O século XIX, tal como os historiadores o delimitam, ou
seja, o período compreendido entre o fim das guerras
napoleônicas e o início do primeiro conflito mundial — uma
centena de anos que se situam entre o Congresso de Viena e a
crise do verão de 1914 — é um dos séculos mais complexos que
existem. Cuidemos para não atribuir-lhe retrospectivamente uma
racionalidade que lhe seria estranha. O traço mais evidente é a
freqüência de choques revolucionários. É esse o sentido profundo
da efervescência que se manifesta continuamente na superfície da
Europa, a que não ficou imune nenhuma parte do continente:
tanto a Irlanda como a Península Ibérica, os Bálcãs como a
França, a Europa Central e a Rússia, foram afetadas por essa
agitação, uma ou mais vezes.
René Rémond. O século XIX. São Paulo: Cultrix, 1976, p. 13 (com adaptações)