Questões de Português - Problemas da língua culta para Concurso
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Pessoas instáveis são mais propensas ao uso excessivo do celular
Embora ainda não exista um consenso sobre a existência ou não da dependência em smartphones, ninguém pode negar que o uso excessivo pode trazer problemas. E um novo estudo encontrou um grupo especialmente propenso a cair nessa cilada: pessoas consideradas instáveis emocionalmente.
A pesquisa foi feita por uma equipe de psicólogos da Universidade de Derby e da Universidade Nottingham Trent por meio de um questionário on-line com 640 usuários de smartphones de idades entre 13 e 69 anos. O que mais chamou a atenção dos autores foi o fato de que, à medida que os níveis de ansiedade aumentam em um indivíduo, mais ele usa seu smartphone – até como forma de tentar se sentir melhor.
Alguns especialistas acreditam que o uso do celular pode ser benéfico ao permitir a interação com outras pessoas, mas esse não se mostrou o caso no estudo. É que os usuários mais propensos a um uso excessivo do celular eram justamente aqueles mais “fechados” em relação aos seus sentimentos e emoções.
“Eles podem estar envolvidos em uso passivo da rede social – que ocorre quando você passa muito tempo no Facebook, Twitter e Instagram vendo comentários, fotos e postagens de outras pessoas, e não publicando nada próprio nem se envolvendo em conversas. Então, não há uma interação social positiva real nas redes sociais para essas pessoas”, diz Zaheer Hussain, um dos autores do estudo.
(Adaptado de: PRADO, Ana. Superinteressante. Disponível em: https://super.abril.com.br)
Alguns especialistas acreditam que o uso do celular pode ser benéfico (...), mas esse não se mostrou o caso no estudo.
Esse trecho está reescrito com o sentido preservado e conforme a norma-padrão da língua em:
[Escrever bem]
Antigamente os professores do ensino médio ensinavam a escrever mandando fazer redações que puxavam para a grandiloquência, o preciosismo ou a banalidade: descrever uma floresta, uma tempestade, o estouro da boiada; comentar os males causados pelo fumo, o jogo, a bebida; dizer o que pensa da pátria, da guerra, da bandeira. Bem ou mal, íamos aprendendo, sobretudo porque os professores ainda tinham tempo para corrigir nossos exercícios. Mas o efeito podia ser duvidoso: seriam textos interessantes?
Por isso, talvez seja melhor adotar o ponto de vista do escritor norte-americano O. Henry. Não lembro onde li que um rapaz lhe perguntou o que devia fazer para se tornar escritor, esperando provavelmente de volta o conselho clássico do temporal, do mar bravio, da batalha. Mas O. Henry lhe disse apenas o seguinte: “Descreva uma galinha atravessando um pátio; se conseguir, será escritor”.
(Adaptado de: CANDIDO, Antonio. O albatroz e o chinês. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2010, p. 205-206)
Uma declaração política que definiu uma geração, uma epifania de paz, três caóticos dias que transformaram a história da música: os símbolos que cercam Woodstock são muitos, e às vezes é difícil separar o mito da realidade. O festival tem um peso cultural significativo, mas o legado de meio milhão de jovens festejando na chuva é menos sentido como uma subcultura revolucionária e mais como um clichê da cultura pop.
Em 1969, a sociedade americana estava se recuperando de vários acontecimentos, entre eles os protestos contra a guerra do Vietnã, os distúrbios raciais e os assassinatos de figuras como Martin Luther King e Robert Kennedy, o que implicitamente colocou a paz e o amor de Woodstock como antídoto contra a raiva. “O estado de ânimo no país era um pouco como hoje. Havia uma sensação de violência, de verdadeiro ódio e divisão”, disse Martha Bayles, acadêmica do Boston College.
Apesar de o Woodstock ter incluído canções de protesto, Bayles descartou a noção popular de que o festival foi político, o que considera um “mal-entendido”. “Nem o movimento contra a guerra, nem o movimento do poder negro… ninguém desse lado viu o Woodstock como algo além de uma piada”. “Foi visto pela militância política mais rígida como algo bobo e autoindulgente”.
A artista mais ativa politicamente do evento foi Joan Baez, que recorda Woodstock como “um festival de alegria”. Os três dias “foram algo importante, mas não uma revolução”, disse ao jornal The New York Times. “Uma revolução ou mesmo uma mudança social não acontecem sem a vontade de correr riscos. E o único risco em Woodstock era não ser convidado para o evento”, afirmou.
(“Cinco décadas depois de Woodstock, ainda é difícil separar o mito da realidade”. AFP, https://gauchazh.clicrbs.com.br, 14.08.2019. Adaptado)
Preservando as relações de sentido e a correção quanto à norma-padrão da língua, o trecho destacado pode ser substituído por:
Michael em fúria
Michael, um furacão de força 4, chegou em fúria à costa da Flórida, nos Estados Unidos, com ventos de mais de 200 km/h. Foi o segundo da temporada; em setembro, o ciclone Florence já havia inundado cidades na Carolina do Norte e estados vizinhos.
Na mesma semana, veio a luz um novo e sombrio relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, na sigla em inglês). O estudo, elaborado por dezenas de cientistas de vários países, foi apresentado na Coreia do Sul.
Trata-se de um relatório especial, diferente das abrangentes publicações sobre trajetórias da mudança do clima que o IPCC compila a intervalos de cinco ou seis anos. No caso, o objetivo era avaliar as diferenças entre um aquecimento na atmosfera de 1,5 ºC e outro de 2 ºC.
Os dois limiares figuram no Acordo de Paris (2015), que lista o segundo como meta a não ser ultrapassada, pois os climatologistas predizem que os impactos seriam excessivos e talvez incontroláveis.
A barreira de 1,5 ºC, por sua vez, aparece no tratado como algo preferível do ponto de vista dos riscos e custos a serem enfrentados por sociedades e governos.
O novo documento indica que esse limiar de prudência está para ser ultrapassado logo, possivelmente ainda em 2030, e com certeza até os anos 2050.
Restariam, assim, poucas décadas para zerar as emissões de gases do efeito estufa no planeta, o que exigiria uma revolução nos setores de energia e transportes. Mais provável, a julgar pela persistente trajetória atual, é transpor-se a marca dos 2 ºC.
(Folha de S.Paulo. 16.10.2018. Adaptado)
______ estudos que discutem o aquecimento da atmosfera, sugerindo que, se a temperatura começar a subir para além dos limiares de 1,5 ºC e 2 ºC, o mundo poderá estar ______ voltas com impactos climáticos excessivos e talvez incontroláveis.
De acordo com a norma-padrão, os termos que preenchem as lacunas do enunciado são, respectivamente:
Acerca das ideias, dos sentidos e das propriedades linguísticas do texto anterior, julgue o item a seguir.
A correção gramatical do texto seria mantida caso a expressão
“por que” (.18) fosse substituída por porque.
Acerca das ideias, dos sentidos e das propriedades linguísticas do texto anterior, julgue o item a seguir.
A forma verbal “há” (.8) poderia ser substituída por fazem,
sem prejuízo da correção gramatical do texto.
Com relação à correção gramatical e à coerência com as ideias do texto das substituições propostas para vocábulos e trechos destacados, julgue o item subsequente.
“há” (linha 9) por existe
Com relação à correção gramatical e à coerência das substituições propostas para vocábulos e trechos destacados do texto, julgue o item.
“a distâncias que” (linha 10) por a distâncias onde
Leia o texto para responder à questão.
Quando o efêmero dura
Uma das mais fabulosas tecnologias humanas é a escrita. Ela nos permitiu ampliar a memória para horizontes inimagináveis. Não fosse por ela, jamais teríamos atingido os níveis de acúmulo, transmissão e integração de conhecimento que logramos obter e, provavelmente, não diferiríamos muito de nossos ancestrais do Neolítico.
Uma tecnologia tão poderosa não poderia passar sem deixar marcas. De início, poucos dominavam as letras, de modo que saber ler e escrever se tornou uma distinção de classe social. À medida que surgiram tecnologias mais eficientes de reprodução (prensa) e o ensino público se popularizou, o alfabetismo se tornou quase universal.
No nível comportamental, havia uma divisão bastante clara entre a comunicação formal, calculada, destinada a durar (escrita), e aquela mais íntima, vaga (oral), que, justamente por não deixar traços, podia operar como uma sonda da sociabilidade, testando relacionamentos, fofocando, às vezes até zombando e insultando. O ex-presidente Temer apropriadamente matou a charada ao proclamar: “verba volant, scripta manent” (as palavras faladas voam, as palavras escritas permanecem).
O problema é que as tecnologias não pararam de evoluir, dando lugar a computadores, celulares, aplicativos de mensagem, redes sociais etc. As pessoas vêm cada vez mais usando a escrita para comunicar-se no registro informal, que contava com o caráter efêmero da fala. Pior, a reprodutibilidade e transmissão de diálogos privados se tornaram potencialmente infinitas, sem falar do hackeamento.
O resultado é uma explosão de curtos-circuitos sociais, nos quais mensagens concebidas para circular entre poucos ganham ampla difusão. Às vezes a divulgação é de interesse público, mas, em outros casos, ela só azeda amizades, compromete namoros ou intoxica o ambiente de trabalho. Vejo com certa preocupação a redução dos espaços de experimentação social, onde é lícito falar bobagem.
(Hélio Schwartsman. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2019 /11/quando-o-efemero-dura.shtml Adaptado.)
Assinale a opção em que o vocábulo sublinhado está grafado erradamente.
“No universo tudo procede por vias indiretas. Não existem linhas retas.”
Assinale a opção em que essa frase está escrita de modo incorreto.
“Todas as coisas têm seu tempo, existe o momento certo para cada uma delas sob o céu.”
Assinale a frase em que houve troca indevida entre sob/sobre.
Observe a tirinha abaixo:
No segundo quadrinho há um desvio da norma culta da língua.
Esse desvio diz respeito à:
Contos para Charles Darwin
De uns dez anos para cá, Rodrigo Lacerda não tira Charles Darwin (1809-1882) da cabeça. Autor de livros elogiados como O Fazedor de Velhos, de 2008, com o qual venceu o prêmio Jabuti de melhor livro infantil, entre outros, o escritor tem refletido, por exemplo, sobre a ação no nosso cérebro dos neurotransmissores, dos quais não temos nenhum controle. Com uma injeção de dopamina nos sentimos bem e felizes. Já uma descarga de adrenalina nos deixa alertas e ativos. E por aí vai.
O fato de preferirmos pagar uma quantia quebrada, como R$ 5,99 em vez de R$ 6,00, é mais um ponto de partida para suas reflexões darwinianas. Assim como a desenfreada reprodução humana, irracional se observada a quantidade de habitantes no planeta e os recursos naturais disponíveis. “A humanidade parece ter se esquecido dos diversos imperativos biológicos que incidem sobre nosso comportamento e que talvez sejam incontornáveis”, diz o escritor.
Essa reflexão toda deu origem a Reserva Natural (Companhia das Letras, 183 páginas). Dividido em duas partes, Território e Fauna, o livro reúne dez contos. Todos sugerem que só a teoria da evolução pode explicar determinados fatos científicos e certas idiossincrasias humanas.
Como abrir mão dela para compreender a coincidência de sermos, assim como os ratos, hospedeiros intermediários do vírus da toxoplasmose, como se aprende em “Metástase”, o último conto do livro? O vírus torna os roedores incapazes de sentir o cheiro da urina dos gatos, os verdadeiros alvos do organismo infeccioso. Contaminados por ele, sustentam alguns pesquisadores, os humanos se mostram mais inconsequentes, exaltados e indiferentes ao risco. A hipótese para explicar a coincidência, já que não somos presas de gatos, o que justificaria a ação do vírus no nosso organismo, é a seguinte: ele teria sobrevivido desde a pré-história, quando nossos antepassados eram devorados por tigres dentes-de- -sabre e outros antepassados dos inofensivos bichanos de hoje em dia. O conto que dá título ao livro foi publicado originalmente numa edição da revista inglesa Granta, em 2010.
(Daniel Salles. www.valor.com.br. 23.02.2018. Adaptado)
Leia o texto para responder à questão.
Todos falaremos de Mário esta semana como se ele ainda estivesse ali em São Paulo e pela volta do correio nos mandasse um novo livro. Todos vamos repetir e confirmar a verdade daqueles seus versos:
“Eco, responda bem certo,
Meus amigos me amarão?
E o eco me responde: sim.”
Se há uma coisa indiscutível em sua obra é a verdade desses três simples versos. Os amigos de Mário continuam a cultivar sua amizade, mesmo sem saberem por onde anda, em sua viagem transcendental, essa criatura que, acima de todos os valores, deixou-nos a saudade de sua riqueza humana.
Foi essa riqueza humana (essa capacidade de compreender e sentir) que fez de Mário um poeta, um músico, um folclorista. Esse desejo de participação, esse entusiasmo de viver não uma, não a sua, mas inúmeras vidas, levaram-no até esse desdobramento do Macunaíma, tão misturada ao Bem e ao Mal, tão entregue à experiência terrena e sem fim: “Eu sou trezentos, sou trezentos e cinquenta...”
(Cecília Meireles. Semana de Mário. Escolha o seu sonho)
Leia o texto para responder à questão.
É prioritário estimular a leitura desde a infância, pois ao perceber o encanto do universo do livro e descobrir todas as portas que ele abre, o indivíduo dificilmente deixará de ser um leitor ao longo de toda a sua vida.
Portanto, para conquistarmos a meta tão almejada de que o Brasil seja um país de leitores, não há outro caminho senão despertar nas crianças e adolescentes o gosto pela leitura. Significativa contribuição para isso foi o fato de o livro do ano de ficção do Prêmio Jabuti 2014, o mais importante do mercado editorial brasileiro, ter sido Breve História de um Pequeno Amor, de Marina Colasanti. Tal conquista para uma obra infantojuvenil chama a atenção de todos para esse segmento da literatura.
Ao fazermos uma reflexão sobre a relevância da leitura para o público infantojuvenil, é pertinente lembrarmos o 25º aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança, celebrado dia 20 de novembro, em Nova York, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Na ocasião, o comitê responsável pelo monitoramento desse programa ressaltou a importância da participação ativa das crianças nas discussões que afetem suas vidas.
(Folha de S.Paulo, 16.03.2015. Adaptado)
Leia o texto para responder à questão.
Emojis estão confundindo juízes sobre intenções
dos réus nos EUA
Enviar um emoji de faca ou arma constitui ameaça? E corações e rostinhos se beijando significam assédio? Mais emoticons* estão aparecendo em processos judiciais e, embora o contexto em que foram utilizados diga muito sobre as intenções (e atos) de quem está por trás das mensagens, a justiça está penando para lidar com a nova forma de comunicação.
Em uma reportagem sobre o assunto, a CNN revelou que juízes dos Estados Unidos têm se confundido com a utilização dos símbolos. O número de casos com mensagens de texto contendo emojis foi de 33 em 2017 para 53 em 2018, e quase 50 casos apenas no primeiro semestre de 2019.
Como conta Eric Goldman, professor de Direito na Universidade de Santa Clara, na Califórnia, não há diretrizes judiciais sobre como abordar o tópico. Às vezes, um juiz pode descrever o emoji em questão para os jurados, em vez de permitir que eles o vejam e interpretem por si mesmos, ou até omiti-los de todas as evidências.
Outra questão relevante é que, embora emojis sejam comumente usados para trazer leveza às conversas (e os tribunais reconheçam o humor das “carinhas”), não é novidade para juízes que acusados tentem disfarçar ameaças dizendo que “estavam apenas brincando”. Por isso, a justiça está se tornando cada vez mais cética sobre essa defesa em casos criminais, já que o destinatário não tem como saber precisamente se o emoticon foi enviado com o intuito de ser engraçado.
“Há muita coisa que poderia se perder na tradução. Foi uma piada? Ou era sério? Ou a pessoa estava apenas usando o emoji para se proteger, para depois argumentar que não era sério?”, questionou Karen S. Elliott, advogada que já trabalhou em casos do tipo. Para a profissional é essencial desenvolver estudos sobre o assunto e exigir que advogados, juízes e juris obtenham a representação exata do que foi enviado e recebido em mensagens trocadas: “As palavras podem não descrever adequadamente o significado preciso dos emojis”.
(Galileu. 12.07.2019. https://revistagalileu.globo.com. Adaptado)
* Emojis e emoticons são imagens usadas na comunicação em redes
sociais e mensagens instantâneas para expressar emoção, atitude ou
estado de espírito.