A estrutura financeira mundial é facilmente
compreendida pelos governos nacionais dos países periféricos,
uma vez que as grandes negociações, como aquelas estabelecidas
com o FMI, implicam discussões sobre temas econômicos
internos, que, para alguns, pode ser o caso de violação do
princípio da soberania nacional. Ao longo de sua trajetória, o
FMI pautou-se pela defesa de políticas econômicas ortodoxas que
objetivam dar melhor ordenamento às economias nacionais
periféricas, mas que, em muitos casos, inibiram o potencial de
desenvolvimento. Embora tenha sido utilizado um único
exemplo, não há dúvida, neste caso, de que a estrutura financeira
mundial condiciona as ações dos mais diferentes países.
Quanto à estrutura de segurança, a influência não é
menos evidente. Os países detentores da tecnologia mais
avançada na área são os principais responsáveis pelo comércio
mundial de armamentos, desenvolvido, muitas vezes, de forma
ilícita. Ao vender um produto de sua indústria bélica, o país
produtor não vende apenas aquele item, vende a assistência
técnica, o treinamento para o uso do armamento e, quiçá, uma
determinada visão da “segurança internacional”, dialogando com
a estrutura do conhecimento. A atual questão da compra de caças
por parte do governo brasileiro, que se tem arrastado por alguns
anos, revela a influência que um eventual fornecedor de caças
pode ter sobre a segurança de um país.
Carlos Eduardo Vidigal. A nova ordem mundial. In:
Henrique Oliveira e Antônio Lessa. Política internacional
contemporânea. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 11-2 (com adaptações).