Questões de Concurso Comentadas sobre uso da vírgula em português

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Q2227274 Português

TEXTO


Bioeconomia e reindustrialização no Brasil


Maurício Antônio Lopes


         A baixa performance da indústria no Brasil é um problema que vem se arrastando há anos, e os números comprovam isso. Enquanto o país registrou um crescimento de 2,9% em 2022, a indústria de transformação teve uma queda de 0,3%, repetindo o mesmo resultado negativo pela sexta vez em uma década. É preciso reverter essa situação urgentemente, pois, sem uma indústria forte e competitiva, dificilmente conseguiremos estimular a produtividade e o desenvolvimento sustentável de longo prazo no país.

        A reindustrialização do Brasil, tema tão discutido atualmente, é uma empreitada complexa, de acordo com análise recente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Não basta apenas investir em modernização e avanço tecnológico da indústria. É preciso também eduzir custos sistêmicos, melhorar o ambiente de negócios, buscar uma integração mais efetiva com o mercado global e adotar estratégias industriais sustentáveis e atualizadas, algo que é uma realidade em outros países.

       A reinvenção da indústria nacional não pode, portanto, ser um objetivo isolado, mas parte de uma rede complexa de ações, que precisam ser cuidadosamente planejadas e executadas. Se o Brasil realmente deseja se tornar uma potência industrial, é necessário um esforço conjunto, envolvendo governo, empresas e sociedade civil, para atingir esses objetivos e colocar o país na rota da competitividade e do desenvolvimento sustentável.

       As principais economias globais estão enxergando a necessidade de repensar a abordagem industrial tradicional, para não apenas alcançar o crescimento econômico, mas também garantir um desenvolvimento sustentável e uma qualidade de vida mais equilibrada para as gerações presentes e futuras. É hora de o Brasil seguir esse exemplo e incorporar essas práticas em sua economia, levando em consideração o impacto social e ambiental de sua base industrial.

      Mais de 50 países estão trabalhando para substituir gradualmente matérias-primas de origem fóssil por matérias-primas de origem biológica, com o objetivo de fazer a transição para uma economia mais limpa e renovável, que se convencionou chamar bioeconomia. Diferente de transições anteriores, em que a madeira foi substituída pelo carvão e, depois, pelo petróleo, a bioeconomia é uma resposta a desafios complexos, de natureza ambiental e social, que exigem reinvenção dos conceitos de produtividade, crescimento e competitividade.

       É importante destacar que essa transição vai muito além da questão ambiental, sendo também uma oportunidade para a inovação e a criação de novos modelos de negócios. A bioeconomia pode ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, diminuir a dependência de recursos finitos e gerar novos empregos e oportunidades econômicas. É importante que o Brasil, como um dos países mais biodiversos do mundo, se engaje nessa transição e aproveite todo o potencial da bioeconomia para enfrentar os desafios do século 21, promovendo um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo para todos.

       Já é consenso que a dependência extrema de recursos fósseis é uma ameaça para o meio ambiente e a saúde pública. Fontes como o vento, o sol e a biomassa estão disponíveis em praticamente todo o planeta, o que torna possível um modelo industrial oposto ao da economia fóssil, baseado em recursos concentrados e controlados por poucos. No entanto, essa transição não é simples nem automática. A adoção de uma economia de base biológica, limpa e renovável requer investimentos em infraestrutura, tecnologia e conhecimento, além de mudanças culturais e políticas.

       O potencial brasileiro é, no entanto, inequívoco e expressivo. Um estudo recente desenvolvido pela Associação Brasileira de Bioinovação (Abbi), em parceria com a Embrapa Agroenergia, Senai, Cetiqt, CNPEM/MCTI e Laboratório Cenergia da UFRJ, revelou que a bioeconomia pode gerar um aumento de quase US$ 290 bilhões ao PIB brasileiro, além de reduzir as emissões de carbono em cerca de 550 milhões de toneladas nos próximos 27 anos. O potencial econômico e ambiental da bioeconomia no Brasil é tão grande que o estudo está sendo aprofundado, com a inclusão de tecnologias emergentes, o que poderá indicar benefícios ainda maiores nos horizontes de 2030 e 2050.

     Outra boa notícia é que o governo brasileiro está criando secretarias e instâncias em vários ministérios, com o objetivo de transversalizar e fortalecer o desenvolvimento da bioeconomia no país. Destaca-se a criação da Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria, no Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), com a missão de viabilizar uma reindustrialização de baixo carbono, ajudando a projetar o Brasil como líder na produção e exportação de materiais e insumos biológicos estratégicos para a economia do futuro.

     Finalmente, é preciso que líderes e formuladores de políticas não se contentem com a visão equivocada de que a transição para uma economia mais sustentável ocorrerá naturalmente no tempo. As crises econômicas, ambientais e sociais que enfrentamos atualmente são um sinal claro de que precisamos agir com mais urgência e esforços em inteligência estratégica, planejamento e gestão. Essa transição não pode mais ser deixada ao acaso. Precisamos agir agora para que o país possa modernizar seu setor industrial, ganhando capacidade de competir e prosperar em um mundo cada vez mais exigente em responsabilidade socioambiental.


Texto disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br> Acesso em jun. de 2023

Para responder à questão, analise o período abaixo.

       É preciso reverter essa situação urgentemente, pois, sem uma indústria forte e competitiva, dificilmente conseguiremos estimular a produtividade e o desenvolvimento sustentável de longo prazo no país. 


Em relação às vírgulas presentes no período, é correto afirmar: 

Alternativas
Q2226454 Português
Texto CB1A1-II

    Em 1898, Nikola Tesla impressionou quem assistiu à sua apresentação na Feira Electrical Exhibition, que aconteceu no (então recém-inaugurado) Madison Square Garden, em Nova York.
      Em uma piscina, o cientista colocou um barco em miniatura — que, de repente, começou a se mover sozinho. A plateia, boquiaberta, logo o indagou sobre o feito. Tesla disse que havia equipado o barco com um “sistema inteligente”, capaz de responder, inclusive, a comandos de direção.
         As pessoas, então, gritaram para que a miniatura navegasse para frente, para o lado, para trás… E o barquinho obedeceu, como se estivesse “ouvindo” as ordens. Mentira. Tesla estava comandando tudo à distância. Cortesia de sua invenção: o primeiro sistema de controle remoto via ondas de rádio.
       Hoje, claro, ninguém cairia no truque do barquinho. Mas, naquela época, quase ninguém conhecia as propriedades da radiotransmissão — a primeira transmissão transatlântica, feita pelo italiano Guglielmo Marconi, havia acontecido apenas um ano antes, em 1897. Tesla, assim como Marconi, foi um dos precursores desse campo de estudo, que revolucionou o modo como nos comunicamos.

Rafael Battaglia. Internet:<https://super.abril.com.br/cultura>  (com adaptações).

Julgue o item que se segue, em relação a estruturas linguísticas do texto CB1A1-II.


A correção gramatical e a coerência do texto seriam preservadas caso o travessão empregado logo depois do vocábulo “miniatura” (primeiro período do segundo parágrafo) fosse substituído por uma vírgula.


Alternativas
Q2226443 Português
Texto CB1A1-I

      Os pais pediram que o menino fosse dormir cedo para que pudesse acordar à hora da passagem do ano. A julgar pela insistência da recomendação, o ano não passaria se ele não se deitasse. O que seria, francamente, um problemão — e para o mundo todo. Se o ano não virasse, tudo o que estava para acontecer a partir da meia-noite bruscamente ficaria retido nas malas, nos pacotes, na escuridão. Por respeito à humanidade, o garoto acatou. Quer dizer, mais ou menos — ficaria na cama de olhos fechados, igual quando brincava de morto, mas dormir mesmo não dormiria. Só estando acordado seria possível devassar de vez o mistério da passagem do ano.
      Os adultos mentem muito, sabia. Até mesmo sua mãe, que lhe pede não mentir nunca, inventava histórias quando ele perguntava “como era a cara do ano velho e do ano novo”. Sempre lhe respondiam, com sorrisos enigmáticos que não esclarecem nada, que tudo dependia da sua maneira de olhar. Mas olhar o quê? O ano velho indo embora tal qual um balão, “subindo, perdendo gás, perdendo gás, até acabar muito chocho”? Ou a chegada do novo, que descia de paraquedas na praça General Osório, trazendo uma mochila munida de “talco, escova de dentes e pombas”, para soltar em sinal de paz e alegria? Pouca coisa fazia sentido naquela cabeça de menino.
      Confinado em seu quarto, correu para a janela depois do beijo materno de boa noite e ali ficou, vigia do réveillon. Era preciso guardar o céu, pois com certeza “o ano passa no ar”. Mas o que faria, então, tanta gente na rua, tanto carro buzinando, sem ninguém olhando para cima? Já estavam, decerto, acostumados. “É ruim, ficar acostumado: não se vê mais nada, as coisas vão se apagando”, concluiu a criança da crônica de Drummond. Ninguém ia perceber a passagem do ano.
        Desiludido, o menino pegou no sono e acordou no chão, apavorado com o estrondo da virada. Foi correndo para a sala, onde os adultos, falando um pouco arrastado, tinham perdido o jeito comum, o jeito diurno. “Ele passou?”, quis saber. Carinhosa, a mãe levou-o de volta para o quarto, encostou o rosto em seu rosto e rogou-lhe que dormisse outra vez. O ano passara sem que ele o visse. Bem que sua mãe tinha alertado: só dependia da maneira de olhar... e ele não acertara com a maneira.

Guilherme Tauil. Para o ano que chega. Internet: < https://cronicabrasileira.org.br> (com adaptações).  

Considerando os aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o próximo item.


A correção gramatical e a coerência do texto seriam preservadas caso se suprimisse a vírgula empregada logo após o vocábulo “mãe” (segundo período do segundo parágrafo).

Alternativas
Q2225770 Português
Leia o texto para responder à questão.

        Alimentos que os humanos não conseguem digerir em sua forma natural − como trigo, arroz e batata – tornaram-se itens essenciais da nossa dieta graças ao cozimento. O fogo não só mudava a química dos alimentos; mudava também sua biologia. Cozinhar matava germes e parasitas que infestavam os alimentos. Também passou a ser muito mais fácil para os humanos mastigar e digerir seus alimentos favoritos, como frutas, nozes, insetos e carniça, se cozidos. Enquanto os chimpanzés passam cinco horas por dia mastigando alimentos crus, uma hora é suficiente para as pessoas comerem alimentos cozidos.

        O advento do hábito de cozinhar possibilitou aos humanos comer mais tipos de comida, dedicar menos tempo à alimentação e se virar com dentes menores e intestino mais curto. Alguns estudiosos acreditam que existe uma relação direta entre o advento do hábito de cozinhar, o encurtamento do trato intestinal e o crescimento do cérebro humano. Considerando que tanto um intestino longo quanto um cérebro grande consomem muita energia, é difícil ter os dois ao mesmo tempo. Ao encurtar o intestino e reduzir seu consumo de energia, o hábito de cozinhar inadvertidamente abriu caminho para o cérebro enorme dos neandertais e dos sapiens.

        O fogo também abriu a primeira brecha significativa entre o homem e os outros animais. O poder de quase todos os animais depende de seu corpo: a força de seus músculos, o tamanho de seus dentes, a envergadura de suas asas. Embora possam fazer uso de ventos e correntes, são incapazes de controlar essas forças da natureza e estão sempre limitados por sua estrutura física.

        Ao domesticar o fogo, os humanos ganharam controle de uma força obediente e potencialmente ilimitada. E o que é mais importante, o poder do fogo não era limitado pela forma, estrutura ou força do corpo humano. Uma única mulher com uma pedra ou vareta podia produzir fogo para queimar uma floresta inteira em uma questão de horas. A domesticação do fogo foi um sinal do que estava por vir.
(Yuval Noah Harari. Uma breve história da humanidade. Fragmento adaptado)
No trecho do 3º parágrafo − O poder de quase todos os animais depende de seu corpo: a força de seus músculos, o tamanho de seus dentes, a envergadura de suas asas. − os dois pontos e as vírgulas foram empregados, respectivamente, para 
Alternativas
Q2224950 Português
Como já dito por Rem Koolhaas, no ano de 2016: “O atual desafio da arquitetura é entender o mundo rural”, uma área normalmente ignorada pelos arquitetos que há décadas concentram grande parte de sua energia nas cidades, sendo que estas representam apenas 2% da superfície do planeta.

Koolhaas faz um chamado para mudar essa perspectiva e entender que o futuro consiste em intervir em “espaços nus, semiabandonados, pouco povoados, às vezes mal conectados”, uma vez que é onde se está observando acelerados processos de mudanças dos quais, como arquitetos, devemos assumir o controle.
Nesse texto há uma série de sinais gráficos e de pontuação. Em relação ao emprego desses sinais, assinale a afirmativa correta. 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: FGV Órgão: TJ-BA Prova: FGV - 2023 - TJ-BA - Conciliador |
Q2224647 Português
Texto 1 – O caminho da alimentação saudável

Nova rotulagem da Anvisa é bem-vinda, mas aquém de seu potencial
Carlos Augusto Monteiro
Laís Amaral Mais

Desde outubro de 2022, o consumidor brasileiro vem se deparando com mudanças nas embalagens de alimentos nos mercados. Trata-se do novo modelo de rotulagem nutricional determinado pela Anvisa.

O uso do padrão é válido para produtos alimentícios lançados a partir de 9 de outubro; para aqueles já existentes, o prazo para adequação pode ser de um a três anos a partir da mesma data, dependendo da natureza do produto.

O modelo traz novidades importantes. A principal é a inclusão de um ícone de lupa, indicando alto teor de gordura saturada, açúcar adicionado e sódio — cuja ingestão excessiva aumenta o risco de doenças crônicas. Além disso, padroniza o design da tabela nutricional e mostra valores nutricionais do alimento com base em porções de 100 g ou 100 ml, facilitando comparações entre produtos semelhantes de marcas distintas.

A adoção é um avanço. O rótulo de um alimento traz informações que orientam o consumidor sobre os componentes do produto, interferindo na decisão de compra. A escolha da nova rotulagem, no entanto, poderia — e deveria — ter ido além.

Na teoria, a função do ícone da lupa é informar o consumidor sobre a composição dos alimentos. Na prática, a iniciativa deveria apoiar escolhas alimentares mais saudáveis. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, um caminho simples para manter uma alimentação saudável é evitar o consumo de ultraprocessados. São opções que contêm pouco ou nenhum alimento inteiro, sendo feitas majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (como amido do milho ou proteína da soja). Por isso, é comum que sejam adicionados corantes, aromatizantes e outros aditivos que os deixam atraentes.

Eles também costumam ter excesso de açúcar, gordura saturada e sódio. Dessa forma, uma grande parte dos alimentos aptos a levar o selo da lupa é composta de ultraprocessados. Ainda assim, muitos alimentos nocivos à saúde podem passar incólumes, já que o perfil nutricional — ou seja, os limites para cada nutriente crítico — escolhido pela Anvisa é demasiado permissivo.

Para receber um rótulo de "alto em sódio" no Brasil, por exemplo, um alimento precisa ter ao menos 600 mg do nutriente a cada 100 g de produto. Em comparação, o perfil nutricional da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) atrela a quantidade de sódio ao total calórico do produto. Na prática, a diferença é notável: no caso de um caldo de galinha em cubos, o modelo da Anvisa tolera o dobro de sódio aceito pela Opas.

Brechas como essa, aliadas à publicidade já costumeira desses produtos, podem seguir provocando confusão ao consumidor. Mais que mostrar excessos em nutrientes, é necessário ajudar a população a identificar os ultraprocessados. Isso poderia ocorrer facilmente com o destaque da presença de certos tipos de aditivos alimentares. Afinal, nenhum alimento feito com comida de verdade precisa de "aroma idêntico ao natural de morango". 

Para além das mudanças na rotulagem, o Brasil pode seguir o exemplo do Chile, que, junto às regras, implementou políticas públicas de alimentação saudável. A iniciativa inclui campanhas educativas e a regulação da publicidade e da venda de produtos não saudáveis a crianças. São ações que beneficiariam largamente a alimentação e a saúde no Brasil.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/01/o -caminho-da-alimentacao-saudavel.shtml Acesso em: 13/05/2023
Os textos das alternativas a seguir são reescrituras de passagens do texto 1. O único caso em que a modificação realizada resultou em erro relativo ao emprego de um ou mais sinais de pontuação é:
Alternativas
Ano: 2023 Banca: FGV Órgão: TJ-BA Prova: FGV - 2023 - TJ-BA - Juiz Leigo |
Q2224502 Português
Texto 1 – Estudo revela novo alvo para busca de terapias contra doença de Parkinson [fragmento]

Experimentos com camundongos feitos na USP mostraram que a micróglia, um tipo de célula imunológica presente no sistema nervoso central, ajuda a limitar a perda de neurônios

Agência Fapesp

Estudo conduzido no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) revelou um possível mecanismo protetor contra a doença de Parkinson.

Em camundongos, foi observado que a micróglia, um tipo de célula imunológica do sistema nervoso que compõe a chamada glia – conjunto diversificado de células que dá suporte ao funcionamento dos neurônios – pode limitar a perda de capacidade motora e a morte neuronal.

Todos os testes foram conduzidos em animais que receberam 6-hidroxidopamina, uma toxina indutora de sintomas semelhantes aos da doença de Parkinson, aplicada diretamente no cérebro. Antes, metade dos animais teve as micróglias praticamente eliminadas por uma substância, chamada PLX5622. O grupo que manteve essas células registrou perdas menos significativas de neurônios e de movimento quando comparado aos demais roedores.

"Esses resultados sugerem um possível alvo para o tratamento da doença no futuro, quando descobrirmos mecanismos capazes de ativar a micróglia de maneira benéfica", disse a doutoranda Carolina Parga à assessoria de imprensa do ICB-USP. Ela é primeira autora de um artigo publicado no Journal of Neuroimmunology.

[...]

A descoberta contradiz o que os próprios pesquisadores do ICB e outros estudiosos da área haviam visto anteriormente sobre essas células. Até então acreditava-se o contrário, pois, quando elas eram bloqueadas por fármacos, os sintomas do Parkinson eram mitigados.

"A hipótese mais provável para explicar essa diferença nos resultados é a atuação dos dois fenótipos da micróglia, algo já identificado anteriormente na literatura científica. Uma característica, a positiva, que protege contra a perda neuronal, talvez se manifeste no início da doença, e a outra característica, a negativa, que impulsiona essa perda neuronal, vai predominando à medida que a doença vai evoluindo; o mesmo pode ocorrer em outras doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e algumas formas de epilepsia", detalha Luiz Roberto Giorgetti de Britto, coordenador do estudo pelo Laboratório de Neurobiologia Celular do ICB. [...]

"Isso reforça a importância de desenvolvermos formas de diagnósticos mais assertivas para as doenças neurodegenerativas, para assim chegarmos a soluções terapêuticas. Pois trata-se de doenças que podem estar ativas durante décadas antes do diagnóstico, que em geral se dá só após a manifestação de sintomas, mas sendo mitigadas pela micróglia e outros mecanismos", complementa.

MUDANÇAS GENÉTICAS

No estudo também foram identificados dois genes que podem estar relacionados à doença de Parkinson. Esses genes apresentavam menor expressão apenas nos grupos em que as micróglias foram eliminadas. "São dois genes relacionados à transmissão por dopamina [substância que influencia nossas emoções, aprendizado e locomoção, além de outras funções] entre alguns grupos de neurônios do sistema nervoso, o que sugere que a micróglia pode ser responsável pela modulação da expressão de genes que atuam nesses processos. Isso ajuda a explicar como a sua ausência resulta na perda de neurônios, o que causa a diminuição de dopamina, o fator responsável pelas alterações motoras", aponta Parga.

Esse conhecimento é promissor principalmente para a pequena parcela de casos de Parkinson e Alzheimer que tem causas genéticas, um total de 5% a 7% dos diagnósticos. "Conhecendo melhor o comportamento desses genes talvez possamos, no futuro, antecipar o diagnóstico da doença, além de propor terapias que consistem na manipulação deles", afirma Britto.

O Laboratório de Neurobiologia Celular agora se aprofunda nos resultados obtidos e nas hipóteses levantadas e também estuda as possíveis implicações da micróglia em modelos animais da doença de Alzheimer.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2023/06/ estudo-revela-novo-alvo-para-a-busca-de-terapias-contra-adoenca-de-parkinson.shtml
Em cada uma das alternativas abaixo, uma passagem do texto 1 foi reescrita com o acréscimo de uma ou mais vírgulas. O único caso em que esse acréscimo produziu incoerência textual é:
Alternativas
Ano: 2023 Banca: FGV Órgão: TJ-BA Prova: FGV - 2023 - TJ-BA - Juiz Leigo |
Q2224501 Português
Texto 1 – Estudo revela novo alvo para busca de terapias contra doença de Parkinson [fragmento]

Experimentos com camundongos feitos na USP mostraram que a micróglia, um tipo de célula imunológica presente no sistema nervoso central, ajuda a limitar a perda de neurônios

Agência Fapesp

Estudo conduzido no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) revelou um possível mecanismo protetor contra a doença de Parkinson.

Em camundongos, foi observado que a micróglia, um tipo de célula imunológica do sistema nervoso que compõe a chamada glia – conjunto diversificado de células que dá suporte ao funcionamento dos neurônios – pode limitar a perda de capacidade motora e a morte neuronal.

Todos os testes foram conduzidos em animais que receberam 6-hidroxidopamina, uma toxina indutora de sintomas semelhantes aos da doença de Parkinson, aplicada diretamente no cérebro. Antes, metade dos animais teve as micróglias praticamente eliminadas por uma substância, chamada PLX5622. O grupo que manteve essas células registrou perdas menos significativas de neurônios e de movimento quando comparado aos demais roedores.

"Esses resultados sugerem um possível alvo para o tratamento da doença no futuro, quando descobrirmos mecanismos capazes de ativar a micróglia de maneira benéfica", disse a doutoranda Carolina Parga à assessoria de imprensa do ICB-USP. Ela é primeira autora de um artigo publicado no Journal of Neuroimmunology.

[...]

A descoberta contradiz o que os próprios pesquisadores do ICB e outros estudiosos da área haviam visto anteriormente sobre essas células. Até então acreditava-se o contrário, pois, quando elas eram bloqueadas por fármacos, os sintomas do Parkinson eram mitigados.

"A hipótese mais provável para explicar essa diferença nos resultados é a atuação dos dois fenótipos da micróglia, algo já identificado anteriormente na literatura científica. Uma característica, a positiva, que protege contra a perda neuronal, talvez se manifeste no início da doença, e a outra característica, a negativa, que impulsiona essa perda neuronal, vai predominando à medida que a doença vai evoluindo; o mesmo pode ocorrer em outras doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e algumas formas de epilepsia", detalha Luiz Roberto Giorgetti de Britto, coordenador do estudo pelo Laboratório de Neurobiologia Celular do ICB. [...]

"Isso reforça a importância de desenvolvermos formas de diagnósticos mais assertivas para as doenças neurodegenerativas, para assim chegarmos a soluções terapêuticas. Pois trata-se de doenças que podem estar ativas durante décadas antes do diagnóstico, que em geral se dá só após a manifestação de sintomas, mas sendo mitigadas pela micróglia e outros mecanismos", complementa.

MUDANÇAS GENÉTICAS

No estudo também foram identificados dois genes que podem estar relacionados à doença de Parkinson. Esses genes apresentavam menor expressão apenas nos grupos em que as micróglias foram eliminadas. "São dois genes relacionados à transmissão por dopamina [substância que influencia nossas emoções, aprendizado e locomoção, além de outras funções] entre alguns grupos de neurônios do sistema nervoso, o que sugere que a micróglia pode ser responsável pela modulação da expressão de genes que atuam nesses processos. Isso ajuda a explicar como a sua ausência resulta na perda de neurônios, o que causa a diminuição de dopamina, o fator responsável pelas alterações motoras", aponta Parga.

Esse conhecimento é promissor principalmente para a pequena parcela de casos de Parkinson e Alzheimer que tem causas genéticas, um total de 5% a 7% dos diagnósticos. "Conhecendo melhor o comportamento desses genes talvez possamos, no futuro, antecipar o diagnóstico da doença, além de propor terapias que consistem na manipulação deles", afirma Britto.

O Laboratório de Neurobiologia Celular agora se aprofunda nos resultados obtidos e nas hipóteses levantadas e também estuda as possíveis implicações da micróglia em modelos animais da doença de Alzheimer.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2023/06/ estudo-revela-novo-alvo-para-a-busca-de-terapias-contra-adoenca-de-parkinson.shtml
“Em camundongos, foi observado que a micróglia, um tipo de célula imunológica do sistema nervoso que compõe a chamada glia – conjunto diversificado de células que dá suporte ao funcionamento dos neurônios – pode limitar a perda de capacidade motora e a morte neuronal.” (Texto 1, 2º parágrafo)
Na passagem acima, os travessões são usados para isolar um aposto explicativo. Uma passagem em que uma ou mais vírgulas são usadas para o mesmo fim é:
Alternativas
Q2224424 Português
Em todas as frases a seguir há um termo sublinhado. Se deslocarmos esse termo para o lugar na frase marcado por um asterisco (*), não vamos precisar empregar vírgulas em
Alternativas
Q2223616 Português
Leia o fragmento a seguir.
“O sítio de Dona Benta foi se tornando famoso tanto no mundo de verdade como no chamado Mundo de Mentira. O Mundo de Mentira, ou Mundo da Fábula, é como a gente grande costuma chamar a terra e as coisas do País das Maravilhas, lá onde moram os anões e os gigantes, as fadas e os sacis, os piratas como o Capitão Gancho e os anjinhos como Flor das Alturas. Mas o Mundo da Fábula não é realmente nenhum mundo de mentira, pois o que existe na imaginação de milhões e milhões de crianças é tão real como as páginas deste livro. O que se dá é que as crianças logo que se transformam em gente grande fingem não mais acreditar no que acreditavam.”
LOBATO, Monteiro. O pica-pau amarelo. São Paulo: Brasiliense, 1996.
No trecho, em destaque, as vírgulas foram empregadas para
Alternativas
Q2218996 Português

Texto para o item.




Internet: <www.prodi.ifes.edu.br> (com adaptações).

Com relação às possibilidades de pontuação no texto, julgue o item.


O emprego da vírgula após “tradicional” (linha 21) é facultativo.


Alternativas
Q2218995 Português

Texto para o item.




Internet: <www.prodi.ifes.edu.br> (com adaptações).

Com relação às possibilidades de pontuação no texto, julgue o item.


A substituição dos travessões utilizados no primeiro parágrafo por parênteses, empregando-se uma vírgula após o segundo parêntese, prejudicaria a correção gramatical do texto. 

Alternativas
Q2218566 Português
0_07.png (380×264)

Luiz Guilherme Schymura. Folha de S.Paulo, 1.º/12/2006 (com adaptações)
Assinale a opção incorreta acerca do texto acima.
Alternativas
Q2217998 Português
Sem mostrar sinais de decomposição, corpo
de freira atrai visitantes nos EUA

        Centenas de pessoas viajaram para o Mosteiro dos Beneditinos de Maria, Rainha dos Apóstolos, na zona rural de Missouri, nos Estados Unidos, para ver o corpo de uma freira que não mostra sinais de decomposição após aproximadamente quatro anos de sua morte, de acordo com a Agência de Notícias Católica.
        O corpo da irmã Wilhelmina Lancaster, que morreu aos 95 anos em 2019, foi exumado “cerca de quatro anos depois” para que possa ser transferido para seu local de descanso final dentro de uma capela do mosteiro. Quando o caixão foi desenterrado, o corpo de Lancaster estava aparentemente “incorrupto”, o que na tradição católica se refere à preservação do corpo da decomposição normal.
        Os restos mortais estavam intactos, embora o corpo não tivesse sido embalsamado e estivesse em um caixão de madeira, segundo a agência de notícias. A descoberta chamou a atenção de alguns membros da igreja e levou a uma investigação. A Diocese de Kansas City-St. Joseph emitiu uma declaração sobre a descoberta. “A condição dos restos mortais da irmã Wilhelmina Lancaster gerou, compreensivelmente, grande interesse e levantou questões importantes”, disse a diocese. Ao mesmo tempo, é importante proteger a integridade dos restos mortais da irmã Wilhelmina para permitir uma investigação completa. O bispo [James] Johnston convida todos os fiéis a continuarem orando durante este período de investigação da vontade de Deus”.
        A declaração da diocese observa que “incorruptibilidade” é muito rara e um “processo bem estabelecido para perseguir a causa da santidade”, mas o processo não foi iniciado no caso de Lancaster. A Agência Católica de Notícias relata que mais de 100 corpos incorruptíveis foram canonizados. No catolicismo, os santos incorruptíveis dão testemunho da verdade da ressurreição e da vida futura.
        Especialistas dizem que não é necessariamente incomum que os corpos permaneçam bem preservados, especialmente nos primeiros anos após a morte. O professor da Universidade Western Carolina e diretor de antropologia forense, Nicholas V. Passalacqua, disse à CNN que é “difícil dizer o quão comum isso é, porque os corpos raramente são exumados após o enterro”. “Mas há muitos casos famosos de restos humanos bem preservados. Não apenas as múmias egípcias que foram intencionalmente preservadas, mas também coisas como Bog Bodies [cadáveres naturalmente mumificados] da Europa, que foram muito bem preservadas por milhares de anos porque estavam em ambientes com pouco oxigênio que restringiam o crescimento bacteriano e o acesso dos restos mortais aos necrófagos”, continuou.
        Passalacqua também observou que “em geral, quando enterramos um corpo em nossa instalação de decomposição humana, esperamos que demore cerca de 5 anos para que o corpo se torne esqueletizado. Ou seja, sem um caixão ou qualquer outro recipiente ou embrulho envolvendo os restos mortais. Portanto, para este corpo, que foi enterrado em um caixão, pessoalmente não acho muito surpreendente que os restos mortais estejam relativamente bem preservados depois de apenas quatro anos”.
        O corpo ficará na capela das irmãs até 29 de maio, de acordo com a Agência Católica de Notícias, quando as irmãs planejam uma procissão do rosário. Após a procissão, o corpo de Irmã Guilhermina será envolto em vidro próximo ao altar de São José na capela para receber os devotos.
A CNN entrou em contato com os Beneditinos do Mosteiro da Rainha dos Apóstolos para obter mais informações.

Fonte:
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/semmostrar-sinais-de-decomposicao-corpo-de-freiraatrai-visitantes-nos-euaentenda/?utm_source=social&utm_medium=twitte r-feed
Assinale a alternativa que apresente a justificativa para o uso da vírgula no período: Ou seja, sem um caixão ou qualquer outro recipiente ou embrulho envolvendo os restos mortais.
Alternativas
Q2217907 Português



ALECRIM, E. Disponível em: https://tecnoblog.net/especiais/ pix-fim-dinheiro-especie-brasil/. Publicado em novembro de 2020. Acesso em: 2 dez. 2022. Adaptado.
O emprego da vírgula está plenamente observado, de acordo com as exigências da norma-padrão da língua portuguesa, em: 
Alternativas
Q2217753 Português
Texto 1

[…] o município de Cunha Porã, situado na Microrregião do Oeste de Santa Catarina, possui um Polo Industrial com capacidade de instalação de 10 unidades, sendo que, até 2013, existiam 9 unidades fabris instaladas e em atividade (IBGE, 2013). Esse Polo é um dos principais responsáveis pelo alavancamento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que, até 2013, era de 0,742 e com PIB em torno R$ 240 milhões de reais. Além do IDH, o município de Cunha Porã busca melhorar os Indicadores de Desenvolvimento Municipal Sustentável (IDMS). O IDMS é uma ferramenta por meio da qual se busca quantificar o grau de desenvolvimento econômico municipal, considerando indicadores socioculturais, econômicos, ambientais e de política institucional, que medem o quão sustentável e flexível é o crescimento do município que o aplica. O IDMS de Cunha Porã é de 0,630, sendo um índice regular […].

CHRIST, L. G.; SALAZR, R. F. dos S. Disciplinarum Scientia. Série: Naturais e Tecnológicas, Santa Maria, v. 14, n. 2, p. 181-193, 2013.
Disponível em: < https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/disciplinarumNT/article/view/1328/1260>. Acesso em: 16 de mai. 2023. Fragmento adaptado.
Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.
Alternativas
Q2217751 Português
Texto 1

[…] o município de Cunha Porã, situado na Microrregião do Oeste de Santa Catarina, possui um Polo Industrial com capacidade de instalação de 10 unidades, sendo que, até 2013, existiam 9 unidades fabris instaladas e em atividade (IBGE, 2013). Esse Polo é um dos principais responsáveis pelo alavancamento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que, até 2013, era de 0,742 e com PIB em torno R$ 240 milhões de reais. Além do IDH, o município de Cunha Porã busca melhorar os Indicadores de Desenvolvimento Municipal Sustentável (IDMS). O IDMS é uma ferramenta por meio da qual se busca quantificar o grau de desenvolvimento econômico municipal, considerando indicadores socioculturais, econômicos, ambientais e de política institucional, que medem o quão sustentável e flexível é o crescimento do município que o aplica. O IDMS de Cunha Porã é de 0,630, sendo um índice regular […].

CHRIST, L. G.; SALAZR, R. F. dos S. Disciplinarum Scientia. Série: Naturais e Tecnológicas, Santa Maria, v. 14, n. 2, p. 181-193, 2013.
Disponível em: < https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/disciplinarumNT/article/view/1328/1260>. Acesso em: 16 de mai. 2023. Fragmento adaptado.
Analise a frase a seguir.
“O IDMS é uma ferramenta por meio da qual se busca quantificar o grau de desenvolvimento econômico municipal, considerando indicadores socioculturais, econômicos, ambientais e de política institucional, que medem o quão sustentável e flexível é o crescimento do município que o aplica.”
Assinale a alternativa correta sobre a frase.
Alternativas
Q2217628 Português





Disponível em: https://estudio.folha.uol.com.br/unico. Acesso em: 20 out. 2022. Adaptado.

De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o emprego da vírgula está correto em:
Alternativas
Q2217427 Português
TEXTO PARA A QUESTÃO.

A última conferida
Paulo Pestana
Crônica

         “Para o cemitério, só vou se for levado – e na horizontal”, me diz um amigo, pragmático, depois de ter sido constrangido por outro camarada com o pior tipo de pergunta que se pode fazer, aquela que traz, antes da interrogação, uma afirmação. É de perder o rebolado. “Não te vi no cemitério, a que horas você esteve lá?”.
       Ele não se deu o trabalho de usar a frase anterior porque sentiu que seria pior, teria que se estender. Teria que dizer que não é superstição, mas porque não vê sentido nessas cerimônias de despedida; mas era muita explicação, exigiria alguma filosofia e muita paciência e ele preferiu se escorar em mim para mudar o rumo da prosa. Falamos de futebol.
         A tradição manda que a gente vá dar uma conferida final naquele parente, amigo ou camarada que se foi, mas eu também evito. Gosto de lembrar das pessoas vivas e não me sinto à vontade naquele quase convescote em que as pessoas falam de amenidades em torno de um corpo inerte, cercado por flores à espera de ser carregado para a cova.
        Lembro sempre a história de Ulysses Guimarães, o Senhor Diretas, que nunca ia a enterros e acabou não indo nem ao próprio, já que o corpo dele nunca foi encontrado e, há 30 anos, continua mergulhado no Oceano Atlântico.
          Um outro amigo é tão supersticioso que sequer fala a palavra cemitério. Como se fosse adiantar alguma coisa, prefere usar campo santo, necrópole ou, mais frequentemente, até porque é descendente de libaneses, almocábar, que obviamente é uma palavra de origem árabe. Não sei se a semântica resolve alguma coisa, mas para ele ameniza. E ficamos assim.
           Saber que não se vai mais encontrar um amigo ou mesmo um conhecido já é dor suficiente. Não é preciso dividi-la com parentes e outros presentes. Há quem alegue que só uma cerimônia fúnebre é capaz de encerrar uma história de convivência e que seria a última oportunidade de dar um adeus a um querido. Só que o querido não está mais ali, só há um corpo.
           O homem enterra seus semelhantes desde 60 mil anos antes de Cristo, pelo menos. Inicialmente era um modo de esconder os corpos de animais predadores. Mais tarde, egípcios mantinham conservados os corpos da gente importante e os romanos começaram a cremar, mas só gente de bem; os bandidos eram enterrados mesmo.
          Até recentemente – 1964 – a Igreja Católica proibia a cremação de fiéis, mas os vikings faziam cerimônias em que misturavam fogo e água para carbonizar guerreiros e nobres num barco, a caminho de Valhala.  
            Os velórios só foram instituídos na idade média para resolver o problema de enterrar gente viva – como as pessoas bebiam vinho e outros espíritos em taças de estanho, muitas vezes chegavam a um estado de narcolepsia que era confundido com morte. E decidiu-se esperar um pouco mais antes de botar terra em cima.
          Hoje, os velórios são solenidades para os vivos; um outro amigo, mais vivido, tem uma explicação mais direta sobre o fato de evitar cemitérios: “Quem não é visto não é lembrado”.

PESTANA, Paulo. A última conferida. Correio Braziliense, 31 de maio de 2023. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/paulopestana/a-ultimaconferida/. Acesso em: 17 jun. 2023.
No trecho “Lembro sempre a história de Ulysses Guimarães, o Senhor Diretas, que nunca ia a enterros e acabou não indo nem ao próprio [...]” (4º parágrafo), as vírgulas foram empregadas para isolar:
Alternativas
Q2215202 Português
Texto 8A2-I

       Os mediadores de leitura são aquelas pessoas que estendem pontes entre os livros e os leitores, ou seja, que criam as condições para fazer com que seja possível que um livro e um leitor se encontrem. A experiência de encontrar os livros certos nos momentos certos da vida, esses livros que nos fascinam e que nos vão transformando em leitores paulatinamente, não tem uma rota única nem uma metodologia específica; por isso, os mediadores de leitura não são fáceis de definir. No entanto, basta lembrar como descobrimos, nos primeiros anos da vida, esses livros que deixaram rastros em nossa infância e, talvez, aparecerão nítidas algumas figuras que foram nossos mediadores de leitura: esses adultos íntimos que deram vida às páginas de um livro, essas vozes que liam para nós, essas mãos e esses rostos que nos apresentavam os mundos possíveis e as emoções dos livros.
     Os mediadores de leitura, consequentemente, não estão somente na escola, mas no lar, nas bibliotecas e nos espaços não convencionais, como os parques, os hospitais e as ludotecas, entre outros lugares. Durante a primeira infância, quando a criança não lê sozinha, a leitura é um trabalho em parceria e o adulto é quem vai dando sentido a essas páginas que, para o bebê, não seriam nada, sem sua presença e sua voz. Então, os primeiros mediadores de leitura são os pais, as mães, os avós e os educadores da primeira infância e, aos poucos, à medida que as crianças se aproximam da língua escrita, vão se somando outros professores, a exemplo dos bibliotecários, dos livreiros e dos diversos adultos que acompanham a leitura das crianças.
        Não é fácil reduzir o trabalho do mediador de leitura a um manual de funções. Seu ofício essencial é ler de muitas formas possíveis: em primeiro lugar, para si mesmo, porque um mediador de leitura é um leitor sensível e perspicaz, que se deixa tocar pelos livros, que desfruta e que sonha em compartilhá-los com outras pessoas. Em segundo lugar, um mediador cria rituais, momentos e atmosferas propícias para facilitar os encontros entre livros e leitores. Às vezes, pode fazer a hora do conto e ler em voz alta uma ou várias histórias a um grupo, mas, outras vezes, propicia leituras íntimas e solitárias ou encontros em pequenos grupos. Assim, em certas ocasiões, conversa ou recomenda algum livro; em outras, permanece em silêncio ou se oculta para deixar que livro e leitor conversem.
        Por isso, além de livros, um mediador de leitura lê seus leitores: quem são, o que sonham e o que temem, e quais são esses livros que podem criar pontes com suas perguntas, com seus momentos vitais e com essa necessidade de construir sentido que nos impulsiona a ler, desde o começo e ao longo da vida.

Internet:<https://www.ceale.fae.ufmg.br/> (com adaptações). 

Ainda com relação a aspectos linguísticos do texto 8A2-I, julgue o item subsequente. 


A inserção da vírgula logo após “íntimos”, no trecho “esses adultos íntimos que deram vida às páginas de um livro” (último período do primeiro parágrafo), não incorreria em erro gramatical, pois, com ela, a oração “que deram vida às páginas de um livro” se tornaria explicativa. 

Alternativas
Respostas
681: D
682: C
683: E
684: D
685: E
686: D
687: A
688: A
689: E
690: D
691: E
692: C
693: D
694: A
695: D
696: D
697: E
698: D
699: D
700: C