TEXTO 01
Disparada
Geraldo Vandré/Theo de Barros
Prepare o seu coração pras coisas que eu vou
contar
Eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar
Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo, a morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar, eu vivo pra consertar
Na boiada já fui boi, mas um dia me montei
Não por um motivo meu, ou de quem comigo
houvesse
Que qualquer querer tivesse, porém por
necessidade
Do dono de uma boiada cujo vaqueiro morreu
Boiadeiro muito tempo, laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente, pela vida segurei
Seguia como num sonho, e boiadeiro era um rei
Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo
E nos sonhos que fui sonhando, as visões se
clareando
As visões se clareando, até que um dia acordei
Então não pude seguir valente lugar-tenente
E dono de gado e gente, porque gado a gente
marca
Tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é
diferente
Se você não concordar, não posso me desculpar
Não canto pra enganar, vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado, vou cantar noutro lugar
Na boiada já fui boi, boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém, que junto comigo
houvesse
Que quisesse ou que pudesse, por qualquer coisa
de seu
Por qualquer coisa de seu querer ir mais longe do
que eu
Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte num reino que não tem rei