A Estabilidade na Crise
Poderia parecer que a crise que sacode nossa civilização
neste momento, em todos os rincões do planeta e em
tantas frentes de expressão, é algo próprio de nosso
tempo e apresenta uma grandeza excessiva. No entanto,
com olhar atento, encontraremos crise em qualquer
momento da História, e comprovaremos que os filósofos
sempre examinaram seu sentido mais profundo.
O uso reiterado e superficial das palavras as faz perder
seu valor intrínseco. Hoje se interpreta como crise uma
ruptura dolorosa, relacionada com o sofrimento, o choro
e a perda em geral. Mas o conceito mais genuíno da
palavra crise é "mudança".
Às vezes, se trata de uma mudança brusca, que modifica
situações de diversas naturezas: materiais, morais,
históricas, espirituais. É incomum que em uma crise se
modifique somente um aspecto da vida; normalmente,
diante de uma virada histórica importante, coincidem
muitas mudanças simultaneamente.
É preciso construir ou manter a estabilidade em todos os
aspectos do ser humano e em todos os fatores que
constituem uma civilização.
Em tempos de crise, é necessário iniciativa. Embora
pareça estar em contradição com a serenidade, a
iniciativa, como ação, é a resposta imediata para a paz
interior.
Em tempos de crise, não se pode ficar inativo, mas, ao
contrário, empregar a serenidade, a imaginação e a
criatividade para dar sempre um passo adiante, para
evitar a inércia, a paralisia do medo.
Infelizmente, se confunde a iniciativa com a prepotência,
com o abuso, o ímpeto e a agressividade; essas são as
qualidades do "homem empreendedor" que, a julgar
pelos fatos, nos levaram a esta crise histórica.
Uma solução estável para todo tipo de crise. Uma
solução para uma mudança profunda e verdadeira.
Delia Steinberg Guzmán. Texto Adaptado.
https://www.acropole.org.br/autores/delia-steinberghttps://www.acropole.org.br/autores/delia-steinberg-guzman/a-estabilidade-na-crise/