Questões de Português - Uso dos conectivos para Concurso

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Q1945216 Português
Confusões cronológicas

   Rigorosamente, quando o amável leitor e a encantadora leitora lerem no jornal de hoje que algum fato se dará amanhã, estarão lendo uma mentira, não importa a veracidade da notícia. A mentira se encontra na feitura da matéria, porque o redator a escreve, por exemplo, na quinta, para que ela seja publicada na sexta. Portanto, para ele é quinta, mas, como o jornal sai na sexta, escreve “amanhã”, referindo-se ao sábado. Quando eu escrevo “hoje” aqui, claro que não é o hoje do dia em que escrevi, mas o hoje de hoje, domingo. Parece, e é simples, mas, pelo menos no tempo em que não havia escolas de comunicação e a profissão se aprendia no tapa, sob a orientação nem sempre carinhosa de veteranos, muitos focas – ou seja, calouros – caíam nessa. Eu mesmo, vergonha mate-me, caí e acho que o trauma da gozação subsequente nunca foi inteiramente superado. Minha matéria tinha um “realizou-se hoje”, ou equivalente, mas, para os leitores, seria “realizou-se ontem”.
   Outro dia, esteve um técnico aqui em casa, para resolver uns probleminhas de televisão. Muito simpático, fez questão de cumprimentar-me com efusão. Pessoalmente, não era dado à leitura, mas na família dele havia vários fãs meus, tinha realmente grande prazer em me conhecer, era uma honra. E aí, com boa vontade e competência, ajeitou todos os pepinos encontrados. Muito grato, resolvi pegar dois livros meus que estavam por aqui à toa, para dar de presente a ele. Ele ficou comovido, pediu dedicatórias para o pessoal da família. Enquanto eu fazia as dedicatórias, me perguntou, com admiração:
    – O senhor leva mais de um dia para fazer um livro destes, não é, não?
    – Levo, levo – disse eu.
   Portanto, concluo que haverá quem pense que, minutos antes do fechamento da edição, me dirijo a este computador, encaro o teclado como um pianista virtuose iniciando um concerto e, em poucos instantes, dedilho um texto prontinho para ser publicado. Ai de mim, já se disse mais de uma vez que escritor escreve com dificuldade, quem escreve com facilidade é orador. Além disso, o fato de eu ser acadêmico me rende uma fiscalização zelosa e irritadiça. Um dia, em 2012, eu me distraí e escrevi “asterisco” em vez de “apóstrofo” e até hoje padeço por isso. Mas, mesmo que não fosse assim e eu fosse o Flash, a triste situação em que me meteram os fados cruéis não seria resolvida.
   O primeiro clichê do jornal de domingo, como sabem os mais impacientes, começa a chegar às bancas no fim da tarde do sábado. Ou seja, praticamente tudo já estará pronto, quando acabar o jogo de ontem. Vejam que frase esquisita acabo de escrever: quando acabar o jogo de ontem, estranhíssima contradição em termos, pois é óbvio que o jogo de ontem só pode ter acabado, tudo de ontem já acabou. [...]


(RIBEIRO, João Ubaldo. Confusões cronológicas. O Estado de S. Paulo, São Paulo, ano 135, nº 44.084, 29/jun. 2014. Caderno 2, p. C4.)
Identifica-se, correta e respectivamente, as relações lógico-discursivas destacadas em: 
Alternativas
Ano: 2022 Banca: IDIB Órgão: CREA-PE Prova: IDIB - 2022 - CREA-PE - Fiscal Auditor |
Q1944642 Português

Analise o seguinte trecho:


Digamos: feliz porque maio recém começou e temos longos oito meses para fazer de 2010 um ano memorável. (linha 5)


Os conectivos sublinhados indicam um valor textual, respectivamente, de 

Alternativas
Ano: 2022 Banca: Ibest Órgão: CORE-MA Prova: Ibest - 2022 - CORE-MA - Fiscal |
Q1942986 Português

Texto para a questão.


O politicamente correto como ferramenta de controle


Internet: <https://www.mises.org.br> (com adaptações).

Na linha 9, o emprego de “No entanto” tem a função de indicar, quanto à ação desenrolada na oração anterior, uma
Alternativas
Q1942247 Português

“SOBRE ÉTICA E IMPRENSA”

Texto incita jornalistas à saudável autocrítica 

       As acusações de espionagem contra o físico Wen Ho Lee, divulgadas este ano pelo mais respeitado jornal dos EUA, "The New York Times", depois comprovadas como falsas, provocaram recentemente intenso debate público sobre ética e imprensa nesse país e resultaram num editorial de "mea culpa" do diário.

       Outros episódios (os equívocos das redes de TV na boca de urna da eleição presidencial, por exemplo) têm colocado a prática do jornalismo no centro das atenções da sociedade americana.

       Erros comparáveis ou até mais graves no Brasil dificilmente motivam discussões similares entre jornalistas, "interna corporis" ou - muito menos - diante dos consumidores de informação.

      A ausência desse tipo de autoexame pelos jornalistas brasileiros só empobrece seu ofício e fornece munição aos que tentam desacreditá-lo diante da sociedade.

       Essa é uma das razões por que o lançamento de "Sobre Ética e Imprensa", de Eugênio Bucci, é um sinal de alento. O fato de um dirigente de primeiro escalão de uma das mais importantes empresas jornalísticas do país se dispor a gastar parte de seu tempo na reflexão sobre questões éticas da profissão e, mais ainda, a reparti-las com o público (com todos os riscos naturais da empreitada) só merece elogios.

      Ainda mais quando o produto final é um texto bem escrito, embasado em sólida pesquisa, comedido e, muitas vezes, corajoso.

     Para fazer justiça completa ao autor e aceitar os desafios que ele mesmo propõe, uma resenha de seu trabalho deve, no entanto, dar mais destaque às divergências que ele suscite do que aos elogios. Por isso, seguem-se alguns pontos defendidos por Bucci no livro a respeito dos quais discordo, ao menos do modo como os expôs.

    O primeiro é que Bucci parece fazer uma distinção entre as exigências da separação entre opinião e informação feitas a veículos de comunicação diversos. Ele demonstra ter muito mais tolerância com as revistas do que com a TV; condena com grande vigor o comportamento do telejornalismo da Rede Globo na eleição presidencial de 89, mas quase justifica o da revista "Exame" na de 94.

       As justificativas para esse tratamento diferenciado vão desde o que Bucci classifica de "traço de nascença" das revistas, que a seu ver lhes permite editorializar a notícia, até o fato de a TV atingir muito maior número de pessoas, muitas das quais analfabetas e sem outras fontes de informação.

       São argumentos duvidosos, ainda que dignos de consideração. Ninguém está à mercê da televisão. Mesmo os mais pobres e ignorantes dispõem de meios de apreensão da realidade que se confrontam com o mundo apresentado nas telas.

     A Rede Globo, por mais poderosa que fosse, não impediu que Leonel Brizola se elegesse duas vezes governador do Rio. Quanto às revistas, elas podem ser consumidas por menos pessoas, mas elas são líderes de opinião; portanto o seu efeito social pode ser até mais poderoso do que o da TV.

     Em relação a outros assuntos que deveriam receber tratamento igual, Bucci adota graus de flexibilidade bastante variados, sem apresentar muitos argumentos que expliquem seu procedimento diferenciado. Por exemplo, é muito mais compreensivo com os conflitos de convicção e consciência dos jornalistas do que com suas necessidades econômicas.

      É possível depreender de seu raciocínio, por exemplo, que um repórter ou editor só pode ser eticamente condenado se tiver um cargo remunerado num partido político e trabalhar num jornal ou revista; mas, se ele agir na imprensa em favor de uma causa ideológica em que acredita sem ser pago por uma organização que a represente, sua falta é mais leve.

     Bucci afirma que o jornalista "não tem autorização ética para perseguir outros fins que não (o de bem informar o público)". Pode ser assim no mundo ideal. Mas há muitas situações no Brasil em que essa exigência é cruel. Por exemplo, em muitas cidades do Nordeste, em que o salário do jornalista não garante sobrevivência digna, exigir dele que não tenha "duplo emprego" (muitas vezes no governo e num jornal) só é justificável como sonho.

      Aqui e ali, Bucci revela alguma ingenuidade. Como ao achar que o fim da condescendência com a aceitação de viagens e favores para a produção de reportagens de turismo é uma "questão de (pouco) tempo", em aparente demonstração de fé numa espécie de teoria evolucionista da imprensa. Ele mesmo argumenta, com razão, ao longo do livro, que o processo de aperfeiçoamento ético depende de muito esforço e encontra sérias resistências não apenas no interior das empresas jornalísticas, mas também (e talvez mais) na própria corporação profissional.

       Outras mostras de boa-fé excessiva aparecem nas frequentes referências ao sistema de comunicação dos EUA como exemplo de preservação da "diversidade".

        Embora haja legislação (contestada seriamente nesta década e já em estado de caduquice) para impedir a concentração excessiva de meios de comunicação nas mãos de um mesmo proprietário em uma só cidade, a uniformidade do jornalismo americano é dramática. Para o consumidor, importa pouco que suas emissoras de TV pertençam a donos diferentes se os telejornais que tem disponíveis são idênticos em todos os canais.

     Se o livro se referisse mais a exemplos concretos (apesar de fictícios, se fosse necessário não atiçar suscetibilidades), talvez muitas das posições do autor tivessem ficado mais claras.

     A primeira metade do trabalho é especialmente abstrata e, por isso, ainda que útil para provocar o pensamento, pouco prática para o debate do procedimento ético. Com frequência, quando cita exemplos, o autor mostra dois possíveis comportamentos antagônicos e não diz qual deles é o mais recomendável na sua opinião, o que, de novo, ajuda a refletir, mas não a discutir.

        Louve-se, no entanto, a coragem de algumas opiniões, como as que cobram, com absoluta clareza, que as empresas jornalísticas adotem práticas compatíveis com a ética que exigem de seus jornalistas no dia a dia.

       Mais do que isso, como já dito antes, "Sobre Ética e Imprensa" merece aplausos por incitar os jornalistas brasileiros ao saudável exercício da autocrítica, tão desprezada entre eles pela posição de arrogância e de anti-intelectualismo arraigado que ainda é hegemônica na corporação.


SILVA, Carlos Eduardo Lins da. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq3012200017.htm 
Os conectivos destacados nos excertos abaixo recebem a mesma classficação morfológia, pois apresentam uma mesma relação semântica, MENOS o que se encontra na alternativa: 
Alternativas
Q1941741 Português
Texto I

NFTs em luxo e arte digital: até onde podem ir?

O mercado de arte vive um dos seus momentos mais atípicos, mas também um dos mais esperados e evidentes, onde todo o seu potencial especulativo atendeu plenamente às possibilidades do ecossistema digital. Estamos diante de um ponto de virada ou é apenas mais um grito desesperado do capitalismo?

         Um dos principais pilares sobre os quais uma obra de arte ainda repousa e é cobiçada é, além de seu valor e importância dentro de seu contexto e discurso, o significado único que ela possui, ou seja, tudo o que pode fazer uma peça diferente das demais. No entanto, ao longo dos anos, esse elemento foi sendo ampliado, reconfigurado e também desfigurado para especular nos mercados sobre o possível valor, ou ausência de, em uma peça, instalação, arte-objeto e, recentemente, arte digital.

          No ritmo voraz do mercado e das últimas tendências digitais, e mesmo que boa parte da população não conheça bem termos como tokens não fungíveis ou cadeias de blockchain, a tendência NFT se acelerou de forma impensável durante os últimos dois anos, atingindo a arte e os seus mercados.

       Entre os problemas e especulações cada vez mais frequentes sobre pagamentos justos, royalties e detalhes contratuais, o blockchain é projetado como uma ferramenta poderosa e potencial para desenvolver e eliminar intermediários complicados em diferentes indústrias, incluindo luxo, começando pela resolução de conflitos associados a pagamentos e até mesmo para alcançar um maior envolvimento por parte de criadores, produtores e artistas com seus públicos ou consumidores finais. E, embora nem todas as vozes envolvidas sejam a favor dos NFTs, esse instrumento digital demonstrou um poder além de mais uma moda caprichosa dos grandes empórios do mercado.

        Os chamados non-fungible-tokens ou NFTs nada mais são do que tokens criados em um Blockchain específico que possuem conteúdo único e irrepetível (vamos imaginar uma fotografia digital que não pode ser compartilhada, replicada, capturada em tela ou algo do tipo). Essa possibilidade pode ser uma obra de arte, um item ou peça colecionável, poderes em um jogo, a escritura de uma casa real ou praticamente qualquer outra coisa que possamos imaginar.

           Estando hospedados em Blockchains, como as criptomoedas Binance Smart Chain, Bitcoin ou Ethereum, esses tokens não podem ser duplicados ou falsificados, portanto, nossa compra pode ser garantida no que diz respeito ao original.
           E enquanto o experimento era promissor, curioso e fascinante há dois anos, em julho de 2021 alarmou os analistas financeiros, quando durante um leilão na famosa casa de leilões Christie's, remotamente, sem a já icônica cena de uma sala lotada e o golpe final do martelo, um lote de colagens de imagens digitais intitulado Every Day: The First 5,000 Days, arrecadou US$ 69 milhões, pago em equivalente Etherum.

         Foi o mesmo autor da peça, Beeple, que descreveu os NFTs como uma potencial bolha especulativa, pois, assim que trocou seus Ethers por dólares, se surpreendeu com a volatilidade: “Não sou nem remotamente um purista de criptomoedas”, assegurou o artista digital. (...)

      Recentemente, a casa de moda italiana Dolce & Gabbana lançou uma venda NFT muito lucrativa, Collezione Genesi, que arrecadou mais de seis milhões de dólares em um modelo híbrido físico/NFT, composto por nove peças, unindo o aspecto físico da moda e os aspectos metafísicos da NFTs. O que as partes interessadas “realmente” compram? O item físico e o NFT juntos. (...)

         Uma das vozes críticas no âmbito e possíveis cenários em torno da arte e dos NFTs tem sido o músico, produtor e criador de música ambiente britânico, Brian Eno , que vislumbra “um mundo inundado de especuladores e dinheiro fácil, porque os governos mundiais, relutantes em fazer verdadeiras mudanças estruturais que colocam em risco o status quo, decidiram que a solução para qualquer problema é imprimir mais dinheiro. Essa é provavelmente a razão pela qual o mercado de ações dispara quando ocorre uma emergência como a covid, porque os especuladores sabem que uma nova emergência significa mais dinheiro e que muito disso acabará em suas mãos.

        Do primeiro tweet da história, ao meme do gato voador, passando pelas capas icônicas da Time, ou o primeiro álbum do NFT, alguns analistas veem a chegada desse instrumento intangível como o prelúdio da reimaginação do dinheiro, onde os campos semânticos ainda incipientes ao redor o metaverso e as criptomoedas definirão o curso das coisas. (...)

Ricardo Pineda
Disponível em https://elpais.com/america/sociedad/reinterpretar-el-lujo/2022-03-18/nfts-en-el-lujo-y-el-arte-digital-hasta-donde-puedenllegar.html
“...esses tokens não podem ser duplicados ou falsificados, portanto, nossa compra pode ser garantida no que diz respeito ao original”. Assinale a opção que apresenta um período formado por orações que são interligadas por conectivo que desempenha a mesma função do “portanto”. 
Alternativas
Respostas
646: C
647: D
648: A
649: E
650: B