O território da África do Sul era vasto e
disputado. Abrangia 1,6 mil quilômetros entre
o Oceano Atlântico e o Oceano Índico.
Estendia-se por cerca de 960 quilômetros
desde a ponta sul, no Cabo das Agulhas, até o
ponto mais próximo da fronteira norte e do
Deserto de Kalahari, além de cobrir centenas
de quilômetros mais a nordeste até a fronteira
com o Zimbábue. Havia diferentes climas no
país, tanto amenos quanto severos. O território
também comportava montanhas íngremes e a
Grande Escarpada, extensões de valões e
planícies, uma rica faixa coberta de cana-de
açúcar em Natal, vinhedos e pomares nas terras
sombreadas da Montanha Table, além dos
ricos minérios, incluindo as maiores minas de
ouro do mundo em Johanesburgo, a cidade
interiorana situada no planalto. A África do Sul
assemelhava-se ao Quênia na mistura de
europeus e africanos – brancos abastados e
negros pobres – e no notável grupo de cidadãos
asiáticos bem-sucedidos. Sua história colonial
era mais longa, uma vez que o país resultava
da afluência de colonizadores brancos, já
antiga, originalmente da Holanda. Esses
colonizadores viveram por tanto tempo na
África do Sul que a mistura de idiomas deu
origem a uma nova língua, chamada de
“africâner”. Mais tarde, correntes de
colonizadores chegaram da França, em
pequenos grupos, e da Grã-Bretanha, em
grande número, além de judeus, que se
tornaram poderosos em Johanesburgo na época
em que a cidade administrou uma das mais
movimentadas bolsas de valores do mundo.
Durante os últimos duzentos anos, nenhum
outro país em todo o continente recebeu mais
imigrantes europeus do que a África do Sul.
(BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do
Século XX, 2 ed. São Paulo: Fundamento,
2011, p. 188)