a pobreza
Neste ano, o comitê do Prêmio Nobel de Economia concedeu a honraria a três pesquisadores da área: Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer.
Segundo os organizadores, os especialistas têm como mérito terem encontrado maneiras eficazes de combater a pobreza no mundo. Eles fizeram isso, cada um à sua maneira, dividindo um problema global em questões menores, o que facilita o gerenciamento.
Em meados dos anos 1990, o norte-americano Michael Kremer foi a campo testar intervenções que poderiam melhorar o desempenho escolar de crianças no oeste do Quênia. A francesa Esther Duflo e o indiano Abhijit Banerjee (que são casados) realizaram estudos semelhantes em outros países. Na Índia, por exemplo, mais de 5 milhões de crianças se beneficiaram de programas de reforço em salas de aula. A saúde também está no trabalho dos laureados. Seus estudos mostraram como populações mais pobres são sensíveis a elevações de preços nos gastos com saúde preventiva.
Dentre o trio de laureados, vale destacar Esther Duflo: ela é a segunda mulher e a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel de Economia.
(https://revistagalileu.globo.com, 14.10.2019. Adaptado)
Nobel de Economia vai para trio que
pesquisa formas de reduzir a pobreza
Neste ano, o comitê do Prêmio Nobel de Economia concedeu a honraria a três pesquisadores da área: Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer.
Segundo os organizadores, os especialistas têm como mérito terem encontrado maneiras eficazes de combater a pobreza no mundo. Eles fizeram isso, cada um à sua maneira, dividindo um problema global em questões menores, o que facilita o gerenciamento.
Em meados dos anos 1990, o norte-americano Michael Kremer foi a campo testar intervenções que poderiam melhorar o desempenho escolar de crianças no oeste do Quênia. A francesa Esther Duflo e o indiano Abhijit Banerjee (que são casados) realizaram estudos semelhantes em outros países. Na Índia, por exemplo, mais de 5 milhões de crianças se beneficiaram de programas de reforço em salas de aula. A saúde também está no trabalho dos laureados. Seus estudos mostraram como populações mais pobres são sensíveis a elevações de preços nos gastos com saúde preventiva.
Dentre o trio de laureados, vale destacar Esther Duflo: ela é a segunda mulher e a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel de Economia.
(https://revistagalileu.globo.com, 14.10.2019. Adaptado)
Nobel de Economia vai para trio que
pesquisa formas de reduzir a pobreza
Neste ano, o comitê do Prêmio Nobel de Economia concedeu a honraria a três pesquisadores da área: Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer.
Segundo os organizadores, os especialistas têm como mérito terem encontrado maneiras eficazes de combater a pobreza no mundo. Eles fizeram isso, cada um à sua maneira, dividindo um problema global em questões menores, o que facilita o gerenciamento.
Em meados dos anos 1990, o norte-americano Michael Kremer foi a campo testar intervenções que poderiam melhorar o desempenho escolar de crianças no oeste do Quênia. A francesa Esther Duflo e o indiano Abhijit Banerjee (que são casados) realizaram estudos semelhantes em outros países. Na Índia, por exemplo, mais de 5 milhões de crianças se beneficiaram de programas de reforço em salas de aula. A saúde também está no trabalho dos laureados. Seus estudos mostraram como populações mais pobres são sensíveis a elevações de preços nos gastos com saúde preventiva.
Dentre o trio de laureados, vale destacar Esther Duflo: ela é a segunda mulher e a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel de Economia.
(https://revistagalileu.globo.com, 14.10.2019. Adaptado)
Leia o poema de Eduardo Alves da Costa, para responder à questão.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma
flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
É correto afirmar que o poema descreve
Pai do vício nas telas agora quer oferecer a cura
Quase 80% dos usuários de smartphones checam seus celulares nos primeiros 15 minutos depois de acordar. E a tendência é só piorar, diz Nir Eyal, professor de Stanford e consultor especializado em ajudar empresas de tecnologia a tornar seus produtos mais viciantes. Nesse mercado, ele afirma que “as empresas que vencem são aquelas que conseguem inventar os produtos mais grudentos”.
Eyal esclarece que as empresas criaram o processo de fisgar pessoas, de jogar o anzol, acionando quatro passos básicos. Começa com um gatilho, algo que diz ao usuário o que fazer, podendo ser externo ou interno. No Facebook, por exemplo, seria uma notificação que chama atenção para o que está acontecendo na rede. Isso leva ao segundo passo, a ação, algo que o usuário faz em busca de uma recompensa. Ele vai abrir o aplicativo, checar a notificação e começar a ler seu “feed” de notícias. O terceiro passo é a recompensa variável. O psicólogo americano B.F. Skinner mostrou que, quando uma recompensa é dada sem que possa ser prevista, a ação se torna mais frequente. E, então, chega-se à fase do investimento: quando o consumidor usa o produto de forma a aumentar a probabilidade de voltar a usá-lo.
Eyal admite que depois de um tempo, as empresas nem precisam mais de gatilhos externos. Em vez disso, eles começam a acontecer por causa dos gatilhos internos, associações na mente do usuário. Quando você está entediado, entra no YouTube, se se sente sozinho, abre o Facebook, se tem uma dúvida, checa o Google. Geralmente, são os sentimentos negativos que fazem as pessoas voltarem.
Agora, Eyal começa a pensar em um método para reverter o vício e ele não está sozinho. Antigos executivos do Facebook e WhatsApp tornaram-se críticos da tecnologia. Eles criaram o vício e agora querem oferecer a cura. Mas para isso acontecer é preciso que os consumidores entendam como sentimentos ruins, como tédio ou solidão, são manipulados para mantê-los fiéis a essas empresas. “Quero que as pessoas pensem em formas de ganhar mais controle de suas vidas, em vez de serem controladas pela tecnologia”, arremata Eyal.
(www1.folhauol.com.br.Adaptado, acessado em 13.10.2019)
Pai do vício nas telas agora quer oferecer a cura
Quase 80% dos usuários de smartphones checam seus celulares nos primeiros 15 minutos depois de acordar. E a tendência é só piorar, diz Nir Eyal, professor de Stanford e consultor especializado em ajudar empresas de tecnologia a tornar seus produtos mais viciantes. Nesse mercado, ele afirma que “as empresas que vencem são aquelas que conseguem inventar os produtos mais grudentos”.
Eyal esclarece que as empresas criaram o processo de fisgar pessoas, de jogar o anzol, acionando quatro passos básicos. Começa com um gatilho, algo que diz ao usuário o que fazer, podendo ser externo ou interno. No Facebook, por exemplo, seria uma notificação que chama atenção para o que está acontecendo na rede. Isso leva ao segundo passo, a ação, algo que o usuário faz em busca de uma recompensa. Ele vai abrir o aplicativo, checar a notificação e começar a ler seu “feed” de notícias. O terceiro passo é a recompensa variável. O psicólogo americano B.F. Skinner mostrou que, quando uma recompensa é dada sem que possa ser prevista, a ação se torna mais frequente. E, então, chega-se à fase do investimento: quando o consumidor usa o produto de forma a aumentar a probabilidade de voltar a usá-lo.
Eyal admite que depois de um tempo, as empresas nem precisam mais de gatilhos externos. Em vez disso, eles começam a acontecer por causa dos gatilhos internos, associações na mente do usuário. Quando você está entediado, entra no YouTube, se se sente sozinho, abre o Facebook, se tem uma dúvida, checa o Google. Geralmente, são os sentimentos negativos que fazem as pessoas voltarem.
Agora, Eyal começa a pensar em um método para reverter o vício e ele não está sozinho. Antigos executivos do Facebook e WhatsApp tornaram-se críticos da tecnologia. Eles criaram o vício e agora querem oferecer a cura. Mas para isso acontecer é preciso que os consumidores entendam como sentimentos ruins, como tédio ou solidão, são manipulados para mantê-los fiéis a essas empresas. “Quero que as pessoas pensem em formas de ganhar mais controle de suas vidas, em vez de serem controladas pela tecnologia”, arremata Eyal.
(www1.folhauol.com.br.Adaptado, acessado em 13.10.2019)
Pai do vício nas telas agora quer oferecer a cura
Quase 80% dos usuários de smartphones checam seus celulares nos primeiros 15 minutos depois de acordar. E a tendência é só piorar, diz Nir Eyal, professor de Stanford e consultor especializado em ajudar empresas de tecnologia a tornar seus produtos mais viciantes. Nesse mercado, ele afirma que “as empresas que vencem são aquelas que conseguem inventar os produtos mais grudentos”.
Eyal esclarece que as empresas criaram o processo de fisgar pessoas, de jogar o anzol, acionando quatro passos básicos. Começa com um gatilho, algo que diz ao usuário o que fazer, podendo ser externo ou interno. No Facebook, por exemplo, seria uma notificação que chama atenção para o que está acontecendo na rede. Isso leva ao segundo passo, a ação, algo que o usuário faz em busca de uma recompensa. Ele vai abrir o aplicativo, checar a notificação e começar a ler seu “feed” de notícias. O terceiro passo é a recompensa variável. O psicólogo americano B.F. Skinner mostrou que, quando uma recompensa é dada sem que possa ser prevista, a ação se torna mais frequente. E, então, chega-se à fase do investimento: quando o consumidor usa o produto de forma a aumentar a probabilidade de voltar a usá-lo.
Eyal admite que depois de um tempo, as empresas nem precisam mais de gatilhos externos. Em vez disso, eles começam a acontecer por causa dos gatilhos internos, associações na mente do usuário. Quando você está entediado, entra no YouTube, se se sente sozinho, abre o Facebook, se tem uma dúvida, checa o Google. Geralmente, são os sentimentos negativos que fazem as pessoas voltarem.
Agora, Eyal começa a pensar em um método para reverter o vício e ele não está sozinho. Antigos executivos do Facebook e WhatsApp tornaram-se críticos da tecnologia. Eles criaram o vício e agora querem oferecer a cura. Mas para isso acontecer é preciso que os consumidores entendam como sentimentos ruins, como tédio ou solidão, são manipulados para mantê-los fiéis a essas empresas. “Quero que as pessoas pensem em formas de ganhar mais controle de suas vidas, em vez de serem controladas pela tecnologia”, arremata Eyal.
(www1.folhauol.com.br.Adaptado, acessado em 13.10.2019)