Questões de Concurso
Comentadas sobre uso dos dois-pontos em português
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Texto 2
A vírgula que aparece logo depois da expressão “Mais grave ainda” (L.26) pode ser substituída por dois-pontos, sem que se incorra em erro.
Especialistas da Universidade de Harvard alertam: altos níveis de fosfatos, encontrados em refrigerantes e alimentos processados, podem acelerar os sinais de envelhecimento.
Assinale a alternativa que apresenta um substituto correto para o sinal de dois-pontos.
Especialistas da Universidade de Harvard alertam a população altos níveis de fosfatos encontrados em refrigerantes e alimentos processados podem acelerar os sinais de envelhecimento.
Tomando por base a organização do texto acima, julgue os itens subseqüentes.
texto contidos nos itens a seguir.
texto apresentado abaixo.
Há um preconceito enraizado contra a livre expressão
das emoções na cultura ocidental. Quem demonstra angústia,
raiva, alegria excessiva ou medo, tanto no trabalho quanto na
vida pessoal, é considerado passional, irracional, frágil e
despreparado para enfrentar a realidade da vida. É aquele que
não aprendeu a dominar seus sentimentos e a desenvolver
aquilo que nos diferencia dos animais: a racionalidade. Hoje,
fala-se muito em inteligência emocional, mas nem todos
entendem seu real significado. Não se trata de adestrar o
comportamento e suprimir os impulsos para atingir objetivos,
mas identificar e aceitar a manifestação das emoções mais
primárias, inclusive as desconfortáveis.
A apologia à racionalidade ignora o poder dos sentimen-
tos. Pesquisas recentes, no entanto, comprovam a importância
do reconhecimento e da expressão das emoções – até as
negativas. Um estudo realizado nos Estados Unidos defende
que as emoções podem ser mais confiáveis do que a razão nos
momentos de decisão. São elas que levam o indivíduo à ação,
permitem sonhar, possibilitam o afeto, a generosidade e
conduzem o mundo às grandes mudanças ideológicas.
Há uma certa unanimidade sobre os benefícios da
expressão de emoções positivas, como felicidade, amor,
alegria, prazer, entusiasmo. Mas, quando se fala em raiva, ódio,
angústia, mágoa, ressentimento, há um consenso explícito de
que essas emoções devem ser escondidas, evitadas. As pes-
quisas estão derrubando essa crença e os psicólogos afirmam
que as emoções negativas têm o seu valor. O local de trabalho
costuma ser visto como o ambiente menos propício para
manifestar sentimentos. "A estratégia das organizações de fixar
metas e objetivos para os funcionários criou uma disciplina de
comportamento que condena a expressão das emoções
individuais", avalia Antônio Valverde, professor de filosofia da
PUC-SP. "Por isso, há tanta monotonia, pouca solidariedade e
escassa criatividade nas empresas."
(Adaptado de Isto é, 25 de março de 2009, p.65-67)
Os dois-pontos assinalam, considerando-se o contexto,
Com relação ao texto acima, julgue os itens a seguir.
Ex-fumantes já superam fumantes no Brasil
Pesquisa do IBGE mostra que o número de dependentes de cigarro caiu pela metade nos últimos 15 anos no país.
Ao revelar, ontem, que o índice de fumantes no Brasil teve uma queda surpreendente nos últimos 15 anos – ele caiu pela metade –, o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou também um estudo inédito: um perfil detalhado daqueles que ainda
não conseguiram largar o vício.
A equipe que percorreu o País de cima a baixo em setembro de 2008, para produzir a Pesquisa Especial de Tabagismo (Petab),
registrou um segundo detalhe igualmente extraordinário: o número de ex-fumantes (26 milhões de pessoas) passou a ser maior do
que o de fumantes (24,6 milhões). Dessa forma, os que deixaram o cigarro são equivalentes a 18,2% da população com mais de 15
anos de idade; e os que continuam fumando representam 17,2%.
Ao receber as informações, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, exaltou o êxito da intensa campanha antitabagista
desenvolvida ao longo de uma década e meia. Afinal, 65% dos fumantes disseram que as advertências nos maços de cigarros
fizeram com que eles pensassem em parar de fumar. No entanto, logo em seguida, ele disse que os brasileiros não devem esperar
quedas tão significativas daqui por diante.
PASSOS, José Meirelles. Jornal O Globo, Caderno O País, 28 nov. 2009, p.13. (Fragmento)
continuamente por notícias ou torpedos numa rede comunica-
cional em que se projeta a prevalência da mídia, que passou a
conformar nosso modo de ser. O virtual assume papel relevante
na realidade, pois as formas de conhecer e avaliar deixaram de
ser fruto da leitura e da reflexão para se alicerçarem unicamente
na informação rápida, no conhecimento por tiras, retirado das
comunicações que são enviadas em processo contínuo de
transmissão durante todo dia, compartilhadas por todos.
Dessa forma a assunção de convicções individuais, bem
como o silêncio e a solidão cederam passo a uma posição
passiva de recepção contínua e coletiva de comunicações, com
aceitação indiscutida da informação urgente trazida pelos
órgãos da imprensa. E o grande meio de informação ainda é a
televisão, em especial no Brasil, malgrado o crescimento da
internet. Mas o que é a televisão?
A televisão pode ser uma via autoritária, na medida em
que penetra nossa existência em todos os instantes, de manhã
até a noite. Não há mais horário para ver televisão, vê-se
televisão a todo tempo. Não se escolhe um programa de
televisão, liga-se a televisão, cuja mensagem é recebida
enquanto se conversa ou durante o jantar. Assim, a televisão é
uma imposição de modos de ser, de pensar, que vão sendo
introjetados imperceptivelmente. Os programas de baixo nível,
nada educativos e exploradores de anseios de sucesso
segundo o modelo dos "famosos", são fenômenos graves, pois
hoje não têm mais força os emissores simbólicos tradicionais: a
religião, a escola, o sindicato, a família. Concentra-se a capaci-
dade de transmissão simbólica nos meios de comunicação, com
fácil penetração dos estereótipos forjados pela mídia em campo
aberto, dada a desavisada recepção. Assim, o rádio e a
televisão têm um impacto extraordinário porque expressam
manifestações de cunho valorativo, mesmo no campo político, e
modelam a opinião pública.
Em grande parte dos países democráticos há formas de
controle da mídia, porém prevalece a autorregulação, tal como
no Canadá, na Austrália, na Inglaterra. A autorregulação, a meu
ver, cabe ser exercida por um ombudsman, dotado de indepen-
dência e inamovibilidade durante seu mandato, que deverá
pautar sua ação em código de conduta do órgão de imprensa, a
ser registrado em conselho constituído segundo lei federal.
Desse modo, conciliam-se o direito de liberdade de expressão e
o direito de preservação dos valores éticos e sociais da pessoa
e da família, como expressa nossa Constituição. Faz-se, assim,
a conjugação e não a colisão de direitos.
(Trecho de artigo de Miguel Reale Júnior, com adaptações.
O Estado de S. Paulo, A2, Espaço aberto, 4 de dezembro
de 2010)
I. Mas o que é a televisão?
A questão colocada ao final do 2o parágrafo é apenas retórica, servindo para marcar uma pausa no desenvolvimento do texto, pois o autor parte do princípio de que os leitores já conhecem bastante bem o assunto.
II. O emprego das aspas em "famosos" (3o parágrafo) assinala noção valorativa do autor a respeito do sentido atribuído habitualmente a esse vocábulo.
III. Após os dois pontos, no 3o parágrafo, ocorre uma enumeração que explicita a expressão imediatamente anterior a esse sinal de pontuação.
Está correto o que consta SOMENTE em
I Através das informações de Léry, de Gabriel Soares, de Hans Staden, das crônicas dos jesuítas do século XVI, dos livros de Ives d’Evreux e de Claude d’Abbeville, vê-se, que, para a mulher tupi, a vida de casada era de contínuo trabalho: com os filhos, com o marido, com a cozinha, com os roçados.
II Isto sem esquecermos as indústrias domésticas a seu cargo, o suprimento de água e o transporte de fardos. Mesmo grávida a mulher índia, mantinha-se ativa dentro e fora de casa, apenas deixando, de carregar às costas, os volumes extremamente pesados.
III Mãe, acrescentava às suas muitas funções: a de tornar-se uma espécie de berço ambulante da criança, de amamentá- la, às vezes até aos sete anos, de lavá-la, de ensinar as meninas a fiar algodão e a preparar a comida.
IV E eram de suas próprias mãos os utensílios de que se servia para fazer a comida, para guardá-la, para pisar o milho ou o peixe, moquear a carne, espremer raízes, peneirar as farinhas: os alguidares, as urupemas, as cuias, as cabaças de beber água, os balaios.
A quantidade de itens certos é igual a
Tristeza de Cronista
A moça viera da cidade para os lados de Botafogo. No ônibus repleto, dois rapazes de pé conversavam, e sua conversa era ouvida por todos os passageiros. (Inconveniente dos hábitos atuais). Eram dois rapazes modernos, bem vestidos, bem nutridos. (Ah! Este excesso de vitaminas e de esportes!). Um não conhecia quase nada da cidade e outro servia-lhe de cicerone. Mostrava-lhe, pois, a avenida e os seus principais edifícios, a Cinelândia, o Obelisco, o Monumento dos Pracinhas, o Museu de Arte Moderna, o Aterro, o mar...
O outro interessava-se logo pelas minúcias: qual o melhor cinema? Quantos pracinhas estão ali? que se pode ver no museu? Mas os ônibus andam tão depressa e caprichosamente que as perguntas e respostas se desencontravam. (Que fôlego humano pode competir com o de um ônibus?).
Quanto ao Pão de Açúcar, o moço não manifestou grande surpresa: já o conhecia de cartões-postais;
apenas exprimiu o seu receio de vir o carrinho a enguiçar. Mas o outro combateu com energia tal receio, como se ele mesmo fosse o engenheiro da empresa ou, pelo menos, agente turístico.
Assim chegaram a Botafogo, e a atenção de ambos voltou-se para o Corcovado, porque um dizia: “Quando você vir o Cristo mudar de posição, e ficar de lado e não de frente, como agora, deve tocar a campainha, porque é o lugar de saltar”. O companheiro prestou atenção.
Mas, enquanto não saltava, o cicerone explicou ao companheiro: “Nesta rua há uma casa muito importante. É a casa de Rui Barbosa. Você já ouviu falar nele?” O outro respondeu que sim, porém sem grande convicção.
Mais adiante, o outro insistiu: “É uma casa formidável. Imagine que tudo lá dentro está conforme ele
deixou!” O segundo aprovou, balançando a cabeça com muita seriedade e respeito. Mas o primeiro estava empolgado pelo assunto e tornou a perguntar: “Você sabe quem foi Rui Barbosa, não sabe?” O segundo atendeu ao interesse do amigo: “Foi um sambista, não foi?” O primeiro ficou um pouco sem jeito, principalmente porque uns dois passageiros levantaram a cabeça para aquela conversa. Diminuiu um pouco a voz: ”Sambista, não”. E tentou explicar. Mas as palavras não lhe ocorriam e ficou por aqui: “Foi... foi uma pessoa muito falada”. O outro não respondeu.
E foi assim que o Cristo do Corcovado mudou de posição sem eles perceberem, e saltaram fora do ponto.
Ora, a moça disse-me; “Você com isso pode fazer uma crônica”. Respondi-lhe: “A crônica já está feita por si mesma. É o retrato deste mundo confuso, destas cabeças desajustadas. Poderão elas ser consertadas? Haverá maneira de se pôr ordem nessa confusão? Há crônicas e crônicas mostrando o caos a que fomos lançados. Adianta alguma coisa escrever para os que não querem resolver?”
A moça ficou triste e suspirou. (Ai, nós todos andamos tristes e suspirando!).
Meireles, Cecília. Escolha o seu sonho. São Paulo: Círculo do livro, s/d.
I) “O outro interessava-se logo pelas minúcias: ...” (§ 2º.)
II) “... o moço não manifestou grande surpresa: já o conhecia de cartões postais; ...” (§ 3º.)
III) “... e tornou a perguntar: “Você sabe quem foi Rui Barbosa, não sabe?” (§ 6º.)
Os dois-pontos registram, respectivamente, ocorrência das seguintes estruturas lingüísticas:
dissociável, ao de verdadeiro - e, por extensão, ao de bom e
justo. Isso ecoa no cotidiano quando classificamos um bom ges-
to de "belo" ou recriminamos uma criança que cometeu peralti-
ce, dizendo que ela fez uma "coisa feia". Estamos, aí, ainda que
nos aspectos mais comezinhos da vida, no terreno da metafísi-
ca, a subdivisão do conhecimento filosófico que se debruça so-
bre tudo aquilo que ultrapassa a experiência sensível. Há, de fa-
to, na beleza - de uma flor, de uma pessoa, de uma obra de ar-
te - algo que parece transcender o aspecto físico e que se co-
necta ao que há de idealmente mais perfeito e, até mesmo, ao
que é considerado divino.
Mas, independentemente de estar associada a outros
conceitos sublimes, a beleza requer definição concreta - o que
nos ajuda, inclusive, se nem sempre a nos tornarmos mais ver-
dadeiros, bons ou justos, pelo menos mais agradáveis ao es-
pelho. Não basta, portanto, intuir que algo é belo. É preciso en-
tender por que desperta em nós essa percepção deleitosa.
De acordo com o estudo das proporções e da biologia
evolutiva, a beleza não é apenas questão de gosto: é a reunião
feliz, e não muito comum, de simetria, harmonia e unidade. Uma
forma de inteligência biológica com evidentes vantagens adap-
tativas. Em outras palavras, a beleza paira acima das aprecia-
ções meramente pessoais.
A progressiva compreensão das formas de beleza e as
tecnologias dela surgidas produziram uma grande conquista:
hoje, talvez não sejamos intrinsecamente mais belos do que ou-
tras gerações - mas podemos ficar mais bonitos do que nunca.
Tudo que nos permite explorar nossos pontos fortes e driblar
nossas fraquezas genéticas é resultante da combinação entre
os avanços nos cuidados com a aparência física e o estilo, a
possibilidade de envelhecer com saúde e, não menos essencial,
a valorização de atributos sociais como autoestima, simpatia, cul-
tura e expressividade. "É o equilíbrio dessas qualidades que tor-
na um indivíduo mais ou menos atraente", diz o cirurgião plás-
tico Noel Lima, do Rio de Janeiro.
(Adaptado de Anna Paula Buchalla. Veja, 12 de janeiro de 2011,
p. 79)
I. Há, de fato, na beleza - de uma flor, de uma pessoa, de uma obra de arte - algo que parece transcender... (1o parágrafo) O travessões podem ser corretamente substituídos por parênteses, sem alteração do sentido original.
II. ...a beleza não é apenas questão de gosto: é a reunião feliz, e não muito comum, de simetria, harmonia e unidade. (3o parágrafo) O emprego dos dois pontos realça uma afirmativa cujo sentido se contrapõe, de modo claro, ao exposto na afirmativa anterior.
III. "É o equilíbrio dessas qualidades que torna um indivíduo mais ou menos atraente" As aspas isolam transcrição exata das palavras do médico citado no 4o parágrafo.
Está correto o que consta em
Os volumosos dodôs pesavam mais de vinte quilos. Uma plumagem cinza-azulada cobria seu corpo quadrado e de pernas curtas, em cujo topo se alojava uma cabeça avantajada, sem penas, com um bico grande de ponta bem recurvada. As asas eram pequenas e, ao que tudo indica, inúteis (pelo menos no que diz respeito a qualquer forma de voo). Os dodôs punham apenas um ovo de cada vez, em ninhos construídos no chão.
Que presa poderia revelar-se mais fácil do que um pesado pombo gigante incapaz de voar? Ainda assim, provavelmente não foi a captura para o consumo pelo homem o que selou o destino do dodô, pois sua extinção ocorreu sobretudo pelos efeitos indiretos da perturbação humana. Os primeiros navegadores trouxeram porcos e macacos para as ilhas Mascarenhas, e ambos se multiplicaram de maneira prodigiosa. Ao que tudo indica, as duas espécies se regalaram com os ovos do dodô, alcançados com facilidade nos ninhos desprotegidos no chão - e muitos naturalistas
atribuem um número maior de mortes à chegada desses animais do que à ação humana direta. De todo modo, passados os primeiros anos da década de 1680, ninguém jamais voltou a ver um dodô vivo na ilha Maurício. Em 1693, o explorador francês Leguat, que passou vários meses no local, empenhou-se na procura dos dodôs e não encontrou nenhum.
(Extraído de Stephen Jay Gould. “O Dodô na corrida de comitê”, A montanha de moluscos de Leonardo da Vinci. São
Paulo, Cia. das Letras, 2003, pp. 286-8)
I. Em - Maurício, Reunião e Rodriguez -, os travessões poderiam ser substituídos por parênteses, sem prejuízo para o sentido e a coesão da frase.
II. O travessão empregado imediatamente depois de voavam (1o parágrafo) pode ser substituído por dois pontos, sem prejuízo para o sentido e a coesão da frase.
III. Em o explorador francês Leguat, que passou vários meses no local, empenhou-se na procura dos dodôs, a retirada das vírgulas não implica prejuízo para o sentido e a correção da frase.
Está correto o que se afirma em
abaixo.
O documentário E Agora? pretende revelar detalhes do
tráfico de aves silvestres no Brasil. Segundo o produtor Fábio
Cavalheiro, o longa-metragem apresentará cenas de flagrantes
de tráfico, as rotas do comércio ilegal e entrevistas com
autoridades e representantes de ONGs.
A Agência Nacional de Cinema (Ancine) aprovou o
projeto e, agora, busca-se patrocínio. A ONG SOS Fauna,
especializada em resgates, foi uma das orientadoras para a
produção do filme.
O longa também se propõe a discutir outro problema: o
fato de que, mesmo quando salvas das mãos dos traficantes,
muitas aves não são reintroduzidas na natureza.
Além da versão final editada para o cinema, as
entrevistas e materiais pesquisados estarão disponíveis para
pesquisadores que queiram se aprofundar no tema. A intenção
é a de que o filme contribua para a educação - e, por isso, será
oferecido para estabelecimentos de ensino.
Entre as espécies mais visadas pelos traficantes estão
papagaios, a araponga, o pixoxó, o canário-da-terra, o tico-tico,
a saíra-preta, o galo-de-campina, sabiás e bigodinho.
(O Estado de S. Paulo, A30 Vida, Planeta, 21 de novembro de
2010)
Considere as afirmativas seguintes, a respeito do parágrafo reproduzido acima:
I. Os dois pontos introduzem um segmento que especifica o sentido da expressão anterior a eles, outro problema.
II. O segmento isolado por vírgulas no período tem sentido concessivo.
III. Transpondo para a voz ativa a última oração do período, ela deverá ser: os traficantes não reintroduzem muitas aves na natureza.
Está correto o que se afirma APENAS em
Nas ilhas Mascarenhas − Maurício, Reunião e Rodriguez −, localizadas a leste de Madagáscar, no oceano Índico, muitas espécies de pássaros desapareceram como resultado direto ou indireto da atividade humana. Mas aquela que é o protótipo e a tataravó de todas as extinções também ocorreu nessa localidade, com a morte de todas as espécies de uma família singular de pombos que não voavam − o solitário da ilha Rodriguez, visto pela última vez na década de 1790; o solitário da ilha Reunião, desaparecido por volta de 1746; e o célebre dodô da ilha Maurício, encontrado pela última vez no início da década de 1680 e quase certamente extinto antes de 1690.
Os volumosos dodôs pesavam mais de vinte quilos. Uma plumagem cinza-azulada cobria seu corpo quadrado e de pernas curtas, em cujo topo se alojava uma cabeça avantajada, sem penas, com um bico grande de ponta bem recurvada. As asas eram pequenas e, ao que tudo indica, inúteis (pelo menos no que diz respeito a qualquer forma de voo). Os dodôs punham apenas um ovo de cada vez, em ninhos construídos no chão.
Que presa poderia revelar-se mais fácil do que um pesado pombo gigante incapaz de voar? Ainda assim, provavelmente não foi a captura para o consumo pelo homem o que selou o destino do dodô, pois sua extinção ocorreu sobretudo pelos efeitos indiretos da perturbação humana. Os primeiros navegadores trouxeram porcos e macacos para as ilhas Mascarenhas, e ambos se multiplicaram de maneira prodigiosa. Ao que tudo indica, as duas espécies se regalaram com os ovos do dodô, alcançados com facilidade nos ninhos desprotegidos no chão − e muitos naturalistas atribuem um número maior de mortes à chegada desses animais do que à ação humana direta. De todo modo, passados os primeiros anos da década de 1680, ninguém jamais voltou a ver um dodô vivo na ilha Maurício. Em 1693, o explorador francês Leguat, que passou vários meses no local, empenhou-se na procura dos dodôs e não encontrou nenhum. (Extraído de Stephen Jay Gould. “O Dodô na corrida de comitê", A montanha de moluscos de Leonardo da Vinci. São Paulo, Cia. das Letras, 2003, pp. 286-8)
I. Em - Maurício, Reunião e Rodriguez -, os travessões poderiam ser substituídos por parênteses, sem prejuízo para o sentido e a coesão da frase.
II. O travessão empregado imediatamente depois de voavam (1o parágrafo) pode ser substituído por dois pontos, sem prejuízo para o sentido e a coesão da frase.
II. Em o explorador francês Leguat, que passou vários meses no local, empenhou-se na procura dos dodôs, a retirada das vírgulas não implica prejuízo para o sentido e a correção da frase.
Está correto o que se afirma em
quase incompreensível para a maioria das pessoas. Hoje, se
ainda não chega a ser um tema que se discuta nos bares, vem
se incorporando cada vez mais na sociedade em geral. Tudo
indica que a variedade de espécies de plantas, animais e
insetos de uma determinada área começa a ser uma
preocupação geral ? a ponto de a ONU considerar 2010 o Ano
Internacional da Biodiversidade.
Mas, ainda que seja um assunto cada vez mais popular,
convencer governos e sociedades de que a biodiversidade tem
importância fundamental para a espécie humana e para o
próprio planeta é uma perspectiva remota. Afinal, a quantidade
de espécies aparentemente não influencia a vida profissional,
social e econômica de quem está mergulhado nas decisões
mais prosaicas do dia a dia.
Como diz Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da 10a
Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade
Biológica, o objetivo desse encontro é "desenvolver um novo
plano estratégico para as próximas décadas, incluindo uma
visão para 2050 e uma missão para a biodiversidade em 2020."
Talvez seja um discurso um pouco vago devido à
urgência dos fatos: nunca, na história do planeta, registrou-se
um número tão grande de espécies ameaçadas. Diariamente,
100 delas entram em processo de extinção e calcula-se que nos
próximos 20 anos mais de 500 mil serão varridas definitivamente
do globo. Tudo isso ocorre, na maior parte, graças à
intervenção humana.
Nessas espécies encontra-se um vasto e generoso
banco genético, cuja exploração ainda engatinha, capaz de
fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas
eminentes. Esse fato poderia constituir argumento suficiente
para a preservação das espécies e das áreas em que elas se
encontram. No entanto, o raciocínio conservacionista tem sido
puramente contábil: quanto vale a biodiversidade, qual é o
prejuízo que representa sua diminuição e que investimento é
necessário para mantê-la. Nessa contabilidade, o que entra é
um valor atribuído aos "serviços" ambientais que os biomas
oferecem - como a purificação do ar e da água, o fornecimento
de água doce e de madeira, a regulação climática, a proteção a
desastres naturais, o controle da erosão e até a recreação. E a
ONU avisa: mais de 60% desses serviços estão sofrendo
degradação ou sendo consumidos mais depressa do que
podem ser recuperados.
(Roberto Amado. Revista do Brasil, outubro de 2010, pp. 28-
30, com adaptações)
I. Tudo indica que a variedade de espécies de plantas, animais e insetos de uma determinada área começa a ser uma preocupação geral - a ponto de a ONU considerar 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. O travessão introduz um argumento que justifica o que acaba de ser afirmado.
II. Talvez seja um discurso um pouco vago devido à urgência dos fatos: nunca, na história do planeta, registrou-se um número tão grande de espécies ameaçadas. Os dois pontos introduzem segmento explicativo para a expressão anterior a eles, urgência dos fatos.
III. Nessa contabilidade, o que entra é um valor atribuído aos "serviços" ambientais que os biomas oferecem ... O emprego das aspas busca chamar a atenção para um sentido particular atribuído ao vocábulo serviços.
Está correto o que se afirma em
o polêmico artigo "Estará o Google nos tornando estúpidos?" O
texto ganhou a capa da revista e, desde sua publicação,
encontra-se entre os mais lidos de seu website. O autor nos
brinda agora com The Shallows: What the internet is doing
with our brains, um livro instrutivo e provocativo, que dosa
linguagem fluida com a melhor tradição dos livros de
disseminação científica.
Novas tecnologias costumam provocar incerteza e medo.
As reações mais estridentes nem sempre têm fundamentos
científicos. Curiosamente, no caso da internet, os verdadeiros
fundamentos científicos deveriam, sim, provocar reações muito
estridentes. Carr mergulha em dezenas de estudos científicos
sobre o funcionamento do cérebro humano. Conclui que a
internet está provocando danos em partes do cérebro que
constituem a base do que entendemos como inteligência, além
de nos tornar menos sensíveis a sentimentos como compaixão
e piedade.
O frenesi hipertextual da internet, com seus múltiplos e
incessantes estímulos, adestra nossa habilidade de tomar
pequenas decisões. Saltamos textos e imagens, traçando um
caminho errático pelas páginas eletrônicas. No entanto, esse
ganho se dá à custa da perda da capacidade de alimentar
nossa memória de longa duração e estabelecer raciocínios mais
sofisticados. Carr menciona a dificuldade que muitos de nós,
depois de anos de exposição à internet, agora experimentam
diante de textos mais longos e elaborados: as sensações de
impaciência e de sonolência, com base em estudos científicos
sobre o impacto da internet no cérebro humano. Segundo o
autor, quando navegamos na rede, "entramos em um ambiente
que promove uma leitura apressada, rasa e distraída, e um
aprendizado superficial."
A internet converteu-se em uma ferramenta poderosa
para a transformação do nosso cérebro e, quanto mais a
utilizamos, estimulados pela carga gigantesca de informações,
imersos no mundo virtual, mais nossas mentes são afetadas. E
não se trata apenas de pequenas alterações, mas de mudanças
substanciais físicas e funcionais. Essa dispersão da atenção
vem à custa da capacidade de concentração e de reflexão.
(Thomaz Wood Jr. Carta capital, 27 de outubro de 2010, p. 72,
com adaptações)
Considere as afirmativas seguintes:
I. A concordância verbal estaria inteiramente respeitada, com o verbo experimentar flexionado na 1ª pessoa do plural, experimentamos.
II. A presença do sinal de crase é facultativa, pois internet é palavra originária do inglês, adaptada ao nosso idioma.
III. O segmento introduzido pelos dois pontos explica a dificuldade decorrente da acentuada exposição à internet.
Está correto o que se afirma em:
Durante séculos, a Inglaterra dominou os mares e, dessa
forma, muito mais do que os mares. Para isso tinha os melhores navios.
E, para tê-los, precisava de excelentes carpinteiros navais. Com a
tecnologia do ferro, os navios passaram a ter couraça metálica.
Impossível manter a superioridade sem caldeireiros e mecânicos
competentes. Uma potência mundial não se viabiliza sem a potência
dos seus operários.
A Revolução Industrial tardia da Alemanha foi alavancada pela
criação do mais respeitado sistema de formação técnica e vocacional
do mundo. Daí enchermos a boca para falar da "engenharia alemã".
Mas, no fim das contas, todos os países industrializados montaram
sistemas sólidos e amplos de formação profissional. Para construir
locomotivas, aviões, naves espaciais.
Assim como temos a Olimpíada para comparar os atletas de
diferentes países, existe a Olimpíada do Conhecimento (World Skills
International). É iniciativa das nações altamente industrializadas, que
permite cotejar diversos sistemas de formação profissional. Competese
nos ofícios centenários, como tornearia e marcenaria, mas também
em desenho de websites ou robótica.
Em 1982, um país novato nesses misteres se atreveu a
participar dessa Olimpíada: o Brasil, por meio do Senai. E lá viu o seu
lugar, pois não ganhou uma só medalha. Mas em 1985 conseguiu
chegar ao 13º lugar. Em 2001 saltou para o sexto. Aliás, é o único país
do Terceiro Mundo a participar, entra ano e sai ano.
Em 2007 tirou o segundo lugar. Em 2009 tirou o terceiro,
competindo com 539 alunos, de sete estados, em 44 ocupações. É isso
mesmo, os graduados do Senai, incluindo alunos de Alagoas, Goiás e
Rio Grande do Norte, conseguiram colocar o Brasil como o segundo e o
terceiro melhor do mundo em formação profissional! Não é pouca
porcaria para quem, faz meio século, importava banha de porco,
pentes, palitos, sapatos e manteiga! E que, praticamente, não tinha
centros de formação profissional.
Deve haver um segredo para esse resultado que mais parece
milagre, quando consideramos que o Brasil, no Programa Internacional
de Avaliação de Alunos (Pisa), por pouco escapa de ser o último. Mas
nem há milagres nem tapetão. Trata-se de uma fórmula simples,
composta de quatro ingredientes.
Em primeiro lugar, é necessário ter um sistema de formação
profissional hábil na organização requerida para preparar milhões de
alunos e que disponha de instrutores competentes e capazes de
ensinar em padrões de Primeiro Mundo. Obviamente, precisam saber
fazer e saber ensinar. Diplomas não interessam (quem sabe nossa
educação teria alguma lição a tirar daí?).
Em segundo lugar, cumpre selecionar os melhores candidatos
para a Olimpíada. O princípio é simples (mas a logística é
diabolicamente complexa). Cada escola do Senai faz um concurso,
para escolher os vencedores em cada profissão. Esse time participa
então de uma competição no seu estado. Por fim, os times estaduais
participam de uma Olimpíada nacional. Dali se pescam os que vão
representar o Brasil. É a meritocracia em ação.
Em terceiro lugar, o processo não para aí. O time vencedor
mergulha em árduo período de preparação, por mais de um ano. Fica
inteiramente dedicado às tarefas de aperfeiçoar seus conhecimentos
da profissão. É acompanhado pelos mais destacados instrutores do
Senai, em regime de tutoria individual.
Em quarto, é preciso insistir, dar tempo ao tempo. Para passar
do último lugar, em 1983, para o segundo, em 2007, transcorreram 22
anos. Portanto, a persistência é essencial.
Essa quádrupla fórmula garantiu o avanço progressivo do
Brasil nesse certame no qual apenas cachorro grande entra. Era
preciso ter um ótimo sistema de centros de formação profissional. Os
parâmetros de qualidade são determinados pelas práticas industriais
consagradas, e não por elucubrações de professores. Há que aceitar a
idéia de peneirar sistematicamente, na busca dos melhores candidatos.
É a crença na meritocracia, muito ausente no ensino acadêmico.
Finalmente, é preciso muito esforço, muito mesmo. Para passar na
frente de Alemanha e Suíça, só suando a camisa. E não foi o ato
heróico, mas a continuidade que trouxe a vitória.
A fórmula serve para toda competição: qualidade valorizada,
seleção dos melhores, prática obsessiva e persistência. Quem aplicar
essa receita terá os mesmos resultados.
Claudio de Moura Castro
Fonte: Revista Veja n. 2153