Questões de Português - Substantivos para Concurso
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Tecnologia a caminho da energia infinita
Rui Salsas
Vivemos uma fase de sensibilização e redução de emissão de gases com efeito de estufa, em prol do Planeta Azul. A energia é um recurso estratégico e um elemento-chave para o desenvolvimento sociodemográfico, assumindo um papel vital nas sociedades modernas. Em pleno século XXI, assistimos a uma verdadeira transformação e reengenharia de processos, promovendo a tecnologia e as suas funcionalidades na procura de melhor rendimento, de maior produtividade e eficiência, de maior sustentabilidade, fazendo mais com menos intervenção humana e minimizando as alterações aos ecossistemas ambientais.
Nesse sentido, o setor das Utilities tem procurado introduzir a Inteligência Artificial (IA) e a Computação de Aprendizagem Automática (machine learning e/ou deep learning) como sendo os aliados de peso para o futuro próximo onde a eficiência energética será, e já mostra ser, uma das áreas com maior potencial e investimento e, consequentemente, geração de emprego.
Do ponto de vista teórico, a utilização da IA traduz-se por "ensinar" máquinas ou software a representar o ser humano na execução de tarefas. Mais, esta tecnologia está acrescentando tarefas complexas e mais elaboradas capazes de modificar o seu comportamento, ou seja, as máquinas ou software poderão deter capacidade de aprender sem que sejam explicitamente programadas para isso.
Então, como é que a Inteligência Artificial afeta as Utilities? A IA cumpre quatro funções principais, transversais a outros setores:
• Compreender as necessidades do consumidor – utilizar software capaz de recolher dados dos clientes e ser capaz de oferecer produtos mais adequados ao seu consumo, além de potenciar novos consumidores (por exemplo, combinar consumo energético com compras em hipermercados e usufruir de descontos associados);
• Melhorar os produtos e serviços oferecidos – recolher e analisar dados com programas inteligentes melhorará a oferta e divulgação de produtos e serviços atuais e novos;
• Identificar e gerir o risco – usar dados analíticos da organização para inferir novos padrões de comportamento e de risco dos consumidores;
• Identificar e evitar fraudes – usar sistemas de análise de aprendizagem automática, para padronizar com um grande grau de certeza cada consumidor, irá certamente ajudar na identificação de fraudes.
[…] Concluindo, os últimos anos introduziram desafios significativos no setor da Energia, relacionados com a revolução energética em curso e na eficácia, quer da sua recolha quer do seu consumo. É, portanto, necessário superar expectativas por um país mais inovador e digital e por um planeta mais sustentável e ecológico, e nesse contexto a IA tem-se revelado uma aposta séria no presente e para o futuro, para beneficiar todas as indústrias.
Adaptado de: <http://exameinformatica.sapo.pt/opiniao/2019-10-09-Tecnologia-a-caminho-da-energia-infinita>
Texto 1
Automedicação pode causar sérios danos à saúde
Hábito pode inibir eficácia dos medicamentos, causar efeitos colaterais nocivos e causar a morte A automedicação pode trazer consequências graves à saúde, como reações alérgicas e dependência. Além disso, de acordo com o Ministério da Saúde, o hábito pode aumentar a resistência de micro-organismos e inibir a eficácia dos remédios.
Segundo o Ministério da Saúde, nos últimos cinco anos, quase 60 mil casos de internações por automedicação foram registrados no Brasil.
O estudante Stuart Figueredo, por exemplo, tem bronquite asmática e compra os medicamentos sem receita médica para tratar a doença. Ele conta que já percebeu os efeitos da automedicação. “Eu compro bombinha, inalador, para melhorar da asma, e já tem tanto tempo que eu faço essa automedicação que às vezes o remédio não surte tanto efeito. Já tiveram algumas situações em que o uso da bombinha ou então do inalador, da nebulização, não surtiu efeito que eu precisava. Eu precisava de verdade ir no hospital e fazer o tratamento correto para que eu pudesse sarar daquele sintoma”, conta.
Segundo o ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, optar pela automedicação pode trazer consequências graves para a saúde. “Pode matar, os excessos de medicamentos ou às vezes o uso prolongado de um medicamento. Os efeitos colaterais, os efeitos adversos. Basta ler as bulas, vocês vão ver que todos os medicamentos, eles podem ter efeitos adversos. O uso indevido de medicamentos, ele pode piorar a qualidade de vida em vez de melhorar a qualidade de vida se ele for utilizado inadequadamente”, reforça.
(Adaptado de http://www.brasil.gov.br/saude/2014/08/automedicacao -pode-causar-serios-danos-a-saude)
Considerações sobre a loucura
Ferreira Gullar
Ouço frequentemente pessoas opinarem sobre tratamento psiquiátrico sem na verdade conhecerem o problema. É bacana ser contra internação. Por isso mesmo traçam um retrato equivocado de como os pacientes eram tratados no passado em manicômios infernais por médicos que só pensavam em torturá-los com choques elétricos, camisas de força e metê-los em solitárias.
Por isso mesmo exaltam o movimento antimanicomial, que se opõe à internação dos doentes mentais. Segundo eles, os pacientes são metidos em hospitais psiquiátricos porque a família quer se ver livre deles. Só pode fazer tal afirmação quem nunca teve que conviver com um doente mental e, por isso, ignora o tormento que tal situação pode implicar.
Nada mais doloroso para uma mãe ou um pai do que ter de admitir que seu filho é esquizofrênico e ser, por isso, obrigado a interná-lo. Há certamente pais que se negam a fazê-lo, mas ao custo de ser por ele agredido ou vê-lo por fim à própria vida, jogando-se da janela do apartamento.
Como aquelas pessoas não enfrentam tais situações, inventam que os hospitais psiquiátricos, ainda hoje, são locais de tortura. Ignoram que as clínicas atuais, em sua maioria, graças aos remédios neuroléticos, nada têm dos manicômios do passado.
Recentemente, num desses programas de televisão, ouvi pessoas afirmarem que o verdadeiro tratamento psiquiátrico foi inventado pela médica Nise da Silveira, que curava os doentes com atividades artísticas. Trata-se de um equívoco. A terapia ocupacional, artística ou não, jamais curou algum doente.
Trata-se, graças a Nise, de uma ocupação que lhe dá prazer e, por mantê-lo ocupado, alivia-lhe as tensões psíquicas. Quando o doente é, apesar de louco, um artista talentoso, como Emygdio de Barros ou Arthur Bispo do Rosário, realiza-se artisticamente e encontra assim um modo de ser feliz.
Graças à atividade dos internados no Centro Psiquiátrico Nacional, do Engenho de Dentro, no Estado do Rio, criou-se o Museu de Imagens do Inconsciente, que muito contribuiu para o reconhecimento do valor estético dos artistas doentes mentais. Mas é bom entender que não é a loucura que torna alguém artista; de fato, ele é artístico apesar de louco.
Tanto isso é verdade que, das dezenas de pacientes que trabalharam no ateliê do Centro Psiquiátrico, apenas quatro ou cinco criaram obras de arte. Deve-se reconhecer, também, que conforme a personalidade de cada um seu estado mental compõe a expressão estética que produz.
No tal programa de TV, alguém afirmou que, graças a Nise da Silveira, o tratamento psiquiátrico tornou-se o que é hoje. Não é verdade, isso se deve à invenção dos remédios neurolépticos que possibilitam o controle do surto psíquico.
É também graças a essa medicação que as internações se tornaram menos frequentes e, quando necessárias, duram pouco tempo – o tempo necessário ao controle do surto por medicação mais forte. Superada a crise, o paciente volta para casa e continua tomando as doses necessárias à manutenção da estabilidade mental.
Não pretendo com esses argumentos diminuir a extraordinária contribuição dada pela médica Nise da Silveira ao tratamento dos doentes mentais no Brasil. Fui amigo dela e acompanhei de perto, juntamente com Mário Pedrosa, o seu trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional.
Uma das qualidades dela era o seu afeto pelas pessoas e particularmente pelo doente mental. Eis um exemplo: como o Natal se aproximava, ela perguntou aos pacientes o que queriam de presente. Emygdio respondeu: um guarda-chuva.
Como dentro do hospital naturalmente não chovia, ela concluiu que ele queria ir embora para casa. E era. Ela providenciou para que levasse consigo tinta e tela, a fim de que não parasse de pintar.
Ele se foi, mas, passado algum tempo, alguém toca a campainha do gabinete da médica. Ela abre a porta, era o Emygdio, de paletó, gravata e maleta na mão. “Voltei para continuar pintando, porque lá em casa não dava pé.” E ficou pintando ali até completar 80 anos, quando, por lei, teve que deixar o hospital e ir para um abrigo de idosos, onde morreu anos depois.
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2016/02/174 1258-consideracoes-sobre-a-loucura.shtml)
Elogio das pequenas coisas
Há o tempo das grandes ambições e o tempo da sabedoria, quando passamos a fazer o elogio das pequenas coisas. A felicidade pode ser fazer uma viagem ao outro lado do mundo, mas é também caminhar no parque todo dia ou, se for o caso, uma vez por semana ou duas vezes por mês. Não importa. Há o tempo das atividades controladas, monitoradas por especialistas, voltadas para atingir metas corporais. Há também aquilo que se faz pela mente, a caminhada para espairecer, olhar a natureza, respirar ar puro, pensar na vida, passar o tempo, desligar-se do celular, deixar-se levar bifurcando ao som do vento.
Ser feliz, quando chega o tempo da compreensão da importância das pequenas coisas, é ir ao estádio com um velho amigo, ver jogar o time do coração, com o coração menos interessado na vitória obrigatória do que no momento compartilhado, contando o percurso, a ida e a volta, o intervalo, as lembranças, os assuntos postos em dia. Há o tempo de querer descobrir novos lugares, sempre mais longes, e o tempo de curtir velhos recantos, bastante próximos. Há quem considere a valorização das pequenas coisas como acomodação. Há quem veja na obrigação de rodar o mundo uma imposição da indústria do turismo. O que importa mesmo é que cada um encontre um passatempo, uma paixão.
Há o tempo dos grandes voos no escuro e o tempo dos pequenos passos no clarão da manhã. Tudo vale quando o coração se agiganta para aninhar as coisas que não têm preço e por isso não podem ser compradas. Há o tempo das vaidades incontroláveis e o tempo de estender a mão, cancelar inimizades, pedir perdão, deslumbrar-se com o sol caindo sobre o rio, fazer trilhas sob a lua cheia, voltar ansioso para o Natal em família, saudar ano novo com amigos, pertencer a alguma coisa, um clube, uma confraria, uma tradição, uma roda qualquer. Há o tempo de esquecer de mandar flores, o tempo de encomendar flores pelo telefone e o tempo de andar orgulhoso pelo bairro com flores nos braços. Há o tempo de romper com o cotidiano, de acumular milhas de avião sem tempo de usá-las e o tempo de amar a sua rua, cumprimentar os vizinhos, amar a aldeia e andar mais lentamente.
Adaptado de:<https://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/ elogio-das-pequenas-coisas-1.374386>
Texto para responder á questão.
Cidades Sustentáveis
Quando falamos de preservação do meio ambiente, além da preservação das florestas, oceanos e tudo o que faz parte da paisagem natural, é importante também pensarmos nas cidades, principalmente nas grandes cidades.
O ritmo acelerado de crescimento das cidades deixou muitos rastros de desrespeito às pessoas e ao meio ambiente.
Mas, atualmente, as cidades estão cada vez mais envolvidas no sentido de pensar em soluções sustentáveis para melhoria da qualidade de vida e respeito à natureza e é justamente daí que sai o conceito de cidades sustentáveis, ou seja, são aquelas cidades que adotam práticas eficientes voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população e desenvolvimento econômico, sem se esquecer da preservação do meio ambiente.
Cidades Sustentáveis
Quando falamos de preservação do meio ambiente, além da preservação das florestas, oceanos e tudo o que faz parte da paisagem natural, é importante também pensarmos nas cidades, principalmente nas grandes cidades.
O ritmo acelerado de crescimento das cidades deixou muitos rastros de desrespeito às pessoas e ao meio ambiente.
Mas, atualmente, as cidades estão cada vez mais envolvidas no sentido de pensar em soluções sustentáveis para melhoria da qualidade de vida e respeito à natureza e é justamente daí que sai o conceito de cidades sustentáveis, ou seja, são aquelas cidades que adotam práticas eficientes voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população e desenvolvimento econômico, sem se esquecer da preservação do meio ambiente.
Cidades Sustentáveis
Quando falamos de preservação do meio ambiente, além da preservação das florestas, oceanos e tudo o que faz parte da paisagem natural, é importante também pensarmos nas cidades, principalmente nas grandes cidades.
O ritmo acelerado de crescimento das cidades deixou muitos rastros de desrespeito às pessoas e ao meio ambiente.
Mas, atualmente, as cidades estão cada vez mais envolvidas no sentido de pensar em soluções sustentáveis para melhoria da qualidade de vida e respeito à natureza e é justamente daí que sai o conceito de cidades sustentáveis, ou seja, são aquelas cidades que adotam práticas eficientes voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população e desenvolvimento econômico, sem se esquecer da preservação do meio ambiente.
Quando falamos de preservação do meio ambiente,
além da preservação das florestas, oceanos e tudo o
que faz parte da paisagem natural, é importante
também pensarmos nas cidades, principalmente nas
grandes cidades.
O ritmo acelerado de crescimento das cidades deixou
muitos rastros de desrespeito às pessoas e ao meio
ambiente.
Mas, atualmente, as cidades estão cada vez mais
envolvidas no sentido de pensar em soluções
sustentáveis para melhoria da qualidade de vida e
respeito à natureza e é justamente daí que sai o
conceito de cidades sustentáveis, ou seja, são
aquelas cidades que adotam práticas eficientes
voltadas para a melhoria da qualidade de vida da
população e desenvolvimento econômico, sem se
esquecer da preservação do meio ambiente.
http://www.smartkids.com.br/trabalho/cidades-sustentaveis.
Acesso em 18 dez 2017. Fragmentado e Adaptado
Quando falamos de preservação do meio ambiente,
além da preservação das florestas, oceanos e tudo o
que faz parte da paisagem natural, é importante
também pensarmos nas cidades, principalmente nas
grandes cidades.
O ritmo acelerado de crescimento das cidades deixou
muitos rastros de desrespeito às pessoas e ao meio
ambiente.
Mas, atualmente, as cidades estão cada vez mais
envolvidas no sentido de pensar em soluções
sustentáveis para melhoria da qualidade de vida e
respeito à natureza e é justamente daí que sai o
conceito de cidades sustentáveis, ou seja, são
aquelas cidades que adotam práticas eficientes
voltadas para a melhoria da qualidade de vida da
população e desenvolvimento econômico, sem se
esquecer da preservação do meio ambiente.
http://www.smartkids.com.br/trabalho/cidades-sustentaveis.
Acesso em 18 dez 2017. Fragmentado e Adaptado
A vida sedentária
A seleção natural desenhou o corpo humano para o movimento.
Desde que nossos ancestrais desceram das árvores, há seis milhões de anos, a competição conferiu vantagem de sobrevivência às mulheres e homens que se movimentavam com mais desenvoltura. Como resultado, o corpo que chegou até nós tem pernas e braços longos, fortes e articulados para andar, correr, trepar em árvores, abaixar e levantar com eficiência e facilidade.
A partir da segunda metade do século 20, no entanto, sucessivos avanços tecnológicos tornaram possível ganharmos o pão nosso de cada dia sem sair da cadeira. Graças ao conforto moderno, passamos a usar o corpo de uma maneira para a qual ele não foi engendrado.
Ao mesmo tempo, novas técnicas de cultivo agrícola e armazenagem possibilitaram o acesso de grandes massas populacionais a alimentos de alta qualidade. As refeições da classe média de hoje são mais nutritivas do que as dos nobres nos castelos medievais.
A ingestão diária de um número maior de calorias do que as exigidas para a manutenção do peso saudável de um corpo sedentário criou as condições para a explosão da epidemia de obesidade que assola o mundo. No Brasil, 52% da população adulta está acima do peso.
Um estudo internacional publicado numa das revistas médicas de maior prestígio (The Lancet) procurou quantificar os prejuízos causados pela pandemia de inatividade física.
Os autores fizeram uma revisão sistemática da literatura para estimar os custos diretos (para os sistemas de saúde) e os indiretos (produtividade perdida) do sedentarismo em 142 países, que representam 93% da população mundial.
Consideraram o impacto direto no sistema de saúde causado por cinco enfermidades, nas quais a influência da vida sedentária é conhecida com mais detalhes: doença coronariana, derrame cerebral, diabetes tipo 2, câncer de mama, câncer de cólon e reto.
Os custos indiretos foram calculados a partir da produtividade perdida com as mortes prematuras por essas doenças. A falta de dados para a maioria dos países não permitiu estimar as perdas com o absenteísmo provocado por elas.
Foram classificadas como inativas as pessoas que não seguem a recomendação da Organização Mundial da Saúde de praticar atividade física de intensidade moderada ou vigorosa, durante pelo menos 150 minutos por semana.
(Drauzio Varella. Publicado em 06/10/2016. Disponível em: https://drauziovarella. com.br/drauzio/artigos/a-vida-sedentaria/. Acesso em: 10/10/2016.)
O conflito do racismo durante a infância
Segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o Brasil tem feito avanços expressivos no desenvolvimento da vida de suas crianças. Diminuiu os índices da mortalidade infantil, o número de famílias que vivem com renda inferior a um dólar; melhorou e intensificou as políticas de ensino e de assistência às famílias. Apesar disso, ainda não está ocorrendo para todas as crianças que vivem no País, principalmente quando notamos a condição de meninas e meninos indígenas e negros. Dentro de uma perspectiva de direitos humanos, essa igualdade é fundamental para que todos se beneficiem igualmente dos progressos alcançados.
Essas crianças e adolescentes ainda vivem em contextos de desigualdades. São vítimas do racismo nas escolas, nas ruas, nos hospitais ou aldeias e, às vezes, dentro de suas famílias. Deparam-se constantemente com situações de discriminação, de preconceito ou segregação. Uma simples palavra, um gesto ou um olhar menos atencioso pode gerar um sentimento de inferioridade, em que a criança tende, de forma inconsciente ou não, a desvalorizar e negar suas tradições, sua identidade e costumes.
O racismo se manifesta em diferentes formas simbólicas como, por exemplo, nos valores e crenças que se revelam nas ações interações sociais entre pessoas de diversas faixas etárias, que marcam relações histórica e contextualmente situadas.
O preconceito contra o negro, apesar de algumas vezes parecer invisível, atua e é construído e reconstruído no processo de aprendizagem das convenções culturais e nas formas de relacionamento humano desde a infância. O discurso do opressor pode ser incorporado por algumas crianças de modo profundo, as quais passam então a se reconhecer como “feia, preta, fedorenta, cabelo duro”, iniciando o processo de desvalorização de seus atributos individuais que interfere na construção da identidade da criança.
(Poirier; M.P. Por uma infância sem racismo. UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância, Brasil. Disponível em: http://www.uff.br/psienf /preconceito2.pdf. Acesso em: 13/10/2016. Adaptado.)
A mãe ideal (só que não)
Basta uma mulher contar que está grávida para que apareça um exército de palpiteiros. Conselhos e dicas a respeito da gravidez, do parto e dos cuidados com o bebê pipocam de todos os cantos.
O parto deve ser natural, de preferência em casa; a amamentação, exclusiva até pelo menos o sexto mês, em livre demanda (o bebê mama quando desejar). Os conselhos ainda tratam da maneira correta de carregar a criança, como fazê-la dormir a noite toda e alimentá-la sem agrotóxicos e alimentos industrializados.
A maioria está bem-intencionada, acredita que se sua receita funcionou para si, será, portanto, útil a todas as outras mães. E os conselhos vêm de todo o lado: da mãe, das irmãs, das amigas, da vizinha. A mulher, despreparada e ainda sem dominar o universo que acabou de adentrar, ouve tudo com atenção, como se seguisse uma receita em que a perda de um único ingrediente pudesse estragar completamente o resultado final.
Então chega a hora tão aguardada. E aí a mulher se depara com a realidade que cedo ou tarde cai como um meteoro na cabeça de qualquer mãe: nem tudo sai como o esperado.
O parto não foi bem como ela imaginou, a amamentação não corre às mil maravilhas, a criança não para de chorar, nenhuma receita para acabar com a cólica do bebê funciona, e a mãe se vê, muitas vezes, impelida a pedir ajuda, a ir em busca de informações. Porque, com a internet e todos os mil movimentos existentes, receitas não faltam.
A pressão pela perfeição atinge as mulheres em outras fases da vida, mas em nenhuma outra é tão cruel quanto no início da maternidade. É nesse momento em que a mulher está desprotegida, em que se sente responsável por outro ser que a cobrança pode ser mais implacável.
A intenção inicial pode não ter sido essa, mas cada vez que uma regra é adotada como geral, aquelas que não a seguem se sentem, no mínimo, incompetentes. Afinal, que mãe não quer acertar e fazer tudo o que pode pelo bem-estar e saúde do filho?
Acontece que regras e dogmas podem ser bastante aprisionadores e opressivos, tornando a mulher insatisfeita e insegura. Desnorteada, ela deixa de ouvir a pessoa mais importante nesse momento: ela mesma.
A verdade é que não existe uma receita a ser seguida. A maternidade é uma busca quase solitária, que envolve a mãe e o bebê. Cada mulher precisa buscar e encontrar seu caminho. Dicas podem ser bem-vindas, desde que dadas com sensibilidade e não com a intenção de ensinar.
Dá para ser boa mãe sem ser perfeita. Não é fácil, mas é possível. Mesmo para quem, como eu, não segue a cartilha da mãe ideal.
(Mariana Fusco Varella. Publicado em 29/01/2015. Disponível em: http://drauziovarella.com.br/para-as-mulheres/a-mae-ideal-so-quenao/#content. Acesso em: 19/05/2016.)