Fuga de jalecos': a onda de profissionais da
saúde que trocam Brasil pelos EUA
A enfermeira Thaysa Guimarães, de 32 anos,
relata que já chegou a emendar sete plantões,
ou mais de 96 horas de jornada seguidas, em
seu trabalho em uma unidade de saúde pública
em Goiás.
Mãe solteira de três filhos, ela concilia o
emprego em uma Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) na cidade de Anápolis
com plantões algumas vezes por mês em um
hospital universitário em Uberlândia, Minas
Gerais. "Já cheguei a ter três empregos ao
mesmo tempo para conseguir manter a renda
da família - e mesmo assim fica tudo muito
apertado", conta.
Por isso, assim que ficou sabendo que colegas
de profissão estavam emigrando para os
Estados Unidos com ofertas de salário atrativas
em dólar, além de jornadas consideravelmente
menores do que no Brasil, Thaysa se interessou
imediatamente.
Após alguma pesquisa, descobriu que existe
um mercado aberto nos EUA para
trabalhadores da área da saúde dispostos a
revalidar seus diplomas emitidos no exterior -
e decidiu seguir o mesmo caminho.
"Tinha vontade de me mudar para os Estados
Unidos desde que fiz uma viagem a turismo em
2019, mas só comecei a enxergar uma
possibilidade real quando vários colegas deram
entrada no processo e conseguiram arrumar
emprego e visto", diz a goiana.
Segundo especialistas em imigração e
profissionais ouvidos pela BBC News Brasil,
uma grande oferta de vagas em hospitais e
consultórios, somadas a salários atrativos,
estão motivando uma onda recente de
imigração de profissionais qualificados da área
da saúde para terras norte-americanas.
(Julia Braun / BBC News Brasil em São Paulo
– 13/05/2022)