Questões de Concurso Sobre tipologia textual em português

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Q3218171 Português

O texto abaixo servirá de base para responder à questão.



Capacitismo: raro em nosso vocabulário, comum em nossa atitude

Rodrigo Hübner Mendes *


Lucas é um menino de dez anos que nasceu cego. Ao crescer, teve a oportunidade de estudar em uma escola comum e aprendeu a ler, a escrever, a brincar, a andar pelo mundo com autonomia e a se relacionar com outras pessoas, como qualquer criança de sua idade. Ele adora tocar piano, nadar e andar de skate. Um dia, Lucas realiza uma cirurgia que lhe proporciona a chance de passar a enxergar. Na primeira vez em que abre os olhos após essa operação, sua emoção é filmada e viraliza nas redes sociais.

Histórias de superação são sempre emocionantes e inspiradoras. Porém, no caso das pessoas com deficiência, parece haver uma única narrativa possível. Filmes, comerciais, novelas, noticiários e outros são roteirizados, em geral, a partir da história de uma pessoa com impedimentos físicos, sensoriais ou intelectuais que, a partir do seu esforço individual, supera as desvantagens impostas por sua condição.

O mito do herói concentra-se em vitórias sobre características as quais estão exclusivamente na personagem. Como se a própria deficiência fosse algo a ser vencido, ultrapassado. Ignorase a vasta quantidade de barreiras que estão ao redor da pessoa e cuja eliminação promove a inclusão. Lucas poderia já ser uma criança plena e feliz, bem antes de ter passado pela cirurgia.

Lembro-me de uma matéria da revista Trip, de setembro de 2020, em que a atriz e cadeirante Tabata Contri dizia como achava estranho ouvir frases como "Tão novinha, tão bonita e na cadeira de rodas". Ou mesmo "Por que você trabalha, por que não se aposenta?". O texto tratava de uma forma de preconceito e discriminação extremamente arraigada em nossa sociedade: o capacitismo.

Cunhado ainda em 1991, nos Estados Unidos, o termo capacitismo (ableism, em inglês) pode ser definido como "preconceito contra pessoas com deficiência". Esta é uma atualização que faço aqui da descrição publicada pelo U.S. News & World Report, de acordo com o Online Etimology Dictionary. Trata-se de uma estrutura de poder socialmente construída, o equivalente ao racismo ou machismo nas questões relacionadas a raça e gênero. O corpo sem deficiência seria considerado o "normal", ou seja, aquele condizente com a norma social, enquanto o corpo com deficiência seria o desviante, a ser corrigido. Normalmente, essa abordagem vem acompanhada de colocações que indicam uma visão angelical da pessoa e de infantilização.

A diversidade humana, seja racial, de gênero, sexualidade ou de características corporais, psicológicas etc., deve ser celebrada. É por meio dessas diferenças que somos capazes de construir trajetórias únicas e aprender uns com os outros. A convivência com a pluralidade contribui fortemente para o desenvolvimento de criatividade, inovação, diálogo e empatia – competências notoriamente imprescindíveis para que saibamos navegar pela profunda complexidade inerente à vida contemporânea. Ignorar esse fato representa perder o bonde da jornada rumo a uma sociedade mais civilizada.

*Mestre em gestão da diversidade humana pela Fundação Getúlio Vargas

Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/rodrigo-mendes/2021/06/11/capacitismo-raro-em-nos so-vocabulario-comum-em-nossa-atitude.htm. Acesso em: 26 set. 2022. [Adaptado]
O primeiro parágrafo do texto entrecruza os tipos textuais
Alternativas
Q3215766 Português

Leia o texto abaixo e responda à questão.




Aconteceu em Natal


Sanderson Negreiros


    O trânsito ontem à tarde na Rua João Pessoa estava uma delícia. Servido com caviar, batatinhas e molho pardo. Uma delícia de trânsito.

    Às 16 horas em ponto, dei entrada com meu carango varonil na referida artéria. Por que as ruas chamavam-se antigamente de artérias? É porque nelas corria sangue, disse-me Vetusto, repórter policial, do tempo em que, ao morrer uma criança, escrevia-se: “Ontem, alou-se aos céus, a interessante garota”.

    Cheguei no começo da João Pessoa e pensei com os três botões da minha camisa: vou provar a mim mesmo que sou edição modesta de Fittipaldi e atravessarei estas ruas em menos de meia hora. Não vos conto minha decepção: às 17h30 é que conseguia chegar no chamado Grande Ponto. E vos informo de minha epopeia, minha odisseia, minha ilíada.

    Para passar ao largo do Centro Cearense, gastei 20 minutos. Havia carros por cima das calçadas, carros por cima dos outros e, num realismo fantástico, um Volks que tinha subido numa mangueira parnasiana.

    Perguntareis: como isso é possível? Na Rua João Pessoa, depois das 4 da tarde, tudo é possível. Não sei ainda se tudo é permitido.

    Pensei em Jean-Luc Godard, para filmar aquele apocalipse subdesenvolvido. Imprensara meu carango de tal maneira que fui jogado fora dele. Foi preciso o guarda para o caos, isto é, o trânsito; e dar vez aos meus direitos institucionais, dizendo-me: “O senhor pode voltar para o seu carro e assumir a direção”. Gostei e voltei.

    Dei continuação ao fluxograma, ao esquema, ao organograma, ao... qualquer coisa de fila de carros que ia em demandada do Grande Ponto. De repente, aquele susto, inevitável: um corcel amarelo-hepatite ia por cima da parede. Como uma lagartixa profissional.

    Depois de uma hora intensa de empurra-empurra, vi em minha frente uma camioneta parada, no meio da rua, que não era mais rua, mas um ringue. Fechei os olhos, e um sujeito gritou de trás: “Passe por cima. Passe por cima”.

    Alguém botou um tobogã invertido e apenas liguei a primeira. Logo senti que havia ultrapassado mais um obstáculo olímpico.

    A caminhada continuou. Quando atingi a possibilidade de passar em frente à APERN, uma mulher disse para mim: “Nunca me viu?”. Respondi: “Nunca. Never. A senhora pertence ao planeta Terra?”.

    E segui em frente. Ia me esquecendo: nesse tempo todo, choveu cinco vezes e fez verão outras tantas. Ouvimos trovões pianíssimos, em fita gravada; e trovões reais, em alta fidelidade. Houve tempestade em curto circuito e tempestades que só conhecemos em filmes coloridos da Metro, como o que contava a queda de Roma.

    O Grande Ponto era um mar de cabeças unânimes (perdoem a imagem). Um mar compacto; não havia brecha sequer para que alguém espirrasse sem atingir a moral do outro. Hippies, defensores da contracultura, ex-hippies, artistas pops, pintores ops, singulares personalidades que não pagam ainda o INPS.

    E, diante de tal quadro, vi o impossível acontecer, pelo menos em Natal: um motorista impaciente levantou-se do seu carro e caminhou por cima das cabeças como pudesse se repetir a imagem do Evangelho: de Cristo andando sobre as águas.


  • NEGREIROS, Sanderson. Aconteceu em Natal. In: SOBRAL, Gustavo; MACEDO, Helton Rubiano de (Orgs.). Cinco cronistas da cidade. Natal: EDUFRN, 2017. p. 145-148. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/23773/1/Cinco%20cronistas%20da%20cidade.pdf. Acesso em: 26 set. 2022.
No texto, entrecruzam-se, predominantemente, os tipos textuais 
Alternativas
Q3215765 Português

Leia o texto abaixo e responda à questão.




Aconteceu em Natal


Sanderson Negreiros


    O trânsito ontem à tarde na Rua João Pessoa estava uma delícia. Servido com caviar, batatinhas e molho pardo. Uma delícia de trânsito.

    Às 16 horas em ponto, dei entrada com meu carango varonil na referida artéria. Por que as ruas chamavam-se antigamente de artérias? É porque nelas corria sangue, disse-me Vetusto, repórter policial, do tempo em que, ao morrer uma criança, escrevia-se: “Ontem, alou-se aos céus, a interessante garota”.

    Cheguei no começo da João Pessoa e pensei com os três botões da minha camisa: vou provar a mim mesmo que sou edição modesta de Fittipaldi e atravessarei estas ruas em menos de meia hora. Não vos conto minha decepção: às 17h30 é que conseguia chegar no chamado Grande Ponto. E vos informo de minha epopeia, minha odisseia, minha ilíada.

    Para passar ao largo do Centro Cearense, gastei 20 minutos. Havia carros por cima das calçadas, carros por cima dos outros e, num realismo fantástico, um Volks que tinha subido numa mangueira parnasiana.

    Perguntareis: como isso é possível? Na Rua João Pessoa, depois das 4 da tarde, tudo é possível. Não sei ainda se tudo é permitido.

    Pensei em Jean-Luc Godard, para filmar aquele apocalipse subdesenvolvido. Imprensara meu carango de tal maneira que fui jogado fora dele. Foi preciso o guarda para o caos, isto é, o trânsito; e dar vez aos meus direitos institucionais, dizendo-me: “O senhor pode voltar para o seu carro e assumir a direção”. Gostei e voltei.

    Dei continuação ao fluxograma, ao esquema, ao organograma, ao... qualquer coisa de fila de carros que ia em demandada do Grande Ponto. De repente, aquele susto, inevitável: um corcel amarelo-hepatite ia por cima da parede. Como uma lagartixa profissional.

    Depois de uma hora intensa de empurra-empurra, vi em minha frente uma camioneta parada, no meio da rua, que não era mais rua, mas um ringue. Fechei os olhos, e um sujeito gritou de trás: “Passe por cima. Passe por cima”.

    Alguém botou um tobogã invertido e apenas liguei a primeira. Logo senti que havia ultrapassado mais um obstáculo olímpico.

    A caminhada continuou. Quando atingi a possibilidade de passar em frente à APERN, uma mulher disse para mim: “Nunca me viu?”. Respondi: “Nunca. Never. A senhora pertence ao planeta Terra?”.

    E segui em frente. Ia me esquecendo: nesse tempo todo, choveu cinco vezes e fez verão outras tantas. Ouvimos trovões pianíssimos, em fita gravada; e trovões reais, em alta fidelidade. Houve tempestade em curto circuito e tempestades que só conhecemos em filmes coloridos da Metro, como o que contava a queda de Roma.

    O Grande Ponto era um mar de cabeças unânimes (perdoem a imagem). Um mar compacto; não havia brecha sequer para que alguém espirrasse sem atingir a moral do outro. Hippies, defensores da contracultura, ex-hippies, artistas pops, pintores ops, singulares personalidades que não pagam ainda o INPS.

    E, diante de tal quadro, vi o impossível acontecer, pelo menos em Natal: um motorista impaciente levantou-se do seu carro e caminhou por cima das cabeças como pudesse se repetir a imagem do Evangelho: de Cristo andando sobre as águas.


  • NEGREIROS, Sanderson. Aconteceu em Natal. In: SOBRAL, Gustavo; MACEDO, Helton Rubiano de (Orgs.). Cinco cronistas da cidade. Natal: EDUFRN, 2017. p. 145-148. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/23773/1/Cinco%20cronistas%20da%20cidade.pdf. Acesso em: 26 set. 2022.
Para atingir seu propósito comunicativo, o texto recorre
Alternativas
Q3215316 Português

Leia o texto abaixo e responda à questão.


Declaração de bens



Augusto Severo Neto



    Eu, Augusto Severo Neto, brasileiro, norte-rio-grandense, natalense e pirangiano por emoção e escolha, residente e domiciliado em Natal mesmo, em uma paisagem alta do Tirol, salvo nos fins de semana e feriados maiores, quando posso ser encontrado com a companheira em um trato de terra que possuímos diante do mar, em Pirangi, ou em arribadas maiores por terras de serem de lá, quando saímos à descoberta ou ao reencontro, venho, por meio deste documento, fazer uma declaração pública de bens e haveres, para que ninguém venha, depois, me imputar a pecha de possuidor de fortuna ilícita. Sim, porque, pondo de lado qualquer prurido modestoso, eu sou uma pessoa muito rica.

    Não! Esperem aí! Não é esse tipo de riqueza que muitos estão pensando. Vou me explicar: fui menino rico porque meus pais me queriam bem e eu queria bem a eles. Daquele bem que não tolhe, não sufoca, nem acorrenta. Um bem de deixar ser ave, animal ou gente. Um bem de bem-me-quer e nunca malmequer.

    Como se não bastasse isso aí de cima, havia mil coisas mais: lá em casa havia jardim com repuxo, rosas e muitas outras flores. Tinha beija-flor e zigue-zigue, que os mais estudiosos chamam de libélula. Tinha malvão, que chamavam também de língua-de-leão e servia para engraxar sapatos pretos e marrons. Tinha pé de jasmim e mimo-do-céu, que subia pelos postes do alpendre.

    O quintal era outro departamento de riqueza: começava por uns pés de pitanga estrela-de-sangue que faziam uma cerca viva, chamada pelos adultos de seve. Daí por diante, só se vendo: tinha pé de juá que servia de pasta dental, araçazeiro, goiabeira (branca e vermelha), mangueiras de três ou quatro tipos, romã, pitombeira, araticum, banana, carambola e jenipapo e até uns pés de castanhola, bem altos, com copa bem grande, onde Cearense construiu para mim uma cabana do tipo Robinson Crusoé ou Tarzan, só que tinha escada de corda em vez de cipó.

    Olhem que isso aí já é muita coisa para um menino rico, mas teve muito mais, já fora de casa, que eu vou contar: passei muitas férias em Pequessaba, vi o Rio Morto, de águas transparentes e muito fininhas, quase perdido dentro de um túnel de bananeiras gigantes; tomei banho na Lagoa das Piabas, que tinha muita traíra. Andei de carro de boi; escutei o estalo do chicote e a cantiga do carreiro; abri cancela e comparei os dois gemidos (carro de boi/cancela); montei em cavalo manso; subi em gameleira e em pé de fruta-do-conde; ouvi cantador de feira, tocador de fole, repentista e embolador; estive em casa de farinha e vi o rolete brincando de fazer rodinha de estrela branca de mandioca; comi grude de goma e pecado-maneiro bem quentinhos; vi fogueiras de São João (fogueiras de vergonha) e assisti pagador de promessas andando descalço no braseiro. Fui afilhado, noivo, compadre de fogueira, escutei histórias de assombração, dormi em rede com armador gemendo, ouvi grito de seriema, martelada de araponga e apito de saguim. Tive até alumbramento ao ver a filha do morador tomando banho nua no rio. De manhã, eu saia armado de baladeira e bodoque para derrubar fruta madura e tinha muita raiva quando os filhos dos moradores atiravam nas rolinhas. Foi lá em Pequessaba, onde, pela primeira vez, eu comi peba, tejuaçu e jacaré, e vi cobra-de-cipó, corre-campo e cobra-de-veado. Quando voltava do povoado, Chico Rola, casado com tia Bela, trazia alfenim, soda, pé de moleque, rosário e navio de castanha assada, confeito baratinha e chocolate charuto. É ser rico demais, não é não?

    E o tempo foi passando e eu fui continuando rico de viver e de sentir. Até as dores e as saudades que experimentei foram ricas de sentimento. Ah vida bonita!...

    Já meio rapaz, meio garoto, semitonando a voz, apaixonei-me, perdidamente, por uma artista de cinema e uma menina de Itabaiana que veio passar as férias em Natal. Como não podia fugir para Hollywood, fugi para a pequena cidade da Paraíba, o que, de resto, não adiantou grande coisa, pois meu pai já tinha entrado em entendimento com o juizado de menores e o vigário da paróquia, e eu fui recambiado. Mas foi bonito e valeu.

    E o tempo foi escorregando no tobogã do calendário e eu nele. Vivi tanta coisa!... Tive paixões eternas, fui aviador de aeroclube, andei pelo mundo, bebi muitas bebidas, comi de muitas comidas (confesso um tanto encabritado, por se tratar de um lugar comum, já tão explorado, mas feliz apesar disso), escrevi livros, fiz filhos e plantei árvores. Mas não parei, não senhor! Continuo navegando, escrevendo, amando e achando a paisagem e a vida muito bonitas. E também não vou à deriva. Tenho uma porção de amigos e amigas queridos: poetas, executivos, cantadores de feira, mascates, mulheres bem-comportadas, mulheres outonais, mulheres lindas e prostitutas até. Isso fora o que não lembro agora.

    Tenho rumo certo – o antiporto e o imprevisto – e uma timoneira, eterna na sua temporalidade, que me deu de beber água da fonte real e me deu de presente todas as rotas, a Estrela Polar, a linha do Equador, a aurora boreal, os fogos de Santelmo, as rosas orvalhadas, as esteiras dos navios, o voo dos pássaros, o encontro da noite com o dia, o som dos carrilhões dos órgãos das grandes catedrais, o incêndio dos poentes, o canto das cigarras, as cores do arco-íris, além de muita, muita poesia mesmo.

    Tem muito mais ainda. É que há um alumbramento embriagado de felicidade dentro de mim, que carrosseleia os meus haveres de alegria e beleza, que eu acabo deixando de citar muitos deles.

    Isso posto e declarado, que seja devidamente registrado para conhecimento dos meus antepassados, dos meus contemporâneos, dos meus descendentes e de todos mais os quais se inteirem de que sou um homem imensamente rico.


SEVERO NETO, Augusto. Declaração de bens. In: SOBRAL, Gustavo; MACEDO, Helton Rubiano de (Org.). Cinco cronistas da cidade. Natal: EDUFRN, 2017. p. 11-16. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/23773/1/Cinco%20cronistas%20da%20cidade.pdf. Acesso em: 26 set. 2022.

No texto, entrecruzam-se, predominantemente, os tipos textuais
Alternativas
Q3214063 Português

MÃE, Valter Hugo. Autobiografia Imaginária. JL Jornal de Letras, Artes e
Ideias, Ano XXII, n. 1095, com adaptações. 

A respeito da linguagem utilizada pelo autor, julgue (C ou E) o item a seguir.


Do ponto de vista da tipologia, o texto é predominantemente narrativo. 

Alternativas
Q3212408 Português
Quais são os tipos de texto que predominam no fragmento textual abaixo?
“Enquanto isso, a neblina e a escuridão tinham ficado tão densas que algumas pessoas surgiram com tochas, oferecendo-se para mostrar o caminho a quem estava a cavalo ou em carruagens. A antiga torre de uma igreja, cujo velho sino espiava disfarçadamente para Scrooge do alto de uma janela gótica, ficou invisível e deu as horas dentro das nuvens, com vibrações trêmulas, como se lá no alto a sua cabeça gelada estivesse batendo os dentes. O frio aumentava. Na esquina da rua principal, alguns operários que estavam consertando a tubulação de gás acenderam um grande fogo em um fogareiro, e logo se reuniu uma pequena multidão de homens e rapazes maltrapilhos em volta dele, esquentando as mãos e piscando os olhos, deliciados. Na fonte pública abandonada, uma gota prestes a pingar congelou-se e virou um pedaço solitário de gelo. O brilho das lojas iluminadas, com as vitrines decoradas com ramos de pinheiro e cerejinhas, avermelhava os rostos pálidos dos que passavam. As mercearias pareciam uma verdadeira festa, e era impossível acreditar que coisas tão fúteis quanto a compra, a venda e a pechincha tivessem alguma coisa a ver com elas. O prefeito, em sua poderosa prefeitura, dava ordens a seus cinquenta cozinheiros e empregados, para garantir que o Natal fosse comemorado com toda a fartura que merecia a casa oficial. E até o alfaiate, que havia sido multado por andar bêbado pelas ruas, preparava a massa para o bolo de Natal em sua pequena casa, enquanto sua esposa magrela saía com o filhinho para comprar carne.”
DICKENS, Charles. Um conto de natal (trad. A. Franchini e C. Seganfredo). São Paulo: LP&M, 2003.
Alternativas
Q3199049 Português
Leia o texto a seguir:


Inteligência artificial consegue decifrar o que dizem textos de papiros históricos


Com uma nova técnica, a inteligência artificial ajudou a decifrar papiros e mais textos antigos.


     Para que uma inteligência artificial (IA) seja usada para determinada função, ela é treinada, por meio de experiências, para que as máquinas adquiram conhecimentos e possam se adaptar às condições e desempenhar tarefas como os seres humanos. Seu uso pode ser infinito e nos mais variados campos. Como por exemplo, essa inteligência artificial que conseguiu decifrar o que dizem os textos de papiros históricos.

    Isso é algo que revoluciona todo o setor e traz vários dados inéditos sobre o passado. Com essa inteligência artificial, os especialistas foram capazes de decifrar os papiros de Herculano que foram queimados durante a erupção do Vesúvio em 79 d.C.

    Além desse feito, outras coisas que puderam ser decifradas por essa tecnologia foram o grande arquivo a respeito dos reinados de 27 reis coreanos, que viveram entre os séculos XIV e XX, e as tabuinhas de Creta, esculpidas com uma escrita complexa chamada “Linear B”.

     No caso dos papiros de Herculano, uma técnica de desenrolamento virtual foi criada. Ela consegue escanear os papiros, através de uma tomografia de raios X, e mapear cada camada. Depois que isso é feito, essa técnica o desenrola em uma imagem plana.

     A IA vem para fazer a distinção da tinta com a base de carbono, que é invisível nas digitalizações porque tem a mesma densidade do papiro. É assim que a inteligência artificial ajuda a decifrar essas folhas.

    Conseguir fazer isso é um grande passo no estudo da história da humanidade. Tanto que, no começo de 2024, três pesquisadores foram premiados com 700 mil dólares por terem conseguido produzir 16 colunas de texto claramente legíveis. Também existiu uma competição internacional nesse tema que foi capaz de desvendar letras, palavras e sentenças inteiras dos textos que foram carbonizados.

    “Nesse momento você realmente pensa: ‘Agora estou vivenciando algo que constituirá um momento histórico para minha área'”, afirmou Federica Nicolardi, papirologista da Universidade Federico II de Nápoles.
      A inteligência artificial ter ajudado a decifrar os papiros é uma nova porta para que a leitura de outros textos, antes inacessíveis, também possa acontecer. Alguns exemplos são os que estão escondidos nas encadernações de livros medievais ou nas bandagens envolvendo múmias antigas.


Fonte:https://www.fatosdesconhecidos.com.br/inteligencia-artificial-consegue-decifrar- o-que-dizem-textos-de-papiros-historicos/?fbclid=IwY2xjawHrhCxleHRuA2FlbQIxM QABHQzDWydLSnLeth9FB7XB-xjaek38BWgtmEE2d3uZbFDpn9AxXKWmHkg
Com relação ao modo de organização do discurso, o texto é predominantemente:
Alternativas
Q3196490 Português
Leia o texto a seguir:


Homem é flagrado andando de 'jet ski' na Ponte Rio-Niterói e vídeo viraliza nas redes sociais


Registro mostra veículo aquático adaptado para o asfalto com peças de motocicleta


     Um vídeo em que um homem anda em uma moto modificada com carcaça de jet ski pela Ponte Rio-Niterói viralizou nas redes sociais no último domingo. O meio de transporte, usado na água, foi adaptado com rodas e um chassi de moto para conseguir andar no asfalto.

     O registro mostra que o piloto não usa equipamentos de segurança de condução de uma moto. Ele anda de bermuda e chinelo, além de usar um capacete não recomendado. O condutor do veículo adaptado se identifica nas redes sociais como Lobão.

    Além do registro na Ponte, ele também compartilhou o momento em que trafegou pela Linha Vermelha e Amarela. O fato inusitado chamou a atenção dos internautas, que repercutiram o vídeo. "Veículo híbrido, já vai dar aquele mergulho no mar", escreveu um. "RJ está valendo tudo!!!", publicou outro.

   Criticado nas redes sociais, o homem rebateu afirmando que a moto está emplacada e regularizada. "A pessoa tem que estar com a alma podre para se incomodar com um moto jet passando na rua. As pessoas olham e acham graça, aí tem uns que pedem até prisão. Onde passa chama atenção, quem está estressado, arranca um sorriso da pessoa", justifica o condutor.

     Procurada, por meio de nota a Ecoponte descreveu que o veículo cruzou sentido Rio de Janeiro acoplado em um carro de passeio, e que "na altura da descida do Vão Central, o veículo parou, soltou o equipamento e ele seguiu viagem pela via". A reportagem tentou contato com a Polícia Rodoviária Federal para mais detalhes sobre o caso, mas ainda não obteve respostas. O espaço segue em aberto.

    Em nota, a Polícia Rodoviária Federal, responsável pela fiscalização da rodovia, confirmou que o homem passou pelo pórtico 11 da Ponte Rio-Niterói no último domingo, por volta das 15:40.

    "Em pesquisa no sistema, foi verificado que na verdade se tratava de uma motocicleta Suzuki AN125, com adulteração não autorizada do veículo. Foi verificado também que um automóvel estava ajudando a levar a moto aquática em uma carreta, e ambos foram identificados em imagens para futuras autuações que serão geradas em detrimento das imagens analisadas", afirmou a PRF.

   Questionado pelo GLOBO, o Detran-RJ afirmou que, de acordo com as normas vigentes, qualquer veículo que passe por alterações em suas características originais precisa ser submetido à avaliação e aprovação pelos órgãos técnicos competentes.


Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/01/07/homem-e-flagrado-andando- de-jet-ski-na-ponte-rio-niteroi-e-video-viraliza-nas-redes-sociais.ghtml. Acesso em 07/01/2024
“Ele anda de bermuda e chinelo, além de usar um capacete não recomendado. O condutor do veículo adaptado se identifica nas redes sociais como Lobão” (2º parágrafo). O texto é essencialmente expositivo, pois se trata de uma notícia. Contudo, em alguns momentos, como ocorre no trecho destacado do 2º parágrafo, é possível verificar o uso de outro modo de organização do discurso, que é o:
Alternativas
Q3194747 Português
Texto para responder à questão.


Planejamento de metas de saúde para 2025


Dicas para traçar metas alcançáveis e melhorar sua saúde física e mental.

      Com a chegada de um novo ano, é tempo de repensar escolhas, traçar objetivos e priorizar o que realmente importa. Para quem deseja melhorar a saúde física e mental em 2025, definir metas claras e alcançáveis é o primeiro passo rumo a uma vida mais equilibrada.

       Por que planejar metas de saúde?

    O planejamento de metas de saúde vai além das listas no papel. Ele envolve criar um roteiro estratégico para melhorar a qualidade de vida. Quando você define metas claras e alcançáveis, torna-se mais fácil manter a consistência e transformar hábitos.

      Como criar metas alcançáveis

     Aqui estão cinco passos para planejar suas metas de saúde e bem-estar em 2025:

   ▪ Defina prioridades: identifique os aspectos da sua saúde que precisam de atenção. Pode ser emagrecimento, redução do estresse e melhora da qualidade do sono.

   ▪ Seja específico: substitua metas genéricas como “quero ser saudável” por objetivos concretos, como “praticar 30 minutos de atividade física, três vezes por semana”.

   ▪ Estabeleça prazos: divida metas anuais em etapas mensais ou semanais. Isso ajuda a acompanhar o progresso e ajustar o plano quando necessário.

    ▪ Monitore o progresso: anote suas conquistas e desafios ao longo do tempo para manter o foco.

   ▪ Celebre as conquistas: comemore cada progresso alcançado. Isso aumenta a motivação e incentiva a continuar.

   Planejar metas de saúde e bem-estar é essencial para transformar intenções em resultados concretos. Comece e veja como pequenos passos podem levar a grandes conquistas em 2025. Afinal, cuidar de si é o melhor investimento que você pode fazer.


(Disponível em: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/especial-publicitario/cuide-se/. Acesso em: janeiro de 2025.)
O texto pode ser classificado como:
Alternativas
Q3194736 Português
Texto para responder à questão.


Geração Z está perdendo uma habilidade que temos há 5,5 mil anos: 40% estão perdendo a fluência na comunicação

     As inovações digitais estão fazendo com que a Geração Z abandone não apenas a capacidade de escrever, mas também o conhecimento básico para se expressar com maior clareza. A dúvida se faz parte da transformação que a sociedade vive ou se é um problema da Geração Z que deve ser enfrentado preocupa os especialistas. O fato é que a Gen Z está perdendo o que a humanidade veio desenvolvendo há 5.500 anos.

     De acordo com diversos estudos e depoimentos de professores de diversas universidades coletados pelo jornal turco Türkiye Today, os jovens da Geração Z ficaram tão acostumados a usar teclados que acabaram “entrando em choque” ao saltar da escrita digital para a tradicional. Como qualquer habilidade que é lentamente perdida pelo não uso, os alunos agora demonstram uma perda considerável na caligrafia, muitas vezes torta na página e exibindo uma letra inelegível.

    Um estudo realizado na Universidade de Stavanger, na Noruega, mostrou que, em apenas um ano focando exclusivamente na escrita digital, 40% dos alunos perderam fluência na escrita manual. Porém, os responsáveis pelo estudo garantem que ter uma “caligrafia ruim” ou ficar mais cansado do que o necessário ao escrever no papel não é o pior que pode acontecer por conta da digitalização.

   Motivados pelo uso das redes sociais como meio de comunicação, os alunos, muitas vezes, evitam frases longas ou não conseguem construir parágrafos significativos. A Gen Z não só tem mais dificuldade em escrever e se comunicar de forma eficaz, mas independentemente de fazê-lo manualmente ou com teclado, não consegue criar parágrafos com frases independentes, o que torna mais caótico e difícil a tentativa de compreensão de seus textos.

    A boa notícia é que a capacidade de síntese para tentar explicar qualquer conceito em menos de dez palavras melhorou significativamente, mas a longo prazo torna o aprofundamento em tópicos mais complexos especialmente difícil para eles. Entre a perda de certas normas ortográficas e a capacidade de estruturar corretamente o que pretendem transmitir, a preocupação com o caminho que a escrita tomará à medida que a tecnologia continua a crescer é, cada vez mais, uma realidade tangível.


(Viny Mathias. IGN Brasil. Disponível em: https://www.msn.com. Acesso em: dezembro de 2024.)
De acordo com a estrutura textual apresentada e suas características tipológicas, é possível reconhecer a presença de um enunciado em que o ponto de vista do articulador seja apresentado como parte da construção textual. Assim, dentre os trechos destacados a seguir, tal ocorrência pode ser exemplificada em:
Alternativas
Q3194265 Português
Texto para responder à questão.


Era uma vez, duas, três

Não se passa no vestibular chutando as questões. Tem que se puxar, fazer valer o investimento.


         Em 2016, recebi um e-mail de um homem que eu não conhecia. Ele morava no Rio, mas estava na Patagônia, fazendo uma viagem de carro. Durante seu longo retorno para casa, fez um pit-stop em Porto Alegre e me convidou para jantar, mas não aceitei, mesmo ele tendo se esforçado. No e-mail, fez uma síntese de quem era, o que fazia, o que pensava, quais seus projetos e a razão de me escrever, além de anexar fotos da viagem, do seu carro, do seu rosto e até mesmo da sua carteira de identidade, o que me fez rir, demonstrava humor na sua intenção de provar que não era um serial killer.

       Agradeci, dei uma trelinha para compensar o tempo que ele havia perdido escrevendo aquela mensagem que mais parecia um currículo, mas não me aventurei, jantei em casa.

       Lembrei desta história quando, semana passada, recebi um e-mail de outro desconhecido. Vou trocar seu nome, mas a mensagem era a seguinte: Meu nome é Giba, há muito tempo desejo te conhecer pessoalmente ou trocar algumas “palabras” no celular.

      Escreveu apenas isso – no cabeçalho, não no corpo do e-mail, que veio vazio. O retrato da penúria, a síntese desses tempos. Ele preferiu matar o assunto rapidinho. Se apresentar para quê? Revelou apenas o apelido e não se preocupou em explicar se o uso do estrangeirismo era erro de digitação ou resquício do idioma natal. Eu que lutasse.

     É comum as pessoas reclamarem que tudo dá errado para elas, culpando as conspirações cósmicas, que nunca alinham com seus planos. O Giba ficou sem uma resposta privada, mas inspirou essa crônica de utilidade pública: não se passa no vestibular chutando as questões, não se vai bem numa entrevista de emprego sendo monossilábico. Tem que se puxar. Fazer valer o investimento.     

      Quem teve um poema publicado em uma revista, enviou uns 25. O turista que conseguiu uma passagem de avião barata ficou a madrugada inteira pesquisando promoções. Lembra quando dependíamos de ligações telefônicas para empresas que só davam ocupado? Quantas horas tentando, tentando, até ser atendido? Que bets, que nada: a melhor aposta é em si mesmo.

       Não somos prêmios para ninguém, não estamos em promoção, mas o exemplo do Giba serve de alerta: quem almeja algo, seja o que for, não pode ser tão preguiçoso. Que se dedique um pouquinho, até para demonstrar que tem alguma noção sobre as dificuldades da vida. Eu imagino o Giba deitado numa cama às quatro da tarde, abatido, entediado, escrevendo aquelas duas linhas entre uma soneca e outra. Já o carioca que perambulou pela Patagônia voltou a me escrever mais uma, duas, três vezes, e acabamos namorando. Não durou para sempre, mas foi divertido. Quando a persistência encontra a confiança, dá match.


(MEDEIROS, Martha. Era uma vez, duas, três. Jornal O Globo. Em: dezembro de 2024.)
Ao analisar a estrutura composicional da crônica, pode-se afirmar que há a presença de duas tipologias textuais: a narrativa e a argumentativa. A presença de sequências narrativas configura um argumento de:
Alternativas
Q3188337 Português
Analise o texto que segue:
"A integração da educação ambiental no currículo escolar é crucial para preparar as novas gerações para os desafios ecológicos do futuro. Ao ensinar sobre a importância da preservação e o impacto das ações humanas no meio ambiente, as escolas não apenas fornecem conhecimento essencial, mas também incentivam práticas sustentáveis desde cedo. Ignorar esse aspecto na educação é perder a oportunidade de formar cidadãos conscientes e comprometidos com a proteção do planeta. Portanto, a educação ambiental deve ser uma prioridade nas escolas, garantindo que todos os alunos estejam equipados para contribuir para um futuro mais sustentável."

Esse texto, possui, predominantemente, a tipologia:
Alternativas
Q3188143 Português
Os tipos textuais são categorias que classificam os textos de acordo com sua estrutura e finalidade comunicativa. Eles se diferenciam pela forma como as ideias são organizadas e pelo propósito do autor ao se comunicar.
As "Enciclopédias, textos científicos, resumos, reportagens informativas" são textos que possuem a seguinte tipologia textual predominante: 
Alternativas
Q3183144 Português

Leia o texto a seguir para responder à questão.


Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

– dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.


(PRADO, Adélia. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1995, p.11.)
O texto “Com licença poética” é predominantemente: 
Alternativas
Q3181991 Português
Por que estudar com materiais impressos pode ajudar a
aumentar a retenção

Pesquisas indicam que o estudo com materiais impressos facilita
uma leitura mais lenta e cuidadosa

No mundo digital de hoje, muitos estudantes e profissionais migraram para e-books, tablets e laptops para estudar. No entanto, estudos indicam que o uso de materiais impressos pode ser mais eficaz para a retenção de informações. Entenda por que escolher o papel em vez das telas pode melhorar sua capacidade de aprendizado e memória, segundo um estudo da Universidade de Valencia. As informações são do The Guardian.

1. Materiais impressos reduzem a fadiga ocular e aumentam a concentração

Ler em dispositivos digitais por longos períodos pode causar fadiga ocular, desconforto e dificuldade para se concentrar. A luz
emitida pelas telas digitais, especialmente a luz azul, interfere no foco visual, levando a cansaço e, em alguns casos, dor de
cabeça. Esses fatores afetam diretamente a capacidade de se concentrar e reter informações. Com materiais impressos, você
elimina esse problema, permitindo um estudo mais confortável e prolongado, o que favorece a memorização. Além disso, o papel oferece uma experiência de leitura mais tranquila e linear, sem as distrações constantes de notificações ou a tentação de mudar para outros aplicativos, o que muitas vezes acontece ao estudar em dispositivos digitais.


2. O papel estimula um aprendizado mais ativo e profundo

Estudos mostram que a leitura de materiais impressos envolve um processamento cognitivo mais profundo em comparação com a leitura em dispositivos eletrônicos. Quando você interage com um livro físico, pode sublinhar, fazer anotações nas margens e folhear as páginas com mais facilidade, o que ajuda a reforçar o aprendizado. Essas ações promovem um envolvimento mais ativo com o conteúdo, aumentando a chance de reter as informações a longo prazo. O formato físico também facilita a criação de uma representação mental do conteúdo. Muitas pessoas conseguem "visualizar" onde certas informações estavam localizadas em uma página, o que ajuda na recuperação das informações no futuro. Esse tipo de memória espacial é menos comum quando se lê em dispositivos digitais.


3. Estudar com papel promove melhor compreensão e reflexão

Pesquisas indicam que o estudo com materiais impressos facilita uma leitura mais lenta e cuidadosa. Diferente da leitura rápida que ocorre frequentemente em dispositivos digitais, o papel incentiva a reflexão e a análise crítica. Essa desaceleração é essencial para uma compreensão mais profunda e para a retenção de conceitos complexos. Além disso, o ato físico de virar páginas e marcar progresso em um livro pode gerar uma sensação de conquista e controle sobre o aprendizado, o que ajuda a manter o foco e a motivação. Isso se traduz em um maior comprometimento com o conteúdo, aumentando significativamente a retenção de informações.

O papel como aliado da memória e do aprendizado

Embora os dispositivos digitais ofereçam conveniência, os materiais impressos têm vantagens claras quando o objetivo é melhorar a retenção de informações. Eles reduzem a fadiga ocular, promovem um aprendizado mais ativo e envolvem o cérebro em um processo de leitura mais profundo. Ao incorporar materiais impressos em sua rotina de estudos, você pode melhorar significativamente sua concentração, compreensão e capacidade de lembrar o que aprendeu. Portanto, da próxima vez que precisar estudar algo importante, considere deixar o tablet de lado e recorrer ao bom e velho papel.


Fonte: https://exame.com/carreira/guia-de-carreira/por-que-estudar-com-materiais-impressos-pode-ajudar-a-aumentar-a-retencao/?fbclid=IwY2xjawF0DdtleHRuA2FlbQIxMQABHbl79jkIg9y4wXAE_i9nJWevHj7Iiw6I-0SQaUP_1hoPBWERHfLRcF-54w_aem_cJ1lizqhZA1_J2oU3MTF3A&sfnsn=wiwspwa. Acesso em: 14 out. 2024.
“Entenda por que escolher o papel em vez das telas pode melhorar sua capacidade de aprendizado e memória, segundo um estudo da Universidade de Valencia”. Os textos costumam ser tipologicamente variados. O trecho destacado nesta questão é predominantemente:
Alternativas
Q3181527 Português

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.



O gigantesco experimento com árvores antigas que renova esperança no combate às mudanças climáticas


O gigantesco experimento com árvores antigas que renova esperança no combate às mudanças climáticas Cientistas da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, concluíram que árvores mais antigas se adapitam e respondem ao ambiente. Em um estudo com carvalhos ingleses de 180 anos expostos a altos níveis de dióxido de carbono por sete anos, os pesquisadores observaram que os carvalhos aumentaram a produção de madeira em quase 10%, contribuindo para a retenção de gases de efeito estufa e ajudando a combater o aquecimento global. O estudo, publicado na revista científica Nature Climate Change, destaca a importância de proteger e preservar florestas maduras para enfrentar as mudanças climáticas. Atualmente, o mundo perde o equivalente a um campo de futebol de floresta primária a cada seis segundos. "É uma prova de que a gestão cuidadosa das florestas existentes é crucial. As florestas antigas estão fazendo um grande trabalho para nós. O que não devemos fazer é derrubá-las." Os resultados são parte do experimento FACE (Free-Air Carbon Enrichment), conduzido pela Universidade de Birmingham desde 2016 em um bosque de 21 hectares em Staffordshire. O objetivo do FACE é entender em tempo real o impacto das mudanças climáticas sobre as florestas. No experimento, tubulações foram instaladas entre os carvalhos para liberar dióxido de carbono (CO2),simulando as condições que o planeta pode enfrentar se não reduzirmos as emissões de gases. Após sete anos, a equipe de pesquisadores descobriu que os carvalhos aumentaram sua produção de madeira, retendo CO2 por mais tempo e evitando seu efeito de aquecimento na atmosfera. Os carvalhos usaram o CO2 para produzir novas folhas, raízes e biomassa lenhosa. Embora novas folhas e raízes sejam depósitos temporários de CO2, a maior parte do gás foi convertida em formas que podem ser armazenadas por várias décadas. Estudos anteriores mostraram que árvores mais jovens podem aumentar a absorção de CO2, mas acreditava-se que as florestas maduras não eram tão adapitáveis. "É crucial entender o comportamento das árvores mais velhas, pois elas compõem a maior parte da cobertura florestal mundial", disse MacKenzie à BBC. Apesar dos resultados promissores, ele alertou que isso não é uma solução para o problema das emissões de combustíveis fósseis. "Não podemos simplesmente criar florestas suficientes para continuar queimando combustíveis fósseis como fazemos agora", afirmou. O experimento foi estendido até 2031 para continuar monitorando os carvalhos e verificar se o aumento na produção de madeira persiste. Richard Norby, professor da Universidade de Tennessee e autor do estudo, destacou a importância de manter o experimento por mais tempo para obter um registro mais longo e confiável. Os pesquisadores também esperam observar como os níveis elevados de CO2 afetam a longevidade das árvores e a biodiversidade local, como os insetos. Durante o estudo, notaram um aumento em algumas espécies de insetos, possivelmente devido às mudanças nas condições do ar.


(https://www.bbc.com/portuguese/articles/cd6yn6970pzo#:~:text=Ap%C 3%B3s%20sete%20anos adaptado)

"Eis aqui outro seminarista. Chamava-se Ezequiel de Sousa Escobar era um rapaz esbelto, olhos claros, um pouco fugitivos, como as mãos, como os pés, como a fala, como tudo. Quem não estivesse acostumado com ele podia acaso sentir-se mal, não sabendo por onde lhe pegasse. Não fitava de rosto, não falava claro nem seguido as mãos não apertavam as outras, nem se deixavam apertar delas, por que os dedos, sendo delgados e curtos, quando a gente cuidava tê-los entre os seus, já não tinha nada. (...) Quando ele entrou na minha intimidade pedia-me frequentemente explicações e repetições miúdas, e tinha memória para guardá-las todas, até as palavras. Talvez esta faculdade prejudicasse alguma outra.

De acordo com a tipologia textual, o texto de Machado de Assis é:
Alternativas
Q3181156 Português

O texto a seguir servirá de base para responder à questão.



Escrever as emoções: o sentido de dar palavras à ebulição interior


Julián Fuks



Às vezes sinto que minha filha tem escrito mais do que eu, ou tem sido mais verdadeira no que escreve. Mais imediata, talvez, no desembaraço de seus sete anos de idade. Criou agora seu caderno de sentimentos, algo como um diário ilustrado onde ela registra cada emoção forte que a acomete. Eu olho a urgência com que ela corre para o caderno, o vigor com que empunha o lápis, a concentração com que passa a ignorar tudo o que a cerca. Nada mais lhe importa nesse momento, a escrita toma toda a sua existência, e assim cada emoção turbulenta de origem se faz satisfação e leveza. Escreveu algo de essencial, traçou em linhas exatas seu sentimento, deu a uma vaga abstração sua forma concreta. Quisera eu escrever dessa maneira.


Seu caderno se inicia com a mais simples e expressiva das páginas. Tutu triste, vê-se em letras pequenas, e embaixo seu autorretrato de olhos pesados e duas lágrimas gordas sobre as bochechas. Segue ainda por afetos límpidos: Tutu animada, raivosa, impaciente, sonolenta, Tutu sem acreditar no que está acontecendo, neste caso um desenho de si boquiaberta e de olhos vidrados. Depois disso ela parece ter percebido a necessidade de explorar as causas subjacentes aos sentimentos, como Balzac alguma vez decidiu dar as raízes ocultas de cada fato. Passou a anotar coisas como "Tutu empolgada com o acampamento", e "Tutu aliviada porque um homem horrível não ganhou as eleições".


"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador". Leio essa frase em Clarice Lispector e acredito entender algo sobre minha filha, e algo sobre mim. Clarice emenda que talvez por isso tome tantos anos entre um verdadeiro escrever e outro, ainda que se empunhe o lápis todos os dias por uma vida inteira. Para mim dá-se o mesmo, alinhavo palavras sempre que me visita o caderno de sentimentos. Ali, se o tivesse, talvez me fosse mais sincero dizer: "Julián embevecido de admiração por sua filha."


Não posso, no entanto, encerrar meu comentário sobre o caso nesse ponto, porque há um acontecimento recente muito mais digno de nota do que tudo isso que contei. Lê-se numa das páginas do caderno: "Tutu infeliz porque a Peps não está sendo uma boa pessoa". Não sei qual conflito a levou a registrar palavras tão acerbas contra a irmã, decerto alguma dessas pequenezas que diariamente trovejam na relação entre as duas, precedidas e sucedidas de risos desabridos e abraços enérgicos.


Penélope não deixou passar sem vingança a acusação insolente. Enquanto folheava o caderno da irmã e tentava decifrar as palavras escritas com que já começa a se familiarizar — começa a se irmanar, eu poderia dizer — acabou calhando de rasgar uma folha, digamos sem querer. Foi tal a indignação da irmã com o gesto destrutivo que me pareceu razoável mostrar a ela a página em que Tulipa descrevera sua decepção primeira e indagar com veemência: é isso o que você deseja? Essa é a emoção que você quer provocar na sua irmã, a infelicidade? Não seria preferível criar nela uma impressão mais positiva, e constar numa página que falasse de entusiasmo, carinho, alegria?


Penélope então me encarou com olhos indecifráveis, ainda um tanto severos, e respondeu com segurança e presteza: claro que sim, dou um jeito nisso. Correu até seu quarto, fechou-se ali por alguns minutos, criou entre os que a esperávamos um momento palpável de apreensão e suspense. Retornou com o semblante desanuviado, plena de satisfação e leveza. Numa folha avulsa ela desenhara a irmã com seu inseparável caderninho nas mãos, com um largo sorriso a lhe cruzar o rosto inteiro, e delineara na ortografia atrevida de seus quatro anos: "Tutu feliz porque a Peps se comportou bem."


Não pude senão me espantar com sua intrepidez, com sua decisão de se fazer autora da página que gostaria de ver. Sua sagacidade buscara um atalho: não era preciso suscitar na irmã o devido sentimento, a ficção poderia suprir bem esse seu desejo, e ainda expor o ridículo da bronca que o pai lhe dera. Ela é uma escritora diferente de nós, foi o que pensei, talvez mais inventiva, mais livre, menos submissa às insignificâncias da realidade e às suas emoções correspondentes. E ao pensá-lo entendi que, se tivesse afinal meu próprio caderno de sentimentos, também anotaria em página nova minha profunda admiração por ela.


Um último ato encerra a história, mostrando as intrincadas relações entre ficção e realidade, ou o modo como a escrita das emoções pode alterar nossa existência no mundo, cuidando estranhamente de nos aproximar dos outros. Tulipa viu a página que a irmã depositara sobre a mesa, e sentiu que um sorriso largo lhe cruzava o rosto inteiro, sentiu uma comoção que lhe dominava o peito. Correu nesse mesmo instante para registrar o sentimento novo em seu caderno, para criar com suas mãos a exata correspondência com o desenho da irmã. Deu assim testemunho de uma ficção que se fez emoção tão verdadeira que foi capaz de coincidir com a vida. Também assim eu desejaria a minha escrita.


Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/10/12/escrever-as-emocoes-o-sentido-de-dar-palavras-a-ebulicao-interior.htm. Acesso em 18 out. 2024.

O texto de Julián Fuks trata-se de:

Alternativas
Q3180750 Português
A compreensão e interpretação de textos verbais e não verbais exigem habilidades de leitura atenta e análise crítica. Textos não verbais, como imagens, gráficos, charges e outros, também transmite informações que devem ser compreendidas de forma integrada com o contexto verbal.

Assinale a alternativa CORRETA sobre a interpretação de textos verbais e não verbais.
Alternativas
Q3178798 Português

Sobre tipologia textual, marque (V) verdadeiro ou (F) falso e assinale a alternativa devida.



( ) As tipologias textuais mais importantes são narração, descrição, dissertação, injunção, predição e dialogal.


( ) Narração: modalidade textual que tem o objetivo de contar um fato, fictício ou não, que aconteceu num determinado tempo e lugar, que envolve personagens.


( ) Na narração predomina o emprego de verbos no tempo pretérito, (passado), mas pode haver também o presente histórico.


( ) Os gêneros textuais mais comuns em que a narração predomina são: conto, fábula, crônica, romance, novela, depoimento, piada, relato.

Alternativas
Q3177551 Português

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Fechando os olhos para escrever


A vida é espantosamente linda. Só parece curta porque percebemos as dádivas exclusivamente no período em que estamos apaixonados por alguém.


Como a paixão acontece pouco, até cinco vezes numa trajetória, terminamos por desprezar e desmerecer grande parte da beleza dos acasos. Não desfrutamos da tela LED do coração. Das cores. Da exuberância das sutilezas. Da vibração das coincidências. Não aproveitamos o manancial interior, aquela sensação de leveza, de emparelhamento com o destino.


Transferimos a responsabilidade a um outro pelo nosso enamoramento. Dependemos de um romance para experimentar esse superpoder, que fica adormecido longamente em nossa história. Não nos achamos bonitos com frequência, não nos achamos atraentes com constância. 


O fato é que somos pouco apaixonados por nós mesmos. Se o despertar fosse por nós, pela nossa própria personalidade, compensaríamos o tempo perdido e inativo da entressafra dos relacionamentos amorosos. Resgataríamos o nosso dom, que somente é explorado a partir de terceiros.


O pessimismo se infiltra na rotina, e não nos permitimos as descobertas. Permanecemos no mesmo lugar conhecido, ainda que não seja nosso lugar predileto, justamente porque nos falta paixão.


Quem tem paixão tem também coragem, tem iniciativa, tem curiosidade. Os dias nunca serão iguais. Existe a disponibilidade para se aventurar. Se você está apaixonado por quem quer que seja, larga o pijama e a série para ir a uma festa desconhecida.


Não se trata de atentar mais para o entorno, para os lados, mas de dar mais chance para o nosso interior. Por que, nos momentos mais profundos da nossa existência, fechamos os olhos?


Quando beijamos quem amamos, fechamos os olhos.

Quando rezamos, fechamos os olhos. Quando cantamos uma música significativa, fechamos os olhos. Ou seja, nos instantes de maior emoção, ao invés de abrir os olhos e enxergar o que está ocorrendo, preferimos não ver nada. Para unicamente sentir. Sentir a pulsação desordenada e caótica da vida.


Fechar os olhos é a prova de que você se entregou ao momento. É quando você está inteiramente presente. É quando você confia de verdade. É quando você finalmente se escuta.


No fundo, nascemos para sonhar. Então, fechamos os olhos, para celebrar o autoencontro.


Fabrício Carpinejar - Texto Adaptado


https://www.otempo.com.br/opiniao/fabricio-carpinejar/2024/12/27/fechando-os-olhos-para-escrever

Com base no texto "Fechando os olhos para escrever", de Fabrício Carpinejar, identifique corretamente o tipo de composição predominante no trecho:


"A vida é espantosamente linda.


Só parece curta porque percebemos as dádivas exclusivamente no período em que estamos apaixonados por alguém." 

Alternativas
Respostas
1: A
2: A
3: A
4: A
5: C
6: C
7: C
8: C
9: A
10: D
11: C
12: D
13: C
14: E
15: A
16: C
17: E
18: B
19: A
20: C