Questões de Português - Orações subordinadas adverbiais: Causal, Comparativa, Consecutiva, Concessiva, Condicional... para Concurso

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Q1953455 Português

TEXTO II 


MORRA BEM

Um dos meus textos mais conhecidos chama-se A morte devagar, que publiquei na véspera de Finados de 2000 e que logo ganhou o mundo com o título Morre Lentamente. No início foi equivocadamente atribuído a Pablo Neruda, por isso o espalhamento e seu sucesso. Passado tanto tempo, já me devolveram a autoria e hoje esse texto virou canção na França e entrou no roteiro de um filme italiano – sem falar nas traduções para o espanhol, que alguns desconfiados ainda acreditam ser seu idioma de origem. 

Na época, aproveitando a proximidade do Dia dos Mortos, escrevi puxando as orelhas (não os pés) daqueles que morrem em vida: os que evitam o risco, a arte, a paixão, o mistério, as viagens, as perguntas - apenas atravessam os dias respirando.

Hoje, dia de Finados, 17 anos depois, reitero: não morra lentamente. Morra rápido, de uma vez só, sem delongas. Morra quantas vezes for necessário.

Quando fiz meu mapa astral, ouvi da astróloga: “Você tem dificuldade de lidar com ambivalências, gosta das coisas esclarecidas, para o bem ou para o mal”. E ela concluiu: “Morrer é algo que você faz bem. Ficar em banho-maria, não”. 

Sombrio? Soturno? Ao contrário. Entendi com clareza sobre o que ela falava. Morte é a antessala da luz. Não a morte definitiva, que encerra o assunto, mas as diversas mortes em vida, os vários falecimentos a que somos submetidos. É preciso morrer bem enquanto se vive. 

Cada final de amor é uma pequena morte, por exemplo. Morre lentamente quem fica alimentando fantasias de retorno, planejando vinganças, cultivando lembranças com naftalina. Sei que dói, mas não deixe esse amor definhando na UTI, dê logo a extrema-unção, acabe com isso, morra rápido, morra de vez, para que possa renascer ligeiro também. 

Finais de carreira, finais de amizade, finais de ciclo: mortes que acontecem aos 30, aos 40 anos, em qualquer idade. Dói, dói demais, não estou negando a dor, mas o que você prefere? As dúvidas, as ilusões, o apego? Prefere a sobrevida a uma vida nova? Confie na experiência de quem já se enterrou algumas vezes. Morra. Morra bem morrido, baby. 

Final de juventude, final da faculdade, final de uma viagem de intercâmbio: vai ficar agindo como se tivesse 18 anos para sempre? Mate o garoto, renasça adulto. 

A morte daqueles que amamos é trágica, mas nossa própria morte, não. Ela é uma contingência de nossa longa existência, e essa não é uma frase cínica, simplesmente é assim. Nossos sonhos morrem. Nosso passado morre. Nossas crenças, nossas fases. Fazer o quê? Morra bem. Morra com categoria. Com dignidade. O menos lentamente possível. Morra de morte bem arrematada, uma, duas, três mil vezes, morra em definitivo sempre que for exigido, para sobrar tempo. 

Tempo para a vida em frente. 

(O GLOBO, Marta Medeiros)

No trecho: “O texto de Martha Medeiros desperta muitos indivíduos para a realidade. Mas, de fato, o mundo contemporâneo mostra que as pessoas vivem seus sofrimentos, seus fantasmas por uma vida inteira.”, a expressão em destaque tem valor de:  
Alternativas
Q1952606 Português
Leia o texto a seguir para responder à questão.

TEXTO
A ARTE DE ESCUTAR BONITO

Mirian Goldenberg
Antropóloga e professora da UFRJ


   Desde que a pandemia começou, tive (e continuo tendo) várias fases de depressão, pânico, ansiedade, desespero, tristeza e desesperança. Ainda não consegui encontrar uma saída da concha ou da caverna escura em que me escondi nos últimos dois anos.
  Foram os meus amigos e os meus livros que me ajudaram a sobreviver física e emocionalmente nos piores momentos. Decidi relembrar aqui algumas lições que aprendi em meio a essa tragédia para ajudar quem está precisando de um colete salva vidas ou de um abraço carinhoso, como eu ainda preciso.
  Viktor Frankl me desafiou a construir uma vida com significado. Apesar das circunstâncias dramáticas, ninguém pode destruir a liberdade que temos de escolher a melhor atitude para enfrentar o sofrimento inevitável. Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre me mostraram que não importa o que a vida fez de nós: o que importa é o que fazemos com o que a vida fez de nós, quais são os nossos propósitos e projetos de vida.
   Epicteto me mostrou que a nossa felicidade e liberdade começam com a compreensão de um princípio básico: algumas coisas estão sob nosso controle e outras, não. Devemos sempre fazer o máximo e o melhor que estiver ao nosso alcance. Cada obstáculo pode ser encarado como uma oportunidade para descobrirmos a nossa coragem desconhecida e para encontrarmos o nosso potencial escondido. As provações que suportamos podem revelar quais são as nossas forças e fraquezas. [...]
   Clarice Lispector me mostrou que os nossos piores defeitos podem estar sustentando o edifício inteiro. Ao aceitar as nossas limitações, em vez de lutar contra elas, a gente se torna livre. Com Clarice, desisti de lutar contra as minhas angústias, ansiedades, inseguranças, vergonhas, culpas, obsessões, medos e tristezas, e passei a olhar com mais carinho para a Olívia Palito que se escondia no armário para fugir da violência, gritos e surras do pai e irmãos.
   A minha história familiar me tornou a mulher que escreve compulsivamente para, como Clarice, salvar as vidas dos meus amores e salvar a minha própria vida. Quem eu seria hoje se não tivesse sobrevivido como uma formiguinha com medo de ser esmagada?
   Rubem Alves me revelou que ostras felizes não fazem pérolas: é a ostra triste que, para se proteger do grão de areia que machuca, produz as mais belas pérolas. Ele também me ensinou "a arte de escutar bonito", uma arte que só valorizamos em meio ao sofrimento, dor e angústia existencial.
   Já contei aqui que o meu maior arrependimento é não ter aprendido a "escutar bonito" meus pais para compreender melhor a minha própria história. Tento compensar esse vazio existencial "escutando bonito" meus amigos nonagenários. [...]
   Meu melhor amigo Guedes, de 98 anos, me ensinou: "Tem que ter coragem, Mirian, coragem". Ele nunca me deixa desistir quando me sinto impotente, apavorada e sem força para continuar. Sem ele, eu não teria conseguido enfrentar a depressão, o desespero e o pânico que senti em vários momentos.
   Todos os dias às 18h30, desde o primeiro dia da pandemia, ele telefona para mim: conversamos, rimos, lemos, cantamos, brincamos com as palavras e aprendemos juntos a "escutar bonito". A nossa amizade é o mais belo presente que ganhei da vida, um tesouro que nenhum egoísta, vampiro ou odiador de plantão conseguirá destruir.
   São essas pequenas doses de amor que me dão coragem para continuar escrevendo, estudando e escutando bonito. São essas pequenas epifanias que me socorrem nos momentos em que, como escreveu Clarice, eu acho que tudo o que eu faço com tanta paixão "é pouco, é muito pouco".

Adaptado https://www1.folha.uol.com.br
“Decidi relembrar aqui algumas lições que aprendi em meio a essa tragédia para ajudar quem está precisando de um colete salva vidas ou de um abraço carinhoso, como eu ainda preciso.” 2º§
A oração sublinhada nessa frase expressa uma: 
Alternativas
Q1952228 Português

Texto 1


Juíza de SC nega aborto a menina de 11 anos vítima de estupro; TJ apura caso


        A Justiça de Santa Catarina negou que uma criança, de 11 anos, vítima de estupro e grávida de 29 semanas, realizasse um aborto autorizado. Em despacho expedido em 1º de junho, a magistrada Joana Ribeiro Zimmer, da 1ª Vara Cível de Tijucas, a 50 quilômetros de Florianópolis, decidiu pela permanência da criança em um abrigo com o objetivo de mantê-la afastada do possível autor da agressão sexual e também para impedir que a mãe da menina, responsável legal pela filha, levasse a cabo a decisão de interromper a gravidez.

(...)

Por envolver menores de idade, o caso segue em segredo de Justiça, mas o jornal O Estado de S. Paulo conseguiu acesso à decisão. As identidades da vítima e da mãe foram preservadas.

No despacho, Joana Ribeiro Zimmer defendeu a continuidade da gestação por parte da criança. Ela citou que o aborto deve ser realizado até 22 semanas de gravidez ou o feto atingir 500 gramas.

(...)

Já em um diálogo direto com a mãe, a juíza afirma que existem cerca de 30 mil casais que “querem o bebê”. “Essa tristeza para a senhora e para a sua filha é a felicidade de um casal”, disse a magistrada. “É uma felicidade porque eles não estão passando pelo o que eu estou passando”, respondeu a mãe da criança.

“Estamos lutando para essa interrupção da gestação. Primeiro, porque a criança é assistida por lei. Ela está no enquadramento do aborto legal, por ser vítima de violência e por correr riscos de morte”, afirmou advogada Daniela Félix, que representa a família da vítima. “A gente tem, no Brasil, três casos de aborto que independe do tempo de gestação. Nesse caso, estamos amparados por dois (risco à saúde da gestante e estupro) – o terceiro caso seria o de anencefalia”, explicou a advogada.

(...)

De acordo com os médicos, os riscos à vida da vítima estão relacionados com a duração da gestação, e também com os procedimentos de parto e pós-parto a que uma criança de 11 anos será submetida. O descolamento de placenta e sangramento provocados pelo trabalho de parto prematuro e atonia uterina (falta de contrações do útero) após o nascimento do bebê foram alguns dos problemas citados pelos médicos.

Estadão Conteúdo


Texto 2

Homens também abortam


        É estarrecedor ver o julgamento voraz em cima da questão do aborto. Não que eu me considere favorável a tal questão. Mas o que me intriga é o seguinte: por que somente as mulheres são julgadas pelas suas decisões?

Já pararam para pensar que HOMENS TAMBÉM ABORTAM? É importante ressaltar que a fecundação não se faz somente de uma parte. Ou será que todas essas mulheres que estão aí na batalha para sustentar seus filhos sozinhas, ou até adolescentes grávidas estereotipadas como "galinhas" (perdão: gíria da minha época), foram concebidas pelo "Espírito Santo"?

Essa é apenas mais uma das tantas hipocrisias de uma sociedade ainda machista e preconceituosa.

        Minha reflexão, quero reforçar, que não é para dizer que sou a favor do aborto. No entanto, só quero que pensemos mais nesta frase: "HOMENS TAMBÉM ABORTAM! Sim, isso mesmo. Quando negam seus filhos, quando não ajudam a suprir a necessidade deles, não só no que diz respeito à pensão, mas também de afeto. Até quando vamos ficar julgando "Paulos Gustavos" que se demonstram muito mais pais do que os que se dizem homens, por se basearem só dá cintura pra baixo os seus desejos? Até quando vamos assistir a modelos de convivência como sendo apenas para fotos em molduras? Sejamos realmente homens no caráter, no respeito e deveres para com nossos filhos. Por que mulher "galinha" soa tão pejorativo e já o homem "galinha" soa "o popular" para não dizer daqueles ou aquelas que ainda os consideram "os fodões"?

        Portanto termino dizendo para vocês, homens e sociedade: "HOMENS TAMBÉM ABORTAM". Aprendam com outros "Paulos Gustavos", outros pais, que mesmo separados, honram seus filhos. Pois estes, sim, são HOMENS de verdade da cabeça aos pés. Em vez de dizerem "honrem suas calças", "honrem seus cérebros como seres racionais".

(MEDONÇA, T.)

Por envolver menores de idade, o caso segue em segredo de Justiça, mas o jornal O Estado de S. Paulo conseguiu acesso à decisão.”. As orações destacadas estabelecem em relação à oração “o caso segue em segredo de justiça”:
Alternativas
Q1952158 Português
Instrução: A questão refere-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões

Você sustentável

Por Gabriela Ferreira



O conector embora (l. 18) é uma conjunção que introduz uma oração ______________, podendo ser substituído corretamente por _____________.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do trecho acima. 
Alternativas
Q1952036 Português

Leia o texto a seguir para responder à questão.


TEXTO

A ARTE DE ESCUTAR BONITO

Mirian Goldenberg Antropóloga e professora da UFRJ


Desde que a pandemia começou, tive (e continuo tendo) várias fases de depressão, pânico, ansiedade, desespero, tristeza e desesperança. Ainda não consegui encontrar uma saída da concha ou da caverna escura em que me escondi nos últimos dois anos. 

Foram os meus amigos e os meus livros que me ajudaram a sobreviver física e emocionalmente nos piores momentos. Decidi relembrar aqui algumas lições que aprendi em meio a essa tragédia para ajudar quem está precisando de um colete salva vidas ou de um abraço carinhoso, como eu ainda preciso.

Viktor Frankl me desafiou a construir uma vida com significado. Apesar das circunstâncias dramáticas, ninguém pode destruir a liberdade que temos de escolher a melhor atitude para enfrentar o sofrimento inevitável. Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre me mostraram que não importa o que a vida fez de nós: o que importa é o que fazemos com o que a vida fez de nós, quais são os nossos propósitos e projetos de vida.

Epicteto me mostrou que a nossa felicidade e liberdade começam com a compreensão de um princípio básico: algumas coisas estão sob nosso controle e outras, não. Devemos sempre fazer o máximo e o melhor que estiver ao nosso alcance. Cada obstáculo pode ser encarado como uma oportunidade para descobrirmos a nossa coragem desconhecida e para encontrarmos o nosso potencial escondido. As provações que suportamos podem revelar quais são as nossas forças e fraquezas. [...] 

Clarice Lispector me mostrou que os nossos piores defeitos podem estar sustentando o edifício inteiro. Ao aceitar as nossas limitações, em vez de lutar contra elas, a gente se torna livre. Com Clarice, desisti de lutar contra as minhas angústias, ansiedades, inseguranças, vergonhas, culpas, obsessões, medos e tristezas, e passei a olhar com mais carinho para a Olívia Palito que se escondia no armário para fugir da violência, gritos e surras do pai e irmãos. 

A minha história familiar me tornou a mulher que escreve compulsivamente para, como Clarice, salvar as vidas dos meus amores e salvar a minha própria vida. Quem eu seria hoje se não tivesse sobrevivido como uma formiguinha com medo de ser esmagada?

Rubem Alves me revelou que ostras felizes não fazem pérolas: é a ostra triste que, para se proteger do grão de areia que machuca, produz as mais belas pérolas. Ele também me ensinou "a arte de escutar bonito", uma arte que só valorizamos em meio ao sofrimento, dor e angústia existencial. 

Já contei aqui que o meu maior arrependimento é não ter aprendido a "escutar bonito" meus pais para compreender melhor a minha própria história. Tento compensar esse vazio existencial "escutando bonito" meus amigos nonagenários. [...]

Meu melhor amigo Guedes, de 98 anos, me ensinou: "Tem que ter coragem, Mirian, coragem". Ele nunca me deixa desistir quando me sinto impotente, apavorada e sem força para continuar. Sem ele, eu não teria conseguido enfrentar a depressão, o desespero e o pânico que senti em vários momentos. 

Todos os dias às 18h30, desde o primeiro dia da pandemia, ele telefona para mim: conversamos, rimos, lemos, cantamos, brincamos com as palavras e aprendemos juntos a "escutar bonito". A nossa amizade é o mais belo presente que ganhei da vida, um tesouro que nenhum egoísta, vampiro ou odiador de plantão conseguirá destruir. 

São essas pequenas doses de amor que me dão coragem para continuar escrevendo, estudando e escutando bonito. São essas pequenas epifanias que me socorrem nos momentos em que, como escreveu Clarice, eu acho que tudo o que eu faço com tanta paixão "é pouco, é muito pouco". 

Adaptado https://www1.folha.uol.com.br 

“Decidi relembrar aqui algumas lições que aprendi em meio a essa tragédia para ajudar quem está precisando de um colete salva vidas ou de um abraço carinhoso, como eu ainda preciso.” 2º§
A oração sublinhada nessa frase expressa uma:
Alternativas
Respostas
701: E
702: B
703: B
704: D
705: B