Em torno de 1560, um artesão anônimo fez, na
Alemanha, um fascinante boneco de madeira
que atualmente pode ser visto no Deutsches
Museum de Munique. Com o nome de Monge
Pregador, chamava a atenção pela barba e
pelas sandálias. Para disfarçar o mecanismo
simples que o fazia funcionar, localizado nos
pés, o boneco vestia um grande e comprido
capote. As pernas duras se mexiam, os braços
balançavam e a cabeça girava de um lado para
o outro. Uma sequência programada de passos
controlava o boneco, portanto é possível
afirmar que ele foi um precursor do
computador. Era uma novidade que o boneco
conseguisse caminhar. E se também
conseguisse fazer contas? Quase três séculos
mais tarde, Charles Babbage, um matemático
talentoso e um tanto rabugento, desenvolveu
uma máquina capaz de calcular em alta
velocidade. Chamou o equipamento de
máquina diferencial. Pesando cerca de 3
toneladas, o aparelho tinha certa semelhança
com um piano mecânico. Não chegou a ser
terminado. Um século e meio mais tarde, em
1991, um modelo dessa máquina foi
completado pelo Science Museum de Londres,
em comemoração ao bicentenário do
nascimento de Babbage. Ele não se
surpreenderia ao saber que sua invenção
funcionou. Além de imitar as habilidades
mentais humanas, a máquina de Babbage
também inspirava imitadores. Um pouco antes
da Segunda Guerra Mundial, foi aperfeiçoada
por jovens cientistas, entre os quais Zuse, um
engenheiro berlinense, e Turing, um jovem
matemático britânico. Alguns anos mais tarde,
durante a guerra, o talento de Turing foi
aproveitado pela Inglaterra, onde a partir de
1939, ele trabalhou em segredo para a Code
and Cypher School, na linha férrea entre
Oxford e Cambridge. A missão era decifrar os
códigos secretos usados pela Alemanha nazista
na comunicação com seus comandantes navais
e militares e seus aliados. (BLAINEY,
Geoffrey. Uma Breve História do Século XX.
2 ed. São Paulo: Fundamento, 29011, p. 166).