Questões de Português para Concurso

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Q3047785 Português
Assinale a opção cuja oração sublinhada tem o valor de consequência.
Alternativas
Q3047784 Português
Assinale a frase em que a passagem da voz ativa para a passiva com auxiliar foi feita de forma adequada.
Alternativas
Q3047783 Português
Assinale a frase em que todos os sinais de pontuação estão corretamente empregados.
Alternativas
Q3047782 Português
Assinale a frase que mostra um jogo de palavras em sua construção.
Alternativas
Q3047781 Português

Leia o texto descritivo a seguir.


O dicionário era relativamente grosso, com uma capa de couro escura, coberta por uma folha amarela em que estavam escritas as informações sobre o tipo de livro que era. 


Sobre a descrição acima, assinale afirmativa adequada.

Alternativas
Q3047780 Português
As frases a seguir mantêm relação de sentido com a proteção ao meio ambiente, à exceção de uma. Assinale-a.
Alternativas
Q3047779 Português
Os elementos de coesão estão destacados em todas as frases a seguir. Assinale o conector que tem seu valor semântico corretamente indicado.
Alternativas
Q3047778 Português

Leia com atenção o texto a seguir, incluído em um informe publicitário de www.planetasustentável.com.br.


O que deve mudar no clima?


Estimativas preliminares indicam que a elevação da temperatura global provocará um aumento da evaporação da água dos solos e alterações no balanço hídrico. Fenômenos que levariam, por exemplo, a uma redução do cultivo de plantas de clima temperado no Brasil. Ao mesmo tempo, haveria uma redução de geadas no sul, sudeste e sudoeste do país, o que beneficiaria culturas adaptadas ao clima tropical nessas áreas.
Também são previstas modificações na circulação atmosférica próxima à superfície, o que impactaria o potencial de geração de energia eólica do Brasil, considerado um dos maiores do mundo. 
Sobre a estruturação ou a significação dos elementos desse texto, assinale a afirmativa correta.

Alternativas
Q3047777 Português
Leia a frase a seguir.
Escreve-se a história para narrar e não para provar.
Sobre a estruturação e significação dessa frase, assinale a afirmativa correta. 
Alternativas
Q3047681 Português
Leia os documentos a seguir:

Documento 1

        ATENÇÃO MELHOR PERDER UM CELULAR DO QUE A SUA LIBERDADE. O aplicativo que o Governo Federal, mais precisamente o Ministério da Justiça, lançou no dia de ontem é, na verdade, uma armadilha para todos nós brasileiros de bem. O aplicativo passa a controlar todo o seu celular, inclusive todas as mensagens trocadas em redes sociais que você utiliza. Ele abre uma porta, inclusive, para que o governo sequestre suas redes sociais, sua lista de contatos e tudo mais que você faz, de maneira privada, no seu celular. O aplicativo fica com acesso ao seu microfone, sua câmera e seu número na operadora. Uma vez instalado, você passa totalmente para as mãos do Ministério da Justiça e fica totalmente exposto para qualquer ação que possa ser direcionada para você. Essa foi a maneira CRIMINOSA que eles encontraram, no apagar das luzes de 2023 com a saída do Dino, para controlar as redes sociais, como o próprio havia prometido. As redes sociais não iriam colaborar da forma que eles queriam para expor a privacidade dos seus usuários. NÃO INSTALE O APLICATIVO NO SEU CELULAR. MELHOR PERDER O CELULAR DO QUE A SUA LIBERDADE.
Encaminhe essa mensagem para seus familiares e amigos e compartilhe com outros grupos

Fonte: https://www.aosfatos.org/noticias/falso-app-celular-
seguro-permite-governo-acessar-conteudo/.
Acesso em: 18 ago. 2024. Transcrição.

Documento 2

É falso que app Celular Seguro permite ao governo acessar conteúdo de aparelho

Por Gisele Lobato
       Não é verdade que o aplicativo Celular Seguro, que facilita o bloqueio do aparelho em caso de furto ou roubo, vai permitir ao Governo Federal acessar câmera, microfone, lista de contatos ou as redes sociais de quem aderir ao programa, como alega corrente que circula no WhatsApp e vídeos nas redes. Além de não exigir nenhuma permissão de acesso a esses recursos para funcionar, o programa é regido pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), cuja fiscalização é feita por um órgão que possui autonomia em relação ao governo.
       Vídeos com a informação falsa acumulam pelo menos 3,9 mil compartilhamentos no Facebook, centenas de curtidas no Instagram e 11,5 mil visualizações no TikTok. A publicação também circula no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos. [...]

LOBATO, Gisele. É falso que app Celular Seguro permite
ao governo acessar conteúdo de aparelho. Aos fatos.
26.12.2023. Disponível em: https://www.aosfatos.org/
noticias/falso-app-celular-seguro-permite-governo-acessar-
conteudo/. Acesso em: 18 ago. 2024. Fragmento. 
 O documento 1, que teve ampla circulação nas redes sociais, foi refutado pelo documento 2. Entretanto, não se pode ignorar o impacto do alcance da (des)informação que pode ser gerada pelas tecnologias digitais de comunicação, uma vez que, segundo o documento 2, “vídeos com a informação falsa acumulam pelo menos 3,9 mil compartilhamentos no Facebook, centenas de curtidas no Instagram e 11,5 mil visualizações no TikTok”.     Como estratégias de construção textual, os estudos de Vanoye (2003) apontam que há mensagens em que o destinador manifesta claramente as suas opiniões ou reações relativamente ao conteúdo de que trata, acrescentando às informações brutas uma carga suplementar constituída de seus sentimentos, seus juízos, sua maneira de ver e de descrever o acontecimento; há mensagens em que a expressão pessoal intervém de maneira dissimulada; e ainda há aquelas em que não se percebe a presença do destinador, ainda que, de fato, tenham sido produzidas por um indivíduo ou uma instituição, porque são produtos de um projeto cujo processo de construção busca a neutralização intencional do “eu”.

Isso considerado, pode-se afirmar que os mecanismos empregados no documento 1, no que diz respeito à construção discursiva do destinador da mensagem, são:
Alternativas
Q3047679 Português
Leia o excerto adaptado de Marcuschi (2000) a seguir:

      Considerada a ideia de que a língua é muito mais um conjunto de práticas discursivas do que apenas uma série de regras ou um sistema de formas simbólicas, podemos pensá-la como prática social, que se manifesta e funciona em dois modos fundamentais: como atividade oral e como atividade escrita.      Com a expressão “fala”, designamos as formas orais do ponto de vista do material linguístico e de sua realização textual-discursiva. O mesmo acontece com a expressão “escrita”, usada para designar o material linguístico da escrita, ou seja, as formas de textualização na escrita.      Em última instância, são dois modos de representação da mesma língua, embora cada um dos dois modos tenha uma história própria.

Analisando o excerto acima e sua formação no curso de licenciatura, em disciplinas da área de língua e de linguística, é correto afirmar, na relação entre variedades, usos, língua oral e língua escrita, que: 
Alternativas
Q3047678 Português
Said Ali (2001), ao estudar aspectos da sintaxe da Língua Portuguesa, examina, entre outras diversas categorias do verbo, as funções que os tempos – presente, passado e futuro – assumem na construção dos sentidos dos enunciados, o que intervém diretamente nos processos de compreensão e de produção dos textos. Ao tratar do presente, no indicativo, o autor observa que o seu uso remete a uma ação que se passa durante o tempo – breve ou longo – em que se discorre sobre um assunto, mas não limitado ao instante fugaz da realização do enunciado. Noutros termos: “não haveria enunciado sem a cognição e portanto sem a preexistência do fato; e, por outra parte, terminado o enunciado verbal, para o qual bastou um só segundo, o fato nem por isso deixará de perdurar ainda algum tempo” (SAID ALI, 2001, p. 310). Diante dessa observação, o linguista examina os complexos fatos da língua portuguesa, procurando descrever as muitas expressões verbais que se servem desse tempo e, então, classificá-las segundo o sentido que estabelecem.

Quanto às propostas de Said Ali, relativas às funções do uso do tempo presente no modo indicativo, que opção expõe, corretamente, em conjunto (descrição, classificação e exemplificação), as ideias do autor?
Alternativas
Q3047677 Português
Leia o excerto adaptado de Preti (1994): As variedades diastráticas ocorrem em um plano vertical, isto é, dentro da linguagem de uma comunidade específica, seja urbana, seja rural. 

Imagem associada para resolução da questão


AB – eixo horizontal das variantes geográficas. ab, cd, ef, gh, ij – eixos verticais das variantes socioculturais.
     Nesse cenário, as variações socioculturais podem ser influenciadas por fatores ligados diretamente ao falante (ou ao grupo a que pertence) ou à situação ou a ambos simultaneamente.

Após a leitura do excerto, marque a resposta que associa corretamente o conceito e sua indicação com exemplo dado: 
Alternativas
Q3047635 Português
De acordo com a teoria dos gêneros discursivos, apresentada por Bakhtin (1997), todo texto é produzido em um contexto específico, o que implica a necessidade de considerar uma série de fatores para garantir a sua adequação e eficácia comunicativa. Esses fatores incluem o público-alvo, o veículo de circulação, o contexto sócio-histórico, as regularidades do gênero textual e a variedade linguística adequada.
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

      Considerando essas premissas, imagine que você é responsável por escrever um artigo de opinião para um jornal de grande circulação. O tema é “O impacto das redes sociais na formação da identidade dos jovens”. O público-alvo são leitores de faixa etária variada, com diferentes níveis de escolaridade e acesso à informação.

Qual alternativa apresenta a melhor abordagem para garantir a adequação e eficácia do texto ao contexto de produção e ao público-alvo?
Alternativas
Q3047634 Português
Leia com atenção o trecho abaixo e responda à questão.

      Bakhtin (1997) enfatiza que a construção composicional e o estilo do gênero literário envolvem o uso de recursos coesivos para garantir a coerência e a continuidade do texto. Todorov (1971) complementa que esses elementos são fundamentais para a progressão temática e a construção da narrativa.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. São Paulo: Editora Perspectiva, 1971.

      Com base nessas premissas, qual é a função dos elementos coesivos para manter a coerência e progressão temática do texto abaixo?       “Os dias eram longos e áridos, e o sol castigava sem piedade as ruas desertas. O vento, que antes soprava suave, agora trazia apenas poeira e silêncio. No entanto, à noite, quando as estrelas surgiam no céu, uma esperança tímida parecia renascer nas almas cansadas. Era como se o brilho distante iluminasse, mesmo que por um instante, os corações que se haviam acostumado à escuridão.”
Fonte: Cardoso, Rafael. O Sol e a Sombra. São Paulo: Editora XYZ, 2018.,
Alternativas
Q3047630 Português
Considere os aspectos teóricos de Harold Bloom sobre a influência e a tradição literária e de Mikhail Bakhtin sobre a recepção e a historicidade dos textos e responda à questão:
      Bloom (1994) discute como os autores e suas obras dialogam com as tradições literárias e com o público ao longo do tempo, enquanto Bakhtin (1997) enfatiza a importância da historicidade e da recepção dos textos na compreensão de sua relevância cultural e estética.
BLOOM, Harold. O Cânone Ocidental: Os Livros e o Legado da Literatura. Rio de Janeiro: Editora Record, 1994.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

   No exemplo do trecho abaixo, qual alternativa melhor elucida a importância e o impacto da historicidade dos textos e o diálogo entre obras e contextos históricos para a prática da leitura literária?
    Os romances de Machado de Assis, produzidos no final do século XIX, refletiam as tensões sociais e políticas do Brasil Imperial. A circulação dessas obras nas livrarias e a recepção crítica da época mostram um diálogo constante entre a literatura e o contexto histórico, revelando a habilidade do autor em manter elementos da tradição literária enquanto rompe com convenções estéticas estabelecidas.
Alternativas
Q3047281 Português
Futebol de menino


  Esta pracinha sem aquela pelada virou uma chatice completa: agora, é uma babá que passa, empurrando, sem afeto, um bebê de carrinho, é um par de velhos que troca silêncios num banco sem encosto.

   E, no entanto, ainda ontem, isso aqui fervia de menino, de sol, de bola, de sonho: “Eu jogo na linha! eu sou o Pelé; no gol, eu não jogo, tô com o joelho ralado de ontem; vou ficar aqui atrás: entrou aqui, já sabe.” Uma gritaria, todo mundo se escalando, todo mundo querendo tirar o selo da bola, bendito fruto de uma suada vaquinha.

    Oito de cada lado e, para não confundir, um time fica como está; o outro joga sem camisa.

   Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja velha, é um ser muito compreensivo que dança conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola e quiçá com um ar dramático, mantendo sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula.

  Em compensação, num racha de menino ninguém é mais sapeca: ela corre para cá, corre para lá, quica no meio-fio, para de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela calçada. Parece um bichinho.

   Aqui, nessa pelada inocente é que se pode sentir a pureza de uma bola. Afinal, trata-se de uma bola profissional, um número cinco, cheia de carimbos ilustres: “Copa Rio-Oficial”, “FIFA – Especial”. Uma bola assim, toda de branco, coberta de condecorações por todos os gomos (gomos hexagonais!), jamais seria barrada em recepção do Itamaraty.

  No entanto, aí está ela, correndo para cima e para baixo, na maior farra do mundo, disputada, maltratada até, pois, de quando em quando, acertam-lhe um bico, ela sai zarolha, vendo estrelas, coitadinha.

  Racha é assim mesmo: tem bico, mas tem também sem-pulo de craque como aquele do Tona, que empatou a pelada e que lava a alma de qualquer bola. Uma pintura.

   Nova saída.

  Entra na praça batendo palmas como quem enxota galinha no quintal. É um velho com cara de guarda-livros que, sem pedir licença, invade o universo infantil de uma pelada e vai expulsando todo mundo. Num instante, o campo está vazio, o mundo está vazio. Não deu tempo nem de desfazer as traves feitas de camisas.

   O espantalho-gente pega a bola, viva, ainda, tira do bolso um canivete e dá-lhe a primeira espetada. No segundo golpe, a bola começa a sangrar.

   Em cada gomo o coração de uma criança.


NOGUEIRA, Armando. Bola na rede. Ed. José Olympio. Rio de Janeiro. 1996.
Leia o fragmento a seguir.

Entra na praça batendo palmas como quem enxota galinha no quintal. É um velho com cara de guarda-livros que, sem pedir licença, invade o universo infantil de uma pelada e vai expulsando todo mundo. Num instante, o campo está vazio, o mundo está vazio. Não deu tempo nem de desfazer as traves feitas de camisas.
O espantalho-gente pega a bola, viva, ainda, tira do bolso um canivete e dá-lhe a primeira espetada. No segundo golpe, a bola começa a sangrar.

Assinale a opção que apresenta o comentário ou a modificação adequada. 
Alternativas
Q3047280 Português
Futebol de menino


  Esta pracinha sem aquela pelada virou uma chatice completa: agora, é uma babá que passa, empurrando, sem afeto, um bebê de carrinho, é um par de velhos que troca silêncios num banco sem encosto.

   E, no entanto, ainda ontem, isso aqui fervia de menino, de sol, de bola, de sonho: “Eu jogo na linha! eu sou o Pelé; no gol, eu não jogo, tô com o joelho ralado de ontem; vou ficar aqui atrás: entrou aqui, já sabe.” Uma gritaria, todo mundo se escalando, todo mundo querendo tirar o selo da bola, bendito fruto de uma suada vaquinha.

    Oito de cada lado e, para não confundir, um time fica como está; o outro joga sem camisa.

   Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja velha, é um ser muito compreensivo que dança conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola e quiçá com um ar dramático, mantendo sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula.

  Em compensação, num racha de menino ninguém é mais sapeca: ela corre para cá, corre para lá, quica no meio-fio, para de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela calçada. Parece um bichinho.

   Aqui, nessa pelada inocente é que se pode sentir a pureza de uma bola. Afinal, trata-se de uma bola profissional, um número cinco, cheia de carimbos ilustres: “Copa Rio-Oficial”, “FIFA – Especial”. Uma bola assim, toda de branco, coberta de condecorações por todos os gomos (gomos hexagonais!), jamais seria barrada em recepção do Itamaraty.

  No entanto, aí está ela, correndo para cima e para baixo, na maior farra do mundo, disputada, maltratada até, pois, de quando em quando, acertam-lhe um bico, ela sai zarolha, vendo estrelas, coitadinha.

  Racha é assim mesmo: tem bico, mas tem também sem-pulo de craque como aquele do Tona, que empatou a pelada e que lava a alma de qualquer bola. Uma pintura.

   Nova saída.

  Entra na praça batendo palmas como quem enxota galinha no quintal. É um velho com cara de guarda-livros que, sem pedir licença, invade o universo infantil de uma pelada e vai expulsando todo mundo. Num instante, o campo está vazio, o mundo está vazio. Não deu tempo nem de desfazer as traves feitas de camisas.

   O espantalho-gente pega a bola, viva, ainda, tira do bolso um canivete e dá-lhe a primeira espetada. No segundo golpe, a bola começa a sangrar.

   Em cada gomo o coração de uma criança.


NOGUEIRA, Armando. Bola na rede. Ed. José Olympio. Rio de Janeiro. 1996.
Assinale a frase que mostra a variedade culta da linguagem
Alternativas
Q3047279 Português
Futebol de menino


  Esta pracinha sem aquela pelada virou uma chatice completa: agora, é uma babá que passa, empurrando, sem afeto, um bebê de carrinho, é um par de velhos que troca silêncios num banco sem encosto.

   E, no entanto, ainda ontem, isso aqui fervia de menino, de sol, de bola, de sonho: “Eu jogo na linha! eu sou o Pelé; no gol, eu não jogo, tô com o joelho ralado de ontem; vou ficar aqui atrás: entrou aqui, já sabe.” Uma gritaria, todo mundo se escalando, todo mundo querendo tirar o selo da bola, bendito fruto de uma suada vaquinha.

    Oito de cada lado e, para não confundir, um time fica como está; o outro joga sem camisa.

   Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja velha, é um ser muito compreensivo que dança conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola e quiçá com um ar dramático, mantendo sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula.

  Em compensação, num racha de menino ninguém é mais sapeca: ela corre para cá, corre para lá, quica no meio-fio, para de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela calçada. Parece um bichinho.

   Aqui, nessa pelada inocente é que se pode sentir a pureza de uma bola. Afinal, trata-se de uma bola profissional, um número cinco, cheia de carimbos ilustres: “Copa Rio-Oficial”, “FIFA – Especial”. Uma bola assim, toda de branco, coberta de condecorações por todos os gomos (gomos hexagonais!), jamais seria barrada em recepção do Itamaraty.

  No entanto, aí está ela, correndo para cima e para baixo, na maior farra do mundo, disputada, maltratada até, pois, de quando em quando, acertam-lhe um bico, ela sai zarolha, vendo estrelas, coitadinha.

  Racha é assim mesmo: tem bico, mas tem também sem-pulo de craque como aquele do Tona, que empatou a pelada e que lava a alma de qualquer bola. Uma pintura.

   Nova saída.

  Entra na praça batendo palmas como quem enxota galinha no quintal. É um velho com cara de guarda-livros que, sem pedir licença, invade o universo infantil de uma pelada e vai expulsando todo mundo. Num instante, o campo está vazio, o mundo está vazio. Não deu tempo nem de desfazer as traves feitas de camisas.

   O espantalho-gente pega a bola, viva, ainda, tira do bolso um canivete e dá-lhe a primeira espetada. No segundo golpe, a bola começa a sangrar.

   Em cada gomo o coração de uma criança.


NOGUEIRA, Armando. Bola na rede. Ed. José Olympio. Rio de Janeiro. 1996.
Assinale a afirmação correta sobre a frase “fica como está.
Alternativas
Q3047278 Português
Futebol de menino


  Esta pracinha sem aquela pelada virou uma chatice completa: agora, é uma babá que passa, empurrando, sem afeto, um bebê de carrinho, é um par de velhos que troca silêncios num banco sem encosto.

   E, no entanto, ainda ontem, isso aqui fervia de menino, de sol, de bola, de sonho: “Eu jogo na linha! eu sou o Pelé; no gol, eu não jogo, tô com o joelho ralado de ontem; vou ficar aqui atrás: entrou aqui, já sabe.” Uma gritaria, todo mundo se escalando, todo mundo querendo tirar o selo da bola, bendito fruto de uma suada vaquinha.

    Oito de cada lado e, para não confundir, um time fica como está; o outro joga sem camisa.

   Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja velha, é um ser muito compreensivo que dança conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola e quiçá com um ar dramático, mantendo sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula.

  Em compensação, num racha de menino ninguém é mais sapeca: ela corre para cá, corre para lá, quica no meio-fio, para de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela calçada. Parece um bichinho.

   Aqui, nessa pelada inocente é que se pode sentir a pureza de uma bola. Afinal, trata-se de uma bola profissional, um número cinco, cheia de carimbos ilustres: “Copa Rio-Oficial”, “FIFA – Especial”. Uma bola assim, toda de branco, coberta de condecorações por todos os gomos (gomos hexagonais!), jamais seria barrada em recepção do Itamaraty.

  No entanto, aí está ela, correndo para cima e para baixo, na maior farra do mundo, disputada, maltratada até, pois, de quando em quando, acertam-lhe um bico, ela sai zarolha, vendo estrelas, coitadinha.

  Racha é assim mesmo: tem bico, mas tem também sem-pulo de craque como aquele do Tona, que empatou a pelada e que lava a alma de qualquer bola. Uma pintura.

   Nova saída.

  Entra na praça batendo palmas como quem enxota galinha no quintal. É um velho com cara de guarda-livros que, sem pedir licença, invade o universo infantil de uma pelada e vai expulsando todo mundo. Num instante, o campo está vazio, o mundo está vazio. Não deu tempo nem de desfazer as traves feitas de camisas.

   O espantalho-gente pega a bola, viva, ainda, tira do bolso um canivete e dá-lhe a primeira espetada. No segundo golpe, a bola começa a sangrar.

   Em cada gomo o coração de uma criança.


NOGUEIRA, Armando. Bola na rede. Ed. José Olympio. Rio de Janeiro. 1996.
Assinale a opção que apresenta a estratégia empregada pelo cronista no penúltimo parágrafo da crônica a fim de aumentar a emoção do texto.
Alternativas
Respostas
1701: A
1702: D
1703: E
1704: D
1705: B
1706: A
1707: C
1708: C
1709: B
1710: A
1711: A
1712: C
1713: D
1714: C
1715: B
1716: C
1717: C
1718: E
1719: B
1720: C