Questões de Concurso
Comentadas sobre sintaxe em português
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Leia o trecho do texto a seguir e responda à questão.
O futebol é o circo do mundo. Não há nenhum outro esporte que provoque tanta paixão, tanta alegria, tanta tristeza. O futebol dá sentido à vida de milhões de pessoas que, de outra forma, estariam condenadas ao tédio. É remédio para a depressão. É o assunto para as conversas em bares, escritórios, fábricas, táxis, construções, possivelmente confessionários, pelos pecados que a paixão faz cometer...
O futebol é a bola que se joga no jogo das conversas. O futebol faz esquecer lealdades políticas, ideológicas, religiosas, econômicas, raciais. Acabam as diferenças. Todos são iguais: são torcedores de futebol. São torcedores de futebol. No mundo inteiro.
(Trecho extraído de “O bobo da corte”, de Rubem Alves)
A respeito das palavras “políticas, ideológicas, religiosas, econômicas, raciais”, presentes no texto, analise as assertivas a seguir e assinale a alternativa correta.
I. São adjetivos.
II. Estão no feminino e no plural.
III. Funcionam como adjuntos adnominais.
IV. São adjuntos adnominais que se referem, no texto, a “lealdades”.
INSTRUÇÃO: O trecho a seguir traz os dois primeiros parágrafos do artigo de J. R. Guzzo, colunista da revista Veja, intitulado Artigo de imitação. Leia o trecho e responda à questão.
A democracia no Brasil lembra uma dessas fotografias antigas de reis africanos que de vez em quando ilustram livros de história. Muitos deles, ouvindo oficiais do Império Britânico ou outros figurões europeus da época colonial que lhes davam lições de civilização, progresso e bons modos, parecem encantados. Acreditavam, como lhes era dito, que a Europa e as coisas europeias representavam o máximo a ser sonhado por um ser humano – e em geral chegavam à conclusão de que teriam muito a ganhar transformando a si próprios em soberanos civilizados o mais depressa possível. O meio prático de fazer isso, em sua maneira de ver as coisas, era imitar os trajes, jeitos e enfeites dos peixes graúdos que lhes falavam das maravilhas da rainha Vitória ou do imperador Napoleão III. Que atalho melhor para atingir esse estágio superior na evolução das sociedades humanas? O resultado aparece nas fotografias. As mais clássicas mostram uns negros magros, ou gordíssimos, com uma cartola de segunda mão na cabeça, ou um desses capacetes de caçador inglês, calças rasgadas aqui e ali, pés descalços – ou calçados com uma bota só, velha e sem graxa. Uns aparecem com casacas usadas, uma fileira de medalhas no peito e três ou quatro relógios saindo dos bolsos. Outros fazem questão de exibir-se para a câmera segurando um guarda-chuva aberto. É triste. Imaginavam-se nobres, modernos e iguais aos seus pares europeus. Eram apenas uns pobres coitados.
O problema é que nada tinha mudado na vida real. Junto com as novas roupas e os acessórios, as fotos mostram que os retratados conservavam, como sempre, seus colares com ossos, pulseiras de metal e argolas nas orelhas ou no nariz – e a história iria provar com fatos, em seguida, quanto foi inútil todo esse esforço de imitação. Das nações mais evoluídas, suas majestades copiavam os trajes. Não aprenderam as virtudes. Continuaram desgraçando a si e a seu país enquanto eram roubados até o último papagaio pelos que vieram ensiná-los a ter valores cristãos, avançados e democráticos.
(Revista Veja, ed. 2542.)
Sobre recursos expressivos usados, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) A expressão Muitos deles, formada por pronome indefinido + pronome pessoal preposicionado, retoma o sentido de reis africanos, na primeira linha do texto. ( ) O pronome oblíquo lhes, nas duas ocorrências, funciona como elemento coesivo referencial anafórico. ( ) Em si próprios, o adjetivo funciona como reforço à ação reflexiva expressa pelo pronome. ( ) Em chegavam à conclusão de que teriam muito a ganhar, o uso da preposição de deve-se à regência do verbo chegar. ( ) A forma verbal parecem no presente e a forma verbal acreditavam no pretérito imperfeito, ambas referindo-se a reis africanos, marcam falta de coerência textual por não estarem no mesmo tempo verbal.
Assinale a sequência correta.
![Imagem associada para resolução da questão](https://arquivos.qconcursos.com/images/provas/74256/58eaf38fcba8f93afd60.png)
Os auditores trabalharam ______________ para concluir o relatório. É ______________ disposição para esse trabalho. Seguem ___________ os documentos.
A alternativa que preenche, correta e sequencialmente, as lacunas do trecho acima é
Texto
Por que a gente é assim?
Quem nunca questionou por que algumas pessoas pensam e agem de certa forma, geralmente em momentos de total oposição aos nossos pensamentos e certezas? A questão é que essa pergunta é sempre feita em relação ao outro, àquele que não é igual a nós. Mas e quando a pergunta é direcionada para o próprio umbigo: por que a gente é assim?
Há dois anos, vivo a aventura de pensar e produzir o projeto transmídia “Por que a gente é assim?”, uma tentativa tão ousada quanto exaustiva de mapear os comportamentos e os valores dos brasileiros hoje.
Nossa proposta foi ter três frentes de comunicação: mídia digital, televisão e teatro de rua - todos desenvolvidos num processo de criação colaborativa. No site do projeto e no Facebook, reunimos artigos e imagens de blogueiros e fotógrafos convidados a refletir sobre os temas Sexo, Autoridade, Fé, Preconceito, Consumo e Educação. [...]
Mas afinal, por que a gente é assim? Para onde queremos ir com este Brasil? Quais legados queremos deixar como sociedade? Em alguns países, como os Estados Unidos, esta discussão está mais articulada. [...]
Por aqui, talvez o único valor cristalizado nos últimos 50 anos (com orgulho ou desprezo) seja o “jeitinho brasileiro”, a tal malandragem que resolve tudo - não sem consequências. No entanto, é evidente que este Brasil está mudando e, em alguns aspectos, vertiginosamente.
Nos últimos 18 anos, o Brasil se institucionalizou e mostrou que boa regulamentação é possível, além de absolutamente necessária. Hoje, a implantação das UPPs no Rio é uma parte evidente e concreta disso.
Muito se tem falado - e o assunto é de extremo interesse e relevância - sobre a mudança demográfica que vivemos hoje com um novo paradigma: nos tornamos um país majoritariamente de classe média. Mas o que quer e como se comporta esta classe média? Com mais gente e mais consumo, como vamos solucionar os desafios de vivermos juntos nas grandes cidades? Daremos, de fato, importância à inclusão via educação pública, ou manteremos um regime de “reserva de mercado” ao deixarmos grande parte da população alijada de educação de qualidade? Continuaremos fingindo que as pessoas não são discriminadas por conta da sua classe social, da sua origem geográfica e da cor de sua pele?
Enfim, algumas perguntas que devemos nos fazer ao tentarmos trazer para o presente o país do futuro que acreditamos merecer. O que queremos de nós?
Guilherme Coelho – O Globo – publicado em 21/07/2011
[adaptado]
Considerando o 1º quadrinho da tirinha, o termo Instagram, na organização
sintática da oração, funciona como
Leia o TEXTO 1 para responder a questão.
TEXTO 1
COMO DESENVOLVER UMA CULTURA DE COOPERAÇÃO E AFASTAR O BULLYING
(1) O desenvolvimento de uma cultura de cooperação está diretamente relacionado ao combate ao bullying. Isso porque entender o processo educacional como uma prática que conduza à cooperação e ao respeito mútuo ataca a raiz dessa violência. Mas quais métodos podem ser adotados para se posicionar contra o bullying? Qual o papel da escola na consolidação dos valores entre seus alunos?
(2) O desenvolvimento de uma cultura de cooperação, nas instituições de ensino, relaciona-se com o entendimento do espaço escolar não apenas como um local de ensino formal, mas, também, de formação do jovem como cidadão. Em outras palavras, a escola tem papel fundamental no desenvolvimento dos valores dos jovens, estabelecendo conceitos relacionados aos seus direitos e deveres, à cooperação, ao respeito e à solidariedade. Nesse contexto, o bullying vem sendo tratado com cada vez mais seriedade pela comunidade escolar e pelo governo de diversos países. No Brasil, inclusive, já existe uma lei antibullying.
(3) Apesar de não haver uma fórmula pronta para garantir a não ocorrência dessa prática, algumas medidas para o desenvolvimento de uma cultura de cooperação podem contribuir para evitar esse tipo de violência.
(4) Nessa perspectiva, é importante que a escola ofereça oportunidades para que os jovens entendam os benefícios do trabalho em equipe e a contribuição de cada um para o sucesso de atividades assim. Os jogos cooperativos são uma excelente ferramenta. Consistem em atividades nas quais é necessário um esforço conjunto para se atingir um objetivo comum, contrariando a estrutura competitiva e incentivando a participação total dos alunos. Desenvolver projetos e trabalhos em conjunto também é uma boa alternativa. Em um projeto anual ou semestral, é possível delegar funções e permitir que os alunos tomem responsabilidades diferentes.
(5) O mais importante desses processos é o desenvolvimento da comunicação, das trocas de ideias e das bagagens de conhecimento. É nessas trocas do trabalho coletivo que os alunos começam a perceber o impacto de suas diferenças na constituição de um objeto maior.
(6) Há, ainda, a importância do relacionamento com os alunos, em que professores e gestores podem oferecer oportunidades de diálogo que estimulem a abertura de um relacionamento de confiança e de cooperação. Nesse sentido, é imprescindível que a escola trabalhe temas como bullying e respeito às diferenças em campanhas com apoio da coordenação pedagógica. Aulas expositivas, debates, palestras e outras atividades podem compor a ação.
(7) Além disso, a comunicação deve ser estendida aos pais, fundamentais para a resolução dos problemas relacionados à educação, cuja participação é imprescindível para o sucesso das práticas adotadas. Os pais devem se envolver ativamente, aproximando-se das ações da escola, entendendo a importância e a necessidade de atuarem junto aos seus filhos no processo educacional.
Disponível em:<https://blog.wpensar.com.br/gestao-escolar/cultura-de-cooperacao-como-acabar-com-o-bullying/>
Releia o trecho a seguir, extraído do TEXTO 1, reflita sobre alguns aspectos gramaticais envolvidos na sua construção e assinale a alternativa CORRETA.
“Além disso, a comunicação deve ser estendida aos pais, fundamentais para a resolução dos problemas relacionados à educação, cuja participação é imprescindível para o sucesso das práticas adotadas.” (7° parágrafo)
Leia o texto a seguir e responda às questões.
Trabalho voluntário: quatro histórias emocionantes
Eles não se importam de abdicar algumas horas de descanso e lazer nos dias mais desejados da semana - sábado e domingo - para estar ao lado de pessoas que nem mesmo conhecem.
Por Keila Bis
Atualizado em 21 dez 2016
Histórias curam. Não importa se é feriado, se está chovendo ou fazendo sol ou se tem de trabalhar. Há 14 anos, todos os sábados, das 10 às 11 horas, o publicitário Rogério Sautner, de 41 anos, está presente na ala de doenças infectocontagiosas para crianças e adolescentes do instituto de infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. “Conto histórias e também os entretenho com desenhos, mágicas e jogos”, explica ele, um dos integrantes da associação Viva e Deixe Viver, que treina e capacita voluntários a se tornarem contadores de histórias em hospitais. “No começo, meu maior desafio foi trabalhar nesse ambiente. Até mesmo o cheiro me incomodava.” Hoje, isso passa longe de ser um problema e, quando indagado sobre o envolvimento emocional com essas crianças, já que muitas delas são portadoras de HIV e morrem, ele explica: “A associação tem psicólogos que nos atendem frequentemente e passamos por workshops para aprender a lidar com essa situação”. Para ele, o que mais o estimula a continuar é verificar a transformação que provoca. “Quando chego, eles estão tristes e desanimados. Quando saio, estão animados e alegres, como num passe de mágica.” A importância dessa ação foi constatada pela psicóloga Cláudia Mussa em uma pesquisa com 24 crianças hospitalizadas antes e depois do trabalho dos contadores de histórias: “Descobri que as queixas de dor diminuíram em 75% dos casos.” Mas não foram somente as queixas das crianças que diminuíram. “Eu também me vi transformado por elas. Parei de reclamar da vida. Sou muito mais feliz do que era há 14 anos”, conclui Rogério.
Trecho adaptado. Disponível em: https://casa.abril.com.br/ bem-estar/trabalho-voluntario-quatro-historias-emocionantes/ Publicado/: em 5 jul 2012, 18h23
Leia o texto a seguir e responda à questão.
Ligações perigosas
A distração dos motoristas aumentou muito com a popularização dos smartphones. Infelizmente, esse comportamento coloca a vida das pessoas em perigo, contra o bom senso que deveria haver no trânsito. Segundo o Detran, em 2016 foram registradas 8.330 infrações de motoristas dirigindo e usando o celular em Londrina. É como se a cada dia, em seis meses, 39 motoristas no trânsito londrinense saíssem deliberadamente na rua com o objetivo de ferir alguém. Deliberadamente porque o artigo 252 descreve o uso de celular no trânsito como infração gravíssima. Dessas infrações, 4.763 foram registadas pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), ou seja, na área urbana – excetuando as rodovias federais.
O taxista Mário Proença relata que já viu muita gente fazendo uso do celular enquanto dirige e algumas dessas situações quase resultaram em acidente. “O celular distrai a pessoa completamente. O carro faz ziguezague, o motorista não tem atenção”. Ele afirma que a pessoa que age assim é como se estivesse com uma arma na mão. “Todo motorista deveria saber que não pode, mas muitos não estão nem aí”, reclama.
A conduta de todos deve ser impecável no trânsito, mas é cobrada sobretudo de quem trabalha profissionalmente. O motorista de uma empresa de ônibus rodoviário, Adriano Conduta, informa que a empresa realiza cursos mensais. E do alto da cabine do veículo ele observa muitos motoristas utilizando telefone enquanto dirigem. “O povo só se conscientiza quando mexem no bolso dele, mas eu acho que essas pessoas deveriam perder o direito de dirigir”, reivindica.
(Adaptado de OGAWA, V. Ligações perigosas. Folha de Londrina. Londrina, 23 de ago. 2017, Caderno Cidades, p. 1.)
Em relação aos recursos linguístico-semânticos presentes no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. As aspas utilizadas ao longo do texto indicam a presença do discurso direto.
II. Em “Todo motorista deveria saber que não pode, mas muitos não estão nem aí”, o conectivo “mas” é utilizado com o sentido de oposição.
III. Em “Ele afirma que a pessoa que age assim”, as partículas grifadas exercem a mesma função.
IV. Em “saíssem deliberadamente na rua com o objetivo de ferir alguém”, o termo sublinhado pode ser substituído por “repentinamente”.
Assinale a alternativa correta.
I- Em “As oficinas terapêuticas oferecidas nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da cidade são algumas das ações que auxiliam no tratamento humanizado dos pacientes [...]”, as palavras em destaque são, respectivamente, um substantivo, um verbo, um artigo indefinido e um adjetivo. II- Em “Assim como acontece nas seis unidades dos Caps disponibilizadas à população, a assistente social do Caps Arthur Bispo do Rosário, Rosângela Nunes, realiza constantemente reuniões [...]”, há um erro de concordância. III- A sentença “De acordo com ela, o grupo coloca os familiares em igualdade de condição, gerando apoio mútuo.” é um período composto por subordinação por conter uma oração adjetiva explicativa vinculada a uma oração principal. IV- A sentença “Além disso, os usuários, trabalhadores e gestores também participam das decisões a respeito do Caps, por meio das assembleias nas unidades.” é um período simples. V- A sentença “[...] ela consegue transcender à (sic) questão da saúde e da doença.” apresenta crase porque a locução verbal é transitiva indireta e o substantivo que sucede a crase é feminino.
Está correto apenas o que se afirma em
Leia o texto para responder a questão.
CASO DE CANÁRIO
Carlos Drummond de Andrade
Casara-se havia duas semanas. Por isso, em casa dos sogros, a família resolveu que ele é que daria cabo do canário:
__ Você compreende. Nenhum de nós teria coragem de sacrificar o pobrezinho, que nos deu tanta alegria. Todos somos muito ligados a ele, seria uma barbaridade. Você é diferente, ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho. Vai ver que nem reparou nele, durante o noivado.
__ Mas eu também tenho coração, ora essa. Como é que vou matar um pássaro só porque o conheço há menos tempo do que vocês?
__ Porque não tem cura, o médico já disse. Pensa que não tentamos tudo? É para ele não sofrer mais e não aumentar o nosso sofrimento. Seja bom; vá.
O sogro e a sogra apelaram no mesmo tom. Os olhos claros de sua mulher pediram-lhe com doçura:
__ Vai, meu bem.
Com repugnância pela obra de misericórdia que ia praticar, ele aproximou-se da gaiola. O canário nem sequer abriu o olho. Jazia a um canto, arrepiado, morto-vivo. É, esse está mesmo na última lona, e dói ver a lenta agonia de um ser tão gracioso, que viveu para cantar.
__ Primeiro me tragam um vidro de éter e algodão. Assim ele não sentirá o horror da coisa.
Embebeu de éter a bolinha de algodão, tirou o canário para fora com infinita delicadeza, aconchegou-o na palma da mão esquerda e, olhando para outro lado, aplicou-lhe a bolinha no bico. Sempre sem olhar para a vítima, deu-lhe uma torcida rápida e leve, com dois dedos no pescoço.
E saiu para a rua, pequenino por dentro, angustiado, achando a condição humana uma droga. As pessoas da casa não quiseram aproximar-se do cadáver. Coube à cozinheira recolher a gaiola, para que sua vista não despertasse saudade e remorso em ninguém. Não havendo jardim para sepultar o corpo, depositou-o na lata de lixo.
Chegou a hora de jantar, mas quem é que tinha fome naquela casa enlutada? O sacrificador, esse ficara rodando por aí, e seu desejo seria não voltar para casa nem para dentro de si mesmo. No dia seguinte, pela manhã, a cozinheira foi ajeitar a lata de lixo para o caminhão, e recebeu uma bicada voraz no dedo.
__ Ui!
Não é que o canário tinha ressuscitado, perdão, reluzia vivinho da silva, com uma fome danada?
__ Ele estava precisando mesmo era de éter -
concluiu o estrangulador, que se sentiu ressuscitar, por
sua vez.
Crianças que possuem demais Elas já tendem a acumular muita tralha, não comece essa loucura antes mesmo de elas nascerem, pelo bem delas e do planeta
Isabel Clemente
[...] O excesso que pauta a ideia do que precisamos
ter para viver está tirando a noção de muita gente. Desde
que os sacos de pipoca quadruplicaram de tamanho
passamos a acumular em casa e no corpo os excessos
da vida insustentável. Consumimos e comemos demais.
A obesidade como epidemia, inclusive entre crianças, é a
prova material disso. Está faltando freio. Ostentar virou um
modo de vida numa sociedade cheia de peças faltando. E
abro um parêntese importante aqui para dizer que mania
de acumulação não é privilégio dos ricos, muito menos
dos famosos. Pode ser que as celebridades, depois das
declarações públicas, promovam uma doação em peso de
tudo que ganharam e, para não magoar ninguém, façam
segredo disso. Vai saber.
O apego é um hábito ruim e democrático: assola pessoas das mais variadas classes. E não afetam só o fulano que pode se tornar um consumidor compulsivo eternamente insatisfeito, como até pesquisas mostram. Há males nesse comportamento que prejudicam todos ao redor.
Pesquisadores da Northwestern University (EUA) encontraram uma forte correlação entre indivíduos materialistas e um comportamento antissocial, egoísta e competitivo. Segundo esse estudo, que foi publicado em 2012, a tendência da pessoa materialista é apresentar um nível maior de ansiedade e insatisfação com a própria vida. São pessoas que costumam dar ênfase demais a si mesmas e não se envolvem de forma profunda e colaborativa com os demais, de acordo com os experimentos conduzidos por psicólogos e médicos.
O egoísta é aquele que depois vai, no mínimo, estacionar o carro na vaga de cadeirante ou de idoso sem pertencer a nenhuma das duas categorias porque “precisava urgentemente”. A urgência dele é sempre maior do que a do outro.
A identidade de uma pessoa não depende apenas de sua índole. Sofre influência do ambiente e da interação até circunstancial com os outros. Por um complexo sistema de trocas subjetivas é que o aprendizado acontece enquanto incorpora valores nos quais acredita. Se ela cresce acostumada à ideia de que precisa de muito, jamais saberá o que é lidar com pouco, não entenderá a diferença entre o que é e o que tem, desenvolvendo grandes chances de buscar aceitação social por aquilo que possui.
Dosar as posses dos nossos filhos é algo que está em nossas mãos durante um certo (e curto) período da vida deles. É uma atitude que, por um lado, ensina um pouco sobre desprendimento e, por outro, auxilia na organização da própria vida. Cabe aos responsáveis estabelecer regras e apresentar propostas sadias para que o quarto do filho - e consequentemente a vida dele - não se torne um depósito infinito de tudo que ele irá ganhar durante a vida.
Crianças requerem atenção redobrada porque são seres em formação. Estão mais propensas a terem o foco desviado. Presas fáceis dos comerciais na televisão, conhecem todos os brinquedos que não têm. Querem quase tudo porque está para nascer o ser humano imune a tanto apelo. Ensinálas nesse ambiente adverso dá mais trabalho. Passa pelo exemplo e pelo convencimento, ou você ouvirá da sua filha de quatro anos que seu armário também está cheio de roupas, quando a ela for negado um novo brinquedinho no mesmo dia em que você tiver comprado uma blusa.
Lá em casa, chegada a hora de se desfazer de brinquedos e roupas, sempre rolam discussões e argumentações que aos poucos constroem nas crianças um pouco dos princípios nos quais eu e meu marido acreditamos. É preciso abrir mão enquanto o brinquedo e a roupa forem úteis e bons a quem os herdar. Não podemos ter vergonha daquilo que estamos doando. E se sentir saudade depois daquilo que perdeu, ótimo, faz parte do crescimento também saber lidar com perdas.
Crianças que possuem demais sofrem do mesmo mal do adulto obrigado a fazer escolhas em demasia todos os dias, não valorizam o que têm, perdem tempo e sentem-se perdidas.
Essa é a lógica que procuro empregar na minha vida, mas quem ouviu aquele disparate da filha de quatro anos fui eu.
Adaptado de http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/isabel-clemente/
noticia/2014/02/criancas-que-bpossuem-demaisb.html
Leia as placas abaixo e responda à questão.
Com base nas placas acima, julgue cada uma das afirmações abaixo e, em seguida, responda o que se pede:
I - A concordância verbal presente na placa 01 respeita a norma padrão. O sujeito do enunciado é indeterminado.
II- A concordância verbal presente na placa 01 desrespeita a norma padrão. O sujeito do enunciado é “sorvetes”.
III- A concordância nominal presente no enunciado da placa 02 desrespeita a norma padrão.
IV - A concordância nominal presente no enunciado da placa 02 respeita a norma padrão.
Está (ão) CORRETA(s) apenas
(1) Sujeito. (2) Predicado. (3) Objeto direto.
( ) A noite caía. ( ) Eu tenho muito dinheiro. ( ) Ninguém veio me buscar.