Questões de Português - Uso dos dois-pontos para Concurso

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Q2552436 Português
A mente de Deus é como a internet: ela pode ser acessada por qualquer um, no mundo todo.

(Américo Barbosa – Folha de São Paulo). 
Marque a alternativa que corresponde ao período de pontuação correta. 
Alternativas
Q2535687 Português
A respeito de pontuação, relacione a Coluna I com a Coluna II e marque a alternativa correta.

Coluna I.


A- Ponto final. B- Ponto de interrogação. C- Travessão. D- Dois-pontos. E- Vírgula.


Coluna II.


1- Separa palavras enumeradas. 2- Indica o final de uma frase declarativa. 3- Indica a fala de uma pessoa. 4- São usados para enunciar uma enumeração. 5- Indica o final de uma pergunta. 
Alternativas
Q2535315 Português
A dignidade da pessoa humana

A dignidade é intrínseca: vem do próprio fato de ser humano, vem de dentro. Não é concedida – e nem retirada – por ninguém.


        “Quanto vale o homem / Menos, mais que o peso? / Hoje mais que ontem? / Vale menos velho? / Vale menos morto?”, perguntou Carlos Drummond de Andrade em um de seus poemas. A melhor resposta que podemos dar ao poeta é a de que o homem sempre vale muito. Cada ser humano, independentemente de qualquer atributo ou característica (sexo, idade, raça, religião etc.) ou de qualquer comportamento que tenha adotado ou venha a adotar, tem um valor único, um significado que transcende a sua existência individual e que tem relevância para todos os demais homens. É isso que queremos expressar quando falamos em “dignidade da pessoa humana”
        Dignidade é a especial preeminência de que alguém goza; é seu alto valor, sua nobreza. Quando falamos de dignidade do homem, referimo-nos a algo que é intrínseco: vem do próprio fato de ser humano, vem de dentro. Não é concedida – e nem retirada – por ninguém: nem pelos que nos rodeiam, nem pelo Estado, nem pela cultura, nem pelo consenso social. E não é coletiva, mas individual: não falamos da dignidade “da humanidade” em geral, mas de cada pessoa. Cada ser humano, único e irrepetível, é digno de respeito. É disso que trata a Declaração Universal dos Direitos do Homem quando afirma, em seu artigo 1º, que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos” e, em seu preâmbulo, que “o reconhecimento da dignidade inerente e dos direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da família humana é o fundamento da liberdade, justiça e paz no mundo”.
        Mais adiante, no poema, Drummond lançará outra pergunta: “Que milagre é o homem?”. Em outras palavras, o que nos faz tão especiais? Ao longo da história, diversos filósofos deram diferentes respostas a essa questão, mas, no fundo, chegaram a uma conclusão similar. Para Aristóteles, a razão dessa especial dignidade é a capacidade de compreensão e inteligência do homem. O filósofo grego entende que o ser humano é capaz de entrar em sintonia com a totalidade do universo. Para toda a tradição judaico-cristã, a raiz desse especial valor é o fato de ser imagem e semelhança de Deus – e é sintomático que o cristianismo tenha tido um impacto tão grande nas sociedades pagãs ao afirmar a universalidade da dignidade humana entre pessoas que viam, por exemplo, as mulheres como objeto. Na época das Grandes Navegações, o debate sobre a dignidade dos habitantes das novas terras descobertas resolveu-se afirmativamente graças ao trabalho de pensadores como o espanhol Francisco de Vitória.
        O grande teórico moderno da dignidade humana é Immanuel Kant, que no século 18 tratou do ser humano e da sua dignidade como “a coisa que se acha acima de todo o preço, e por isso não admite qualquer equivalência”. A razão especial dessa dignidade, defendia o filósofo prussiano, é a autonomia da vontade do ser humano, a capacidade de o homem se autodeterminar, definir os rumos de sua própria existência. As liberdades individuais são expressões naturais dessa capacidade.
        É difícil apontar para a fonte exata dessa singularidade que se percebe no homem. Há nele uma interioridade, um poder de, por meio da inteligência, da vontade, da capacidade de elaborar os sentimentos, travar contato com diversas realidades e torná-las parte de si mesmo, que o torna muito especial. Mais ainda: ele é capaz de chegar àquilo que está destinado a ser, a desenvolver os seus potenciais, a corrigir seus rumos até o último minuto. E, como se isso não bastasse, o homem é um ser que sempre está em busca de algo mais, de algo que o transcenda, o que o diferencia de todos os outros animais. Esta não é uma diferenciação apenas quantitativa, mas qualitativa. Por mais que reconheçamos nos animais atributos como a inteligência, essas características que mencionamos são únicas do gênero humano. A noção de “pessoa” está diretamente vinculada a essas características: o homem nunca é algo; é sempre alguém – mesmo quando o exercício de sua autonomia não pode ser plenamente exercido; pensemos, por exemplo, em pessoas cuja situação as impede de realizar escolhas, como um paciente em coma ou alguém tão mergulhado nas drogas que já perdeu o controle de si mesmo. Elas não são menos dignas, menos “pessoas”, que ninguém. 
        Mesmo depois de Kant, a humanidade ainda levou tempo para entender totalmente que todo ser humano era portador de uma dignidade intrínseca – os movimentos abolicionistas e dos direitos civis precisaram ensinar isso ao homem dos séculos 19 e 20. E uma das últimas fronteiras foi quebrada quando a dignidade do inimigo foi finalmente reconhecida, por meio de tratados internacionais como as Convenções de Genebra, que pretendiam banir o tratamento desumano a civis e combatentes em tempos de guerra.
        No entanto, diante da simples observação da realidade e dos comportamentos humanos, surge o questionamento: não há, mesmo, pessoas mais ou menos dignas? A dignidade é sempre igual para todos? A essa pergunta podemos responder afirmando que a palavra “dignidade” tem mais de um sentido. A dignidade de que temos tratado aqui é a chamada “dignidade ontológica”; tem este nome justamente por derivar da própria existência como ser humano, e por isso todos a têm em idêntico grau. São as considerações a respeito desta dignidade que continuarão a nos guiar nas reflexões que ofereceremos mais adiante. Mas existe também o que podemos chamar de “dignidade moral” – isto é, o patrimônio moral que cada um construiu com o uso da sua liberdade. É ela que alguém tem em mente quando afirma que uma pessoa pode ser mais digna que outra. A dignidade moral, sim, pode ser perdida (e também recuperada), mas única e exclusivamente pela decisão livre de seu detentor, pelas próprias atitudes. Ou seja, perdida, mas jamais retirada. Os piores facínoras perderam sua dignidade moral porque assim o quiseram, por suas escolhas. Mas sua dignidade ontológica se preserva – nesse sentido, os maiores crápulas são tão dignos quanto os maiores heróis – e é a raiz do incrível poder de redirecionar a própria vida, de voltar a dar sentido a ela, mediante o arrependimento, até o minuto final de sua existência.
        O homem é um ser que esquece. Talvez não se esqueça tão facilmente daquelas questões mais triviais do dia a dia, mas acaba se esquecendo das grandes verdades a respeito de si mesmo. E uma dessas verdades é sua inviolável dignidade.
(Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/. Acesso em: 04/01/2024.)
No subtítulo do texto “A dignidade é intrínseca: vem do próprio fato de ser humano, vem de dentro. Não é concedida – e nem retirada – por ninguém.”, os dois-pontos foram usados para anunciar um(a): 
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Q2523810 Português
O método Jokic



        Muitos entusiastas do basquetebol foram cativados pelo esporte influenciados pelo excepcional Michael Jordan. O esporte naturalmente evolui, e suas dificuldades também; os ídolos se renovam com o tempo. Basta lembrar do nosso “Mão Santa”, Oscar Schmidt, um dos maiores cestinhas da história do esporte e uma lenda do basquetebol brasileiro.

       Gostaria de destacar um jogador de basquete profissional cujo talento é equiparável ao dos demais que se destacaram, mas com uma particularidade digna de nota. Estou me referindo a Nikola Jokic. Atualmente, ele atua na National Basketball Association (NBA) pela equipe do Denver Nuggets. Foi selecionado apenas como a 41ª escolha geral no Draft* de 2014, e conquistou o prêmio de Most Valuable Player e a final da temporada 2022-2023 da NBA, quando o Denver Nuggets ganhou o título inédito.

     Originalmente situado na posição de pivô (jogador especializado em defender e atacar próximo ao aro); a posição garante a defesa e os bloqueios dos arremessos dos adversários no garrafão **, o atleta é conhecido por suas habilidades versáteis, destacando-se em assistências.

       No basquete, a assistência refere-se ao ato de um jogador passar a bola para um companheiro de equipe que, em seguida, converte a cesta. Essa é a habilidade do jogador que cria oportunidades ofensivas para seus colegas; quem presta assistência não marca ponto, mas ajuda o outro a fazê-lo. Enfim, a equipe é a beneficiária. A assistência é a obsessão de Nikola. Ele não quer marcar ponto, quer servir o companheiro.

        Essa atitude demonstra uma humildade peculiar e um olhar para o outro que gera confiança, respeito e influência. Seu jogo supre a necessidade alheia, pois é desapegado do objetivo primordial do basquete que normalmente glorifica o jogador: o ponto. Pode-se pensar que a especialização nas assistências seja um subterfúgio para escamotear uma habilidade precária. Nada disso! Nikola Jokic compreende o jogo plenamente. Quando é preciso, ele marca pontos de várias maneiras. A sua polivalência lhe rendeu o apelido The Joker (o coringa).

       Tudo isso revela um estilo peculiar de liderança que chamo de “o método Jokic”. Quanto mais ele serve a equipe, mais se destaca como referência de liderança. Ele não é um líder ostensivo, mas alguém que lidera por ações para a equipe, não para si. Seu compromisso é com o sucesso coletivo, não com o individual.

      Assistir a uma partida com Nikola Jokic é uma lição de liderança, fundamentada numa das mais belas qualidades humanas: a assistência ao outro.



(Fernando F. Rossi. O Estado de S. Paulo, 7 de abril de 2024. Adaptado)



* O Draft da NBA é o evento mais aguardado da temporada do basquete. É nessa noite que as equipes escolhem os jogadores que farão parte de suas respectivas franquias na próxima temporada e se esses jovens darão bons frutos no futuro.


** garrafão: região retangular que fica próxima à cesta.
No trecho final – Assistir a uma partida com Nikola Jokic é uma lição de liderança, fundamentada numa das mais belas qualidades humanas: a assistência ao outro. – os dois pontos foram utilizados para
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Q2521877 Português
Leia o texto para responder à questão.

Sobre escrever bem: uma declaração contra o império da simplicidade

    Que tudo seja expresso com o mínimo de ruído, que o leitor compreenda de imediato cada mensagem, que as sentenças sejam diretas e limpas, concisas e coerentes – e que se escolha apenas um desses adjetivos para dizer o que se deseja. No império da simplicidade, eliminar palavras é o gesto literário por excelência. E assim vamos formando uma geração de escritores contrários ao dicionário e à linguagem; e uma geração de leitores que só desejam histórias fortes narradas limpidamente.
      Ao escritor cabe sobretudo o medo. Deve temer os termos longos e abstratos, cada um passível de se tornar um peso morto sobre a página, a assombrar os leitores também assustados. Deve temer as palavras incomuns, as estranhas, as antigas, maculadas pela poeira dos séculos. Deve temer o olhar dos críticos, encarados como fiscais da clareza, e fugir de seu juízo definitivo de pretensão excessiva, de vaidade ou pedantismo. Ao escritor cabe a dieta da língua: ingerir apenas palavras magras e nutritivas, que não suscitem qualquer risco de resultarem indigestas aos estômagos sensíveis.
    Assim recomendou a revista The Economist, num artigo que se propunha a ditar o que devem ler aqueles que querem escrever melhor. O que deve ler um bom escritor, segundo os economistas?
    Uma sequência de manuais de estilo que defendem sempre a mesma doutrina, a começar pelo manual clássico do escritor George Orwell, que parece ter aberto a tradição de ataque à escrita obscura ou labiríntica, a tradição de defesa da razão, algo que só se encontraria nas palavras cotidianas reunidas na ordem costumeira. Que a literatura siga as diretrizes de eficácia que regem o pensamento econômico, que se faça objetiva e vendável, com custos mínimos: nisso culminam tantos princípios.
    Para dar riqueza a essa visão um tanto empobrecida, evocam-se sempre alguns grandes nomes da boa literatura concisa. Entre anglófonos, Ernest Hemingway é incensado como modelo maior da economia das letras. Entre brasileiros, Graciliano Ramos se torna a referência máxima, na obsessão por um estilo seco assemelhado às vidas que ele retrata.

(FUKS, Julián. Em: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2023/10/07/sobre-escrever-bem-uma-declaracao-contra- -o-imperio-da-simplicidade.htm. 07.10.2023. Adaptado)
No trecho do 2º parágrafo – Ao escritor cabe a dieta da língua: ingerir apenas palavras magras e nutritivas, que não suscitem qualquer risco de resultarem indigestas aos estômagos sensíveis. –, os dois-pontos foram empregados para introduzir uma
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Respostas
6: D
7: D
8: D
9: C
10: C