Texto 15A2-I
Quando se indaga sobre a diferença entre epidemia e
endemia, surge, imediatamente, a ideia de que a epidemia se
caracteriza pela incidência, em curto período de tempo, de
grande número de casos de uma doença, ao passo que a endemia
se traduz pelo aparecimento de menor número de casos ao longo
do tempo.
A distinção entre epidemia e endemia não pode ser feita,
entretanto, com base apenas na maior ou menor incidência de
determinada enfermidade em uma população. Se o elevado
número de casos novos e sua rápida difusão constituem a
principal característica da epidemia, já não basta o critério
quantitativo para a definição de endemia. O que define o caráter
endêmico de uma doença é o fato de ela ser peculiar a um povo,
a um país ou a uma região. A própria etimologia da palavra
endemia denota esse atributo: endemos, em grego clássico,
significa “originário de um país”, “referente a um país”,
“encontrado entre os habitantes de um mesmo país”. Esse
entendimento perdura na definição de endemia encontrada nos
léxicos especializados em terminologia médica de várias línguas.
Pandemia, palavra de origem grega, formada com o
prefixo neutro pan e pelo morfema demos (povo), foi pela
primeira vez empregada por Platão, em seu livro Das Leis. Platão
a usou no sentido genérico, referindo-se a qualquer
acontecimento capaz de alcançar toda a população. Com esse
mesmo sentido, foi também utilizada por Aristóteles.
O conceito moderno de pandemia é o de uma epidemia de
grandes proporções, que se espalha por vários países e por mais
de um continente. Exemplo tantas vezes citado é o da gripe
espanhola, que se seguiu à I Guerra Mundial, nos anos de 1918 e
1919, e que causou a morte de cerca de 20 milhões de pessoas
em todo o mundo.
Joffre M. de Rezende. Epidemia, endemia, pandemia, epidemiologia.
In: Revista de Patologia Tropical, v. 27, n.º 1, p. 153-155, jan.-jun./1998 (com adaptações).