Vale destacar que, no centro de uma pedagogia crítica da
linguagem, está a crença de que o objetivo é a conscientização
dos alunos tanto da forma como eles existem no mundo quanto
do fato de que esse mundo não é estático, mas está em constante
transformação, cabendo a eles serem seus protagonistas e agentes
transformadores.
Face a esse deslocamento da concepção de língua como
instrumento para a de língua como forma/lugar de interação
social, bem como de uma abordagem neutra e instrumental para
uma abordagem crítica da língua/linguagem, os desafios postos
ao professor não possibilitam respostas fáceis nem receitas
prontas ou infalíveis.
Indubitavelmente, as recentes orientações curriculares
sustentam a revisão e reelaboração de um currículo escolar que
tem se mostrado estéril. Parece cada vez mais evidente que a
educação linguística na língua inglesa, necessária à sociedade
brasileira contemporânea, inclui desenvolvimento de letramento
em discursos multimodais (multiletramentos), percepção crítica
do papel da lingua(gem) nas diversas práticas sociais, além de
capacidade de operar em situações interculturais cada vez mais
frequentes. A abordagem crítica da lingua(gem) parece
devidamente talhada para lidar com silêncio, dúvida, contradição,
incerteza, desestabililização de certezas, desnaturalização do
lugar comum. O objetivo não é formar alunos colonizados, mas
sim questionadores, críticos e agentes transformadores da
realidade que os cerca, marcada por desigualdades, violência e
injustiças sociais, preconceito, baixa autoestima etc.
Maura Regina Dourado. Tendências atuais no ensino de língua inglesa e
implicações para formação de professores. In: Ariús – Revista de
Ciências Humanas e Artes, v. 13, n. 2, jul./dez., 2007 (com adaptações).