Questões de Concurso Público Prefeitura de Vinhedo - SP 2021 para Bibliotecário
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As Fontes do Nilo
No dia seguinte, logo às cinco horas, começaram os preparativos da partida. Joe, com o machado que, felizmente, tornara a encontrar, cortou os dentes do elefante. O Vitória, outra vez livre, levou os viajantes para nordeste a uma velocidade de trinta e cinco quilômetros.
O doutor estabelecera cuidadosamente a sua posição pela altura das estrelas, durante a noite anterior, que era de dois graus e quarenta minutos de latitude abaixo do equador. Transpôs as rampas de Rubembé e encontrou mais tarde, em Tenga, os primeiros contrafortes da cadeia de Karagwah que, na sua opinião, deriva necessariamente das montanhas da lua. Ora, a antiga lenda que considerava aquelas montanhas o berço do Nilo, não andava longe da verdade, pois elas confinam com o lago Ukereué, pretenso reservatório das águas do grande rio.
De Cafuro, grande distrito de mercadores do país, avistou por fim no horizonte aquele tão desejado lago que o capitão Speke entreviu a três de agosto de 1858. Samuel Fergusson comoveu-se. Estava quase alcançando um dos pontos principais da sua exploração e, de luneta em punho, não perdia um recanto daquela misteriosa região que o seu olhar assim detalhava: por baixo, um solo geralmente estéril, à exceção de algumas ravinas cultivadas; o terreno, semeado de cones de altura média, tendia a achatar-se nas proximidades do lago e campos de cevada substituíam os arrozais. A reunião de cinquenta cubatas circulares, recobertas de colmo florido, constituíam a capital de Karagwah.
Ao meio-dia, o Vitória encontrava-se a um grau e quarenta e cinco minutos de latitude austral e, à uma hora, o vento impelia-o para o lago.
Este lago foi denominado Vitória pelo capitão Speke. Naquele ponto, devia medir noventa milhas de largura. Na sua extremidade meridional, o capitão encontrou um grupo de ilhas a que chamou o arquipélago de Bengala. Levou o seu reconhecimento até Muanza, na costa leste, onde foi bem recebido pelo sultão.
O Vitória ia abordando o lago mais ao norte, com grande pesar do doutor que desejaria determinar-lhe os contornos inferiores. As margens, cobertas de vegetação espinhosa e de matagais inextrincáveis, desapareciam literalmente sob miríades de mosquitos de cor castanho-clara. Devia ser região inabitável e desabitada. Bandos de hipopótamos chafurdavam entre as florestas de caniços ou mergulhavam nas águas claras do lago. Este, visto de cima, oferecia, para oeste, horizonte tão largo que se diria um mar. A distância entre ambas as margens é tão grande, que não se podem estabelecer comunicações. Além disto, as tempestades são ali muito fortes e frequentes, com ventos que se desencadeiam naquela bacia elevada e descoberta.
O doutor teve dificuldade de orientação, temendo ser arrastado para leste. Mas por sorte uma corrente levou-o para o norte, e às seis horas da tarde o Vitória pairava sobre pequena ilha deserta, a mais de trinta quilômetros da costa. Os viajantes lançaram âncora numa árvore e o vento acalmou-se ao cair da noite. Puderam manter-se tranquilos. Não puderam, porém, nem pensar em descer à terra. Como nas margens do lago Vitória, legiões de mosquitos cobriam o chão com nuvem espessa. O próprio Joe regressou da árvore coberto de mordeduras, mas não se irritou, tão natural lhe parecia aquilo da parte dos mosquitos (...)
Júlio Verne, Cinco Semanas em um Balão.
As Fontes do Nilo
No dia seguinte, logo às cinco horas, começaram os preparativos da partida. Joe, com o machado que, felizmente, tornara a encontrar, cortou os dentes do elefante. O Vitória, outra vez livre, levou os viajantes para nordeste a uma velocidade de trinta e cinco quilômetros.
O doutor estabelecera cuidadosamente a sua posição pela altura das estrelas, durante a noite anterior, que era de dois graus e quarenta minutos de latitude abaixo do equador. Transpôs as rampas de Rubembé e encontrou mais tarde, em Tenga, os primeiros contrafortes da cadeia de Karagwah que, na sua opinião, deriva necessariamente das montanhas da lua. Ora, a antiga lenda que considerava aquelas montanhas o berço do Nilo, não andava longe da verdade, pois elas confinam com o lago Ukereué, pretenso reservatório das águas do grande rio.
De Cafuro, grande distrito de mercadores do país, avistou por fim no horizonte aquele tão desejado lago que o capitão Speke entreviu a três de agosto de 1858. Samuel Fergusson comoveu-se. Estava quase alcançando um dos pontos principais da sua exploração e, de luneta em punho, não perdia um recanto daquela misteriosa região que o seu olhar assim detalhava: por baixo, um solo geralmente estéril, à exceção de algumas ravinas cultivadas; o terreno, semeado de cones de altura média, tendia a achatar-se nas proximidades do lago e campos de cevada substituíam os arrozais. A reunião de cinquenta cubatas circulares, recobertas de colmo florido, constituíam a capital de Karagwah.
Ao meio-dia, o Vitória encontrava-se a um grau e quarenta e cinco minutos de latitude austral e, à uma hora, o vento impelia-o para o lago.
Este lago foi denominado Vitória pelo capitão Speke. Naquele ponto, devia medir noventa milhas de largura. Na sua extremidade meridional, o capitão encontrou um grupo de ilhas a que chamou o arquipélago de Bengala. Levou o seu reconhecimento até Muanza, na costa leste, onde foi bem recebido pelo sultão.
O Vitória ia abordando o lago mais ao norte, com grande pesar do doutor que desejaria determinar-lhe os contornos inferiores. As margens, cobertas de vegetação espinhosa e de matagais inextrincáveis, desapareciam literalmente sob miríades de mosquitos de cor castanho-clara. Devia ser região inabitável e desabitada. Bandos de hipopótamos chafurdavam entre as florestas de caniços ou mergulhavam nas águas claras do lago. Este, visto de cima, oferecia, para oeste, horizonte tão largo que se diria um mar. A distância entre ambas as margens é tão grande, que não se podem estabelecer comunicações. Além disto, as tempestades são ali muito fortes e frequentes, com ventos que se desencadeiam naquela bacia elevada e descoberta.
O doutor teve dificuldade de orientação, temendo ser arrastado para leste. Mas por sorte uma corrente levou-o para o norte, e às seis horas da tarde o Vitória pairava sobre pequena ilha deserta, a mais de trinta quilômetros da costa. Os viajantes lançaram âncora numa árvore e o vento acalmou-se ao cair da noite. Puderam manter-se tranquilos. Não puderam, porém, nem pensar em descer à terra. Como nas margens do lago Vitória, legiões de mosquitos cobriam o chão com nuvem espessa. O próprio Joe regressou da árvore coberto de mordeduras, mas não se irritou, tão natural lhe parecia aquilo da parte dos mosquitos (...)
Júlio Verne, Cinco Semanas em um Balão.
“propelir, projetar (algo) através do espaço, visando a um alvo, por meio de rápido movimento da mão e do braço, ou de dispositivo propulsor.”
O trecho textual que nos remete ao conceito proposto é: