Questões de Concurso Público Câmara de Ipu - CE 2023 para Redator Legislativo

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Q2171448 Português
A lição das árvores que perdem as folhas no outono.
Cada estação traz consigo as lições de um novo ciclo da vida.
Lira Neto – 09/2021

Os dias estão mais curtos, as noites mais longas. Levanto-me cedo, para preparar o café. Ainda faz escuro lá fora. Uma neblina toma conta do terraço, o frio atravessa a vidraça perto de onde está posta a pequena mesa redonda da cozinha. A partir de agora, vai ser necessário envergar um agasalho enquanto empunho a xícara e leio os jornais. O outono chegou na Europa. Oficialmente, a mudança de estação ocorre apenas amanhã, quarta-feira, dia 22 de setembro. Mas já é possível sentir a mutação térmica, bem como testemunhar a tonalidade alaranjada dos primeiros raios de luz a inundar o horizonte, rompendo o nevoeiro da manhã. As flores do canteiro acordam cobertas de orvalho. As árvores da rua tingem-se de vermelhos, amarelos e marrons.

É minha época preferida do ano. Ao longo do dia, o céu estará límpido, a paisagem ensolarada. Mas o vento frio exigirá o uso do casaco, que esteve guardado e esquecido, por tantos meses, no fundo do armário do quarto. De hoje em diante, ele terá de ficar sempre à mão, junto ao cachecol, no cabideiro próximo à porta da entrada de casa.

Cearense que sou, gosto, sobretudo, desta combinação de sol e frio, de dias tão dourados quanto amenos. Os finais de tarde, sobretudo, reservam pequenos prazeres durante o passeio vespertino pela vizinhança. A dramaticidade típica do pôr do sol ganha contornos ainda mais expressivos, suavemente melancólicos.

Em breve, as calçadas estarão atapetadas de folhas secas e quebradiças, que estralarão sobre a sola dos sapatos ao serem pisadas. Cogumelos brotarão por entre a folhagem úmida caída ao solo. É a época, também, das grandes colheitas.

As barraquinhas das vendas e mercadinhos estarão abarrotados de castanhas, avelãs, marmelos, romãs e, meus favoritos, caquis — aqui chamados de dióspiros, nome que não faz jus ao festival de sabor, cor e textura de uma fruta assim tão extraordinária.

É necessário, porém, estar atento aos sinais da natureza, essa velha e sábia senhora que sempre gosta de pregar peças aos incautos. De súbito, o vento vira de direção, o céu escurece, redemoinhos se formam sob nossos pés.

O preço a se pagar pela imprevidência é um maldito resfriado ou uma gripe oportunista, a serem padecidos com nariz vermelho e na companhia de uma manta grossa de lã, canecas de chá e pratos de sopa quente.

Afora isso, tomados os devidos cuidados, o outono é, para nós, humanos, uma bela lição natural a respeito dos instantes de transição. Quando as árvores vão perdendo assim todas as folhas, aos poucos ficando desnudas após nos oferecerem seus melhores frutos, estão a nos enviar silencioso recado. É preciso despir-se do que já não nos serve mais, desapegar de velhas fórmulas, rancores, tabus, preconceitos. Preparar-se para os dias vindouros.

Cada estação traz consigo as lições de um novo ciclo da vida. Outono é o momento de colher e se desfrutar aquilo que se semeou na primavera. Hora de deleite e, ao mesmo tempo, de introspecção. “Tempus autumnus” — tempo do ocaso, em latim. Aparentemente mortas, com galhos nus, as árvores estão reagindo à escassez gradativa de sol, luz e calor, elementos indispensáveis à fotossíntese e ao metabolismo vegetal. Manter as folhas, nessas circunstâncias, seria imprevidência, desperdício de energia. Os nutrientes acumulados nos últimos meses as alimentarão ao longo do outono e, mais adiante, até o final do gélido inverno europeu.

É essa a mensagem que este raio alaranjado de sol me transmite ao adentrar agora pela janela do escritório. O ocaso é apenas a lenta preparação para a manhã seguinte. Sim, o outono é a véspera do friorento inverno. Mas, também, a antevéspera da primavera.

Pode parecer chavão, lugar-comum, mensagem de autoajuda barata. Mas aquela árvore ali em frente, com suas folhas mudando de verde para marrom, não cansa em apregoar o que tanto insistimos em não ouvir.

https://diariodonordeste.verdesmares.com.br
A alternativa que não apresenta uma característica do título do texto, é 
Alternativas
Q2171449 Português
A lição das árvores que perdem as folhas no outono.
Cada estação traz consigo as lições de um novo ciclo da vida.
Lira Neto – 09/2021

Os dias estão mais curtos, as noites mais longas. Levanto-me cedo, para preparar o café. Ainda faz escuro lá fora. Uma neblina toma conta do terraço, o frio atravessa a vidraça perto de onde está posta a pequena mesa redonda da cozinha. A partir de agora, vai ser necessário envergar um agasalho enquanto empunho a xícara e leio os jornais. O outono chegou na Europa. Oficialmente, a mudança de estação ocorre apenas amanhã, quarta-feira, dia 22 de setembro. Mas já é possível sentir a mutação térmica, bem como testemunhar a tonalidade alaranjada dos primeiros raios de luz a inundar o horizonte, rompendo o nevoeiro da manhã. As flores do canteiro acordam cobertas de orvalho. As árvores da rua tingem-se de vermelhos, amarelos e marrons.

É minha época preferida do ano. Ao longo do dia, o céu estará límpido, a paisagem ensolarada. Mas o vento frio exigirá o uso do casaco, que esteve guardado e esquecido, por tantos meses, no fundo do armário do quarto. De hoje em diante, ele terá de ficar sempre à mão, junto ao cachecol, no cabideiro próximo à porta da entrada de casa.

Cearense que sou, gosto, sobretudo, desta combinação de sol e frio, de dias tão dourados quanto amenos. Os finais de tarde, sobretudo, reservam pequenos prazeres durante o passeio vespertino pela vizinhança. A dramaticidade típica do pôr do sol ganha contornos ainda mais expressivos, suavemente melancólicos.

Em breve, as calçadas estarão atapetadas de folhas secas e quebradiças, que estralarão sobre a sola dos sapatos ao serem pisadas. Cogumelos brotarão por entre a folhagem úmida caída ao solo. É a época, também, das grandes colheitas.

As barraquinhas das vendas e mercadinhos estarão abarrotados de castanhas, avelãs, marmelos, romãs e, meus favoritos, caquis — aqui chamados de dióspiros, nome que não faz jus ao festival de sabor, cor e textura de uma fruta assim tão extraordinária.

É necessário, porém, estar atento aos sinais da natureza, essa velha e sábia senhora que sempre gosta de pregar peças aos incautos. De súbito, o vento vira de direção, o céu escurece, redemoinhos se formam sob nossos pés.

O preço a se pagar pela imprevidência é um maldito resfriado ou uma gripe oportunista, a serem padecidos com nariz vermelho e na companhia de uma manta grossa de lã, canecas de chá e pratos de sopa quente.

Afora isso, tomados os devidos cuidados, o outono é, para nós, humanos, uma bela lição natural a respeito dos instantes de transição. Quando as árvores vão perdendo assim todas as folhas, aos poucos ficando desnudas após nos oferecerem seus melhores frutos, estão a nos enviar silencioso recado. É preciso despir-se do que já não nos serve mais, desapegar de velhas fórmulas, rancores, tabus, preconceitos. Preparar-se para os dias vindouros.

Cada estação traz consigo as lições de um novo ciclo da vida. Outono é o momento de colher e se desfrutar aquilo que se semeou na primavera. Hora de deleite e, ao mesmo tempo, de introspecção. “Tempus autumnus” — tempo do ocaso, em latim. Aparentemente mortas, com galhos nus, as árvores estão reagindo à escassez gradativa de sol, luz e calor, elementos indispensáveis à fotossíntese e ao metabolismo vegetal. Manter as folhas, nessas circunstâncias, seria imprevidência, desperdício de energia. Os nutrientes acumulados nos últimos meses as alimentarão ao longo do outono e, mais adiante, até o final do gélido inverno europeu.

É essa a mensagem que este raio alaranjado de sol me transmite ao adentrar agora pela janela do escritório. O ocaso é apenas a lenta preparação para a manhã seguinte. Sim, o outono é a véspera do friorento inverno. Mas, também, a antevéspera da primavera.

Pode parecer chavão, lugar-comum, mensagem de autoajuda barata. Mas aquela árvore ali em frente, com suas folhas mudando de verde para marrom, não cansa em apregoar o que tanto insistimos em não ouvir.

https://diariodonordeste.verdesmares.com.br
De acordo com os gêneros textuais, a intenção principal do autor foi
Alternativas
Q2171450 Português
A lição das árvores que perdem as folhas no outono.
Cada estação traz consigo as lições de um novo ciclo da vida.
Lira Neto – 09/2021

Os dias estão mais curtos, as noites mais longas. Levanto-me cedo, para preparar o café. Ainda faz escuro lá fora. Uma neblina toma conta do terraço, o frio atravessa a vidraça perto de onde está posta a pequena mesa redonda da cozinha. A partir de agora, vai ser necessário envergar um agasalho enquanto empunho a xícara e leio os jornais. O outono chegou na Europa. Oficialmente, a mudança de estação ocorre apenas amanhã, quarta-feira, dia 22 de setembro. Mas já é possível sentir a mutação térmica, bem como testemunhar a tonalidade alaranjada dos primeiros raios de luz a inundar o horizonte, rompendo o nevoeiro da manhã. As flores do canteiro acordam cobertas de orvalho. As árvores da rua tingem-se de vermelhos, amarelos e marrons.

É minha época preferida do ano. Ao longo do dia, o céu estará límpido, a paisagem ensolarada. Mas o vento frio exigirá o uso do casaco, que esteve guardado e esquecido, por tantos meses, no fundo do armário do quarto. De hoje em diante, ele terá de ficar sempre à mão, junto ao cachecol, no cabideiro próximo à porta da entrada de casa.

Cearense que sou, gosto, sobretudo, desta combinação de sol e frio, de dias tão dourados quanto amenos. Os finais de tarde, sobretudo, reservam pequenos prazeres durante o passeio vespertino pela vizinhança. A dramaticidade típica do pôr do sol ganha contornos ainda mais expressivos, suavemente melancólicos.

Em breve, as calçadas estarão atapetadas de folhas secas e quebradiças, que estralarão sobre a sola dos sapatos ao serem pisadas. Cogumelos brotarão por entre a folhagem úmida caída ao solo. É a época, também, das grandes colheitas.

As barraquinhas das vendas e mercadinhos estarão abarrotados de castanhas, avelãs, marmelos, romãs e, meus favoritos, caquis — aqui chamados de dióspiros, nome que não faz jus ao festival de sabor, cor e textura de uma fruta assim tão extraordinária.

É necessário, porém, estar atento aos sinais da natureza, essa velha e sábia senhora que sempre gosta de pregar peças aos incautos. De súbito, o vento vira de direção, o céu escurece, redemoinhos se formam sob nossos pés.

O preço a se pagar pela imprevidência é um maldito resfriado ou uma gripe oportunista, a serem padecidos com nariz vermelho e na companhia de uma manta grossa de lã, canecas de chá e pratos de sopa quente.

Afora isso, tomados os devidos cuidados, o outono é, para nós, humanos, uma bela lição natural a respeito dos instantes de transição. Quando as árvores vão perdendo assim todas as folhas, aos poucos ficando desnudas após nos oferecerem seus melhores frutos, estão a nos enviar silencioso recado. É preciso despir-se do que já não nos serve mais, desapegar de velhas fórmulas, rancores, tabus, preconceitos. Preparar-se para os dias vindouros.

Cada estação traz consigo as lições de um novo ciclo da vida. Outono é o momento de colher e se desfrutar aquilo que se semeou na primavera. Hora de deleite e, ao mesmo tempo, de introspecção. “Tempus autumnus” — tempo do ocaso, em latim. Aparentemente mortas, com galhos nus, as árvores estão reagindo à escassez gradativa de sol, luz e calor, elementos indispensáveis à fotossíntese e ao metabolismo vegetal. Manter as folhas, nessas circunstâncias, seria imprevidência, desperdício de energia. Os nutrientes acumulados nos últimos meses as alimentarão ao longo do outono e, mais adiante, até o final do gélido inverno europeu.

É essa a mensagem que este raio alaranjado de sol me transmite ao adentrar agora pela janela do escritório. O ocaso é apenas a lenta preparação para a manhã seguinte. Sim, o outono é a véspera do friorento inverno. Mas, também, a antevéspera da primavera.

Pode parecer chavão, lugar-comum, mensagem de autoajuda barata. Mas aquela árvore ali em frente, com suas folhas mudando de verde para marrom, não cansa em apregoar o que tanto insistimos em não ouvir.

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“Quando as árvores vão perdendo assim todas as folhas, aos poucos ficando desnudas, [...] estão a nos enviar silencioso recado.” (Nono parágrafo)
O autor, usou nesta afirmação, um tipo de figura de linguagem caracterizada pela
Alternativas
Q2171451 Português
A lição das árvores que perdem as folhas no outono.
Cada estação traz consigo as lições de um novo ciclo da vida.
Lira Neto – 09/2021

Os dias estão mais curtos, as noites mais longas. Levanto-me cedo, para preparar o café. Ainda faz escuro lá fora. Uma neblina toma conta do terraço, o frio atravessa a vidraça perto de onde está posta a pequena mesa redonda da cozinha. A partir de agora, vai ser necessário envergar um agasalho enquanto empunho a xícara e leio os jornais. O outono chegou na Europa. Oficialmente, a mudança de estação ocorre apenas amanhã, quarta-feira, dia 22 de setembro. Mas já é possível sentir a mutação térmica, bem como testemunhar a tonalidade alaranjada dos primeiros raios de luz a inundar o horizonte, rompendo o nevoeiro da manhã. As flores do canteiro acordam cobertas de orvalho. As árvores da rua tingem-se de vermelhos, amarelos e marrons.

É minha época preferida do ano. Ao longo do dia, o céu estará límpido, a paisagem ensolarada. Mas o vento frio exigirá o uso do casaco, que esteve guardado e esquecido, por tantos meses, no fundo do armário do quarto. De hoje em diante, ele terá de ficar sempre à mão, junto ao cachecol, no cabideiro próximo à porta da entrada de casa.

Cearense que sou, gosto, sobretudo, desta combinação de sol e frio, de dias tão dourados quanto amenos. Os finais de tarde, sobretudo, reservam pequenos prazeres durante o passeio vespertino pela vizinhança. A dramaticidade típica do pôr do sol ganha contornos ainda mais expressivos, suavemente melancólicos.

Em breve, as calçadas estarão atapetadas de folhas secas e quebradiças, que estralarão sobre a sola dos sapatos ao serem pisadas. Cogumelos brotarão por entre a folhagem úmida caída ao solo. É a época, também, das grandes colheitas.

As barraquinhas das vendas e mercadinhos estarão abarrotados de castanhas, avelãs, marmelos, romãs e, meus favoritos, caquis — aqui chamados de dióspiros, nome que não faz jus ao festival de sabor, cor e textura de uma fruta assim tão extraordinária.

É necessário, porém, estar atento aos sinais da natureza, essa velha e sábia senhora que sempre gosta de pregar peças aos incautos. De súbito, o vento vira de direção, o céu escurece, redemoinhos se formam sob nossos pés.

O preço a se pagar pela imprevidência é um maldito resfriado ou uma gripe oportunista, a serem padecidos com nariz vermelho e na companhia de uma manta grossa de lã, canecas de chá e pratos de sopa quente.

Afora isso, tomados os devidos cuidados, o outono é, para nós, humanos, uma bela lição natural a respeito dos instantes de transição. Quando as árvores vão perdendo assim todas as folhas, aos poucos ficando desnudas após nos oferecerem seus melhores frutos, estão a nos enviar silencioso recado. É preciso despir-se do que já não nos serve mais, desapegar de velhas fórmulas, rancores, tabus, preconceitos. Preparar-se para os dias vindouros.

Cada estação traz consigo as lições de um novo ciclo da vida. Outono é o momento de colher e se desfrutar aquilo que se semeou na primavera. Hora de deleite e, ao mesmo tempo, de introspecção. “Tempus autumnus” — tempo do ocaso, em latim. Aparentemente mortas, com galhos nus, as árvores estão reagindo à escassez gradativa de sol, luz e calor, elementos indispensáveis à fotossíntese e ao metabolismo vegetal. Manter as folhas, nessas circunstâncias, seria imprevidência, desperdício de energia. Os nutrientes acumulados nos últimos meses as alimentarão ao longo do outono e, mais adiante, até o final do gélido inverno europeu.

É essa a mensagem que este raio alaranjado de sol me transmite ao adentrar agora pela janela do escritório. O ocaso é apenas a lenta preparação para a manhã seguinte. Sim, o outono é a véspera do friorento inverno. Mas, também, a antevéspera da primavera.

Pode parecer chavão, lugar-comum, mensagem de autoajuda barata. Mas aquela árvore ali em frente, com suas folhas mudando de verde para marrom, não cansa em apregoar o que tanto insistimos em não ouvir.

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“Mas o vento frio exigirá o uso do casaco, que esteve guardado e esquecido [...].” (Terceiro parágrafo)
O conectivo que introduz a oração destacada tem o sentido de 
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A lição das árvores que perdem as folhas no outono.
Cada estação traz consigo as lições de um novo ciclo da vida.
Lira Neto – 09/2021

Os dias estão mais curtos, as noites mais longas. Levanto-me cedo, para preparar o café. Ainda faz escuro lá fora. Uma neblina toma conta do terraço, o frio atravessa a vidraça perto de onde está posta a pequena mesa redonda da cozinha. A partir de agora, vai ser necessário envergar um agasalho enquanto empunho a xícara e leio os jornais. O outono chegou na Europa. Oficialmente, a mudança de estação ocorre apenas amanhã, quarta-feira, dia 22 de setembro. Mas já é possível sentir a mutação térmica, bem como testemunhar a tonalidade alaranjada dos primeiros raios de luz a inundar o horizonte, rompendo o nevoeiro da manhã. As flores do canteiro acordam cobertas de orvalho. As árvores da rua tingem-se de vermelhos, amarelos e marrons.

É minha época preferida do ano. Ao longo do dia, o céu estará límpido, a paisagem ensolarada. Mas o vento frio exigirá o uso do casaco, que esteve guardado e esquecido, por tantos meses, no fundo do armário do quarto. De hoje em diante, ele terá de ficar sempre à mão, junto ao cachecol, no cabideiro próximo à porta da entrada de casa.

Cearense que sou, gosto, sobretudo, desta combinação de sol e frio, de dias tão dourados quanto amenos. Os finais de tarde, sobretudo, reservam pequenos prazeres durante o passeio vespertino pela vizinhança. A dramaticidade típica do pôr do sol ganha contornos ainda mais expressivos, suavemente melancólicos.

Em breve, as calçadas estarão atapetadas de folhas secas e quebradiças, que estralarão sobre a sola dos sapatos ao serem pisadas. Cogumelos brotarão por entre a folhagem úmida caída ao solo. É a época, também, das grandes colheitas.

As barraquinhas das vendas e mercadinhos estarão abarrotados de castanhas, avelãs, marmelos, romãs e, meus favoritos, caquis — aqui chamados de dióspiros, nome que não faz jus ao festival de sabor, cor e textura de uma fruta assim tão extraordinária.

É necessário, porém, estar atento aos sinais da natureza, essa velha e sábia senhora que sempre gosta de pregar peças aos incautos. De súbito, o vento vira de direção, o céu escurece, redemoinhos se formam sob nossos pés.

O preço a se pagar pela imprevidência é um maldito resfriado ou uma gripe oportunista, a serem padecidos com nariz vermelho e na companhia de uma manta grossa de lã, canecas de chá e pratos de sopa quente.

Afora isso, tomados os devidos cuidados, o outono é, para nós, humanos, uma bela lição natural a respeito dos instantes de transição. Quando as árvores vão perdendo assim todas as folhas, aos poucos ficando desnudas após nos oferecerem seus melhores frutos, estão a nos enviar silencioso recado. É preciso despir-se do que já não nos serve mais, desapegar de velhas fórmulas, rancores, tabus, preconceitos. Preparar-se para os dias vindouros.

Cada estação traz consigo as lições de um novo ciclo da vida. Outono é o momento de colher e se desfrutar aquilo que se semeou na primavera. Hora de deleite e, ao mesmo tempo, de introspecção. “Tempus autumnus” — tempo do ocaso, em latim. Aparentemente mortas, com galhos nus, as árvores estão reagindo à escassez gradativa de sol, luz e calor, elementos indispensáveis à fotossíntese e ao metabolismo vegetal. Manter as folhas, nessas circunstâncias, seria imprevidência, desperdício de energia. Os nutrientes acumulados nos últimos meses as alimentarão ao longo do outono e, mais adiante, até o final do gélido inverno europeu.

É essa a mensagem que este raio alaranjado de sol me transmite ao adentrar agora pela janela do escritório. O ocaso é apenas a lenta preparação para a manhã seguinte. Sim, o outono é a véspera do friorento inverno. Mas, também, a antevéspera da primavera.

Pode parecer chavão, lugar-comum, mensagem de autoajuda barata. Mas aquela árvore ali em frente, com suas folhas mudando de verde para marrom, não cansa em apregoar o que tanto insistimos em não ouvir.

https://diariodonordeste.verdesmares.com.br
“O preço a se pagar pela imprevidência é um maldito resfriado [...].” (Oitavo parágrafo)
Marque a alternativa cuja palavra tem sentido oposto ao termo sublinhado.
Alternativas
Respostas
1: D
2: B
3: E
4: A
5: B