A historiografia artística brasileira indica o Barroco
Colonial como um movimento cultural que estabelece diálogo
confluente e simultâneo com o repertório europeu de expressões
artísticas que envolvem música, dança, teatro, literatura, artes
plásticas e arquitetura. Como parte do projeto colonial, o Barroco
foi uma estratégia estética mais ampla, que envolveu desde a
catequização missionária dos jesuítas até a formação de uma
realidade ideológica mediante um estilo dramático que cultivou
os contrastes da plasticidade ornamental. Um dos expoentes foi
Aleijadinho (1738-1814), cuja obra em pedra-sabão foi resgatada
pelos modernistas e alçada como índice antecipado de uma
brasilidade, como nos revela Mário de Andrade: “Raro realista,
(Aleijadinho) foi um deformador sistemático. Mas sua
deformação é duma riqueza, duma liberdade de invenção
absolutamente extraordinárias. Falaram que ele ignorava
escultura, e principalmente ignorava anatomia... Isto, aliás, não
tinha importância nenhuma, porque confundir escultura com
anatomia é que é ignorância vasta”.
Mário de Andrade. Aspectos das artes plásticas no Brasil.
3.ª ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1984 (com adaptações).